Meu Diário
11/05/2023 00h01
A PAZ E A ESPADA

            Ellen Gould White (1827 – 1915) foi uma autora americana e cofundador da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Publicou o livro “Love Under Fire” que originou “O Grande Conflito – uma saga milenar e seu final surpreendente”, traduzido por Cecília Eller Nascimento em 2022, tendo a 61a. reimpressão da 1a. edição em 2023, cujo exemplar gratuito chegou em minhas mãos em 25-04-2023, durante uma reunião da Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM). Aborda entre diferentes temas, um aparentemente contraditório que colocarei aqui um trecho de como está escrito no livro.



            Quando os cristãos concordaram em se unir aos parcialmente convertidos do paganismo, Satanás celebrou. Então os inspirou a perseguir aqueles que permanecessem fiéis a Deus. Quando os cristãos apóstatas (afastamento total e definitivo do cristianismo) se uniram a seus companheiros semipagãos, travaram batalha contra as características mais essenciais dos ensinos de Cristo. Era necessária uma luta ferrenha para permanecer firme contra os enganos e males introduzidos na Igreja. A Igreja não aceitava mais a Bíblia como padrão de fé. Chamava a doutrina da liberdade religiosa de heresia e condenava aqueles que defendiam esse ensino.



            Após um longo conflito, os fiéis perceberam que a separação era absolutamente necessária. Não ousavam tolerar erros que seriam fatais às suas almas e colocariam em risco a fé de seus filhos e netos. Sentiam que a paz custaria caro demais se precisassem comprá-la sacrificando princípios. Se pudessem obter unidade somente comprometendo a fé, então que houvesse divergência e até mesmo guerra.



            Os primeiros cristãos eram pessoas verdadeiramente distintas. Pequenos em número, sem riquezas, posições ou títulos de honra, eram odiados pelos ímpios, assim como Caim odiava Abel (Gn 4:1-10). Dos dias de Cristo até hoje, Seus discípulos fiéis têm despertado ódio e oposição da parte daqueles que amam o pecado.



            Então como o Evangelho pode ser chamado uma mensagem de paz? (At 10:36). Anjos cantaram sobre as planícies de Belém: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens (de boa vontade) aos quais Ele concede o Seu favor” (Lc 2:14). Parece haver uma contradição entre essa declaração profética e as palavras de Cristo: “Não pensem que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10:34). Se compreendidas de maneira correta, as duas estão em perfeita harmonia. O Evangelho é uma mensagem de paz. A religião de Cristo, se aceita e obedecida, espalharia paz e felicidade por toda a Terra. Era a missão de Jesus nos reconciliar com Deus e uns com os outros. No entanto, a maior parte do mundo está sob o controle de Satanás, o mais amargo inimigo de Cristo. O Evangelho apresenta princípios de vida completamente opostos aos hábitos e desejos das pessoas, e elas se levantam contra essa mensagem. Odeiam a pureza que condena o pecado e perseguem aqueles que proclamam suas santas prerrogativas. É nesse sentido que o Evangelho é chamado de espada.



            Muitos que são fracos na fé estão prontos a perder a confiança em Deus porque ele permite que os maus prosperem, ao passo que os melhores e mais puros são atormentados por seu poder cruel. Como Aquele que é justo, misericordioso e infinito em poder tolera tamanha injustiça? Deus nos deixou evidências suficientes de Seu amor. Não devemos duvidar de Sua bondade por sermos incapazes de entender Suas obras. O Salvador disse: “Lembrem-se das palavras que Eu lhes disse: nenhum escravo é maior é maior do que o seu senhor. Se Me perseguiram, também perseguirão vocês” (Jo 15:20). Aqueles que são chamados a suportar tortura e martírio estão apenas seguindo os passos do amado Filho de Deus.



            Os justos são colocados na fornalha da aflição para que sejam purificados, seu exemplo convença os outros da realidade da fé e da piedade, e sua vida coerente condene os ímpios e incrédulos. Deus permite que os maus prosperem e revelem o ódio que sentem pelo Senhor para que todos possam reconhecer Sua justiça e misericórdia quando Ele os destruir por completo. Deus punirá cada ato de crueldade contra Seus fiéis como se tivesse sido praticado contra o próprio Cristo.



             



            Paulo declara: “Todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3:12). Então por que a perseguição parece estar adormecida? O único motivo é que a Igreja se conformou ao padrão do mundo e, por isso, não desperta oposição. A religião em nossos dias não é a fé pura e santa de Cristo e de Seus apóstolos. Como as pessoas são indiferentes às verdades da Palavra de Deus, como há tão pouca espiritualidade vital dentro da Igreja, o cristianismo é popular no mundo. É só haver um reavivamento da fé da Igreja primitiva que os fogos da perseguição serão acesos novamente.



Coloquei entre parênteses uma pequena explicação de alguns termos que para meus leitores pouco familiarizados com os textos cristãos venham entender melhor. Quanto a conteúdo que foi apresentado, combina perfeitamente com o que penso, só que escrito com mais clareza e embasamento. Aconselho a leitura desse livro por todos de bom coração e que desejam seguir os ensinamentos do Cristo, sem medo da perseguição e sofrimento que irão servir para burilar a nossa alma.



Publicado por Sióstio de Lapa em 11/05/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr