Hoje senti toda a magnificência do Amor Incondicional frente ao feérico amor romântico. Encontrei com minha amiga por quem no passado nutri enorme paixão. A paixão passou, nenhum resquício persiste em mim. O amor permanece, esplendoroso, magnífico, irradiante! Fui até a sua humilde casa no interior do Estado acompanhado dos meus parentes. Senti que ela se encontrava em dificuldade, devido um telefonema pedindo um encontro profissional comigo. Fui até lá como profissional, como amigo, como “amante”. Amante do Amor Incondicional! A abracei com ternura e senti nela o temor da humildade. Perguntei por seu marido, companheiro, ela disse que não se encontrava em casa, não soube explicar onde ele estava. Senti que a presença de tantas pessoas a deixava encabulada com o assunto. Desviei para a questão de sua saúde, que foi o motivo da sua ligação para mim. Explicou o que estava acontecendo, dos remédios que estava tomando. A orientei como devia e fiquei a disposição para em Natal aprofundar a ajuda que estava iniciando ali. Ela agradeceu, disse que havia pedido a irmã dela para fazer almoço para mim e talvez duas ou três pessoas que pudessem estar me acompanhando, não imaginava que nós éramos treze pessoas distribuídos em três carros. Eu disse que não era preciso fazer isso, que nós tínhamos ido apenas para lhe visitar; a maioria das pessoas ela já conhecia, todos a cumprimentaram e quanto mais próximos afetivamente de mim, mais sentimentos de compaixão e solidariedade desenvolveram para com ela. Senti que ela foi acolhida por todos nós, ela e sua filhinha que eu ainda não tinha conhecido, fruto da convivência com seu atual companheiro. Nos despedimos e deixamos aberta a possibilidade de cooperação em todas as áreas que pudéssemos ser úteis. Ela nos acolheu com sua humildade. Nós a acolhemos com nosso amor, solidariedade, compaixão. O amor erótico com todo o seu cortejo de ciúmes e possessividade não teve nenhuma necessidade de expressão. Os afetos se desenvolviam em plano mais alto, mais sublime, mais divino!
No caminho de volta lembrava desse meu encontro tão significante, uma prova viva de que O AMOR JAMAIS ESQUECE, que fica registrado pelo fogo divino em nossos corações como esse mesmo fogo registrou na pedra as Leis de Deus entregues a Moisés. Após o almoço, quando todos nos reunimos durante uma hora para falar sobre o Cristo, uma leitura intuitiva que nos foi indicada, e quando foi falado da beleza desse encontro que todos tivemos, senti as lágrimas caírem de par em par sem poder as controlar, como se as palavras tocassem com harmonia as cordas sensíveis do meu coração onde Deus deixou registrado o Seu amor e que todos nós naquele dia a tínhamos feito vibrar. A minha cabeça baixa tentava ocultar a vergonha das lágrimas que caiam, mas a minha alma senti que estava ao lado de Jesus, altiva como aluno orgulhoso de seu desempenho acadêmico e simplesmente dizia: Mestre, aqui está minha lição!
Quando algo acontece e interrompe algo prazeroso que iríamos fazer ou receber, vem logo a frustração. Em decorrência disso podemos ter raiva, paciência, compreensão, impaciência, enfim uma série de variáveis. Depende do nosso grau evolutivo escolhermos a variável mais conveniente para nossa qualidade de vida. Para fazer essa escolha de forma positiva é importante a compreensão de que tudo pertence a Deus, que não somos mais de que uma das suas criaturas, colocadas no espaço e tempo que Ele determinou e que temos uma missão a cumprir de acordo com nossa vontade e a dEle. É a nossa vontade que vai direcionar o nosso comportamento na direção que queremos, usando todos os recursos que Deus nos proporciona. Então, se algo acontece e frustra os nossos planos, é porque Deus permitiu e muitas vezes provocou para testar ou aprimorar o nosso aperfeiçoamento espiritual. Afinal, os desejos da carne, os interesses do mundo material, não são os nossos objetivos nessa vida. Tudo isso pode acontecer e até nos trazer alegria, mas sempre lembrando de que tudo deve ser feito para atender os planos do Senhor, que podem muito bem ser diferentes dos nossos naquela ocasião, os motivos da frustração. Com essa consciência, a raiva não se instala. Recebemos bem a frustração e procuramos com curiosidade saber o que ela quer nos ensinar ou testar.
Decidi que seria caridoso. Não iria mais ver o irmão que estende mão para mim como um preguiçoso, um viciado, um explorado ou um explorador. Poderia até ser tudo isso, mas eu faria a minha parte enquanto um seu irmão que o que pode fazer na ocasião é dar uma moeda, é dar uma palavra, um pedaço de pão. É mais fácil dar a moeda ou o pedaço de pão. Basta estender a mão, posso nem mesmo olhar para a pessoa. Sinto no coração e leio nos livros, nas mensagens dos avatares, que a palavra, o compartilhar a dor do outro é a maior forma de caridade. Mas aí reside a dificuldade. Não encontro palavras para abordar o outro de forma caridosa, tudo parece tão forçado e artificial. A motivação deve partir do coração, e não da minha racionalização, mas porque o meu coração é tão duro, inflexível? A minha mente não aceita como positivo o exercício pleno da caridade? Então porque minha inteligência não encontra os caminhos para vencer esse bloqueio? Tenho a impressão que fazendo a caridade integral, obedecendo completamente as instruções dos avatares, eu me transportarei desse mundo material para o espiritual, estarei divorciado por completo das ligações que me atam aos interesses mundanos. Isso é apavorante! Tudo que fiz até hoje deixará de ter sentido, os bens materiais, os títulos acadêmicos, o status social, tudo se transformará! Será esse o meu medo? Será realmente a caridade a porta de entrada para outra dimensão? Ficarei mais perto de Deus dessa forma? Mas não é isso que desejo? Então, por que vacilo tanto? Será isso outra manifestação da covardia em minha vida? Não tenho resposta firme até esse ponto. Sei apenas da importância da caridade e que já dei um pequeno passo nessa direção, mesmo que seja com uma caridade capenga.
Li um provérbio chinês que dizia o seguinte:
“Se você quer um ano de prosperidade, cultive trigo; se voce quer 10 anos de prosperidade, cultive árvores; se você quer 100 anos de prosperidade, cultive pessoas.”
Há muita sabedoria nesse provérbio. As pessoas são os seres mais importantes que se relacionam conosco. Portanto é importante e prioritário saber cultivá-las. Mas como fazer isso? O adubo mais importante Jesus nos ensinou: amar a cada uma delas, independente de quem seja, como se fosse a nós mesmo. Sei que existem dificuldades, há pessoas que por mais que queiramos amar, por motivos diferentes dos nossos, elas não se permitem a isso, não deixa que o nosso amor chegue até elas. Levantam uma barreira poderosa ao nosso afeto, às vezes chegam a nos agredir de forma dolorosa. Mais uma vez as lições de Jesus são de grande utilidade. Quando essas agressões nos atingirem, quando nosso comportamento é sempre no sentido de amar, quando percebemos a injustiça do que estamos sofrendo, podemos levantar o escudo do perdão para nos proteger, avaliar as razões que existem para aquela pessoa agir de forma tão perversa com nossos sentimentos, e manter a conduta amorosa até o limite de nossas forças. Jamais agir ou nem menos pensar em agir da mesma forma, com ódio, com agressividade. Nossas armas enquanto discípulos de Jesus sempre deverá ser o amor, o perdão, a tolerância, a solidariedade, a compreensão, a justiça... com este arsenal não temerei nenhuma represália que venha de qualquer lugar, de qualquer pessoa, e sempre estarei disposto a dar a flor apesar de receber os espinhos.
Esta é a melhor forma de cultivar pessoas de qualquer forma de pensar e agir. Aquelas que recebem os benéficos do bem estão sendo cultivadas no coração e existem até aquelas que sintonizam com mais profundidade conosco e podem se tornar nossas companheiras pela estrada da vida.
Ainda lembrando a Fraqueza de Caráter que demonstrei na festa de aniversário de minha amiga, chego a conclusão que o fator que venceu naquele momento foi a covardia. Essa é uma adversária do nosso crescimento espiritual e que devemos vencer para mudar nosso padrão vibratório. Mas isso também serviu de lição para que eu desenvolva a humildade um pouco melhor da que eu possuo. Isso mostra que eu não tenho ainda o grau de perfeição imaginada. Também serve para que eu compreenda com mais simpatia as dificuldades de quem passa por dilema semelhante.
Tenho um colega que participa semanalmente de uma reunião de cunho evangélico que fazemos com os dependentes químicos. Acontece que fui informado que ele faz uso de bebidas alcoólicas de forma abusiva e que também é caracterizado como dependente. Acontece que ele é um dos melhores verbos a falar sobre o mal da dependência na vida de cada um. No entanto, ele nunca disse nada a respeito do seu próprio problema e abrir a questão para o grupo, como todos costumam fazer. Eu tive essa informação como um segredo e agora não posso divulgar ou pressioná-lo no sentido de se revelar também. Costumava fazer críticas ao lado de pessoas que como eu conheciam a situação e não entendiam porque ele não falava sobre a usa própria dependência. Agora experimentei da mesma covardia, também deixei de fazer uma ação com medo de alguma coisa. Mas também aprendi uma coisa que tem me servido muito. Esses monstros internos que possuem tanta força no direcionamento de nosso comportamento perdem muito das suas energias quando são descobertos e colocados á luz do dia, ao conhecimento de outras pessoas. Espero que a colocação dessa experiência neste blog, que está aberto para o mundo, sirva para que eu atinja esse objetivo, de diminuir a força da minha covardia.