Ao ler o livro da médica Rachel Naomi Remen, “Histórias que curam”, deparei-me com uma história que já havia imaginado colocar em prática algum dia. Referia um paciente que sofria de câncer e que foi encaminhado ao seu consultório para participar do programa de Treinamento de Visualização Ativa para esse tipo de paciente. A indicação, conforme ela explicou ao paciente, era fazer meditação diária com as imagens mentais com o objetivo de reverter suas tendências autodestrutivas e encorajá-lo a lutar pela vida.
O paciente era controlador de tráfego em um grande aeroporto. Era homem reservado e calado, que poderia ser julgado tímido até que se notasse a firmeza do seu olhar. Ele contou embaraçado que era o único nas aulas de treinamento de visualização que não conseguia acompanhar o programa. Ele não entendia por quê. Apesar disso ele não apresentava sinal algum de autodestruição. Ele gostava do trabalho, sua família e queria muito criar o seu filhinho.
Quando foi pedido para ele contar a respeito do treinamento, ele desdobrou um papel com o desenho de um tubarão. A boca do animal era enorme, aberta e repleta de dentes afiados e pontudos. Por 15 minutos, três vezes ao dia, ele tinha de imaginar milhares de tubarões minúsculos caçando dentro do seu corpo, atacando e destruindo selvagemente toda célula cancerosa que encontrassem. Era um tipo bem tradicional do sistema imunológico, recomendado por muitos livros de autoajuda e usado por inúmeras pessoas. Ela indagou o que parecia impedi-lo de fazer a meditação. Com um suspiro ele respondeu que achava maçante.
O treinamento não dera certo com ele desde o início. No primeiro dia, foi pedido a classe que encontrasse uma imagem para o sistema imunológico. Na discussão subsequente, ele descobriu que não encontrara o tipo “certo” de imagem. Toda a classe e o psicólogo/líder trabalharam com ele até que lhe veio à ideia daquele tubarão.
A médica olhou para o desenho em seu colo e o contraste entre a imagem e aquele homem reservado era marcante. Curiosa, ela perguntou qual tinha sido a sua primeira imagem. Desviando o olhar, ele murmurou: “não era feroz o bastante”. Era a do peixe dojô (parecido com o peixe cascudo entre nós, brasileiros).
Rachel ficou intrigada. Ela nada sabia sobre o dojô, nunca vira um, e ninguém antes lhe falara dele nesse papel de curador. Com entusiasmo crescente o paciente descreveu o que os dojôs fazem no aquário. Ao contrário dos peixes mais agressivos e competitivos, eles se alimentam no fundo, peneirando a areia com as guelras, constantemente avaliando, separando o que presta do que não presta, comendo o que já não sustenta a vida no aquário. Nunca dormem. São capazes de tomar decisões rápidas e precisas. Como controlador de tráfego aéreo o paciente admirava essa capacidade.
A doutora pediu que o paciente descrevesse em poucas palavras o dojô. Ele usou as palavras como “perspicaz, vigilante, impecável, minucioso, inabalável e confiável”. Foi informado mais uma vez ao paciente sobre o sistema imunológico. Ele ainda não sabia que o DNA de cada um dos nossos trilhões de células possui uma assinatura individual, uma espécie de logotipo pessoal. Nossas células do sistema imune são capazes de reconhecer o logotipo do nosso DNA e destroem toda célula que não o possua. Esse sistema é o defensor de nossa identidade celular, patrulhando constantemente as fronteiras do Eu/não-Eu, discernindo o que é Eu, e o que não é, sem nunca dormir. As células cancerosas perderam seu logotipo de DNA. O sistema imune saudável as ataca e destrói. Na verdade, a mente consciente do paciente fornecera-lhe uma imagem particularmente precisa para o sistema imune.
Dra. Rachel ainda disse que quando era estudante de medicina, participara de um estudo no qual um micro enxerto, um minúsculo grupo de células epiteliais, fora retirado de uma pessoa e enxertado na pele de outra. Em 72 horas o sistema imune da segunda pessoa, procurando entre os trilhões de células possuidoras da assinatura de seu próprio DNA, encontrava aquele minúsculo grupo de células com o DNA errado e as destruía. Foram feitos numerosos truques para esconder e disfarçar o micro enxerto, mas por mais que fosse tentado não se conseguia “passar a perna” no sistema imune. Infalivelmente ele encontrava aquelas células e as destruía.
O paciente lembrou que o professor e a classe haviam conversado sobre a importância de um “espírito de luta” agressivo e da “motivação assassina” de uma imagem mental eficaz para combater o câncer. Nesse momento o paciente corou e explicou que no lugar onde crescera, os dojôs ficavam grandes e em certas épocas do ano “andavam” pelas ruas. Quando ele era criança, isso lhe parecera uma espécie de milagre, e ele nunca se cansava de observá-los. Tivera vários dojôs como animais de estimação. Depois de indagado sobre isso ele respondeu o que era um animal de estimação: aquele que gosta de você incondicionalmente.
Depois disso foi pedido para ele sintetizar sua imagem, fechar os olhos e descrever milhões de dojôs que nunca dormem, movendo-se por todo seu corpo, vigilantes, incansáveis, dedicados e seletivos, examinando pacientemente cada célula, deixando todas as que estavam saudáveis, comendo as cancerosas, motivados pelo amor e pela devoção incondicionais de um bicho de estimação. Era importante para eles se o paciente viveria ou morreria. O paciente era único e especial para eles tanto quanto para seu cachorro.
Essa imagem comovia-o profundamente, e não era difícil lembrar-se dela. Nem maçante. Por um ano ele fez essa meditação diariamente. Anos mais tarde, depois de plenamente recuperado, o paciente ainda continua com essa prática algumas vezes por semana. Diz que ela o lembra de que, no nível mais profundo, seu corpo está do seu lado.
Enfim, a Dra. Raquel conclui dizendo que as pessoas podem aprender a estudar sua força vital da mesma maneira que um jardineiro perito estuda uma roseira. Nenhum jardineiro jamais fez uma rosa. Quando suas necessidades são atendidas, a roseira produz rosas. Os jardineiros colaboram e dão condições que favorecem esse resultado. Como sabe qualquer pessoa que já tenha podado uma roseira, a vida flui de cada roseira de modo ligeiramente diferente.
Esta história da Dra. Raquel lembrou muito depois que fiz um curso de hipnose e também raciocinava que eu poderia ajudar aos pacientes com dificuldades semelhantes, sugerindo essas imagens defensivas para o corpo. Infelizmente nunca tive oportunidade de aplicar na prática. Agora vejo que adquiri mais informações e que estarei mais apto a fazer um trabalho parecido para ajudar os pacientes que me procurarem com tais problemas.
“O livro de Urântia” trouxe-me um conceito que ainda não tinha conhecimento: ajustadores. São seres altamente espiritualizados enviados pelo Pai para residir em nossas mentes. Sendo o Amor de Deus universal, todas as suas criaturas devem estar harmonizadas na Natureza que compõe o próprio corpo de Deus. Porém como o homem foi dotado de Livre arbítrio e criado de forma ignorante, com o objetivo de aprender com sua própria experiência, e certamente com muitos erros, ele sempre está entrando em desvios dos caminhos do Senhor e necessitando de correção.
A minha inteligência não alcança a razão do Pai ter agido assim, deixando um ser recém-criado dentro da ignorância, passível a cometer erros a todo instante. Ele poderia ter criado um ser com toda a inteligência e sabedoria possível. Alguma coisa bem mais importante Deus quis fazer agindo dessa forma. O que seria? Se ele tivesse criado os seres sencientes e racionais, já prontos, não seria uma espécie de robô do Criador? Parece que nós servimos para o Criador como uma espécie de jogo. Ele dá a partida em diversos seres racionais, a partir de um determinado ponto evolutivo. Então Ele passa a seguir com todo o interesse o caminhar trôpego desses seres, inclusive no momento importante que eles reconhecem uma paternidade divina e procuram fazer a vontade do Senhor.
Mas acontece que essa vontade de seguir o que deseja o Criador, pois Ele colocou dentro de nós um monstro poderoso, obra prima da Sua criação, assim como Ele relatou a Jó. Ele sabe que a Sua criaturinha é muito frágil, que necessita de educação para poder vislumbrar os caminhos corretos.
Para compensar esse desequilíbrio que existe a favor do Behemot, o Pai tenta salvar o homem dos resultados desastrosos de suas tolas transgressões às leis divinas. Então Ele coloca os Ajustadores residindo também dentro de nós. O desvio que o Behemot causar, poderá ser corrigido pela influência dos Ajustadores. Dessa forma continuaremos nossa marcha evolutiva em direção ao Pai. O jogo enfim, termina para nós quando entramos no seio do Pai. Para o Pai o jogo continua, pois Ele está sempre a criar dentro de uma expansão infinita do Universo.
Surge então outra pergunta... quando chegamos na intimidade de Deus, permanecendo com o nosso nível altíssimo de consciência, nós seremos então uma partícula do corpo energético de Deus? Poderei ser um Ajustador no auxílio a tantos outros seres que se formaram à medida que eu evoluía?
Vou parar por aqui, pois sei que estou dando muito trabalho ao meu Ajustador de pensamentos ao querer entender a intimidade da sabedoria do Pai.
No ano em que nasci, 1952, o filósofo argelino Albert Camus publicou um texto, “Regresso a Tipasa” que me trouxe parecidas reflexões, mas diferentes conclusões.
Ele entende que se nos foi dada, embora numa só vez, a oportunidade de amar intensamente, passamos o resto da vida à procura de uma renovação desse mesmo ardor e dessa mesma luz.
Eu entendo que o nosso coração é uma máquina de bombear sangue bem conhecida e esclarecida, mas também uma fonte de jorrar amor, pouco conhecida e esclarecida. O amor que fomos criados com a função de jorrar em direção ao outro, não deve exigir a reciprocidade que a bomba mecânica exige; o sangue que sai pelas artérias deve ser compensado pelo sangue que entra pelas veias. É uma bomba condicional, só bombeia o sangue arterial, se entrar o sangue venoso.
O coração como fonte de jorrar amor tem a sua matéria prima não no amor do outro que vamos amar, mas do éter que nos rodeia como o hálito do Criador. Por um mecanismo ainda desconhecido, algumas pessoas disparam dentro do coração-fonte de outra pessoa, uma espécie de imprinting, que a faz se apaixonar perdidamente por ela. Vim descobrir esse mecanismo por experiência própria, não encontrei essa informação em nenhum livro didático até hoje. Vejo apenas a citação desse efeito de forma romanceada, mas passando por longe do seu significado natural e espiritual.
Logo descobri, com meu olhar curioso sobre mim mesmo, que aquela paixão inicial que energizava meu coração-fonte, logo ia perdendo intensidade ao longo tempo e de certa forma armava um novo gatilho para ser acionado quando surgisse outra pessoa que possuísse os critérios (?) necessários para um novo disparo. Percebi que eu poderia me contrapor a isso, mas perderia uma função considerável da vida, que entraria numa espécie de compartimentalização afetiva dentro da pluralidade da Natureza. Tentei ensinar isso que estava aprendendo e surfar de forma justa com minhas companheiras essas ondas fortes de paixão que periodicamente surgiam. Compreendi que elas eram formadas a partir do oceano de amor etérico, captadas pelo coração-fonte, disparadas por mecanismos neuroquímico-fisiológicos desconhecidos e desenvolviam uma energia tão poderosa que podiam dominar o psiquismo e até transformar o bem transcendente que ela carregava no mal egoísta que os instintos exigiam.
Então, não estou como Camus estava, a procurar um amor que foi vivido intensamente no passado. Sei que estou mergulhado no mar etérico do amor e que marolas de desejos ou ondas de paixão podem se formar regularmente ao longo da vida. Percebo agora que as ondas fortes da paixão não estão se formando como antes, com mais frequência. Vejo que aquela onda de paixão mais forte na minha vida, provavelmente não mais se repetirá com outra pessoa. Para isso seria necessário o combustível dos hormônios que agora começam a rarear. Não vou passar o resto da vida à procura de uma renovação desse mesmo ardor, dessa mesma energia. Estou sintonizado com as limitações que o tempo que conquistei me trouxe. Basta saber que no pretérito participei de tantas explosões de luz, de amor, e que uma delas foi a mais fulgurosa e resplandecente... que iluminou o céu da minha existência por mais tempo e que até hoje a sua memória traz o brilho fugaz do que eu não mais irei obter.
Por isso eu me sinto mais confortável do que Camus, estou adaptado às minhas atuais condições naturais e afetivas, e satisfeito com minhas memórias, que enquanto a biologia permitir servem de aperitivo para tudo o que a vida ainda pode me oferecer.
O aniversário de alguém sempre lembra momentos vividos com essa pessoa. Tenho a intenção de sempre focar nos momentos bons, no lado saudável das pessoas, nos sentimentos positivos que elas trazem para mim ou para os outros. Hoje é um dia desses... muito especial, pois é o aniversário de uma pessoa muito especial! A minha mente se enche de lembranças saudáveis, meu coração transborda de afetos que nunca deixei se romperem e até hoje estão represados juntos à essência da minha alma. Principalmente sendo hoje um dia de domingo, onde o compromisso com o trabalho não me obriga a cair no batente logo cedo. Posso ficar aqui na rede e deixar fluir minhas lembranças no cinzento dos meus neurônios, como fazem os pássaros a cortar o céu azul do firmamento sem fim sobre mim. As lágrimas deslizam pelo meu rosto, mas não posso dizer que sejam de dor... é como se eu tivesse flutuando ou boiando num mar de reminiscências, levado pelo barco da saudade, de um amor que ficou impregnado na minha essência...
Lembro de olhos infantis que vi pela primeira vez... de uma magia que foi criada e que me envolveu para sempre... lembro dos primeiros toques, de palavras, de pensamentos... lembro do sol escaldante, das piscinas térmicas... das viagens para lá e para cá, e conversando nas idas e nas vindas com o gigante do Cabugi, que brincava com meus risos e minhas lágrimas, meus sonhos e pesadelos... lembro de tudo isso, e do quanto minha mente engendrava a pedido do meu coração que soluçava, para eu não ir embora, para não perder nos escaninhos da vida um amor que transcendia toda efemeridade das formas, amor que estava circulando nas veias da minha alma, que não temia os preconceitos, a distância ou os efeitos do tempo...
Mas, o meu mundo ruiu... as folhas do meu outono caíram na primavera da minha vida. Agora estou prestes a entrar no inverno... o frio já se faz sentir, a visão embaçada já não se encanta com a Natureza como antes... a justiça e a coerência são os remos do meu barco que dei o nome de saudade... vou em direção ao Pai...
Parabéns querida, e obrigado pelo muito que me ensinou a amar, e desculpa pelo pouco que te retribui no quanto esperavas receber... o que me contenta saber é que, mesmo tendo sido incompetente em te dar o que esperavas, sei do fundo do meu coração que ninguém nesta vida, antes ou depois de mim, te amou mais do que eu. E, se até nisso eu tiver errado, peço a Deus a graça da ignorância, pois seria bem mais vergonhoso e doloroso saber que fui motivo de obstáculo para você não receber um amor maior que o meu.
Agradeço também aos nossos anjos protetores, que vencendo toda a resistência da ignorância de nossas mentes materialistas, contribuíram para que formássemos um laço biológico onde foi lançada uma alma especial capaz de nos ensinar algo que ainda não estamos em condições de aprender.
Parabéns, enfim, querida, e que essa minha escrita sirva para ornamentar o seu dia, por saber que você foi importante para clarear e colorir minha vida e que hoje estou muito mais seguro viajando em direção ao Pai neste barco de saudade que tem a matéria prima do teu coração. E que tantos quantos hoje aproveitam a pureza do meu amor, não sabem o quanto você contribuiu para isso... somente eu e Deus!
Este conceito de Milagre parecia antes, para mim, algo que estava fora dos limites da normalidade, da Natureza; algo fantástico que só pessoas muito especiais podiam obter de Deus, o único que pode reverter as leis da Natureza que Ele mesmo criou.
Vendo as lições de Jesus e o seu poder de fazer milagres acontecerem, mais uma vez me pareceu que Ele estava tão ligado a Deus, na condição de filho, que Ele mesmo dizia, que também provocava alterações nas leis da Natureza. Dentre os seus milagres, o que pareceu mais fantástico foi a ressurreição de Lázaro, um morto voltar para a condição de vivo.
Ao ler Huberto Hohden, “Ciência, Milagre e Oração, são compatíveis?” tive uma compreensão melhor do que seria um milagre. Ele nega redondamente que o milagre seja uma exceção dessas leis. Afirma que o milagre é a mais brilhante confirmação das leis da Natureza. Ou o milagre é compatível com as leis da Natureza ou o milagre não é de Deus. Não é possível que haja contradição nas obras de Deus. Como aceitar o milagre, algo fora da Natureza, se tudo que existe foi Deus que criou e que é representado pela Natureza? Se o milagre não é da Natureza, então foi criado por outra força estranha a Deus. Isso seria possível? A lógica diz que não!
O Cristo real é absolutamente inconcebível sem o milagre, porque o milagre o revela como soberano de todas as forças da Natureza. O cristianismo não é um sistema de doutrinas éticas, o cristianismo é um fato objetivo, uma grandiosa realidade histórica, permanente, é a mais estupenda invasão do mundo divino no mundo humano. Ideias e doutrinas não dão forças – toda a força vem da realidade.
Pelo milagre o Cristo provou que é sabedor de todas as leis da Natureza e que pode usá-las como entender, espontaneamente, sem a menor violência contra essas leis. O homem meramente sensitivo é escravo das leis da Natureza. O homem intelectual é escravocrata da Natureza, tratando-a como um tirano trata a seu escravo. Mas o homem espiritual, racional, cósmico, o homem integral, o Cristo ou o homem cristificado, não é nem escravo nem escravocrata da Natureza – é amigo e aliado da mesma, e por isto coopera pacificamente com a Natureza, como amigo e aliado.
O taumaturgo por força intrínseca prova que chegou ao fim da sua jornada deixando de ser tanto escravo como escravocrata da Natureza. O Cristo a sua plena maturidade humana e adultez espiritual pelo fato de cooperar pacífica e espontaneamente com todas as leis da Natureza. Nunca falhou. O homem que domina a Natureza apenas mentalmente possui um domínio parcial, precário, incerto, porque violento, compulsório, e é por isto que muitas vezes falha na sua mágica milagreira. Mas o homem espiritual não pode falhar, porque o seu domínio é absoluto e espontâneo.
Toda a confusão que reina nesse setor vem do costume de identificarmos a Natureza com aquele pequenino fragmento da Natureza por nós conhecido. Quando então uma força da parte desconhecida da Natureza invade subitamente a parte conhecida da mesma, temos a impressão de ter acontecido algo fora ou até contra as leis da Natureza. É assim que procedem todos os que identificam a Natureza como a fraçãozinha que dela conhecem e constroem a sua filosofia sobre esse pequeno fragmento.
Os milagres de Jesus e dos seus discípulos, de todos os tempos e países, ultrapassam grandemente as fronteiras do abc e da tabuada da nossa ciência material, que certa gente convencionou chamar “a natureza”, mas não ultrapassam as fronteiras da verdadeira Natureza absoluta, porque essa Natureza é o próprio Deus, o infinito, o absoluto, o Todo, a Essência do Universo, para além do que nada existe, porque o Todo abrange tudo que é real.
Que acontece, pois, quando alguém realiza um milagre? Acontece o seguinte. O taumaturgo aplica uma lei natural que está para além das fronteiras do mundo material conhecido, da física, da química de laboratório, mas não está fora da Natureza absoluta e total, porque fora dela nada está.
Que é que existe para além das forças conhecidas materiais da Natureza? Existem as forças mentais e as espirituais. Estas últimas podem ser chamadas de racionais, uma vez que Deus mesmo é a Razão, o eterno Lógos, pelo qual foi feito todas as coisas. Mas tanto o material, como o mental e o espiritual fazem parte da Natureza.
Assim, o milagre é anticientífico para os analfabetos ou semialfabetizados do grande livro da Natureza, mas para os universitários da razão e do espírito é o milagre a mais brilhante confirmação das leis da Natureza.