Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
30/06/2023 06h35
ONDE ESTÁ MEU PAI

            Sei que sou um filho biológico. Nenhuma pessoa capaz de usar a racionalidade pode evitar essa conclusão. Mas, quem é meu pai biológico e onde ele se encontra? Sei pelas informações dos meus parentes, minha mãe principalmente, o nome dele, onde morava e o que fazia. Sei detalhes de sua vida e o motivo da minha mãe ter se separado dela quando eu tinha por volta dos 5 anos. Separou e mudou de cidade, indo morar em outro município, perto de minha avó materna. Por dificuldades na minha educação e subsistência, minha mãe deixou eu morando com minha avó. Não tive mais oportunidade de ver meu pai, ele não me procurou, eu não sabia onde ele estava ou como chegar até ele, se quisesse. Sua lembrança foi apagada da minha memória, os poucos momentos que tive contato com ele nessa tenra infância, não consigo resgatar conscientemente os registros. Mas sei que ele existe. Hoje ele está desencarnado, o que aconteceu quando eu tinha 17 anos. A sua consciência agora existe na dimensão espiritual, mas continuo sem acesso a ele.



            Jesus me ensinou através do trabalho dos seus apóstolos e discípulos, que também possuo um Pai espiritual, o Criador de tudo que existe, inclusive nós, seres racionais capazes de registrar sua existência de forma lógica, cognitiva, mesmo que nenhum órgão dos nossos sentidos materiais acuse Sua presença.



            Assim, compreendo que formo dois tipos de família, uma biológica, consanguínea, e outra espiritual, ideológica. Ambas, devido a atuação respectivas desses dois pais, o biológico e o espiritual. Nenhum desses pais eu percebo com meus sentidos físicos, só posso identifica-los com o meu potencial cognitivo, racional. Ambos estão na dimensão espiritual, da qual todos viemos e para a qual todos voltaremos.



            Alcançando essa compreensão que possuo 2 pais, um pai biológico e outro espiritual, um que foi capaz de me gerar e também aos meus irmãos aos quais todos conheço, com a participação de minha mãe, e outro Pai que foi capaz de me gerar e toda a criação, tanto esta que tenho conhecimento ou aquela que não tenho ideia que possa existir; um pai que teve necessidade de me deixar abandonado nos braços de minha mãe, e outro Pai que sempre está presente ao meu lado, orientando o meu livre arbítrio para o melhor Caminho, para conhecer a Verdade e alcançar a Vida eterna perto dEle... a quem deverei maior obediência?



            Parece bastante obvia essa resposta. Foi o que aconteceu com São Francisco da cidade de Assis, na Itália. Quando ele percebeu a importância do Pai espiritual em sua vida, decidiu contra toda a racionalidade, deixar de lado a riqueza que o seu pai biológico sempre lhe proporcionou e seguir a vontade do Pai espiritual. Observamos isso acontecer com várias pessoas ao longo da história, independente do lugar físico onde elas estejam, do pensamento religioso em que estejam inseridos. A vontade do Pai espiritual, que deseja que todos os seus filhos tenham sucesso com a ajuda mútua entre eles, a fraternidade do amor incondicional, a família universal, é essa que os seus filhos mais conscientes e obedientes procuram obedecer. Dessa forma eles podem ir de encontro aos princípios culturais da coletividade e até mesmo os desejos de sobrevivência e sucesso material que o Ego procura desenvolver.



            Sei que agora, na dimensão espiritual que o meu pai biológico se encontra, ele pode estar arrependido dos seus erros e tentando corrigir da forma que pode, mas jamais essa influencia que ele pode ter sobre mim pode se comparar com aquela que o meu Pai espiritual exerce, inclusive de o considerar como um irmão que em determinado momento teve a responsabilidade de me gerar materialmente e teve a oportunidade de colaborar com meu desenvolvimento.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/06/2023 às 06h35