Meu Diário
04/07/2023 00h01
A MISSÃO DE TODOS NÓS

            A vida se desenvolve nos planos material e espiritual, conforme o nível evolutivo em que nos encontramos. A idade biológica que mostramos aqui na materialidade pode muito bem destoar da idade espiritual que possuímos, podendo uma criança aqui encarnada ser um espírito bem mais experiente e evoluído do que um idoso prestes a desencarnar. Para ser uma pessoa bem instruída no processo da vida, é importante o conhecimento dessa acoplação do mundo espiritual ao material, da paternidade espiritual com o Criador dos universos e da necessária compreensão de que somos todos irmãos e que devemos fazer a vontade do Pai, como o Mestre, Jesus de Nazaré ensinou.



            Assim, todos que estamos aqui encarnados no mundo material, temos uma missão a cumprir, que tenhamos ou não consciência disso. Alguns tem a missão de pagar por algum delito praticado em vivências passadas; outros de aprender ou de ensinar algo necessário ao processo evolutivo. De qualquer forma, seja qual for o que estejamos fazendo, corrigindo, pagando ou expiando, sempre estamos aprendendo e ensinando.



            Eu acredito que tenho uma missão associada ao aprendizado e ensinamento, relacionado com as lições que o Cristo veio nos ensinar. Devo absorver o ensinamento do Cristo na forma que Ele ensinou, como o Caminho da Verdade em direção à Vida eterna, na proximidade com o Pai. Dessa forma, não posso colocar nenhum obstáculo para entender e praticar a pureza da lição. Entendo o Pai espiritual como o Deus, o Criador de todos e de tudo; entendo que por isso devo agir com fraternidade com todos, fazendo ao próximo aquilo que desejo ser feito a mim. Entendo que a energia do Pai se expressa no amor incondicional, e que agindo assim estou construindo a família universal hierarquicamente superiora à família nuclear, consanguínea, e me tornando cidadão do Reino de Deus a partir da limpeza do egoísmo em meu coração.



            Aplicar esse conhecimento adquirido como verdade essencial, acima de qualquer preconceito ou bloqueio de qualquer natureza, fez me afastar da cultura em que me insiro, passando a viver num Reino que não é deste mundo. Isso implicou em quebrar as regras do casamento em que eu vivia, respeitando o amor exclusivo à minha esposa, como foi os meus votos no casamento. Percebi que agora eu estava fazendo um voto mais forte, com o Cristo, com o Pai. Deveria trocar o amor exclusivo a uma pessoa, pelo amor inclusivo ao próximo, seja de qual natureza ou gênero ele seja, homem ou mulher. No caso de ser mulher, havia um problema: acompanhava o desejo instintivo de aprofundamento da relação afetiva que podia chegar ao nível sexual. Poderia ser esse um motivo para interromper o fluxo do amor incondicional? Usei a bússola comportamental que o Mestre ensinou, de fazer ao próximo aquilo que desejamos ser feito a nós, ou o seu inverso, de não fazer ao próximo aquilo que não desejamos para nós. Fazendo assim, e vendo que, se essa bússola apontasse para a realização do comportamento, qualquer que fosse ele, eu devia fazer.



            Isso me tornou um pária social, dentro da nossa cultura, onde todos mantêm, hipocritamente, um falso relacionamento com o amor exclusivo no ambiente familiar. Eu assumi o amor inclusivo dentro do meu relacionamento conjugal, contando tudo a minha esposa e dando a ela a mesma liberdade de relacionamentos que eu passei a ter.



            Tudo isso me afastou da cultura deste mundo no qual vivemos e passei a me sentir dentro do mundo espiritual, do Reino que não é deste mundo. Desenvolvo meu trabalho de médico e professor com esse pano de fundo espiritual, deixando em cada relação com o próximo um amigo, mesmo que tenha com alguns um forte apelo instintivo. Desenvolvo um trabalho na comunidade da Praia do Meio como um laboratório onde procuramos servir aquelas pessoas, ajudando na sobrevivência digna do corpo físico e na evolução moral da alma.



            Assim entendo a minha missão, engajado neste projeto cristão, onde o maior foco é contribuir com a evolução biológica e espiritual dos meus irmãos, sem qualquer pretensão de receber qualquer tipo de benefício material por este trabalho.   



Publicado por Sióstio de Lapa em 04/07/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr