Meu Diário
30/03/2022 00h01
A ÚLTIMA CRUZADA (11) – GRANADA, ISABEL E FERNANDO

            Vou fazer este trabalho de resgate da nossa História, transferindo para este espaço o documentário produzido pela Brasil Paralelo, publicado em 20 de setembro de 2017, com a participação de diversos convidados que colocam suas opiniões, como forma de contribuir para o burilamento de nossas consciências quanto a Verdade.



            No ano de 1485, o Infante Dom Henrique é nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo, cujos amplos recursos e os imensos privilégios acumulados seriam bem aproveitados nas navegações. Transformou muitos dos seus cavaleiros em navegadores e muitos dos seus navegadores em cavaleiros.



            Nem tudo estava tranquilo na Europa enquanto as navegações progrediam. As guerras de séculos por territórios ainda apresentavam riscos, e antes de conquistar os mares, haveria um último desafio na Europa Ocidental.



            Já passavam seis séculos desde que houve a reconquista do território europeu pelos cristãos. Os muçulmanos foram recuando até se concentrarem no sul da Europa, na região de Granada.



            O Emirado de Granada tornou-se o último bastião muçulmano na Península Ibérica e cai sob o domínio de Isabel. Ela era uma mulher de grandes dotes intelectuais e ela pensava que sua missão era conquistar de vez a Espanha, terminar o que seus ancestrais começaram.



            Os muçulmanos estavam em Granada, eventualmente guerreavam com os cristãos e tinham planos de reconquistar o território. Eles estavam em contato com os turcos e marroquinos para fazerem uma grande invasão na Espanha para começar a reconquista.



            Isabel conhecia toda a história, era muito culta. Ela tinha uma noção de estratégia, ela sabia que devia tomar o Emirado de Granada rapidamente, pois senão toda essa história de conquista da cristandade poderia ser colocada na lata do lixo.



            O que Isabel e Fernando entendem? Eles não podem atacar sozinhos. Eles se lembram que nas Cruzadas, as quais terminaram há pouco tempo, o Papa tinha dado indulgências para cristãos de outros países que entrassem nas Cruzadas. Então, eles conseguiram que o Papa Inocêncio VII promulgasse uma bula chamando todos os cristãos de outros países se juntassem para a reconquista, ganhando indulgências da mesma forma que eles ganharam nas Cruzadas. Com isso, nós vemos um contingente de tropas estrangeiras se dirigindo para a Espanha para ajudar os cristãos espanhóis: ingleses, alemães, irlandeses, franceses, se integram ao exército castelhano.



            Mais de 50 mil homens se juntam ao exército castelhano de Fernando e Isabel.



            Isabel se faz presente, pessoalmente, nos campos militares e partem para novas conquistas até chegarem aos pés da cidade de Granada.



            Os cristãos, nestes oito meses, não esmoreceram eles continuaram convictos de que uma hora Granada iria cair. Os mouros também sabiam que iria cair. Eles continuaram lutando apenas por heroísmo. Queriam ser fiéis aquilo que eles acreditavam.



            Finalmente Granada se rendeu, os reis católicos, a princesa, os nobres, sacerdotes, os grandes capitães cristãos vestem-se de gala e se posicionam nos portões da cidade. Os tambores rufam, bombardeios de honra são feitos, a cruz é alçada na torre mais alta junto com a bandeira de Castela e com isto termina a reconquista.



            Os chefes mouros tentam beijar as mãos de Fernando e Isabel reconhecendo a soberania deles. Mas Fernando não deixa. Ele diz: “eu sou rei, você também é um rei”.



            Ainda que inimigos, eles não querem a sua humilhação. Isso foi em 02-01-1492 as 15h. Desde então, os sinos das igrejas de Granada, fazem três toques exatamente às 15h desse dia, em honra desse acontecimento. Nesse ano, Cristóvão Colombo fez sua navegação para a descoberta da América.



            Mais uma página heroica e aventureira de nossa história, conduzida por Isabel e Fernando na tomada de Granada dos mouros, com o apoio da Igreja Católica. Era uma ação estratégica para garantir a nossa liberdade no continente e daí partir as iniciativas de descobertas que levaram a civilização ocidental a um Novo Mundo, onde nos encontrávamos. Gente heroica e fraterna que na vitória não deseja a humilhação do adversário e que tem capacidade de apostar recursos em novas aventuras, em novos pensamentos e atitudes que enfrentam o desconhecido e pior que isso, enfrentam os preconceito e os temores mitológicos de mares nunca dantes navegados e cheios de monstros indestrutíveis.



Publicado por Sióstio de Lapa em 30/03/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr