Meu Diário
12/10/2023 00h01
PORQUE CRISTO VEIO

            O Arcebispo de Gênova Jacopo de Varezze (1299-1298), escreveu o livro Legenda Áurea – Vidas de Santos, nos traz importantes reflexões sobre a vinda do Cristo entre nós, a partir do estudo de pensadores em profundidade.



            De acordo com diversos santos, o próprio Deus, como foi registrado em Lucas, 4, diz ter sido enviado e vindo por sete motivos: “O Espírito do Senhor está sobre mim”. Ele aí afirma ter sido enviado para consolar os pobres (1), curar os enfermos (2), libertar os cativos (3), iluminar os ignorantes (4), perdoar os pecadores (5), redimir todo o gênero humano (6) e dar a cada um de acordo com os seus méritos (7).



            Santo Agostinho fornece três motivos para a vinda do Cristo. Ele dizia que nos séculos entregue a malícia, nada há além de nascer, trabalhar e morrer. Estas eram as nossas mercadorias e foi para obtê-las que o mercador (Jesus) desceu. Como todo mercador dá e recebe, dá o que tem e recebe o que não tem. Cristo, nesse mercado, dá o que tem e recebe o que existe aqui na Terra em abundância, o nascimento, o trabalho e a morte. Em troca permite renascer, ressuscitar e reinar eternamente. Esse mercador celeste vem a nos para receber desprezo e dar honras, para sofrer a morte e outorgar a vida, para esgotar a ignomínia e dar a glória.



            Santo Gregório enumera quatro utilidades na vinda do Cristo. Escreveu que os descendentes de Adão eram orgulhosos e tinham como único objetivo aspirar a todas as felicidades da Terra, evitar a adversidades, fugir das injúrias e buscar a glória. Ao encarnar o Senhor veio sofrer adversidade (1), desprezar a felicidade (2), receber injúrias (3) e fugir da glória (4). Quando o Cristo esperado chegou, ensinou coisas novas, por meio delas realizou maravilhas e destruiu o mal.



            São Bernardo também escreve sobre a vinda do Cristo. Diz que sofremos miseravelmente três tipos de enfermidades, porque somos fáceis de seduzir, fracos para agir e frágeis para resistir. Se queremos discernir entre o bem e o mal, nós nos enganamos; se tentamos fazer o bem, falta-nos coragem; se fazemos esforços para resistir a mal, deixamo-nos vencer. Daí a necessidade da vinda de um Salvador, para que habitando conosco pela fé, ilumine nossa cegueira, ficando conosco ajude nossa enfermidade, erguendo-se por nós, proteja e defenda nossa fragilidade.



            Estamos mergulhados na dimensão espiritual, muitos não acreditam e nem aceitam os fatos que se apresentam atestando a realidade do mundo espiritual. Como vivem exclusivamente na dimensão espiritual, constroem artefatos hábeis e úteis, como a ciência e tecnologia, para a descoberta do desconhecido que pertence ao mundo material. O avanço nessas áreas pode até ser acompanhados pela ética e moral, mas sempre insuficiente para conter a animalidade que está na essência de nossa criação biológica. Como não se acredita na nossa essência divina deixada em nós por Deus, no ato de nossa criação espiritual, a humanidade materialista se torna belicosa e passa a usar os benefícios da ciência e tecnologia em prol dos seus interesses egoístas, muito aquém dos interesses da ética e da moral. É o que vemos na realidade ao nosso redor, aqui e alhures.



            Ave, Cristo! Os que entendem a Tua vinda, esperam o Teu comando.



Publicado por Sióstio de Lapa em 12/10/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr