Fui a uma festa de aniversário de uma pessoa humilde, mas afoita o suficiente para preparar comida para 600 pessoas. Eu não pensava que seria um evento com tantas pessoas e com baixa espiritualidade.
Foi assim que entendi logo que cheguei. Um paredão de som em grande altura, tocava músicas dançantes de conteúdo erótico. As pessoas falavam alto para se poderem ouvir, alguns se requebravam ao redor das mesas e a maioria entornava copos de bebidas alcoólicas.
Fiquei sentado num local onde uma amiga cedeu uma cadeira, cumprimentei alguns presentes e fiquei observando o que acontecia ao redor com um olhar crítico. Como seria possível tantas pessoas reunidas para comemorar um aniversário, e ninguém sintonizava com a espiritualidade, era somente um festival de pessoas dominadas pelos instintos da carne?
Eu ficava protestando intimamente, no silêncio de minhas elucubrações. Por que tantas pessoas se reúnem em ambiente fraterno e nada do lado espiritual se torna manifesto?
Assim pensando de forma ranzinza com todos aqueles convidados que estavam mergulhados nos prazeres da carne, foi que as 18h resolvi voltar para casa. Durante o caminho no meu carro, com o brilho da estrela d’alva a iluminar a estrada, estrela que no meu tempo de adolescência sempre evocava em minha alma o desejo de fazer a oração da Ave-Maria, fez mais uma vez eu repetir o velho ritual e uma nova reflexão chegou à minha mente, como uma firme admoestação.
“Por que você não se comportou como um digno discípulo de Cristo sem ter o medo do peso da cruz que deve carregar? Você sabe que deve se comportar como um pequeno foco de luz para iluminar a mente das pessoas, deve se comportar como o fermento no meio da massa e silenciosamente transformar o ambiente. Você estava certo em suas considerações, aquelas pessoas estavam totalmente envolvidas nos prazeres da carne, o espírito estava encolhido, imerso nos odores do álcool, nos requebros e vozerios do corpo. Quem poderia ali despertar o espírito? Iluminar a mente entorpecida? Brindar a aniversariante com palavras de salvação? Colocar o fermento divino na massa de prazeres mundanos? Que levassem à reflexão dos erros que se cometem, às vezes inconscientemente? Era tu, Francisco! O discípulo preparado por Deus para agir assim naquela ocasião. Mas você escolheu, simplesmente, por não haver o peso da cruz, de fazer críticas condenatórias aos seus irmãos que vivem mergulhados em ambientes de alta periculosidade para o espírito. A sua própria carne escolheu não seguir os passos do Cristo e levar a Sua palavra naquele ambiente com medo do peso da cruz, de ser visto como um carola, de interromper a música onde todos brincavam e festejavam para trazer palavras que a maioria não queria ouvir, de ser uma pessoa inconveniente”.
Com esta reflexão, percebi a dimensão do meu erro, fui reprovado num teste tão simples, onde o meu espírito não conseguiu se manifestar na arena da minha mente, onde predominava simplesmente os arroubos do Behemoth, fazendo críticas generalizadas aos irmãos que esperavam a palavra que eu estava preparado para falar.
Eu continuava dirigindo o meu carro de volta para casa, mas agora não podia ver tão claramente, com meus olhos marejados, nem a estrada nem o brilho da minha estrela d’alva que me levou a esta reflexão. Simplesmente deixei a direção do carro no automatismo da minha mente e dirigi ao Pai, mais uma vez o meu pedido, com extrema humildade e desespero na alma: Pai, dá-me, inteligência rápida, sabedoria e coragem para fazer a Tua vontade e não a minha!
Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”, na sua 22a. pergunta.
22 – Os fieis têm um papel na elaboração da doutrina da Igreja?
Sim. É inegável que os simples fieis (que não receberam o sacramento da Ordem) desempenham um papel muito importante na vida da Igreja, da qual são pedras vivas. O batismo os incorpora à Igreja, tornando-os partícipes em sua missão, e a confirmação os torna “mais estritamente obrigados a difundir e a defender a fé por palavras e obras, como verdadeiras testemunhas de Cristo”. A assistência do divino Espírito Santo, prometida por Nosso Senhor aos Apóstolos (Jo, 14, 16-17; 25-26), governa toda a Igreja e. embora se manifeste principalmente através do Magistério (infallibilitas in docendo), revela-se também através do consenso dos fieis. Este último expressa a infalibilidade da Igreja em sua crença (infallibilitas in credendo), que, como vimos, baseia-se no senso da fé que os fieis recebem no batismo.
Entretanto, o “consensus fidei fidelium” não pode ser equiparado à “volonté genérale” de Rousseau. O Cardeal Walter Brandmüller destacou, em abril de 2018, numa conferência em Roma: “Quando os católicos em massa consideram legítimo casar-se novamente após um divórcio, após uma contracepção ou algo semelhante, não se trata de um testemunho maciço a favor da fé, mas de um desvio maciço em relação a ela”.
Na mesma ocasião, o Cardeal Brandmüller afirmou que: “O sensus fidei atua como uma espécie de sistema imunológico espiritual, que leva os fieis a reconhecerem e rejeitarem instintivamente qualquer erro. É sobre esse sensus fidei, portanto, que repousa a infalibilidade passiva da Igreja, juntamente com a promessa divina, ou seja, a certeza de que a Igreja como um todo nunca poderá cair em heresia”.
Muito bem colocada essa analogia do Cardeal Brandmüller do sensus fidei com o sistema imunológico. Em nosso corpo, o sistema imunológico percebe toda partícula estranha como uma invasora e procura logo eliminá-la, retirá-la da circulação. Da mesma forma, uma informação nova que chegue à Igreja deve ser de imediato contida e expeli-la. Tal não aconteceu por alguns padres que as aceitaram as ideias maçônicas, progressistas, revolucionárias, como uma verdade que pode ser inclusa ao corpo místico da Igreja.
Essa falha do núcleo imunológico da Igreja permitiu a doença penetrar e se alastrar, a um ponto que hoje não conseguimos ver a face saudável da Igreja, e sim todos os comportamentos (sintomas) que caracterizam a doença.
Não devemos deixar que comportamentos não sintonizados com a vontade de Deus sejam executados e se tornem prioridade na vida social. Temos responsabilidade, enquanto filho do Pai e seguidor do Mestre, de termos a capacidade de discernir o certo do errado, e a coragem de denunciar o errado e praticar o certo, o Caminho da Verdade ensinado pelo Cristo.
Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”, na sua 20a. pergunta.
Não. Seria uma manipulação blasfema. Mons. Robert Mutsaerts, bispo auxiliar na Bélgica, afirma: “Até o momento, o processo sinodal mais se parece com um experimento sociológico, e tem pouco a ver com a ideia de que o Espírito Santo far-se-ia ouvir em meio a tudo isso. Poder-se-ia mesmo em falar em blasfêmia. O que se torna cada vez mais claro é que o processo sinodal será usado para alterar uma série de posições da Igreja, apoiando-se no Espírito Santo como escudo, muito embora, na realidade, o Espírito Santo tenha inspirado o contrário disso ao longo dos séculos”.
Sim, concordo com o Mons. Robert, como pode o Espírito Santo inspirar pessoas que estão dispostas a mudar tudo que Ele mesmo ensinou, na figura de Jesus Cristo? O que é mais lógico pensar é que a estratégia do demônio de usar o modernismo, a ciência, o progressismo, para anular a importância do que Jesus ensinou, está se mostrando eficaz. As pessoas do clero ao ouvir esses argumentos que têm boa sintonia dentro da sociedade, sentem a tentação de segui-los, mesmo que isso seja contrário à tradição cristã. Mas a sociedade aplaude quando essa conversão acontece, e o Cristo não reclama, pois o Espírito Santo perde o acesso a essa alma que já está convicta de que faz o certo. Essas pessoas convertidas ao modernismo, ao socialismo, à construção de uma sociedade ideal mesmo que seja à custa do rastro de sangue que segue os passos dos revolucionários, elas evoluem dentro da hierarquia eclesiástica e já podem eleger um Papa que pense como eles.
Certamente que o Espírito Santo não inspira essas ações, está bem claro que tudo é contrário ao que Cristo ensinou. Mas, também é certo que o Espírito Santo não deixou de atuar. Talvez aquela ideia de que nossa evolução espiritual passe por três estágios, esteja correta. A primeira fase estava sob o comando do Pai, cujo principal enviado foi Moisés; a segunda fase está sob o comando do Cristo, é a fase em que nos encontramos; a terceira fase, a que vamos entrar estará sob o comando do Espírito Santo.
Assim sendo, e compreendendo que o Espírito Santo não irá inspirar a pessoas contrárias ao Cristo, imagino que essa atuação divina irá acontecer principalmente fora dos muros do Vaticano, que se mostra majoritariamente corrompido. É isso que podemos observar, várias pessoas fora da Igreja levantando a voz e defendendo os verdadeiros princípios cristãos. A Santa Igreja agora terá uma representatividade difusa, fora dos muros físicos e manifestada em cada coração sintonizado com Deus, dispostos até mesmo a passarem por novas provações, martírios, como estamos vendo acontecer, com centenas de cristãos presos sem motivos, proibidos de falar nas escolas e até dentro da igreja que agora tem um novo missal, uma nova fraternidade, onde nós somos os únicos excluídos.
Aprendi a ter um grande respeito por Dom Pedro II, o segundo Imperador do Brasil, como um rei ético, justo e inteligente, que levou o Brasil a um grande progresso, comparado às demais nações de sua época.
Mas sempre ficava uma espécie de nódoa em seu currículo, quando é mostrada a sua aproximação com a Maçonaria e o prejuízo que isso levava ao Cristianismo, ao papel que a Santa Igreja Católica desempenhou dentro do Brasil desde o seu descobrimento pelas caravelas de Pedro Álvares Cabral, que singrava os mares empunhando em suas velas a Cruz de Malta, emblema da Ordem de Cristo, que sucedeu aos Templários.
Foi com a leitura do livro “OBJEÇÕES E ERROS PROTESTANTES Com as Respectivas Respostas Irrefutáveis”, escrito pelo Pe. Júlio Maria De Lombaerd, e publicado pelo Centro Dom Bosco em 2024, em 3a. Edição, percebi com mais clareza de detalhes mais uma atitude do digno Imperador, que considero desastrada.
Havia na administração do Segundo Império (1840-1889) uma ação majoritariamente maçônica e anticlerical, que visava minar a influência da Igreja Católica no Brasil e submetê-lo ao poder político.
Dentre as ações persecutórias do governo, destacava-se a proibição de que noviços ingressassem nas ordens religiosas em 1855, e a de que brasileiros que tivessem feito o noviciado no exterior retornassem à pátria, em 1870. Os dois decretos obstruíam as tentativas de ordenação de novos religiosos, tanto em solo nacional quanto estrangeiro, condenando as ordens brasileiras á morte por inanição.
Os protestos católicos eclodiram na chamada Questão Religiosa (1872-1875), dos quais temos um exemplo no seguinte episódio: ao se insistir com Dom Pedro II que ele permitisse a reabertura do noviciado do Convento de Santo Antônio, o imperador retrucou aborrecido: “Qual? A época dos frades já passou!” Respondeu, então, Frei Fidelis d’Ávola: “Majestade, não diga assim, porque por aí andam também a dizer que já passou o tempo das testas coroadas...”
Esta foi uma resposta simples, respeitosa, mas cheia de profecia. O Frei já ouvia ao seu redor os murmúrios contra a Igreja e também contra a coroa. Tudo isso era divulgado pela Maçonaria na sua estratégia de sociedades secretas. Era ensinado a se respeitar um Deus amorfo, o Arquiteto do Universo, e que cada pessoa com inteligência podia o evocar sem necessidade de qualquer tipo respeito a uma tradição apostólica que vinha de período onde não existia a força da ciência e da tecnologia.
O Imperador era muito adepto da ciência, isso foi positivo, mas terminou por deixar o Cristianismo subordinado à ciência, à inteligência humana, e isso foi negativo. Ele não imaginava que a Inteligência humana, promotora da ciência, estava associada aos instintos animais próprios da natureza animal que nos constitui. Somente quem coloca freios nessa força instintiva que leva o egoísmo ao máximo, prejudicando o próximo sem qualquer pudor, é a força do Cristianismo, baseado na existência de um Criador, de um Pai universal e que exige dos seus filhos o amor incondicional, amar ao próximo como a si mesmo.
Foi esse detalhe que o Imperador não percebeu e deixou que o projeto da Maçonaria criasse corpo com seus rituais secretos até que chegasse o momento de dar o bote, derrubasse a monarquia de forma covarde, através de um golpe militar longe de qualquer participação popular.
Felizmente o rei, imprudente, perdeu a coroa, mas permaneceu com a cabeça, diferente do que aconteceu na Revolução Francesa, mais um empreendimento da Maçonaria onde cabeças coroadas ou preladas rolaram nas guilhotinas e o sangue corria pelas valetas da cidade.
Esta era a bandeira empunhada pelos revolucionários na França, que provocou a mudança na forma de governo e um banho de sangue para todos os envolvidos. Como é possível que temas tão justos e fraternos possam desenvolver forma tão macabra de governo e que gere sementes revolucionárias que se reproduzem pelo mundo todo com o mesmo perfil?
Para que a aplicação correta dos preceitos de Igualdade, Fraternidade e Liberdade tenham força de lei para corrigir os erros de nossa forma de agir, é necessário que a maioria das pessoas envolvidas estejam penetradas da mesma força moral para conseguir o fim correto do objetivo proposto. É necessário que a espiritualidade esteja muito acima da materialidade e que esta se encontre livre de todas as deprimentes formas de agir para a manutenção do corpo. Essas pessoas não podem estar dominadas pelo apego à vida material, devem se manter superior ao Behemoth interno, dominando as sete principais cabeças desse monstro energético, instintivo, que procura conservar o corpo indo em busca de todas as atrações, gostos e desejos da vida dos sentidos.
A lei de Deus, em sua expressão mais pura, não pode ser posta em prática senão por espíritos perfeitos, que se encontrem em um meio também perfeito.
Quando Jesus, um espírito perfeito, dentro de um mundo imperfeito, dizia que “Todos os homens são iguais e devem repartir entre si os bens da terra”, era considerado um mau espírito pelos gananciosos, poderosos, que não queriam dividir sua vida com ninguém. Mesmo assim, Jesus tinha que cumprir essa missão, de ensinar esse Caminho de Verdade e Vida eterna em ambiente tão hostil, para influenciar as poucas pessoas de bom coração e começar o seu movimento ideológico do Cristianismo.
A missão do Cristo foi cumprida, mas o mundo permanece com o mal prevalecendo sobre o bem, que chega até a manipular palavras tão significativas quando ditas por Jesus, por levarem consigo o germe da maldade, perversidade e ganância como aconteceu na Revolução Francesa.
Nós, que queremos o desenvolvimento da humanidade, não devemos determinar ações com teorias não apropriadas à inteligência dos membros dessa comunidade. Façamos primeiro resplandecer na solidão de nossa alma o foco de luz que há de iluminar todas as almas, apontando para a felicidade possível com uma chama que não deve ser apagada pelos vendavais das emoções desenfreadas.
O futuro começa na hora seguinte, vamos saber medir bem a parte de cada momento. Não confiemos nossos tesouros sem saber antes a quem os entregamos. Não introduzamos no mundo a confusão das línguas, da maneira de falar; falemos de conciliação e de esperança a todos, porém, falemos de liberdade com as pessoas mais purificadas. A fraternidade sem a luz da fé é impossível. O amor não pode estar separado da fraternidade universal, pois se torna apenas um arremedo de amor.
Quando descobrimos a Deus, o saberemos adorar. Caminhando na trilha de Jesus, amaremos uns aos outros e Deus nos amará.
Vamos primeiro refletir sobre a moral que se deduz da lei de Deus e as armas homicidas não serão mais necessárias para serem levadas com o tema de liberdade, igualdade e fraternidade.