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ORAÇÃO ABRIL 2014
Pai, continuo com dificuldade de conversar contigo. Não sei bem qual o motivo, pois se eu sou tímido em falar com terceiros, mas contigo eu não deveria ser assim. Sei que és o meu Pai e que eu nasci de Tua vontade, de Tuas entranhas, então eu sou “carne da tua carne”, “sangue do Teu sangue”, e “espírito do Teu espírito”. Sou uno contigo, como Jesus ensinou.
Também sei, Pai, que esta condição de digitar o que me vem a mente neste ato de oração, parece ser uma coisa forçada, fingida. Minha consciência aceita que eu possa proceder assim, pois considero que toda a minha vida seja uma espécie de experimento, que eu seja uma espécie de cobaia de Vós, que eu aceito como missão de informação e formação para meus irmãos que um dia irão ler todas essas experiências, desde o blog que faço a cada dia, poesias, contos, crônicas... e estas orações.
Mesmo assim, com toda esta compreensão que sou a Vossa cobaia, Pai, não deixo de considerar a oração que faço aqui como algo incoerente com a confidência que deveria ter a oração. Lembro que quando vou fazer a hidroginástica pela manhã na praia, eu chego mais cedo antes do professor e dos meus colegas e me dirijo para a ponta mais distante da praia, perto da água, das ondas, das pedras, do ar... Fecho meus olhos e abro os braços para sentir toda a Natureza à minha volta. Nesse momento eu sinto como se tivesse em Teus braços, tudo que me toca, que faz vibrar os meus sentidos, faz parte da Tua essência, principalmente o sentimento do Amor que sinto entrar pelo meu coração e que precisa se espalhar ao meu redor.
Aí sim, Pai, é que sinto que estou conversando realmente contigo, pois não é preciso elaborar nenhuma palavra na minha mente, como agora eu tenho que fazer senão o texto não sai. Naquele momento eu sinto o êxtase de estar contigo e nem me incomoda a possibilidade de alguém está a me observar na distância, de ver minha postura de frente para o sol e de me considerar alguma espécie de louco.
Nada disso me importa, nada que venha do mundo externo. Minha sintonia se faz com intensidade com o mundo espiritual, a minha mente constrói o que meu coração sente e minha consciência considera como correta. Eu quero estar nesse momento nos Teus braços, Pai, e nada do que seja consequência de minhas ações para alcançar esse objetivo, vai me fazer desistir.
Eu sinto o calor do sol a emitir seus primeiros raios, eu sinto o frio da brisa a envolver todo o meu corpo; onde o sol acaba de aquecer, a brisa acaba de esfriar. Esta é a carícia que sinto de Vós, meu Pai., e até a tua voz eu posso escutar no marulhar das ondas nos choques constantes com as pedras, no se espraiar pelas areias.
Portanto, Pai, peço desculpas a Vós por não saber fazer aqui e agora a oração que Tu desejas que eu faça, mais para ensinar aos meus irmãos como conversar contigo através da oração, da sintonia, do que realmente eu entrar em sintonia contigo para conversar de minhas próprias dificuldades e perspectivas.
Peço desculpas também ao leitor, pois não recebe um texto que possa entregar o que pretende, pois por trás da inspiração se encontra uma obrigação para com ele, enquanto essa obrigação na oração deveria ser de exclusividade do Pai.
Mesmo assim, com todos esses erros Pai, que sinto está ocorrendo no que estou fazendo, eu tenho que continuar, pois também sei que esta é a Tua vontade.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 01/05/2014


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr