Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
28/01/2015 00h32
FRANCISCO E RODRIGUES

            A cultura mostra uma obra literária que fala de duas personalidades que se expressam numa mesma pessoa, o livro “O médico e o monstro”, que deu inspiração pra diversas obras no cinema e na literatura.

            Todo esse fascínio é porque essa condição parece existir dentro de nós, uma personalidade que poderíamos classificar como boa e outra que tem aspectos mais egoístas, mais voltadas para o mal.

            Fui fazer um atendimento médico particular na residência de um paciente que se encontrava acamado, obeso, doente mental. Notei que a casa era de muita pobreza, mesmo assim a família fez um esforço para pagar essa visita a fim de ser produzido um laudo que a justiça exigia. O Estado devia oferecer esse serviço aos cidadãos, afinal todos pagamos impostos para termos esses serviços essenciais à nossa disposição. Mas isso não acontece. A pessoa peregrina por todos os postos de saúde da cidade, do estado e não consegue ser atendido. A solução é ir em busca de um profissional como eu que se disponha a atender, em casa ou em consultório, pagando os honorários correspondentes.

            Foi nesse momento do recebimento do valor acordado, que veio à minha mente essa reflexão, do esforço que a família estava fazendo para obter esse serviço. Senti que a crítica partia de outro aspecto da minha personalidade que se contrapunha a ação do médico. Parecia que um Francisco, espiritualista, dizia que esse era um ato errado, e criticava o Dr. Rodrigues, médico.

            Sai daquela casa com essa reflexão: quem estaria certo, o Francisco espiritualista ou o Dr. Rodrigues.

            Então continuei refletindo... ora, quem foi até aquela casa foi o Dr. Rodrigues, que pegou o seu carro e se deslocou de um extremo ao outro da cidade. Para fazer isso o Dr. Rodrigues gastou anos de estudo em Universidades, economizou dinheiro, comprou um carro, dois, e frequenta congressos e compra DVDs para se atualizar em sua área. Tudo isso só funciona se tiver o dinheiro, inclusive para viver com dignidade e colaborar com a família, com amigos, e com qualquer que seja o próximo necessitado. É esse Dr. Rodrigues que faz funcionar a máquina materialista em benefícios amplos com quem está ao redor. Sei que o Francisco espiritualista é importante, faz com que eu não fique bitolado apenas nos ganhos materiais e não veja o lado da solidariedade. Eu sei que é o Francisco espiritualista que faz o meu contato com Deus, é quem faz me agir de acordo com a vontade de Deus instalada na minha consciência. É ele que me faz compreender que tudo que possuo pertence ao Pai, e que eu sou apenas um administrador.

            Então, quando eu faço um serviço dessa natureza e que recebo meus honorários, não estou explorando a miséria de ninguém, pois é um valor justo dentro do trabalho que vou realizar, e que se esse dinheiro tivesse ficado com a família, provavelmente fosse utilizado em coisas menos nobre do que eu utilizarei. Sem falar dos diversos serviços paralelos que eu forneci sem cobrar, como fazer receitas e dar atestados, que estava fora do nosso trato.

            Assim deve essas duas instâncias da minha personalidade, o Francisco espiritualista e o Dr. Rodrigues, funcionarem harmonicamente, pois ambas fazem a vontade de Deus, cada uma atuando em caminhos diferentes, mas paralelos.

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em 28/01/2015 às 00h32
 
26/01/2015 13h00
RECONHECER OS AMIGOS

            Recebi uma crônica no celular, enviada por um amigo, de autoria de Vinícius de Morais, que representa muito próximo daquilo que penso sobre os amigos. É como se o poeta tivesse entrado na minha mente e garimpado pensamentos que eu ainda não havia formulado. Portanto não poderia deixar de reproduzi-la na íntegra:

            Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

            A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

            E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

            Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

            Alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

            Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

            E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu tremulamente construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

            Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo!

            Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

            Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

            Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

            A gente não faz amigos, reconhece-os.

            Dentro desse texto só não admito que a amizade seja mais nobre que o Amor; a amizade é simplesmente, mas de grande importância, uma base onde deve se nutrir os diversos relacionamentos, tais como sementes jogadas em terreno fértil. A partir da amizade germinada e desenvolvida, se estabelece o Amor em toda sua plenitude, poder e bem aventurança. Tão forte é o amor, que mesmo naquelas relações onde por qualquer motivo, geralmente egoístas, a amizade é rompida e esfacelada, permanece o amor, nobre e impoluto, velando por aquela pessoa que um dia foi sua amiga.

            Tenho exemplos assim registradas e armazenadas na minha memória. Pessoas que no passado desenvolvemos amizade, e consequentemente o Amor. Acontece que essas pessoas desenvolveram um amor contaminado pelo egoísmo, o amor condicional, enquanto para o meu amor fiz questão de mantê-lo livre do joio das impurezas e ele permanece até hoje sem precisar de condições para a sua existência, tão forte que me faz suportar a dor da ingratidão e os espinhos dos ressentimentos dos antigos amigos e dos amores deturpados. Para existir amizade é necessária a reciprocidade; para existir o Amor, basta um dia ele ter sido criado!  

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em 26/01/2015 às 13h00
 
26/01/2015 00h59
MILITÂNCIA ESPIRITUAL

            Hoje é dia de São Paulo de Tarso. Aquele que depois da experiência espiritual nos portões de Damasco, ficou cego, e só recuperou a vista por intervenção de quem Ele tanto perseguia. Passou a partir daí a fazer uma militância espiritual em nome do Cristo por vários lugares da Terra, a criar igrejas e disseminar a fé cristã.

            Imagino que a militância espiritual ainda se faz muito necessária na Terra, da mesma forma como aconteceu no passado, com as devidas tintas da atualidade. Mesmo porque, devido a essa militância do passado temos hoje uma sociedade muito mais avançada nos conhecimentos e práticas do bem. Além disso, muito há ainda a ser feito. A militância espiritual não pode deixar de existir. Os nossos corpos materiais têm que aprender a serem instrumentos de Deus.

            Eu me considero um militante espiritual, não do quilate de Paulo, ao qual o próprio Mestre fez sua convocação de forma direta. Mas eu também andava cego e também, por obra do Mestre Jesus, pelo Evangelho que Ele ensinou, eu passei a enxergar com mais clareza.

            Agora a minha militância é no sentido de aproveitar quantas pessoas já estão ensinadas no Evangelho e procurar fazer a aplicação prática desse conteúdo dentro da comunidade, na vida cotidiana de seus moradores. Fazer um trabalho com base no Amor Incondicional, sem esperar receber nada em troca do bem que puder proporcionar ao próximo, principalmente aqueles deserdados da sorte, os marginais, os viciados, as prostitutas, as crianças sem pais, sem lar, sem orientação.

            O Mestre Jesus já não se encontra fisicamente entre nós, mas como Ele prometeu, jamais nos deixou sozinhos. Onde quer que estejamos, dois ou três em Seu nome, Ele estará presente entre nós. Agora na forma de Espírito de Verdade, como os espíritos nos ensinam. A grande lição que Ele nos deixou, de que “A Verdade nos libertará” tem essa conotação. Os judeus esperavam que o Messias viesse na forma de um forte combatente para livrá-los do jugo romano, à força da espada e da lança, subjugando a todos num mar de sangue. Não reconheceram o doce Jesus como esse Messias que profetizava o Pai como o Amor, que usava a Verdade para reconhecimento do inimigo que mora dentro de nós nas mais diversas formas de egoísmo, que veio para livrar a humanidade do jugo do orgulho e da vaidade, à força do perdão e da tolerância.

            Este é o Mestre que aceito como governador do planeta, que dirige as forças do bem contra as forças do mal caracterizadas como ignorância. Sempre que uso a Verdade nos meus relacionamentos, eu sinto que falo pela boca do Mestre, que faço o que Ele ensina e o que Deus deseja.

