Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/06/2016 08h07
SÓCRATES E JESUS... NÓS E EU

            Existe uma comparação bem próxima entre Sócrates e Jesus, ambos mortos pela glória de uma doutrina, de uma razão sã e honrada pela luz divina.

            Sócrates era um filósofo afetuoso que dominava suas paixões. Fez-se religioso compreendendo a natureza; fez-se forte falando com os espíritos de Deus.

            Sócrates morreu perdoando a seus verdugos e abençoando a morte que lhe restituía a liberdade. Mas não pode fundar um culto para o verdadeiro Deus, nem demonstrar a utilidade de sua morte para os homens do futuro, e não resta dele mais do que uma escola, famosa, é certo, porém, sem preponderância no Universo, porque a palavra emanava ainda de homens cheios de superstições, apesar dos princípios de moral postos por eles em prática. A doutrina da existência de um só Deus ensinada por Sócrates e mais tarde por seus discípulos não se elevou acima das ruínas da idolatria e não lançou os fundamentos de uma sociedade nova.

            Mesmo reconhecendo a superioridade de Jesus como Messias, deve ser reconhecida a sabedoria de Sócrates e aponta-lo dentro da humanidade como um dos seus membros mais dignos de respeito e de amor.

            Sócrates viveu na pobreza e jamais seus lábios foram manchados pela mentira. Foi puro de todo ódio e de todo o desejo humilhante para a consciência. Jamais sua palavra se elevou para acusar e jamais seu coração guardou ressentimentos. A piedade para o infortúnio, o desinteresse em suas relações, a força e a justiça contra a insolência e a falsidade, honraram a vida de Sócrates, e a morte transportou-o no meio de torrentes de luz para as fontes todas as honras. Sócrates tem um ponto de semelhança com Jesus, de haver dado o exemplo das virtudes que pregava e de ter morrido pela verdade. Mas Jesus, mais adiantado do que Sócrates no conhecimento do mundo espiritual, tinha que dar mais impulso a seus sucessores e projetar mais luz em seu derredor, e na luta com os instintos da natureza carnal na presença das invasões que eles fazem às esperanças divinas. Jesus mostrou-se mais forte porque se encontrava menos sujeito à matéria, por direito de ancianidade e evolução positiva do espírito.

            A marcha de Jesus, desde Sua infância até o Calvário, foi em todos os momentos a consagração de sua ideia. Sócrates, pelo contrário, não pôde ver-se inteiramente livre das superstições e permaneceu escravo das ideias de sua época na presença das maiorias populares, apesar de que adorava a Deus com seus discípulos. Porém, aí também se descobre um ponto de semelhança. Sócrates, do mesmo modo que Jesus, não podia desafiar a opinião pública sem incorrer na severidade das leis, e se Jesus se demonstra em suas doutrinas menos distanciado da religião judaica do que Sócrates das religiões pagãs, isso em nada diminui o justo valor, desde que ambos se viam obrigados a não contrariar demasiado a religião dominante. Se Jesus correu para a morte, ao passo que Sócrates a viu simplesmente aproximar-se sem estremecimento, é porque Jesus estava convencido de Sua missão Divina. Nisso consiste Sua superioridade indiscutível sobre Sócrates, sendo esta precisamente a auréola de Sua glória e a causa de Sua nova mediação frente ao Pai.

            Jesus bem sabia que podia evitar a morte, porém a filiação divina que Ele se havia dado, a radiante esperança que demonstrava para inspirar a futura docilidade a seus apóstolos, a palavra profética da construção do Reino de Deus com base no Amor Incondicional que lançava sobre uma chama sobre o porvir, tudo constituía uma lei que o impelia a morrer dolorosamente e por Sua própria vontade.

            Agora, aqui estamos nós, 2000 anos após os ensinamentos do Cristo, com o Evangelho nas mãos e a consciência reconhecendo que representa a Verdade, nos vemos na responsabilidade de construir esse Reino de Deus que Ele advertiu que iria surgir após colocarmos o Amor dentro dos nossos corações e que se ampliava ao nosso redor com a inclusão do próximo, sempre seguindo a Sua bússola comportamental: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

            Todos nós devemos ser sinceros com a Verdade reconhecida e aplicar em nossos relacionamentos, para não cairmos no pecado da hipocrisia. “Pensar na ação coerente com a Verdade e agir diferente”. Claro, podemos errar em nossas interpretações, mas não podemos ficar em cima do muro sem agir, quando a nossa consciência aponta que a Verdade está coerente com tal ação. Se estivermos errados e o tempo mostrar isso, devemos então ter a coragem de corrigir.

            Neste sentido, refletindo sobre o Amor Incondicional, a Verdade, a coerência e a construção do Reino de Deus, a partir de ensinamentos incontestáveis de Sócrates e principalmente de Jesus, entrei num caminho de confronto com a cultura ao meu redor e com as leis que a disciplina. O casamento atual, baseado no amor romântico, com suas implicações egoístas, individualistas, que levam à formação da família nuclear, que tendem a aplicar com inexorabilidade o amor condicional, se tornam um entrave a construção do Reino de Deus, da família universal, que o Mestre ensinou através do Amor Incondicional.

            Acredito que, se eu aplico o Amor Incondicional nos meus relacionamentos, porque aprendi a deixar o meu coração repleto dele, não posso manter uma posição de exclusividade com relação ao meu próximo. Se eu sou casado e alguém ao meu lado precisa do Amor que possuo e que o meu comportamento com essa pessoa é coerente com os princípios do Amor Incondicional, que obedece à bússola comportamental ensinada pelo Cristo, então não posso me esquivar de doar o amor, mesmo que isso implique em relações íntimas, sexuais. Isso vai de encontro à fidelidade prometida no casamento tradicional, pela influência do amor romântico, vai de encontro à cultura e as leis estabelecidas para protege-lo. Felizmente estamos vivendo em novos tempos, não corro o risco de ser condenado à cicuta como Sócrates, ou à crucificação como o Cristo, mas certamente outros tipos de punição me esperam. Uma delas é a solidão, moro sozinho apesar de gostar tanto de companhia, como consequência da rejeição que sofro por aplicar esse comportamento.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/06/2016 às 08h07
 
07/06/2016 00h05
A COLA DO PROFESSOR - Conto

            - Renan, estou muito chateado com você. Percebi que você colou no trabalho que eu pedi para a turma fazer individualmente. A sua resposta está igual à da sua colega, e isso só pode significar cola! Vou anular o trabalho de vocês, não vão ter os pontos que poderiam ter se não tivessem colado.

            - Mas professor, eu não colei o meu trabalho com ninguém, mesmo porque a aluna que você identifica que colamos o trabalho, eu não tenho muita aproximação com ela... se tivesse que procurar uma cola eu iria fazer com meus amigos mais próximos. Mas o senhor mesmo sabe que eu me dedico às aulas, estou sempre lhe procurando para tirar minhas dúvidas e aprender o que é ensinado. Por que eu iria agora agir de forma tão diferente da forma que sempre ajo durante as aulas? Mesmo porque não preciso da nota desse trabalho para passar, já tenho pontos suficientes.

            Este diálogo se passava na sala de matemática, onde o professor conhecido por ser durão e perseguir os alunos com questões complicadas e vigiar a colaboração que qualquer um tivesse com o colega, estava irredutível. Mesmo Renan tendo colocado argumentos lógicos para não fazer cola e se beneficiar do conhecimento dos colegas, pois dominava todo o assunto como o professor bem sabia, mas como ele não podia aceitar que uma resposta parecida com outra fosse mera coincidência, não aceitou os argumentos e anulou o trabalho de ambos, deixando-os sem nota.

            Renan não havia sido tão prejudicado, pois passaria independente de ter ou não aquela nota. Mas sua colega de classe não, ela precisava da nota para evitar a prova final, que envolvia questões de todo o semestre e corria sério risco de perder aquela matéria.

            Renan considerava aquilo uma injustiça e o seu coração desejou se encher de ódio por aquele professor tão ranzinza. Mas a sua educação evangélica defendia que ele não podia guardar ódio, rancor ou ressentimento de ninguém. O Evangelho ensinava que devemos amar até mesmo os nossos adversários, que devemos orar por eles. Essa era uma lição difícil, mas Renan estava disposto a aplica-la na sua vida. Naquele momento o professor de matemática passou a ser considerado um adversário, um inimigo, pois colocou a sua honra em dúvida, que o acusou, julgou e condenou, sem considerar os seus argumentos, que não havia uma prova concreta, apenas suspeitas em função de uma coincidência. E o pior, havia uma vítima real, sua colega, que tão inocente quanto ele iria ser submetida a uma prova que colocaria em risco a sua integridade no boletim escolar e no tempo de conclusão do curso.

            À noite, quando foi para cama, Renan orou a Deus como sempre fazia e pediu para o Pai lhe dar forças para que ele não guardasse ódio no coração e que se comportasse no dia seguinte como um verdadeiro cristão.

            No outro dia quando Renan chegou ao Campus Universitário, sentiu uma forte intuição para procurar aquele professor e conversar com ele. Depois de muito meditar se isso seria conveniente, mesmo porque não precisava daqueles pontos, ele concluiu que deveria falar, pois tudo se transformou numa injustiça e essa conversa poderia dar uma chance do professor sair da posição de carrasco impiedoso e injusto na qual ele se metera. Foi em direção a sala do professor e felizmente o encontrou sozinho às voltas com suas elaborações equacionais que tanto gostava de aplicar em sala de aula.

            - Professor, com licença, poderia falar um momento com o senhor?

            - Sim, Renan, pode entrar.

            Apesar de tudo o professor gostava de Renan, sabia que ele era um aluno aplicado e não entendia porque ele resolvera colar com a sua colega. Talvez, pensou ele, tenha vindo aqui pedir desculpas pelo erro que cometeu.

            - Desculpe, professor, voltar aqui e lhe incomodar... mas fiquei preocupado. Claro, eu na condição de inocente da acusação que o senhor fez, e não precisando da nota, não necessitaria de vir aqui. Porém como sei que essa situação que foi formada é injusta, porque sei o que fiz e não colei, enquanto o senhor mantém a situação de injustiça pensando que o que imagina é verdade, percebo que frente a justiça divina o senhor é o mais prejudicado. Portanto, não venho aqui para recuperar os meus pontos ou protestar contra sua atitude, pelo contrário, venho lhe advertir do erro que o senhor cometeu e que está ameaçando ficar mais grave com o prejuízo da aluna que também sei que é inocente. Peço apenas que o senhor lembre dos fenômenos da não-localidade estudados pela física quântica para verificar que o que entendes como desculpa é uma possibilidade real.

            Dito isso Renan saiu da sala do professor antes que ele se recuperasse da surpresa. Dera seu recado, agora era só esperar o trabalho da consciência

 

 Conto baseado em história da vida real.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/06/2016 às 00h05
 
06/06/2016 07h55
TERAPIA FAMILIAR AMPLIADA (23) – O PERDÃO

            No dia 04-06-16, as 20h30m, foi iniciada a reflexão em família com a leitura do texto “O perdão e as batatas” onde um professor ensina aos seus alunos que guardar ódio ou ressentimento das pessoas dentro da mente, é como guardar batatas dentro de um saco e andar com elas pra todo lugar que formos. Elas logo irão se deteriorar, apodrecer e aquilo só está fazendo mal a quem as conduz. Mesmo assim é o sentimento de ódio por alguém que o guarda dentro da mente. Com o tempo esse sentimento vai deteriorando e causando tanto mal a quem lhe guarda que não consegue nem ver o que de bom existe ao seu redor. Depois da leitura todos fizeram suas reflexões, mas duas foram bastante fortes. Primeiro, R. que diz ter sido injuriado por seu professor que o acusou de ter copiado uma tarefa que valia pontos. Como a resposta estava parecida com a resposta dada por uma colega de sala, o professor imaginou que eles haviam copiado um do outro, sem considerar a possibilidade de coincidência. Por essa falsa acusação e a injustiça de ter sido desconsiderado todo o trabalho que ele e a colega haviam feito, foi gerado um grande ódio dentro de si e que pensou em várias formas de retaliação. Essa atitude do professor não o prejudicou tanto, pois já tinha nota suficiente para passar, porém a sua colega vai ter que fazer a prova final. Confessa que guardou essa batata em sua mente, mas que vai fazer um esforço para tirá-la, antes que ela apodreça e possa interferir nas suas atividades saudáveis. O segundo relato foi de Si que coloca a questão como uma dúvida, pois não entende que guarde ódio em sua mente, pois já perdoou o que aconteceu com ela. Diz que foi convidada para o aniversário de F. e foi junto com Nt. Diz que se sentiu humilhada pela atitude da mãe da filha de F. que procurava sempre se destacar com histórias que não eram pertinentes naquela ocasião, que ficaram sentadas em locais de pouca importância, mesmo ambas estando ali na condição de convidadas. Diz que não guarda ódio dentro de si por essa pessoa, mas que não quer ficar mais uma vez na sua presença, pois sabe que não irá se sentir bem. Acredita que essa sensação de distância que deseja ter com relação a ela não seja ódio, pois toda notícia que ela vem a conhecer e que pode beneficiar a ela, faz questão que ela conheça também e que possa ser beneficiada. Também elogia atitudes positivas que ela tomou, como defender a vida da filha quando engravidou de forma inesperada e o pai orientou fazer o aborto. Mesmo ela sabendo que não iria ter o apoio presencial dele e que iria enfrentar forte oposição de sua família, resolveu ter a filha enfrentando todas as críticas, dificuldades e retaliações por parte de seus parentes. Todos esperavam também o relato de N. pois todos sabem da grande dificuldade que ela tem com o marido, dos pensamentos obsessivos que guarda dentro da mente, que ela não consegue perdoar o que imagina ter acontecido. Mas ela preferiu não fazer nenhum comentário neste momento, mesmo porque não estava se sentindo bem fisicamente. F. conclui chamando a atenção para a aproximação dos dois textos, o que foi lido na semana passada sobre a amizade e este sobre o perdão. Quando existe amizade é importante que as coisas ruins que o amigo faça seja escrita na areia, é uma forma de perdão. Mas quando uma pessoa que não tem conosco uma relação de amizade nos faz uma coisa ruim, a tendência é que deixemos a batata do ódio guardada na mente. O texto de hoje mostra que isso não é saudável, irá apenas deteriorar a nossa mente devido a deterioração que o sentimento ruim traz, que termina extrapolando sem mesmo ter a intenção nos relacionamentos com outras pessoas, apesar de atrair as vibrações nocivas do mundo espiritual. Fica aqui a grande lição composta: escrever na areia o que de ruim nossos amigos fazem, e não guardar na mente as batatas do ódio por causa das coisas ruins que as pessoas de nossas relações fizeram conosco.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/06/2016 às 07h55
 
05/06/2016 13h24
GRUPO F20 (02) – PRIMEIRO PASSO

            Após a primeira ação de sensibilização para a criação de um grupo focado nas ações que socializem e dê um melhor sentido de pertencimento dos portadores de esquizofrenia com a realidade, já que eles vivem dentro de um mundo deformado por suas próprias percepções e emoções. Na teoria, o trabalho terapêutico com essas pessoas defendem que seja procurado se atingir esse objetivo, mas devido a carência de serviços, profissionais e recursos mais individualizado que atenda às necessidades de cada um, desde que o espectro consciencial das pessoas que podem ser enquadradas neste diagnóstico é muito variado. Vamos encontrar pessoas num estágio avançado da doença ou que tem a doença instalada numa base psíquica já danificada, com muita dificuldade de sair desse mundo paralelo, e até pessoas com alto nível intelectual, ganhadores de prêmio Nobel, que enfrentam os sintomas com um bom nível de racionalidade.

            Este é o desafio que iremos enfrentar, como fazer tal grupo funcionar com integração e harmonia, todos procurando o mesmo objetivo de adequação ao meio social e ao juízo de realidade, incluindo dentro disso a compreensão da patologia mental.

            O primeiro passo foi dado por I., que possui a intelectualidade mais desenvolvida no sentido de compreender melhor o mal que o acomete e usar a inteligência para compreender tudo com mais profundidade. Usa com habilidade os recursos da net para procurar novas fontes de informações e sugestões de prática.

            Esta foi a primeira postagem que ele fez:

            “Prezados(as) amigos(as), após bastante refletir resolvi criar este grupo de discussão no whatsapp. Pode ser o embrião de uma futura associação. Existem vários formatos. Este documentário creio que pelo que pesquisei dá um norte de um formato digamos “ideal”. http://www.esquizofrenia24x7.com/di-capacitados. Além deste site tem os seguintes sites interessantes:

 http//www.abrebrasil.org.br/web/index.php/esquizofrenia; http//www.sardaa.org/about-sardaa/, dentre outras associações estaduais. Enfim, como é um desejo antigo em ter um grupo de discussão resolvi criar um para que possamos amadurecer a formatação ideal dos trabalhos que porventura venham a ser idealizados. Irei ver como configurar todos os incluídos neste momento como administradores para que possam incluir mais pessoas interessadas. Poderíamos fazer uma reunião inicial com mais pessoas interessadas para assistirmos e debatermos o documentário. Abraços a todos. ISSJ.

            Consegui alterar todos para administradores do grupo. Segue outro documentário da abre de São Paulo. https://m.youtube.com/watch?v=U9C746EPK1Qhttps%3A%2F%2F%www.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DU9C746EPK1Q.

            Bom dia a todos.”

            Enfim, começamos nossa tarefa especial.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/06/2016 às 13h24
 
04/06/2016 19h31
AUTODESCOBRIMENTO (12) – EXAME DO SOFRIMENTO

Podemos verificar que o sofrimento está associado à dor e que a forma de sensibilidade da pessoa que sofre está associada ao seu grau de evolução, ao seu nível de consciência. No livro “Evolução em dois mundos” ditado pelo espírito André Luiz ao médium Chico Xavier, ele defende três formas: a) dor-expiação relacionados com os erros (pecados) cometidos no passado, por isso o nosso planeta, classificado como “de provas e expiações”, é o escola adequada para esse tipo de aprendizado; b) dor-auxílio, aquela que vem corrigir um erro cometido na presente existência, por exemplo, alguém que exagera na alimentação pode desenvolver em função disso a obesidade, hipercolesteremia ou diabetes; e c) dor-evolução, aquela promovida por um espírito bem evoluído, como Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, e o próprio Jesus, que passaram por sofrimentos com o único intuito de ajudar o próximo, a comunidade.

            Os desgastes biológicos que nossos corpos sofrem pela ação do tempo e efeito da entropia natural leva à sensação de dor, tanto física (sensações) quanto moral (emoções). A pessoa pode não aceitar o fluxo natural da vida e sofrer com suas rugas, com a perda progressiva das funções fisiológicas, a capacidade de se autogerir. Com certeza, com uma atitude desse tipo o sofrimento tem uma característica negativa, comparada com outra pessoa que compreende melhor essa evolução da vida e da importância desse tipo de sofrimento para o aperfeiçoamento espiritual. Afinal, quando não compreendemos a dor ela nos dilacera, quando entendemos sua finalidade ela nos aperfeiçoa.

            Conquistar uma consciência capaz de entender a finalidade e utilidade do sofrimento, implica em termos que emergir da condição natural de inconsciência, de escaparmos das forças automáticas dos instintos biológicos, ampliando a percepção das coisas e a lucidez do que chega ao nosso alcance. Só assim sairemos da inconsciência e  alcançaremos o nível de consciência capaz de aspirações elevadas, altivez emocional e abnegação pelo bem.

            Quando saímos do nível da inconsciência, passamos a construir nossa individualidade que visa a integração universa, a ressonância cósmica com a harmonia da criação. Lembrar sempre que a evolução espiritual é individual, mas ela só é verdadeira quando o ser humano se realiza como ser coletivo. Quem se limita ao individual perde-se no egoísmo.

Para se alcançar a consciência lúcida devemos superar a amargura, desespero e infelicidade que o sofrimento tende a nos contaminar com esses sentimentos. Temos que desenvolver uma qualidade psíquica que seja capaz de fazer a diferença, de não responder aos estímulos do meio de forma estereotipada, sempre obedecendo aos prazeres corporais. Iremos ver que a mesma agua fervente que amolece a batata também torna o ovo duro. Não são as circunstâncias que mudam as pessoas, mas sim o que elas conquistaram dentro de si.

As raízes do sofrimento sempre estão localizadas nos erros que cometemos no passado, quer seja na atual vivência ou nas vivências anteriores, que guardam irremediavelmente todos os acontecimentos nas estruturas perispirituais. Quanto maior tenha sido a intensidade do acontecimento infeliz, maior será a gravidade do sofrimento.

As ações degeneradoras que possam ter sido causadas de um indivíduo sobre outro, sempre gera o sentimento de culpa na consciência, poios lá está a Lei de Deus, na pequeníssima fagulha que Ele deixou inclusa na nossa criação, mesmo simples e ignorantes. Os sentimentos depurados, as emoções cultivadas, os pensamentos habituais, tudo isso girando em torno da consciência, envia impulsos constantes para a estrutura cerebral que irá formar a personalidade. Enquanto não for compensado os erros que geraram acontecimentos infelizes, esse bombardeio não para. Toda questão não resolvida sempre retorna complicada e cheia de sofrimento.

Essas experiências negativas geram automaticamente as tensões que levam pressão para o indivíduo sair da zona de sofrimento. A sua vontade é quem vai direcionar para onde o comportamento irá disparar, como uma flecha que é lançada pelo arco retesado. Se a pessoa dirige esse comportamento para atividades como uso de drogas para atenuar o sofrimento, demonstra uma vontade fraca ou uma consciência obnubilada pelos impulsos instintivos. Espera-se que a pessoa resista a essas tentações de aliviar artificialmente o sofrimento, entendendo a sua função saneadora dos erros pretéritos.

Muitas vezes se observa o efeito dessa chuva de pensamentos, sentimentos e emoções associados ao complexo de culpa, sobre o corpo através do Modelo Organizador Biológico do perispírito, que gera as doenças psicossomáticas mais diversas, atuando na organização molecular e devido a maleabilidade corporal. Se devidamente compreendido essa atuação na organização corporal tende a ser corretiva, mas, caso contrário, a atuação é destrutiva. No filme “Cidade dos Anjos” tem uma frase que exemplifica essa lição: “Talvez a emoção se torne tão intensa que transborda do corpo. Sua mente e seus sentimentos tornam-se poderosos demais. E seu corpo chora.”

O sofrimento é o grande instrumento que o Criador usa para corrigir os erros que o nosso livre arbítrio ignorante provoca. Ditadores, corruptos, traficantes, todos geram o cadinho consciencial que levar as mais diversas enfermidades, genéticas ou adquiridas. Podem escapar da justiça humana, mas nenhum escapará da justiça divina.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/06/2016 às 19h31
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