Meu Diário
18/10/2023 00h01
SABER COMEÇAR

            Estou parado frente à missão que me espera e colocada por Deus em minha consciência. Mas ainda não tenho sabedoria suficiente para dar o início. Sei que tenho de começar pelo começo, com paciência. Parece uma constatação obvia, simplória...



            Nada pode ser construído com solidez de uma hora para a outra. Preciso ter paciência, usar de inteligência, que mesmo sendo lenta me diga que tipo de semente eu deva por princípio plantar.



            É necessário que eu tenha um bom ponto de partida com a percepção das requisições justas que há de vir, o lugar apropriado, o tempo adequado.



            Vejo ao meu redor pessoas inquietas e insaciadas, que exigem grandes obras de imediato, impõem medidas tirânicas pela força, pelas mentiras, pela corrupção, pelas ordenações injustas ou pela ameaça das armas e pretendem trair as leis profundas da Natureza. Praticam abortos, mudança de gênero, violência, segregação, mortes como diversão, genocídios como estratégias. Estabelecem domínios materiais provisórios sem aceitar a existência do mundo espiritual, nossa pátria original para onde todos voltamos depois deste estágio material. Onde a justiça é presidida por um juiz incorruptível, onde os bens materiais não podem chegar, mas onde os sentimentos e emoções derivados de nossa forma de gerir tais bens materiais nos acompanham.



            Por outro lado, existem as ovelhas perdidas do redil do Pai, que pastam inconscientes do que acontece em volta, dos predadores que sugam seu sangue e suor, que as mantém na ignorância do que são, filhas do mesmo Pai. Muitas estão dentro de igrejas que abrem os Evangelhos e entendem que na Bíblia está a palavra de Deus, mas não conseguem compreende-la nem aplica-la com consciência e honestidade.



            Estive na noite passada junto com tais ovelhas. Todas chegaram em Natal à passeio, cerca de 19 pessoas. Todas estão agregadas à Santa Igreja Católica que está enfrentando uma forte ofensiva do mal, com crentes sendo perseguidos, templos sendo destruídos. Há cerca de uma semana um ataque covarde contra diversas pessoas em Israel deixou centenas de mortes e dezenas de reféns. A morte triunfando sobre a vida.



            Eu fui a convite, mas me senti um estranho no ninho. Sabia que eles trabalharam duro para ter aquele momento de lazer, de alegria, de rever amigos e irmãos de fé. Eles cantavam, pilheriavam, riam, se divertiam... por que eu teria que colocar minhas preocupações catastróficas em tal festa? Afinal, eles não mereciam tal momento de alegria como uma compensação pelo trabalho duro que realizam?



            Mas vem à minha mente a cobrança do Pai. Lembro que Ele me orientou para assistir o filme sobre o profeta Jeremias. Lembro que o profeta foi convidado para participar da recepção do rei e que naquele momento festivo Jeremias ouviu a voz de Deus em sua consciência e a reproduziu em público, para todos os presentes. Trouxe constrangimento ao rei e seus ministros, se tornando uma pessoa malquista pela realeza, mas despertou a atenção do povo ao redor sobre a vontade de Deus.



            Se eu tivesse lembrado desse episódio de Jeremias, talvez eu tivesse feito algo parecido. Teria pedido licença para usar a palavra e me identificava como professor universitário em busca de fazer a vontade de Deus. Como eu estava dentro de um grupo que trabalha dentro de um templo de Deus e seus derivados, gostaria de ter a opinião de cada um sobre minhas apreensões do momento. Se não houvesse constrangimento de ninguém eu faria uma pergunta simples para gerar a reflexão e seria de muita utilidade a resposta honesta de cada um, no sentido da fraternidade em que estamos reunidos.



            Perguntaria o que podemos fazer enquanto filhos de Deus, que quer fazer a Sua vontade, e observamos ao redor tanta maldade prosperando, tantas mortes, guerras e pestes a nos afligir e até nos ameaçar por nos colocarmos ao lado do Cristo nessa guerra espiritual?



            Este seria um bom começo para mim. Eu teria levantado um momento de reflexão dentro de um grupo tão especial, pessoas honestas e que trabalham para Deus, mas esquecem como eu também esqueço tantas vezes, do que Jesus sempre nos advertia: orai e vigiai. Por que eu não me despedi deles pedindo uma oração especial para o Pai onde eu também fosse incluído?



            Esta é mais uma prova da minha inteligência lenta...



Publicado por Sióstio de Lapa em 18/10/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr