É importante que saibamos ler os sinais que existem no caminho que pretendemos seguir. Isso em todas as áreas do destino humano, principalmente no campo espiritual. No campo material temos uma sinalização e uma meta mais objetiva, a leitura dos sinais é mais fácil de ser feita. No campo espiritual tudo é mais subjetivo, os sinais são mais sutis e às vezes com um simbolismo que precisa ser interpretado à luz de nossas intenções. Tenho o hábito de ler a cada dia trechos ordenados dos principais livros sagrados para o ocidente e oriente, respectivamente, em termos populacionais, a Bíblia e o Baghavad Gita. Além de outros livros, espiritualistas ou não, são eles que me forneçam as principais pistas para o meu direcionamento no caminho. Também acontece situações que fornecem condições para se tomar outra posição diferente daquela que se planeja naquele dia determinado. Tudo isso levanta uma enorme quantidade de opções de comportamentos e tomar aquele que seja o mais adequado para atender a missão que temos na vida evitando os prazeres corporais isolados de nosso compromisso espiritual é um verdadeiro teste vestibular. Hoje um compromisso que eu tinha não pode ser realizado, não sei qual o motivo, não sei se devo perguntar ou se faz parte do processo aceitar sem demais indagações... sei que tenho que tomar uma decisão, de assumir uma outra conduta dentro das mais diversas que tenho no campo da consciência. O que eu decidir irá reforçar ou não o meu compromisso espiritual. Como tudo se passa na matéria, devo verificar qual das atitudes mais adequadas. Tenho que atualizar o meu trabalho material em diversas áreas, financeira, acadêmica, terapêutica. Posso também avançar com o compromisso de formatar o Reino de Deus incluindo pessoas significativas que preenchem os critérios filosóficos da missão. Posso também ficar no lazer e dar repouso ao corpo, a minha ferramenta principal nessa trilha comportamental que objetiva a criação do Reino de Deus nesta campo material. Até este momento não tomei nenhuma decisão. Minha mente continua colocando os prós e contras de cada decisão. Irei deixar o tempo fluir, muito provavelmente antes de tomar a minha decisão, no final do dia de trabalho, alguma outra pista surgirá para apontar o caminho mais adequado. Neste momento de dúvidas é que surge o poder da oração, pedindo ajuda aos nossos protetores auxiliares para que sejamos capazes de tomar a decisão mais apropriada.
Hoje é dia de eleição para a chefia do departamento. Devo sair da chefia, pois já cumpri o máximo de dois mandatos permitidos pela legislação universitária. Mas como posso me candidatar a vice-chefe e como não surgiu outro interessado, aceitei ficar nessa condição tendo o meu atual vice-chefe como futuro chefe. Parece ser algo como perpetuação do poder, algo muito comum de encontrar entre as diversas esferas do poder. Aqui neste ambiente universitário, à nível de chefia de departamento, parece não ser o caso, pois existe muito mais trabalho do que condições ou oportunidade de cometer favorecimentos para quem quer que seja. Mesmo assim é uma esfera de poder e não podemos esquecer de que existe uma tendência forte de permanecermos em alguma instância dele e não querer mais sair. Procuro evitar essa tendência, firmo a minha consciência de que tudo na vida está em mudança e que um cargo é somente mais um aspecto dessa mudança. Caso surjam interessados convenientes para o cargo, devo entregar sem nenhuma dificuldade. Não surgiram candidatos, mas no dia da eleição começam a surgir críticas sobre tal procedimento burocrático que não foi observado o que leva a parecer que exista interesse velado na perpetuação do poder. Tenho que manter a posição de entregar esse poder para quem assim o desejar e procurar seguir o meu caminho com novas oportunidades que a vida com certeza tem para me oferecer.
A comunicação entre os seres vivos e principalmente entre os humanos é importante para a evolução de todos os envolvidos. O fato da comunicação trazer sentimentos e emoções as mais diversas pode provocar também reações as mais diversas nos envolvidos. É compreensível que se a comunicação nos traz sentimentos e emoções positivas, ficamos satisfeitos e aderimos com facilidade ao processo. Mas quando essa comunicação traz sentimentos negativos, pode existir uma tendência do interessado se isolar. Isso pode parecer uma atitude de defesa justificável, mas se essa comunicação tem uma base lógica e coerente com a verdade, com a evolução positiva dos envolvidos, é importante que se suporte essa carga negativa de emoções compreendendo que isso vai contribuir para o seu crescimento. É preciso ser humilde, vencer o orgulho, a vaidade, talvez até a arrogância, para compreender a opinião divergente do outro e considerar a sua importância, mesmo que essa pessoa seja considerada uma adversária. Quando estou numa situação desse tipo, eu faço um esforço para verificar a verdade do que está sendo dito, coloco os interesses do meu ego de lado e se descubro que a crítica tem fundamento, procuro corrigir de imediato o meu pensamento ou comportamento. Esse é um comportamento saudável para todos. Não é que devemos aceitar tudo como verdade e corrigir a cada momentos nossa posição. Não tem esse sentido, pois devemos usar todo o nosso poder de argumentação, tanto interna, conosco mesmo, ou externa dialogando com o outro e defendendo nosso ponto de vista. Mas sempre atentando para o fato de que não sou o dono da verdade, que a discussão lógica pode aliviar a ignorância dos envolvidos na comunicação.
A verdade pode ser considerada como a graxa que deixa funcionar sem o empecilho do atrito as engrenagens sociais. Quando a mentira se instala a engrenagem social pode até ser que num primeiro momento flua bem melhor, mas com a passagem obrigatória do tempo fica cada vez mais difícil e oneroso do ponto de vista emocional a sustentação da farsa. Quando a verdade chega causa o sofrimento do impacto das perspectivas frustradas, mas em seguida o próprio tempo corrige e cicatriza as feridas formadas. Para evitar que a verdade seja em algum ponto das nossas vidas sequestrada por qualquer tipo de interesse, devemos nos comportar sempre com o máximo de transparência. Claro, temos a necessidade de momentos íntimos, a sós ou com alguém e que isso não tem necessidade de se tornar público. Mas que todos saibam que esses momentos podem existir, sim. Agindo assim estamos protegendo a verdade em cada momento de nossas vidas, e se por algum motivo, por imperativo da habilidade social, de convivermos sem colocar constrangimento em alguém, tivermos que omitir ou usar a mentira, que sejamos muito cuidadosos, que saibamos que estamos usando um veneno para evitar um mal maior, mas que isso jamais assuma proporções de independência, que tenha a força de controlar a nossa vida e de não sermos mais capazes de colocar a verdade. Que isso seja sempre a exceção e não a regra.
Temos a tendência de achar que a rota escolhida em algum momento de nossa vida deve ser seguida sempre sem nenhuma alteração. Isso não é correto. No momento que escolhemos alguma rota a seguir, escolhemos dentro de muita ignorância. Somente o tempo é quem nos dará a cada momento novos conhecimentos que nós podemos juntar em forma de sabedoria. Com certeza irá acontecer a compreensão de que há necessidades de fazer correções no rumo dos paradigmas de vida previamente estabelecido. Como exemplo, coloco a minha posição de ser defensor do aborto logo que terminei o curso médico, por entender que a mulher tinha o direito sobre o seu corpo. Contribui indiretamente com minhas posições que alguns abortos fossem realizados. Cheguei a ameaçar meus próprios filhos com essa ideia. Adquiri uma nova compreensão da vida, acredito hoje que o indivíduo tem o direito a sua vida desde a fecundação. Os pais que proporcionarem essa situação, devem assumir suas responsabilidades, qualquer que seja o grau de sacrifício que devam passar. Então, isso foi uma mudança radical dentro de um aspecto do meu paradigma de vida global.
Tem outras mudanças mais sutis, como, por exemplo, a marcação do meu nome nos livros que adquiro. Quando convivia com minha última esposa e acreditava que nós éramos um só corpo e carne, eu marcava os livros que adquiria com o meu nome e o dela associados. Um pouco mais à frente percebi que nós não formávamos um só corpo, uma só carne, não tínhamos o mesmo ideal. O casamento deixou de ser significativo e passamos a conviver apenas como amigos. Então não tinha mais sentido escrever o nosso nome nos livros que eu adquira. Passei a marcar apenas com o sobrenome, que é o nome que eu uso frequentemente, desde que passei no serviço militar e assim era chamado. Um pouco mais adiante no tempo, percebi que o meu ideal tinha um forte conteúdo espiritualista, o meu paradigma agora estava completamente voltado para o mundo espiritual e nesse sentido o meu primeiro nome tinha uma força significativa e até mesmo se enquadra nos projetos que passaram a assumir o maior campo de minha consciência. Agora marco meus livros com o prenome e sobrenome e sinto que no futuro usarei apenas o primeiro nome.
O que importa não são as correções que temos de fazer ao longo do caminho de nossa trajetória. O que importa é não perdermos o sentido ético e moral de nossa vida, que cada mudança acontecida seja respaldada por novos conhecimentos ou por novas circunstâncias que a vida nos oferece.