Com a idade de apenas 12 anos, Jesus já afirmava com palavras o sentido do Seu ministério entre nós, encarnados num corpo material: “Não sabíeis que devo estar na coisas de meu Pai?”
Para quem não aceita a missão espiritual de Jesus entre nós, não consegue explicar como uma criança de 12 anos tinha esse estado de avançada consciência espiritual, possuindo uma noção de Reino de Deus muito maior que o mais espiritual dos homens possui no fim de sua vida terrestre.
Os venerandos mestres de Israel, sumos sacerdotes no Templo de Jerusalém, encanecidos no estudo dos livros sacros, de repente se tornam discípulos de uma criança que nunca frequentou escola nem teve mestres humanos.
O homem dotado de intuição espiritual não descobre Deus em parte alguma do universo nem de si mesmo. Ele descobre que não há nada fora de Deus e que Deus é a única realidade, o Um e o Todo do mundo. Deus é o oceano único permitindo a pluralidade das ondas; a luz incolor que permite a existência de todas as luzes coloridas do prisma cósmico divino; é a grande Causa única em todos os pequenos efeitos, o Eterno em todos os fenômenos transitórios; um só Ser no meio dos muitos existires, a Essência Universal e única em todas as existências individuais.
Esta é uma forma de Panteísmo que entende que Deus está em tudo e tudo está em Deus (Monismo), que Deus é a íntima essência de todas as coisas e que estas são outras tantas manifestações da única Realidade “Deus”, uma expressão da verdade objetiva.
Quando Jesus afirma que Ele e o Pai são Um, que as obras que Ele faz não são dEle, é do Pai que nEle está. Quando Paulo de Tarso diz que já não é ele que vive, mas que é o Cristo que nele vive, não há dúvida alguma de que há em tudo isto uma afirmação do Panteísmo, dentro desta racionalização.
Logo depois de dizer “eu e o Pai somos Um”, acrescenta: “Mas o Pai é maior do que Eu”. Dessa forma, o Panteísmo de Jesus é idêntico ao Cristianismo genuíno e racionalmente esclarecido.
Desde a sua infância Jesus sabia que sua missão peculiar, aqui na Terra, era estar nas coisas do Seu Pai, e que só assim é que Ele podia realizar eficientemente a vontade do Pai.
Ninguém pode exercer efeito benéfico e real sobre as coisas do plano horizontal se não se identificar primeiro com o espírito da linha vertical. Só uma profunda solidão com Deus produz e mantém verdadeira solidariedade com os homens. Ninguém pode ser eticamente solidário se não for misticamente solitário.
O homem espiritual não atua tanto pelo que diz e faz como pelo que é. Estar com as coisas do Pai celeste é ser alguém, é ter realizado o seu verdadeiro e eterno Eu. Ser alguém é muito mais importante do que fazer algo. Só quem, por dentro, é só de Deus, pode ser, por fora, de todas as criatura de Deus.
Criamos no Departamento de Medicina Clínica (DMC) o projeto de Extensão Universitária “Foco de Luz” com o objetivo de colaborar diretamente com a comunidade da Praia do Meio e adjacências, onde está localizado o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), sede de nossas atividades profissionais. Observamos as dificuldades da comunidade como saúde, educação, desemprego, abuso de drogas, prostituição, violência, e criminalidades em geral. O nosso foco é levar a ideologia do Cristo, o Cristianismo, como ferramenta filosófica já comprovada como eficaz nos projetos de harmonização individual e coletiva. Para ser mais eficaz nessas ações dentro da comunidade, criamos a Associação Cristã de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM) com sócios dentro e fora da comunidade que se sentem atraídos por este chamado de Cristo. Podem colaborar com qualquer valor dentro de suas possibilidades para fazermos cumprir as necessidades financeiras que sempre surgem para um ente jurídico que foi formalizado. Mas o nosso foco principal será sempre o de cuidar do corpo para uma vida digna neste mundo material e direcionar a alma para a vida eterna na espiritualidade e sintonia com o Criador. Com o objetivo de contribuir com mais eficácia (nível gerencial) e eficiência (nível operacional) para dirimir as dificuldades financeiras das pessoas dentro da comunidade, formamos uma Cooperativa para coleta de resíduos sólidos, e já tivemos contato com setores do HUOL para uma parceria.
Hoje, nesta reunião com a atual direção do HUOL (Dra. Eliane) e com a que a antecedeu (Dr. Stênio), viemos colocar essa exposição de motivos a partir do Projeto Foco de Luz com a participação da AMA-PM e da Cooperativa.
Como podemos imaginar, o trabalho de filosofia cristã traz uma série de dificuldades , pois devemos trabalhar com a verdade, com o objetivo de servir as necessidades da comunidade, sem esperar deste trabalho recompensas materiais, financeiras ou honrarias. Nossa recompensa está sendo dada no dia-a-dia quando o Pai sonda os nossos corações e percebe, com um sorriso, que estamos fazendo a Sua vontade.
Colocamos nossas dificuldades à direção do HUOL por percebermos aqui dentro do Hospital centenas de talentos dados pelo Pai, a cada servidor, técnico, professor ou aluno. Esperamos ter criado um espaço onde cada um possa se sentir como um “Irmão” reconhecendo a vontade do Pai e que possamos agir fraternalmente dentro de nossos talentos de acordo com nossas intenções. O primeiro passo é a questão financeira, pois mesmo não sendo a nossa meta, termina sendo os meios para alcança-la. Mas, nenhum meio de conseguir recursos deve nos desviar da meta de fazermos a vontade do Criador. Como irmãos, capazes de opinar, sugerir ou determinar, vejamos o que precisamos:
Lendo Huberto Rohden no seu livro “Filosofia Cósmica do Evangelho” encontrei trechos interessantes que irei colocar aqui 3 deles para nossa reflexão, sendo este é o terceiro:
A magnífica frase de Albert Schweitzer “O Cristianismo é uma afirmação do mundo que passou pela negação do mundo” resume lapidarmente o que entendemos por Cristianismo Cósmico.
Quem afirma o mundo sem o ter negado é materialista e idólatra.
Quem nega o mundo sem ter a coragem de o afirmar é asceta espiritualista.
Quem afirma o mundo depois de o ter negado e continuando a negá-lo, internamente, pelo desapego, esse é cristão genuíno e integral, homem cósmico.
O Verbo se fez carne para que a carne pudesse fazer-se Verbo...
O espírito se materializou para que a matéria pudesse espiritualizar-se...
O Cristianismo é a vida de todo cristão, é uma permanente encarnação do Verbo e uma constante verbificação da carne, uma contínua descensão do espírito de Deus ao mundo e uma incessante ascensão do mundo a Deus.
O Cristianismo e a vida cristã, é Natal e Páscoa, encarnação e ressurreição, descida do espírito divino para dentro do homem, e subida do homem para o espírito de Deus. A manjedoura de Belém e o túmulo vazio do Gólgota, a noite do nascimento de Jesus e a noite do ressurgimento do Cristo – eis a mais breve síntese do homem cósmico!
No meio entre esses dois extremos, porém, está a cruz, não apenas como símbolo de sofrimento, mas também, e sobretudo, como emblema da vida universal., abrangendo com suas quatro pontas o norte e o sul, o leste e o oeste, a totalidade de todas as coisas que há em todas as alturas e profundezas, em todas as latitudes dos horizontes. A cruz é o símbolo cósmico por excelência.
Quem adora o mundo é idólatra.
Quem odeia o mundo é desertor.
Quem ama a Deus no mundo e o mundo em Deus é homem cósmico, crístico.
Este é um quadro performático bem descrito de como podemos estar enquadrado na caminhada da vida. Parece que a meta mais coerente e sábia é a que nos deixa sintonizados com o Pai e considerado um cidadão do Reino de Deus, um homem cósmico, cristão.
Lendo Huberto Rohden no seu livro “Filosofia Cósmica do Evangelho” encontrei trechos interessantes que irei colocar aqui 3 deles para nossa reflexão, sendo este é o segundo:
É fora de dúvida que a moral pré-mística, anterior à experiência direta de Deus, é um teste e uma prova de fogo pela qual o homem tem de passar, é o vasto e doloroso deserto que medeia entre o Egito da velha escravidão e o Canaã da futura liberdade; esse Canaã é para o simples crente um país longínquo, no tempo e no espaço, ao passo que o horroroso deserto da sua renúncia diária é fato cruciantemente propinquo.
Entretanto, segundo as eternas leis cósmicas do espírito, tempo virá em que essa moral pré-mística, difícil, se converterá numa ética pós-mística, fácil. Chegará para o crente sincero o dia em que a amarga medicina do duro dever moral passará a ser um laudo festim de suave querer espiritual, dia em que ele saberá por experiência que o “jugo é suave e seu peso é leve”. E em que poderá dizer com o Mestre: “O meu manjar é cumprir a vontade do meu Pai”.
Quando o homem tiver atingido, através de sucessivos estágios evolutivos, as últimas alturas dessa “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”, em que o ser-bom é o mesmo que ser-feliz, e o ser-feliz interior transborda irresistivelmente num ser-bom exterior – então saberá ele o que quer dizer “Filosofia Cósmica do Evangelho”.
O Cristo veio redimir uma humanidade profundamente materialista, era natural que Ele insistisse muito mais na necessidade de recusar do que de usar coisas do mundo material. Quem está habituado a abusar, do mundo, como todo pecador, tem de recusá-lo radicalmente antes de o poder usar corretamente; portanto, “o Cristianismo é uma afirmação do mundo que passou que passou pela negação do mundo”.
E até o presente dia é muito mais importante proclamar o Evangelho do recusar do que o Evangelho do usar, porque o abusar é ainda o grande pecado original desta humanidade profana. É até perigoso recomendar a um abusador do mundo que use esse mundo, porque ele confundirá fatalmente o uso correto com o abuso incorreto a que está habituado; e o seu complacente egoísmo facilmente lhe fará crer que é um homem cósmico, quando não saiu ainda das baixadas do homem telúrico.
Isto, todavia, não invalida a nossa tese de que o Cristianismo é, em sua íntima essência, a religião do uso, ou seja, da afirmação do mundo – naturalmente para os que já se libertaram da velha escravidão do abuso das coisas materiais.
É mais fácil recusar radicalmente o mundo do que usá-lo corretamente. Só quem é perito no recusar é que pode ser mestre no usar. O homem cósmico tem de passar pela escola ascética da disciplina espiritual, a fim de atingir a “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. Esta é a Filosofia Cósmica do Evangelho.
Ser competente no recusar para se tornar mestre no uso das coisas materiais, parece ser uma boa tarefa para alcançar um nível mais alto de evolução espiritual.
Para alguém que tenha experiência de Deus, tem de crear em si mesmo um ambiente propício, tem de realizar no seu interior uma espécie de atmosfera ou clima em que a a delicada plantinha desse encontro com o Infinito possa brotar e medrar.
Esse ambiente favorável consiste essencialmente em dois fatores básicos: fé e vida.
Fé – Deve o homem, antes de tudo, sintonizar com a realidade de um mundo invisível, embora ainda não tenha dele experiência direta. Essa fé é uma espécie de permanente atitude de humildade, sinceridade, receptividade, um senso de vacuidade ou nulidade do próprio ego físico-mental, unido a ansiosa expectativa e certeza de uma plenitude que lhe possa e deva advir de fora. Esse “de fora” é uma locução provisória, porque, de fato, a plenitude divina não vem de fora do homem; vem do mais profundo abismo dentro dele, vem do íntimo centro próprio do homem, não desse homem periférico, físico-mental, que ele conhece habitualmente, mas vem das incógnitas profundas do seu Eu espiritual, divino, que lhe é tão desconhecido e tão “longínquo” como a presença da energia nuclear dentro dum átomo não desintegrado. Para o principiante não há mal em que ele pense que a revelação de Deus e o Reino de Deus lhe venham de fora, das alturas do céu, embora esse “céu” esteja dentro dele e essas “alturas” sejam as mais profundas profundezas do seu próprio ser. Mais dia menos dia, na sua jornada ascencional, esse homem saberá – não já com surpresa, mas com espontânea naturalidade – que esse “fora” é o seu “grande Além-de-dentro”, a quintessência da sua própria alma, o seu Cristo interno, “reino de Deus dentro dele”, reino esse que ele tem de realizar conscientemente em sua vida, clamando sem cessar “venha o teu reino”. Como poderia vir o que não estivesse nele?
Vida – Fé vivida! A fé nunca passará a ser experiência direta de Deus se ficar no terreno meramente intelectual ou teórico; é indispensável que ela se encarne na vida total do homem, ou, no dizer de Santo Agostinho, que se torne “fé que atue pelo amor”. Quando o homem sintoniza toda a sua vida individual e social pelo conteúdo da sua fé, quando vive o que crê, como se já possuísse experiência direta de Deus, então essa fé concretizada em amor universal desabrochará em experiência imediata do mundo divino, porque encontrou ambiente e clima propício ao seu desenvolvimento.
O crente torna-se, então, um ciente, um sapiente, um vidente.
Já não crê simplesmente – sabe!
Enquanto o homem não tem essa experiência direta da Realidade divina, a sua moral é difícil e sacrificial, é um permanente “carregar a cruz”. Sintonizar a sua vida moral com uma norma apenas crida, mas não vivida como real – isto é imensamente difícil e doloroso, pelo menos em muitos casos, como no preceito de amar os inimigos e fazer bem aos que nos fazem mal.
Importante este ensinamento, pois nossa tendência é esperar que esse Reino de Deus venha das alturas celestinas. O máximo que consegui integrar à minha narrativa é que tudo inicia da transformação do meu coração, do egoísmo exagerado para o altruísmo incondicional. Mas vejo muita coerência em procurar no meu interior, na mais profunda profundeza, o Reino de Deus pelo qual eu aspiro e sintonizar toda minha vida individual e social pelo conteúdo desta fé.