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PONTO DE LUZ
Estava lendo que uma pessoa, mesmo sabendo da morte de Jesus Cristo há mais de 2.000 anos, ainda rezava na secura do deserto, em uma tenda assoprada pelos ventos poderosos carreadores de dunas, para que Ele viesse ainda lhe orientar enquanto espírito, aqui no mundo material. Rezava com tanto ardor no coração que seu pedido chegou até a vibração divina do Mestre. Em seguida essa pessoa viu surgir no céu límpido um pequeno ponto de luz que foi se avolumando à medida que se aproximava da sua pessoa. Enfim, se delineou numa configuração humana fisicamente já conhecida e cujo semblante amoroso e melancólico não deixava dúvida que era o mestre que vinha atender seu pedido de orientação sincera.
Procuro evitar os sentimentos menos nobres, os pecados da alma, como por exemplo, a inveja. Não sei se consegui meu intento neste momento da leitura, pois passou uma sombra uma sombra sentimental pelo meu espírito que levou mais melancolia que amorosidade ao meu semblante. Poderia dizer que foi a sombra da inveja, devido a tanto me esforçar a aprender a rezar com disciplina e nunca tive nenhum retorno do mundo espiritual. Sempre me considero relapso e ignorante no sentido de encontrar as palavras certas para falar com meu Mestre espiritual, e até com o meu Pai universal. Então, não me sinto digno de tamanha graça, de perceber a figura diáfana e divina do Mestre e escutar sua voz direta nos meus ouvidos.
Desta vez eu orei para o mestre e disse tudo que vinha em meu coração. Senti que as palavras saíam de minha boca incendiadas pela emoção de reconhecer a minha pequenez, de não ser digno de uma resposta direta do Mestre, quanto mais de Deus. senti as lágrimas lavarem meu rosto e assim fazendo transformava os traços fisionômicos de extrema melancolia para a humildade e abnegação.
Ao fim da oração permaneci sentado no leito a meditar no que acabei de fazer e sentir. Não percebi nenhuma palavra a estimular os meus ouvidos, mas senti a formação de uma mensagem dentro do coração e que subia para a mente, para a minha compreensão.
- Irmão, cada ser vivo neste Universo, criatura de Deus, por mais abjeto que seja o seu ser, é digno do cuidado e do respeito de todos os enviados do Pai, como Eu. Os seres humanos, que adquiriram a aproximação com a imagem de Deus devido o avançado grau de consciência e livre arbítrio, que já tem condições de caminhar em direção à angelitude, jamais deixarão de ser amparados por nós, mensageiros diretos do Pai. Tu ficas ressentido e amargurado por não experimentar como o irmão, que orando na hostilidade do deserto teve a oportunidade da minha presença iniciada por uma pequenina centelha de luz. Não valorizas que diferente dele, fostes colocado em situação bem mais privilegiada. Dormes em colchão macio e a proteção de um sólido apartamento; podes abrir a janela do teu quarto e receber a brisa acolhedora que vem do mar a qualquer momento que o desejar. Vais dormir com todo este conforto e também com a cobertura de estrelas e a luz do luar. Ao amanhecer o dia, abres os olhos com saúde e inteligência, percebes o último brilho da estrela da manhã que fica encoberta pelo fulgor do nascer do sol, que pinta de variados tons de dourados às nuvens mais escuras, carregadas de água para regar os pomares de onde vem tuas frutas. Podes olhar para o mar durante horas durante a oração matinal e vês o sol construindo ao longo do encrespar das ondas, até o limite da linha do horizonte, miríades de pontos de luz, todas advindas direto do coração amoroso do Pai, todas capazes de conduzir em seu íntimo um ser de luz a mando do Criador, como Eu! Então, meu irmão, porque reclamas a falta de um simples ponto de luz que surgido no deserto e que sob a fé do crente, percebeu a minha figura esperada?
Percebi na íntegra a mensagem de Jesus, e agora a minha fisionomia mais uma vez se transformava da humildade à vergonha; vergonha de ter tanto e desejar com inveja o mínimo que um irmão alcançou com a sua fé. Agradeci a mensagem e olhei mais uma vez para o mar imenso à minha frente com seus incontáveis pontos de luz. Agradeci ao Pai pelas bênçãos que Ele me proporcionou e roguei para que minha fé possa ser aumentada para que eu possa perceber a profundidade do que me é ofertada.

Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 15/01/2013
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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr