Meu Diário
27/03/2022 00h01
A ÚLTIMA CRUZADA (08) – PAPA X REI

            Vou fazer este trabalho de resgate da nossa História, transferindo para este espaço o documentário produzido pela Brasil Paralelo, publicado em 20 de setembro de 2017, com a participação de diversos convidados que colocam suas opiniões, como forma de contribuir para o burilamento de nossas consciências quanto a Verdade.



            A Europa estava em constante conflitos entre os reinos. Todos queriam afirmar seu poder e as fronteiras eram frágeis. Entre eles estava a França, onde o rei Filipe IV, “O Belo”, queria expandir seu poder a qualquer custo para enfrentar a Inglaterra. Foi quando teve uma ideia inédita. Cobrar impostos da Igreja. A retaliação foi rápida, e o rei foi excomungado pelo Papa.



            O Papa não esperava que a campanha difamatória feita por Filipe o Belo, pudesse ser tão forte a ponto que ele terminasse espancado e morto pela população. O novo papa que o sucedeu também morreu em menos de um ano, com origem até hoje desconhecida.



            Quando assume o Papa francês Clemente V que reverte a decisão da Igreja em favor do seu rei. Na ânsia de poder, Filipe o Belo continuou expropriando judeus e bancos, gerando inflação, promovendo calote e fazendo imensas dívidas.



            A população se revolta numa imensa crise e o rei recorre a Ordem Templária que emprestou dinheiro para pagar suas dívidas.



            O problema é que o empréstimo foi indevido. O dinheiro era usado para as Cruzadas e quando grão-Mestre da Ordem, Jacques DeMolay soube do fato, ele expulsou o tesoureiro abrindo um cabo-de-guerra com o rei francês.



            Filipe o Belo, usou a mesma estratégia novamente. Começa a campanha difamatória contra os Templários e o Papa que estava sob seu domínio, proíbe a Ordem e confisca suas propriedades.



            Na noite de sexta feira, 13 de outubro de 1307, centenas de cavaleiros templários por toda a França foram capturados pelos soldados do rei, e de acordo com alguns historiadores, sujeito a tortura para confessar os seus crimes. Até hoje não temos todas as conclusões sobre essa história, mas para muitos, aquela noite foi o motivo para a superstição da sexta-feira 13 ser um dia sombrio.



            Esse é um problema ambíguo, porque eles inventaram a letra de câmbio, eles depositavam dinheiro na Europa e retiravam quando chegava em Jerusalém. Eles roubaram muito dinheiro. Mas existe todo um legado heroico, místico dos templários.



            Foi um processo muito sanguinário. Foi decretado todos os Templários como hereges e houve um grande derramamento de sangue, mais armadilhas armadas contra os Templários. Foi uma Ordem que poderia ter trazido grandes avanços para a Europa, mas estava ali sendo sufocada pela ganancia e tirania de um dos seus soberanos que se sentia ameaçado.



            Após décadas de perseguição, o Cristianismo foi aceito pelos Romanos, através do Imperador Constantino, como a religião oficial do Império. Foi o início da escalada do Cristianismo no poder secular. O Papa eleito era possuidor de um poder transcendental, acima do poder do Rei, o qual devia prestar sua obediência. No entanto, tanto o poder clerical quanto o poder real, são conduzidos pelos homens. Esses somos todos possuidores de forças instintivas identificadas no livro de Jó, na Bíblia, como o Behemoth. É uma figura monstruosa que podemos imaginar com sete cabeças que correspondem aos sete pecados capitais. Esse monstro exerce seu poder dentro de nós, e nós exercemos o poder que ele tem dentro de nossas instituições, seja real ou clerical. A hierarquia superior que deveria ser desenvolvida e acatada por todos, inclusive pelos imperadores, termina sendo descaracterizada e colocada a serviço do homem e seus interesses minúsculos. Assim observamos desde essa época, a pompa da Igreja Católica associada ao poder real. Isso foi importante pois serviu para a construção de reinados católicos que procuravam seguir a orientação papal. Porem o poder militar estava nas mãos dos reis que não tinham tanta obrigação moral de seguir as lições do Cristo. Assim observamos o comportamento desse rei, Felipe, o Belo, que atacou e humilhou o Papa que não concordou com suas atitudes. Essa queda-de-braço entre a Igreja e o Estado feita por homens cheios de egoísmo, impede a plena emergência do Reino de Deus como a sociedade ideal que Jesus ensinava. Talvez, se ainda não for tarde, que voltemos nossas ações para construir a sociedade que o Cristo nos ensinou, mesmo que sigamos além do que os eclesiásticos querem nos ensinar, de forma deturpada.



Publicado por Sióstio de Lapa em 27/03/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr