Meu Diário
21/09/2022 02h46
SÉCULO 21 (22) – COMPETIÇÃO TECNOLÓGICA

            Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais, por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.



FIM DO CAPÍTULO 1



            Não temos ideia de como será o mercado de trabalho em 2050. Sabemos que o aprendizado de máquina e a robótica vão mudar quase todas as modalidades de trabalho – desde a produção de iogurte e até o ensino da ioga. Contudo, há visões conflitantes quanto a natureza dessa mudança e sua iminência. Alguns creem que dentro de uma ou duas décadas bilhões de pessoas serão economicamente redundantes. Outros sustentam que mesmo no longo prazo a automação continuará a gerar novos empregos e maior prosperidade para todos.



            Estaríamos à beira de uma convulsão social assustadora, ou essas previsões são mais um exemplo de histeria ludista (referente a Ned Ludd, trabalhador que se oponha ao avanço tecnológico das máquinas dentro das fábricas) infundada? É difícil dizer. Os temores que a automação causará desemprego massivo remontam ao século XIX, e até agora nunca se materializaram. Desde o início da Revolução Industrial, para cada emprego perdido para uma máquina pelo menos um novo emprego foi criado, e o padrão de vida médio subiu consideravelmente.  Mas há boas razões para pensar que desta vez é diferente, e que o aprendizado de máquina será um fator real que mudará o jogo.



            Humanos têm dois tipos de habilidade – física e cognitiva. No passado, as máquinas competiram com os humanos principalmente em habilidades físicas, enquanto os humanos se mantiveram à frente das máquinas em capacidade cognitiva. Por isso, quando trabalhos manuais na agricultura e na indústria foram automatizados, surgiram novos trabalhos no setor de serviços que requeriam o tipo de habilidade cognitiva que só os humanos possuíam: aprender, analisar, comunicar e acima de tudo compreender as emoções humanas. No entanto, a IA está começando agora a superar os humanos em um número cada vez maior dessas habilidades, inclusive a de compreender as emoções humanas. Não sabemos de nenhum terceiro campo de atividade – além do físico e do cognitivo – no qual os humanos manterão uma margem sempre segura.



            É crucial entender que a revolução da IA não envolve apenas tornar os computadores mais rápidos e mais inteligentes. Ela se abastece de avanços nas ciências da vida e nas ciências sociais também. Quanto mais compreendermos os mecanismos bioquímicos que sustentam as emoções, os desejos e as escolhas humanas, melhores podem se tornar os computadores na análise do comportamento humano, na previsão de decisões humanas, e não substituição de motoristas, profissionais de finanças e advogados humanos.



            O processo evolutivo que alcança tanto a dimensão material quanto a espiritual faz parte da natureza e suas leis. A evolução que atinge a tudo, também não deixa de atingir as relações de trabalho. A ameaça do homem se tornar desempregado e mesmo inútil é uma possibilidade constante nas diversas narrativas que tentam conquistar a Terra. De todas, é o cristianismo a que mais respeita a dignidade humana e a que deixará todos os interesses em segundo plano para não afrontar o homem enquanto criatura e reflexo do Criador.



            Podemos considerar as habilidades física e cognitiva que possuímos, passíveis de serem desenvolvidas pelas máquinas, cada vez com maior eficácia, devido o aprimoramento de nossa tecnologia humana nesse sentido. Pode ser que estejamos desenvolvendo uma arapuca onde terminamos presos, pois a nossa racionalidade pode aperfeiçoar tanto as máquinas que elas podem nos superar em alguns aspectos que podem generalizar para além de nosso potencial.



É quando a criatura se torna mais eficiente que o criador humano? Parece que essas preocupações induzem a isso. Em algumas exigências a máquina se tornou mais eficiente que o humano que a criou, como podemos ver em diversos artefatos tecnológicos, como telescópios, computadores, radares, etc.



Talvez o único campo em que a máquina não possa alcançar o potencial humano seja a espiritualidade, o campo transcendental. Neste caso, mais uma vez a narrativa do cristianismo que defende o Reino de Deus, se mostra superior a todas as outras narrativas.



Publicado por Sióstio de Lapa em 21/09/2022 às 02h46


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr