Pai, me dirijo a Vós com a humildade do filho reconhecido e portador de inúmeras deficiências. Deficiências até de reconhecer a Tua paternidade para comigo. Quanto tempo passei na dúvida, oh, Pai, da tua existência, da minha filiação a Ti, do respeito e consideração que eu deveria ter, de cumprir a Tua vontade, de respeitar também os meus diversos irmãos, principalmente aqueles que bem adiantados estão, como Jesus Cristo, que assumiu a Vosso pedido o comando do nosso planeta.
Agora sei, MEU PAI, da tua existência, da minha filiação! Agora percebo o Teu aconchego, amor e proteção em toda beleza da Natureza que colocastes ao meu alcance. Sei que não posso te perceber com os cinco sentidos da Natureza na qual estou incluído, mas que minha razão, sentimentos e intuição levam a criação de um sexto sentido, a FÉ, que permite que eu descortine todo o mundo espiritual que é nossa morada original.
Agora sei, MEU PAI, que o meu irmão mais velho, mais instruído e mais obediente às Vossas ordens, Jesus de Nazaré, assumiu uma personalidade histórica para cumprir a missão espiritual que determinastes. Ensinou que a Vossa essência é o amor e que existe em semente em meu coração e a Sua Lei em minha consciência. Portanto, quando estou sintonizado com o amor, estou sintonizado com o Pai.
Sei também que tudo foi criado com potencial de evolução, que Vós não queria criar coisas inertes, seres autômatos. Dotou cada ser vivo de uma consciência e dentro dela, de acordo com o grau evolutivo, o livre arbítrio. O Pai tem tanto respeito por minha integridade e dignidade pessoal, individual, que Ele pode intervir em qualquer aspecto da Natureza, mas jamais intervém no Livre Arbítrio. Sou o artífice do meu próprio destino, Pai, reconheço. Tudo que eu fizer de positivo ou negativo, terei que assumiras consequências boas ou más. Assim como sou imaturo, ignorante, vivo num planeta adequado ao meu grau evolutivo e que ambos, eu e o planeta, estamos no processo evolutivo. Mas, Pai, a inteligência que nos destes pode ser um fator de desvio de nossa devida trajetória evolutiva, essa inteligência pode nos levar aos prazeres imediatos que o mundo material nos oferece e até esquecer do mundo espiritual que é nossa origem.
Pai, quero fazer um pedido! Mais uma vez, me sinto até envergonhado... Aprendi pelas lições que Jesus deixou que devemos nos esforçar para mudar a prevalência do mal da face da terra, a começar pela limpeza do coração. Esse primeiro passo, acredito, Pai, que tive um bom desempenho. Meu coração não tem tanta sujeira egoística. Mas o passo seguinte, de colaborar com a compreensão da verdade espiritual para a humanidade que vive mergulhada na ignorância e na prática do mal, estou sendo muito falho. Sei das lições e do exemplo que Ele deixou até o ponto culminante da crucificação. Sei dos muitos irmãos que seguiram suas lições e também muito contribuíram com meu aprendizado. Sei que agora é minha vez de dar minha parcela de contribuição, de com o sacrifício pessoal oferecer o aprendizado que alguém no passado me deu com o seu sacrifício pessoal.
Sei agora, Pai, que Jesus voltou à atmosfera terrestre, dessa vez na condição de espírito, para melhor organizar as forças do bem no esclarecimento do mundo espiritual e do papel que cada um veio cumprir no pequeno período da posse do corpo material. Orientou para que tivéssemos o hábito da oração, pelo menos uma vez ao dia, de preferência a noite, antes de dormir, como forma de comunicação com as forças do bem e assim estarmos melhor sintonizados com a Vossa vontade através dos irmãos mais capacitados. Mas, Pai, não consigo estabelecer minha disciplina interna, de fazer o contato regular com o Mestre, meu comandante nessa batalha que está em pleno curso. Me sinto Pai, um soldado covarde e preguiçoso... tantas coisas vão surgindo, tantas opções de servir ao Pai e muitas vezes faço a opção pelo meu prazer pessoal! O Mestre espera minha colaboração efetiva, e sei que também Vós, meu Pai, também espera isso de mim! Por isso me sinto envergonhado, não é essa a primeira vez que peço coisa semelhante... mas como sei da Vossa eterna paciência, venho apresentar como atenuante de minhas faltas as intenções do meu coração. Paciência, Pai, e torça para que o meu fraco espírito vença a força do corpo material que me destes para fazer esses estudos, para realizar o trabalho necessário que o Mestre espera.
A condição de Deus como Pai e todos os seres vivos como suas criaturas, coloca uma aliança automática de Pai para filhos. A Bíblia fala de 7 alianças que Deus fez, cada uma delas veio através de uma crise, para que houvesse as 7 alianças foram geradas 7 crises, até chegar a última que é eterna. São assim denominadas:
1ª) ALIANÇA EDÊNICA – Veio através da Crise da Desolação. A terra ficou sem forma e vazia, foi o resultado do julgamento de Deus para com Lúcifer. Que quis se exaltar acima de Deus. Isto trouxe uma crise de desolação e trevas sobre a criação de Deus. a partir daí surge a Aliança Edênica, e o Éden foi criado com todas as maravilhas que Gênesis declara.
2ª) ALIANÇA ADÂMICA – Decorrente da queda do homem retardando assim o novo começo de cumprir Deus o seu propósito e assim o homem é expulso do Éden, é a Crise da Queda do Homem.
3ª) ALIANÇA NOAICA – O homem se corrompeu tanto que Deus se arrependeu de tê-lo criado, Crise do Dilúvio. Assim houve necessidade de outra aliança e dessa vez com Noé, e como sinal o Arco-Íris no céu.
4ª) ALIANÇA ABRAÂMICA – Mesmo depois do dilúvio o homem continuou sem cumprir a sua parte, veio a Crise da Torre de Babel. Deus espalhou o homem e confundiu as línguas. Mesmo assim o homem continuou andando segundo seu coração pecaminoso. Deus separa Abraão há quatro mil anos. Pretendia assim abençoá-lo e à sua posteridade e, através deles, abençoar o mundo.
5ª) ALIANÇA MOSAICA – O povo de Deus foi feito escravo e gerou a Crise do Egito. O povo gemia com o peso que o Faraó lançava sobre eles e Deus levanta agora Moisés para uma aliança, com o advento dos 10 mandamentos, que através dessa cumpriria a 4ª aliança.
6ª) ALIANÇA DAVÍDICA - Depois de uma longa caminhada pelo deserto, 40 anos, vendo milagres acontecer todos os dias, o homem se afasta completamente do Senhor gerando agora a Crise de Anarquia e Rebeldia. Agora a aliança é com o rei Davi.
7ª) A NOVA ALIANÇA - Depois de tantas alianças quebradas pelo homem, foi gerada a Crise de Idolatria e Cativeiro. Depois dessa crise Deus preparou o caminho para a Nova Aliança por meio de Jesus. Na Nova Aliança a Lei de Deus é colocada internamente. “Porei a minha Lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações.” (Jr 31,33). Como consequência nós a compreendemos, amamos e nos submetemos a ela. Deus escreve sua Lei em nosso coração para que nos sujeitemos a ela.
Na Nova Aliança o conhecimento de Deus é Universal. “Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: conheça o Senhor, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior.” (Jr 31,34). Essa universalidade inclui a todos os crentes, ou seja na comunidade da Aliança de Jesus Cristo, não há hierarquia de privilégios, todos tem igual acesso a Deus.
Com essa compreensão de que estou participando da Nova aliança, preciso corrigir meu pensamento de que deveria oferecer privilégios a pessoas pelo fato de estarem mais próximos de mim, por condições biológicas ou de afeto. O próximo deve ser considerado sem hierarquia de privilégios, assim como Deus faz com todos seus filhos. Se queremos fazer a vontade dEle, devemos agir de acordo com Ele. As relações biológicas ou de afeto são importantes e devem ser respeitadas nos seus respectivos contextos, mas sem jamais usar essa condição como motivo para discriminar quem quer que seja. Que o meu amor fortalecido pelas condições biológicas ou de desenvolvimento de afeto, sirvam como exemplo a ser aplicado no próximo desconhecido, àquela pessoa que nunca vi antes e que naquele momento, por qualquer motivo, se aproxima de mim.
O apóstolo Paulo tinha todos os motivos para perder a coragem, pois foi preso, acusado, enfrentou julgamentos e ameaças de morte. Não porque fosse criminoso, mas somente por falar sobre Jesus, do seu Evangelho. Foi o suficiente para arregimentar toda uma série de preconceitos, intolerância e tudo desabar sobre ele, inclusive na forma de pedradas que o deixou como morto em certa ocasião.
Mas o Mestre que agora ele respeita, admira e divulga a mensagem, não o abandona. Em qualquer lugar que ele esteja o Mestre Jesus está perto, conforta, anima e mais ainda, dá novas tarefas! Isso se reflete nas cartas de encorajamento que Paulo escreve: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes” (1Co 16,13), e também “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dEle, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo Evangelho, segundo o poder de Deus” (2Tm 1,7-8).
A história de Paulo me serve como modelo, porém quanto longe estou do professor. Não é preciso nem lembrar que não sofro a metade das ameaças e padecimentos que ele sofreu, mesmo assim não faço a metade do que ele fazia. Nem a simples coragem de elaborar uma disciplina e cumprir com determinação, no conforto e segurança de minha casa, eu não consigo fazer. Quanto mais sair de peito aberto na comunidade e dizer o que penso a respeito de Deus, de Cristo, de Paulo e de tantos outros! Estou ainda muito longe da coragem de Paulo, de Francisco de Assis, de Gandhi da Índia, e tantos outros que demonstraram verdadeira coragem na defesa dos seus princípios e do que Deus havia colocado em suas consciências.
Tenho examinado a minha consciência e também percebo que Deus colocou dentro dela uma missão para realizar, mas onde se encontra a coragem suficiente para fazer isso? O tempo está passando e logo mais estarei sendo chamado para a prestação de contas, o que deverei mostrar? Onde adquirir a coragem que me falta? Tenho que estabelecer de imediato a comunicação com o Mestre Jesus, Ele que está no comando de nossas ações, pode me dar as instruções necessárias. Tenho que ter a disciplina necessária para fazer isso acontecer!
A mensagem do Padre Luiz Cechinato, publicado em 2010 em “Encontro diário com Deus – orações e mensagens” diz uma verdade que não devemos esquecer:
SEM PRECONCEITO
Suas palavras sejam inspiradas pela luz da verdade e suas ações sejam movidas pelo amor. Não se deixe levar pelo preconceito. Seria atraso de vida. O preconceito impede que você chegue ao conhecimento da verdade e à posse do bem. Quem tem preconceito vive na ignorância e pensa que está certo. É como o míope, que vê metade das estrelas e pensa que está enxergando todas. O inteligente está sempre aberto à verdade. Pois sabe que, por muito que conheça, é muito mais o que lhe falta conhecer.”
Esta mensagem serve de importante advertência para a nossa tendência de conhecer uma parte da verdade e logo imaginar que é a verdade completa, que outras pessoas com experiências diversas, também possam estar de posse de alguma forma de verdade ou de um caminho diverso que conduz a ela. Além do mais, a criação de preconceitos dentro de nosso paradigma de vida serve como uma neblina forte a nos impedir de ver com clareza o caminho a seguir.
Sei que eu tinha e talvez ainda tenha resquícios de preconceitos dentro de minha estrutura racional. Mas foi com mensagens recebidas iguais a essa do Padre Luiz Cechinato, que consegui ir podando e até extirpando essas ervas daninhas da nossa alma. Lembro que uma das mais fortes, mais profundas que eu possuía, e que tanto trabalho deu para eu extirpar, foi com relação ao amor exclusivo que minha companheira tinha que devotar somente a mim. Já tinha lido e aceito a importância e prioridade do Amor Incondicional em nossas vidas, já aceitava distribuir o meu amor com outras pessoas da mesma sintonia afetiva e espiritual, então porque a minha companheira/esposa não podia fazer o mesmo? Por que eu tinha que obedecer ao preconceito machista que impera em minha cultura de que isso não é possível? Então esse foi um preconceito duro, forte, enraizado, que deu muito trabalho de retirar do meu paradigma de vida, mas consegui! Depois dele, os demais foram mais fáceis, mas sempre estou atento ao surgimento, pois nossa tendência humana é essa: descobrir uma parte da verdade, entender como a verdade completa e a partir todos os outros que não pensarem de forma igual estão errados. Formou-se o preconceito!
Acredito que missionário seja uma etapa avançada de discípulo. Enquanto discípulo é aquele que está aprendendo as lições de um mestre, o missionário é aquele que já está aplicando na prática essas lições. Também pode acontecer da pessoa ser um missionário, mas ainda está na condição de discípulo do mestre. Pensava que eu estivesse nesta última condição. Pensava que eu podia ser missionário e ao mesmo tempo continuar a receber lições do mestre na condição de discípulo. Mas estou vendo que é muito difícil para eu me considerar um discípulo no grau de exigência da minha consciência. Sempre estou a falhar nas oportunidades que tenho de divulgar a mensagem espiritualista para ouvidos distantes de influências religiosas. Deixo me envolver sempre pelo burburinho mundano, os chistes, as piadas insinuantes, e não lembro de palavras edificantes, de convidar todos para uma leitura edificante com reflexões de cada um.
Sei que sou um discípulo do Cristo, e até aplicado. Sempre estou a ler livros de instruções e inspirações superiores, procuro até aplicar na prática algumas dessas lições. Mas tudo muito distante do que um missionário deveria fazer.
Interessante que tenho em minha consciência uma trilha da verdade que acredito ter sido colocada por Deus e que devo implementar na minha vida e procurar colocar como exemplo de relacionamento mais próximo ao Reino de Deus. Apesar de procurar ser coerente com essa consciência e na relação interpessoal, principalmente no campo afetivo, intergênero, ainda sinto estar bastante distante do que poderia ser considerado um trabalho missionário. Talvez essa atividade de postar neste blog todas essas experiências para que se tornem domínio público, faça parte dos primeiros passos nesse sentido. Talvez por isso eu o valorize tanto e termine por o priorizar até mesmo com o trabalho que poderia fazer eu ter um melhor rendimento acadêmico, uma melhor recompensa financeira. Talvez seja esse os primeiros passos de um missionário... Eu tenho a missão, sinto isso... mas sinto também... tanta insegurança, medo, preguiça, indisciplina... que missionário sou eu?!