Meu Diário
06/09/2022 00h01
GUERRA DO IMAGINÁRIO (3) – BERNARD SHOW

            Texto para reflexão dos meus leitores sobre o documentário do Brasil Paralelo, com minha reflexão pessoal.



            O socialismo Fabiano iria mudar a maneira como as pessoas enxergavam o mundo. Para isso, seria fundamental a participação de grandes escritores da época.



            Você precisa ressignificar a cultura, os símbolos da cultura e foi justamente isso que os fabianos começaram a angariar para eles, dois dos maiores escritores desse tempo.



            Você tinha HG Wells que tem um corpo de ficção estupendo, na ficção científica, especulativa, e Bernard Show (1856 – 1950), nas peças de teatro.



            Ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1925 e um dos mais importantes escritores da história do teatro, Bernard Show foi um dos fundadores da Sociedade Fabiana. Foi um dos mais influentes romancistas da sua época. Era um intelectual de origem irlandesa, membro da Igreja Protestante na Irlanda. Até que drasticamente ele se tornou um ateu e um espécie de propagandista de ideias ateístas. Ele tornou-se membro da Sociedade Fabiana.



            Bernard Show queria ser o Nietsche irlandês. A característica mais relevante do Show era ser um dos principais apologistas do que seria o humanismo do sobre-humano, ser o Nietsche em países de língua inglesa.



            Ele acaba defendendo a ideia de que a esterilização dos pobres, ou seja, medidas eugênicas seria um caminho para acabar com a pobreza, o controle da natalidade.



            “Eu nunca sei exatamente como deixar minha opinião clara, porque me oponho a qualquer tipo de punição. Eu não tenho que punir ninguém, mas há um número extraordinário de pessoas que eu quero matar. Eu não tenho um espirito cruel, nem sou mesquinho, mas isso deve ser óbvio para todos vocês. Vocês todos devem conhecer meia dúzia de pessoas, pelo menos, que estão apenas usando este mundo, que são mais um problema do que elas valem”. (Bernard Show)



            O Show ficou encantado, interessado, e foi a um primeiro encontro dos fabianos, em maio de 1884. Em setembro ele começou a esboçar o ideário teórico da Sociedade Fabiana que em 1889 foi publicado como “Socialismo”. Uma obra que acabou se tornando a base intelectual dos socialistas fabianos.



            Acabou triunfando principalmente na Inglaterra, mas na Europa toda muito mais que qualquer partido comunista ou qualquer teórico socialista ou marxista. O Bernard Show está presente no nosso imaginário de forma quase indelével.



            Como dramaturgo escreveu peças como “O homem e super-homem”, uma comédia centrada na relação de um homem anarquista que acreditava que a seleção natural levaria a humanidade ao progresso e uma mulher sedutora inspirada no galanteador Dom Juan.



            Outra peça de sucesso escrita pelo Show foi “Pigmalião”. Outra comédia dos costumes que tinha a intensão de expor a luta de classes entre um homem de posses e pedante e uma jovem florista humilde, mas que demonstrava valores superiores.



            A busca de uma sociedade sempre é uma boa fonte de inspiração para autores produzirem seus ensaios, suas literaturas. Porém, é importante que seja dada a máxima importância aos instintos animais que possuímos, o Behemoth citado no livro de Jó, na Bíblia. Essa energia egóica, animal, que todos possuímos, também a possui os idealistas que procuram construir uma sociedade ideal. Para fazer isso é preciso conquistar o poder, mesmo que seja com o uso de palavras de ordem dissociada da realidade e com falsas intenções, mesmo com o uso da espada, de bombas atômicas. Fica claro que o poder alcançado dessa forma, vai motivar nos conquistadores, o uso da força para ase manterem do poder indefinitivamente. Escritores inteligentes, consagrados pelo público, mesmo assim podem cair nessa arapuca e passarem a contribuir para uma causa que eles conscientemente. Este é o caso de Bernard Show, que para quem não sabe desses bastidores, também como eu que não sabia, ontem, ler os seus livros, não consegue perceber no seu trabalho, a malignidade que está embutida. Ele é engando e engana os outros de forma semelhante, acreditando que os seus mundos utópicos realmente se realizam trazendo harmonia e progresso para todos.  



Publicado por Sióstio de Lapa em 06/09/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr