Meu Diário
06/10/2023 02h07
GUERRA DE NOVA GERAÇÃO

            O General de Exército da reserva, ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Membro da Academia de Defesa e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), escreveu em agosto de 2019 um texto sobre a Guerra Híbrida Brasil, Inteligência, Pensamento. Irei reproduzi-lo aqui de acordo com a minha estética e motivações como demonstração do que estamos sempre abordando em vários dos meus textos e de outros autores.



            “Os generais Eduardo Villas-Boas e Alberto Cardoso afirmaram, que o Estado brasileiro está sendo alvo de um ataque indireto de nações estrangeiras que, na sua opinião, utilizam o discurso pela defesa da preservação da Amazônia em favor de seus interesses pelas riquezas do país”³.



1. CIRCUNSTÂNCIAS DE UM MOMENTO



As ameaças globais, na atual conjuntura, estão se alterando celeremente: guerra cibernética; guerra da informação; guerra psicológica e operações clandestinas; influência e interferência em eleições; armas de destruição em massa e sua proliferação; terrorismo, contra inteligência e tecnologias destrutivas; ameaças à competitividade econômica; e crimes transnacionais são apenas alguns dos recursos largamente empregados, de modo conjugado, como alternativas não militares, visando a complementar, apoiar, ampliar e, sobretudo, a evitar uma confrontação formal, e desgastar as forças políticas, econômicas, sociais, informação militar e a infraestrutura de comando e controle de forças opositoras. 



A Guerra de Nova Geração, que o mundo vive hoje, é caracterizada pela presença de Estados e grupos não estatais, pelo aumento considerável do poder de entidades pequenas, mas marcadas pela lealdade cega à sua causa, que extrapolam qualquer fronteira internacional e desafiam o poder das grandes nações. É calcada primordialmente na explosão tecnológica da era da informação, nos meios de comunicação em massa para o recrutamento de pessoal e disseminação de ideologias e na biotecnologia. Guerra que muitos chamam de Quinta Geração.



Em 1989, William S. Lind desenvolveu o conceito da Guerra de Quarta Geração (4WG), o qual não despertou atenção senão após o 11 de Setembro. A 4WG foi concebida como uma forma de conflito complexa, de longo prazo, que inclui, além das operações convencionais, ações de guerrilha, adversários não estatais, e guerra psicológica. A 4WG derrotou os EUA no Vietnam, no Líbano e na Somália; a França na Indochina; e a União Soviética no Afeganistão. Segundo Lind, ela sucedia a Guerra de 3ª Geração, evidenciada pela Blitzkrieg. A Guerra de 1ª Geração foi caracterizada como a guerra de “linha e coluna”, das batalhas formais e campos de batalha ordenados dos séculos XVI a XIX, e a Guerra de 2ª Geração marcada pelas batalhas da 1ª Guerra Mundial, onde a “artilharia conquistava” e a “infantaria ocupava”.



Partimos do conceito de que guerra e paz, na atual conjuntura, são parte do mesmo fluxo das relações internacionais.



O mundo, atualmente, está em um estado de luta incessante, a paz é relativa, não há inimigos e sim estados com ações hostis em defesa dos seus interesses.



O mundo vive, portanto, com a Guerra de Nova Geração, uma fase de guerra política permanente: sem frente de batalha e sem regras de engajamento. Apaga-se a linha divisória entre o estado de guerra e de paz. Emprega um conjunto de habilidades estratégicas (Ferramentas à disposição do Poder Nacional) para anular as vantagens do inimigo num conflito armado (Assimetria).



Em 2016, agentes de inteligência da China conseguiram capturar instrumentos de espionagem da NSA e os reposicionaram para atacar aliados dos EUA e empresas privadas da Europa e da Ásia.



A GUERRA DE NOVA GERAÇÃO SEGUNDO O GEN VALERY GERASIMOV, CHEFE DO ESTADO-MAIOR GERAL DAS FORÇAS ARMADAS DA FEDERAÇÃO RUSSA.



Segundo ele a Guerra de Nova Geração é “um conflito de espectro ampliado em direção a um importante emprego de medidas de caráter político, econômico, informacional, humanitário e outras tipicamente não-militares… Aplicadas em coordenação com o potencial dos protestos da população alvo.”



É um novo campo de batalha, de modo que é preciso afastar o foco do conflito do domínio da arte da guerra convencional, e isso pode ser feito ampliando o espectro do conflito, para incluir vários elementos do poder nacional.



Significa que todos os meios estarão em prontidão, que a todos a informação estará onipresente e o campo de batalha será em todo o lugar. Significa que todas as armas e tecnologia serão superpostas, as fronteiras entre os dois mundos, guerra e não guerra, de militar e não militar, serão totalmente eliminadas.



 



Publicado por Sióstio de Lapa em 06/10/2023 às 02h07


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr