Meu Diário
31/10/2022 00h01
DISCURSO SOBRE JONAS

            Estando Jesus viajando pelo Mediterrâneo, segundo a quinta revelação divulgada no livro de Urântia (pg 1428), teve oportunidade de conversar com um jovem interprete filisteu chamado Gádia, que era um “buscador da Verdade”. Jesus era “provedor da Verdade”, e quando um grande buscador da Verdade se encontra com um grande provedor da Verdade, o resultado é um esclarecimento grande e esclarecedor que surge da experiência da nova Verdade.



            Jesus passeava pela orla do mar com Gádia, quando este apontou o ancoradouro do qual, supostamente, Jonas havia embarcado na sua desafortunada viagem à Tarses. E quando concluiu as suas observações, fez a Jesus esta pergunta: “Mas tu crês que o grande peixe de fato engoliu Jonas?”



            Jesus percebeu que a vida desse jovem tinha sido tremendamente influenciada por essa tradição e que a contemplação desse episódio inculcara nele a ideia disparatada de fugir ao dever. Jesus então não disse nada que fosse destruir subitamente o fundamento da motivação atual de Gádia para a vida prática. Jesus disse:



            “Meu amigo, todos nós somos Jonas, com vidas para viver de acordo com a vontade de Deus e sempre que tentamos fugir do dever que se nos apresenta, escapando na direção de tentações estranhas, colocamo-nos sob o controle imediato das influências que não são dirigidas pelos poderes da Verdade nem pelas forças da retidão. A fuga ao dever é o sacrifício da Verdade. Escapar ao serviço, à luz e à vida, só pode resultar nesses conflitos exaustivos, com as difíceis baleias do egoísmo, que levam finalmente à obscuridade e à morte, a menos que esses Jonas, que abandonaram a Deus, voltem os seus corações, ainda que estejam nas profundezas do desespero, à procura de Deus e sua bondade. E, quando essas almas assim desencorajadas, procuram Deus sinceramente – em fome de verdade e sede de retidão -, nada há que as mantenha limitadas ao cativeiro. Seja qual for a profundidade na qual se hajam mergulhado, quando procuram a luz, de todo o coração, o espírito do Senhor Deus dos céus irá libertá-las do seu cativeiro; as circunstancias malignas da vida as arrojarão em alguma terra firme plena de oportunidades frescas, de serviço renovado e de vida mais sábia”.



            Gádia comoveu-se muito com o ensinamento de Jesus e eles conversaram longamente, noite adentro, junto à orla do mar e, antes que voltassem para seus alojamentos, oraram juntos e um pelo outro.



            Vejo assim, que não posso fugir do dever que chega à minha consciência, conforme a vontade de Deus. Não posso sacrificar a Verdade para me manter simpático a quem está influenciado pelas influências malignas. Não posso escapar ao serviço do Pai, à luz e à vida, e entrar em conflitos existenciais dentro da baleia do egoísmo que leva à obscuridade e morte. Devo cumprir sem tergiversações o dever que o Pai permite chegar a minha consciência, mesmo que seja algo tão importante, como a criação de uma Nova Ordem de Cristo, que imagino estar além das minhas forças. Mas quem sou eu para discutir a vontade do Pai? Vejo isso como um novo Jonas, segundo Jesus explicou, uma encruzilhada onde por uma estrada vou cumprir a vontade do Pai, e na outra vou fugir ao dever e ser engolido pela baleia do egoísmo.



Publicado por Sióstio de Lapa em 31/10/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr