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EM BUSCA DO AMOR PERDIDO
Em algum lugar deste mundo existe o amor... um amor para mim! Uma pessoa que me olhe e veja como sou, com defeitos físicos e pensamentos idiotas, mas que me ame mesmo assim, que seus olhos brilhem de luz fluorescente ao cruzar com os meus... uma pessoa que não se importe com a distância que separa nossos olhares, pois sabe que ela não poderá separar nossos corações... mesmo que a saudade atormente seu pensamento! Uma pessoa que saiba receber o mínimo de amor que eu possa dar como o brilhante mais valioso do universo, que mesmo todo o amor que distribuo com outras pessoas ao meu redor, mesmo tendo a mesma qualidade, mas para ela, o amor que lhe dou, é incomparável! Uma pessoa cujos sonhos comigo sempre serão ofuscados pela realidade dos nossos encontros... uma pessoa que faça o universo vibrar na sintonia afetiva dos nossos corpos, palavras, gestos, afetos, pensamentos e sentimentos... uma pessoa que não tenha medo de entrar nas labaredas do inferno e com candura angelical proteger minha alma ameaçada... que seja capaz de enfrentar as dúvidas das maledicências do mundo com a fé na coerência de minhas palavras... uma pessoa que saiba amar as pessoas que amo, mesmo que essas a tenham ferido, só porque sabe que amando assim, o meu amor por ela terá o brilho da mais forte constelação...
Mas... onde encontrar esse amor? Um amor que construí desde a infância, dos tempos românticos da adolescência, onde estará? Hoje o outono se abate sobre mim, meus cabelos caem como folhas ressequidas, as rugas da minha face denunciam meu olhar constante no horizonte em busca desse amor perdido... talvez que nem exista, seja parte apenas dos meus sonhos, de uma utopia inatingível.
Mas o coração, que não acompanha o envelhecimento do corpo, insiste nessa busca, insiste em acreditar que além do horizonte existe o amor perdido! Cada vez que avanço no caminho, tantos rostos vou encontrando, tantos afetos, tantas paixões... mas não encontro o amor perdido! E sempre existe um horizonte mais à frente estimulando a caminhada... minhas pernas já se ressentem... não conseguem seguir o ritmo do coração.
Às vezes sofro também, pois na minha busca frenética termino por despertar amores incompatíveis, amores que desejam exclusividade dos corpos e sentimentos; que o abraço significa os elos de uma cadeia, e não a alquimia simbiótica de dois espíritos no intervalo de tempo; que pensam ser o beijo um carimbo de propriedade, e não a materialização de um afeto espiritual; que pensam ser o sexo o justo pagamento de uma promessa de escravidão aos desejos do outro, e não o ritual mais divino dos filhos de Deus que desperta na consciência e no corpo o prazer sacrossanto do gozo celestial com o potencial do milagre da reprodução da vida.
Ah! Quanta incompatibilidade dessa forma de amar com aquela do meu amor perdido!...
Ah! Quantas desculpas devo aos corações que bati às portas e que atenderam outros tipos de amores!...
Perdoem-me, meus amores incompatíveis, perdão pelas dores, pelas lágrimas, pelos sofrimentos, que também foram meus!...
Perdoem a esse homem que ainda hoje se arrasta, no inverno da vida, em busca do amor perdido, com corpo de velho e coração de criança, em direção ao horizonte, em busca de um sonho!... uma esperança... uma ilusão?...
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 13/11/2012
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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr