Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/08/2013 00h01
O MODO DA BONDADE

            O Bhagavad Gita ensina que as entidades vivas condicionadas à natureza material são de várias categorias. Alguém pode ser feliz, outrem, muito ativo, mas há outro que se sente desamparado. Todos estes tipos de manifestações psicológicas são a causa da posição condicionada das entidades na natureza. Como as entidades vivas se condicionam de forma diferente? Primeiro existe o modo da bondade. Quem desenvolve esse modo acaba se tornando mais sábio do que aqueles condicionados a outras circunstâncias. Um homem no modo da bondade não é tão afetado pelas misérias materiais, e ele sente o avanço em conhecimento material. Esta sensação de felicidade deve-se à compreensão de que, no modo da bondade, a pessoa está mais ou menos livre de reações pecaminosas. Significa maior conhecimento e maior sensação de felicidade.

            O problema é que, quando se situa no modo da bondade, o ser vivo fica induzido a sentir que é avançado em conhecimento e que é melhor do que os outros. Dessa maneira, ele se condiciona. Os melhores exemplos são o cientista e o filósofo. Cada qual tem muito orgulho do seu conhecimento, e porque em geral melhoram suas condições de vida, eles sentem uma espécie de felicidade material. Na vida condicionada, esta sensação de felicidade superior deixa-os atados ao modo da bondade da natureza material. Nesse caso, eles ficam atraídos a trabalhar no modo da bondade, e, enquanto sentem atração por essa espécie de trabalho, eles devem aceitar algum dos corpos oferecidos pelos modos da natureza. Assim, não há possibilidade de liberação, ou de sua transferência para o mundo espiritual. Repetidas vezes a pessoa pode tornar-se um filósofo, um cientista, ou um poeta, e repetidas vezes envolver-se com as mesmas condições desfavoráveis apresentadas sob a forma de nascimentos e mortes. Porém, devido à ilusão que a energia material lhe impõe, o homem pensa que esta espécie de vida é agradável.

            Esta condição eu posso observar com muita frequência, principalmente no meu meio profissional, na academia, na convivência com muitos médicos, cientistas. Não vejo preocupação nenhuma na vida espiritual, na importância que deveria ser dada aos critérios evolutivos do mundo maior. Para alguns deles nem esse mundo existe, pois eles não o podem confirmar de imediato com os seus sentidos perceptivos, e a sua razão não entra na consideração do autor da criação e de onde essas energias criativas provêm. Mesmo porque é difícil, a pessoa adquire ao longo da vida uma série de conhecimentos materiais necessários a sua função de filósofo ou cientista, e de repente ser instado a considerar outra dimensão para a qual não teve preparo.  

            Mas nunca é tarde para tomar outros rumos à direção do pensamento. Mesmo que o modo da bondade nos traga uma sensação de felicidade, isso nunca é suficiente, pois não aprendemos e praticamos sobre as necessidades do mundo espiritual, e por esse motivo ficamos indo e vindo para essa escola material até que aprendamos a lição mais pertinente: o conhecimento do mundo espiritual e das suas leis as quais não posso deixar de cumprir.

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em 05/08/2013 às 00h01
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04/08/2013 00h01
NÃO DEPENDE DE NÓS

            Sempre estamos aprendendo um pouquinho mais, aqui e ali. Aceitei o Amor Incondicional como paradigma de minha vida, tenho uma compreensão do seu conceito que me satisfaz. Porém, ao assistir a história dramatizada do profeta Oseias, cuja esposa ordenada por Deus era uma prostituta, ouvi uma pequena frase sobre o amor de Deus por nós que me fez aprofundar ainda mais no conceito do Amor Incondicional.

            Oseias perguntava a Deus como Ele podia amar tanto o Seu povo se esse o traia ao adorar outros deuses, comparando com a dor que ele sentia de se saber traído por sua esposa. Então veio um raio de compreensão na mente de Oseias, que seria o entendimento do porque Deus ama tanto dessa forma: “Porque não depende de nós!”

            Deus nos ama independente do que façamos. Este é o Amor Incondicional.

            Oseias resgatou sua mulher, prostituta declarada, depois que caíra na desgraça, não fez os desejos do seu amante. Foi levada a leilão e ninguém dava o mínimo que o leiloeiro exigia, com os argumentos de que ela ainda podia trabalhar nos campos, que ainda poderia gerar filhos. Oseias cobriu todos os lances humilhantes que foram dados e ainda pagou 15 vezes mais o que o leiloeiro pedia, não quis pechinchar, ele sabia no seu coração o valor que ela tinha, e mostrou sem vergonha a todos que estavam na praça, que ela era sua companheira, mesmo que tivesse caído em desgraça, mas seu amor por ela permanecia.

            Chegou perto dela, que ferida e envergonhada se encolhera nos seus trajes andrajosos. Pegou-a nos braços e a conduziu aconchegada no peito para sua casa. Não deu ouvido a ironias, a críticas, a zombarias... O que ele fazia era a vontade de Deus e Deus encontrou o homem que podia expressar o seu Amor Incondicional, independente das críticas que pudesse sofrer.

            Quando essa história é citada num grupo, sempre ouço de todos a opinião de que não fariam o que Oseias fez, não dariam guarida, amor e respeito a uma mulher tão falsa e frívola. Consideram Oseias um bobo, um chifrudo, cornudo. Não percebem a dimensão do Amor que Deus colocou à prova através de Oseias.

            Sinto-me solidário a Oseias. Eu acredito que faria o que ele fez, tendo ouvido a vontade de Deus na consciência como aconteceu com ele. Agora fico a meditar: será que essa história não está se repetindo com pinturas de modernidade? Do mesmo modo que Oseias fora convocado para dar demonstração ao Amor Incondicional no seu comportamento com Gumar, sua mulher escolhida por Deus, eu também estou sendo convocado para dar demonstração de Amor Incondicional a tantas mulheres também escolhidas por Ele que se envolvem comigo com a Sua permissão e que Ele promove a sintonia espiritual e afetiva? De também rejeitar o sentimento machista ou exclusivista, em função do Amor Incondicional? Daquela vez para corrigir o sentido de adoração do povo, e desta vez para implementar a construção do Reino de Deus?

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em 04/08/2013 às 00h01
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03/08/2013 00h01
VERDADEIRO OU FALSO

            Nós os seguidores de Jesus podemos dizer que estamos seguros em relação a verdade do Evangelho e particularmente a sua prática? Como distinguir o verdadeiro do falso? Robert Law fez um comentário sobre I João, em 1885, intitulado Tests of Life (Testes da vida), em que estabeleceu três testes fundamentais, ou três critérios, para discernir entre verdadeiros e falsos cristãos.

  1. O teste doutrinário – estabelecia se os cristãos acreditavam na encarnação: “Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que proclama que Jesus Cristo se encarnou é de Deus; (I João 4:2)”;
  2. O teste ético – relacionado à prática da justiça e à obediência aos mandamentos de Deus: “Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. (I João 2:3)”; e
  3. O teste social – revelava se eles estavam ligados em amor à comunidade cristã: “Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte (I João 3:14)”.

Assim, é incoerente declarar amor a Deus enquanto se odeia o irmão. A aplicação desses três testes serve para desmascarar a falsa identidade de ditos cristãos, enquanto reforça a firmeza correta dos cristãos genuínos. Nós, cristãos, somos marcados pela fé verdadeira, pela obediência piedosa e pelo amor fraternal. Os que nascem de Deus (o nascer de novo citado por Jesus) creem, obedecem e amam.

Eu considero que passo nos três testes. Pode existir alguma dúvida com relação ao segundo, pois podem contra argumentar que eu não obedeço a Lei de Deus onde se inclui o decálogo de Moisés e que defende a monogamia, a fidelidade entre esposos. Mas acontece que eu resolvi seguir o principal artigo da Lei como Jesus ensinou, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. No desdobramento do seguimento desse artigo preferencial, eu termino por ultrapassar os limites impostos pela monogamia, pela fidelidade conjugal para aplicar o amor incondicional. Na minha forma de pensar, eu cumpro integralmente também o segundo teste, mesmo sabendo que persistem críticas e que eu não vejo argumentos lógicos para me demover da atual posição. Mas sei que se eu tiver errado, Deus se encarregará de colocar à minha frente os argumentos que poderão reformular os meus pensamentos e paradigmas de vida.

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em 03/08/2013 às 00h01
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02/08/2013 00h01
VIDA CORRETA

            Quando decidi pautar minha vida pelo amor incondicional eu sabia que teria que viver dentro de certos limites, que não poderia ter um comportamento que não fosse coerente com os princípios desse amor. Conhecendo os princípios eu posso estabelecer os limites e metas para a minha conduta. Davi já tinha demonstrado essa preocupação há milênios, quando ele escreveu “O modelo do justo”, no Salmo 14, encontrado na Bíblia Sagrada:

            2 O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração, 3 cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante. 4 O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; e que não retrata juramento mesmo com dano seu, 5 não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente.

            Com essas observações e esse modelo, eu posso fazer algumas perguntas básicas:

  1. Meu caráter é verdadeiro? Eu vivo uma vida correta e meu caráter não é manchado por falhas morais e éticas? Por corrupção e incoerência? Sim, eu posso responder, não vejo nenhuma falha moral ou ética sobre mim... também não pratico corrupção nem sou incoerente naquilo que penso e faço.
  2. Meus relacionamentos estão bem? No cômputo geral, sim. Mesmo sabendo que as mulheres que se aproximam mais de mim, que chegam a partilhar intimidades comigo, se mostram com sofrimento em função dos meus paradigmas. Mas eu não consigo evitar, não posso modificar o meu pensamento e comportamento para satisfazer A, B ou C, desconsiderando as minhas metas. É algo que não quero que aconteça com ninguém, não exijo de ninguém algo nesse sentido. O que posso fazer é dizer quem eu sou, como eu penso e ajo. Que penso que estou correto e assim não tenho intenção de mudar.
  3. Honrei todos os meus compromissos? Todos que estão coerentes com a minha atual forma de pensar. Quando casei eu tinha outra forma de pensar, por isso diante do padre me comprometi com algo que com a minha mudança na forma de pensar, deixou de ser coerente. Então, essa honradez com o compromissos devem estar coerentes com a forma de pensar.
  4. Ganho e uso o meu dinheiro de modo honrado? Sim, todo o dinheiro que ganho em troca dele eu ofereço meu trabalho. Pode até ser que dentro dos princípios legais eu cometa alguns deslizes, como ter diversas fontes de pagamento quando só me é permitido no máximo duas. Mesmo assim não deixo de fazer o trabalho que esperam que eu faça em função desse pagamento. Até o dinheiro que chego a emprestar para ajudar algum amigo que esteja em dificuldade, coloco o juro abaixo daquele praticado pelos bancos tradicionais, então isso não caracteriza usura. Ainda mais sabendo que, posso muito bem ter prejuízos em função da falta de pagamento em alguma ocasião e que estou pronto para absorver esse prejuízo.

Assim eu posso concluir que, apesar de existir alguns deslizes no meu comportamento, posso me considerar dentro de uma vida correta.

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em 02/08/2013 às 00h01
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01/08/2013 00h01
O POVO DE DEUS

            Sempre me incomoda esse termo quando é aplicado para distinguir alguns grupos de outros. Na minha concepção Deus é o Criador de toda a Natureza, inclusive nós e dessa forma todos somos, independente da pátria, da raça, do credo ou da posição social, financeira ou política, filhos do Pai, o povo de Deus.

            Essa, no entanto, é a posição intelectual de quem se coloca do ponto de vista de Deus, que acredita que “Ele” tenha uma existência real e, portanto, que Ele considera a todos como filhos, independente da forma de pensar de cada um. Agora temos o pensamento livre dos filhos de Deus que usa do seu livre arbítrio para direcionar a sua vontade para onde o seu raciocínio lógico levar. Pode muito bem não acreditar que Esse Deus que seus sentidos não percebem, também não existir. Então essas pessoas não se consideram povo de Deus. E quem acredita em Deus também pode os considerar que não são eles o povo de Deus. Então, do ponto de vista humano podemos fazer essa distinção e que com a evolução no tempo vamos aperfeiçoando a compreensão.

            Na cultura ocidental aceitamos majoritariamente a concepção do Deus único representado por uma força prevalente na Natureza, capaz de intervir em favor dos seus favorecidos. Começou na eleição de um povo, os israelitas, para serem distinguidos de todos os outros e dessa forma serem favorecidos em detrimentos dos outros, pagãos, ateus ou crentes de outros deuses. É registrado no livro sagrado desse povo, a Bíblia, toda uma epopeia nesse sentido e que chega até os dias atuais reformulado pelos ensinamentos de Jesus Cristo. Houve assim um progresso, pois deixou de ser considerado o povo de Deus apenas os integrantes de um grupamento racial, agora passaram a ser todos aqueles que aceitam os ensinamentos do Cristo e que compõem a sua igreja.

            Ainda dentro desse conceito humano de povo de Deus, acredito que ainda seja necessário mais um ponto evolutivo, a consciência. Não é necessário que seja obrigatório permanecer dentro dessa instituição chamada igreja cristã, para sermos considerados filhos de Deus. Basta aceitar essas informações preciosas que Jesus nos ensinou, sobre Deus, o Pai, e sobre o Reino de Deus, a família universal, procurar as colocar em prática com boas intenções o amor incondicional, para já estar dentro do conceito do povo de Deus. Pode nunca ter ido a qualquer igreja, de qualquer denominação, e até participar de igrejas com outras orientações não cristãs, mas que todas sejam baseadas no princípio divino do amor incondicional e seus desdobramentos, verdade, justiça, liberdade, fraternidade, solidariedade, etc.

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em 01/08/2013 às 00h01
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