            Vejo ao meu lado uma série ininterrupta de sofrimentos, de pessoas de pouca fé ou sem ela, que se digladiam com as dificuldades como se fosse uma declaração de morte e não de oportunidade de crescimento. Vejo também ao meu lado, a me afligir uma série de necessidades e de pressão, e que corrompem o meu potencial financeiro, daquilo que o Pai me proporcionou para a minha sobrevivência digna e de ajuda ao próximo. Mas isso não me leva ao desespero, pois sinto que tudo pertence ao Pai e que sou apenas um mero administrador dos recursos que Ele coloca ao meu alcance, geralmente pelo trabalho duro que tenho de realizar no dia a dia, sem direito a férias totais, completas, como vejo tantos ao meu redor gozarem, muitos deles com muito menos recursos materiais do que eu.

            Esta é a militância espiritual em que estou engajado. Sei do trabalho a ser realizado com o mínimo de descanso, que mesmo em recesso de algumas atividades eu possa ser convocado pelo Pai a qualquer instante e ir a qualquer lugar oferecer um serviço. Sei do trabalho que já iniciei, principalmente na Seara do Senhor estabelecida na Praia do Meio, onde os trabalhadores que Ele enviou para me auxiliar começam a se engajar cada vez mais nos serviços necessários e exige de mim que deixe a preguiça que ainda me atrapalha para evitar o joio tomar conta das tenras plantinhas que querem vicejar.  

            Devo organizar minha vida material para que não atrapalhe minha militância espiritual, mas sem jamais deixar que os valores do mundo corrompam meus compromissos com Deus. Por mais que eu seja enganado, iludido, traído ou prejudicado, não poderei deixar que as emoções negativas que surgem em função disso, ensombrear a qualidade do Amor que eu tenho para dar. 

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em 26/01/2015 às 00h59
 
25/01/2015 00h59
O AMOR QUE FICOU

            Na vida tive muitos amores, muitas paixões. Se eu fosse fazer uma avaliação dentre todas as mulheres que tocaram o meu coração, que chegou a me incendiar de paixão, eu poderia classificar em primeiro lugar aquela que aniversaria hoje.

            E por que não estou com ela? Por que eu em comportei de forma que ela tivesse motivos para me expulsar da nossa casa, apesar de lá está recheada das coisas que eu amo: livros, filmes, música, meu cachorro, meu filho... ela mesma? Só tenho uma explicação: porque eu sou assim, criado, formado e desenvolvido da forma que ela não desejava para um companheiro, um companheiro exclusivo. A minha forma de amar o mundo e especialmente as mulheres de forma ampla, completa e irrestrita foi o amargo sabor que ela sentiu com a minha convivência e que não foi possível tolerar por mais tempo do que ela tentou.

            Hoje estou só, sentindo em mim o amargor do doce tempero do amor, por mais paradoxal que seja. Estou só, e a minha alma carente de companhia reclama desse amargor, mesmo sabendo que foi devido a doce expressão do amor que jamais impedi que saísse de mim. Minhas companheiras também sofrem os efeitos desse paradoxo, experimentam com ternura todo o amor que recebem de mim e com sofrimento todo o amor que eu distribuo com outras.

            Sou uma espécie de Rei Midas do amor. Aquele transformava em ouro tudo que tocava, chegou a morrer de inanição, pois os próprios alimentos se transformavam em ouro; eu também transformo em amantes todas que se aproximam de mim e como não aceitam dividir-me com mais ninguém, morro na solidão.

            Entro hoje nessas reflexões porque é o aniversário daquela que ocupa o primeiro lugar na minha exacerbação do amor. A última que tentei conviver de todas as formas – esposo, amante, amigo -, como a única tábua de salvação para me livrar da solidão. Não consegui. Mas carrego comigo na forma de saudade o amor que jamais morrerá. E assim fiz essa mensagem abaixo e enviei para ela:

            “Feliz aniversário!

            Que o Anjo da Guarda proteja seus passos e que Deus encha seu coração de amor e sua vida de felicidade; que cada ano lhe traga mais sabedoria, em cada minuto mais tolerância, mais flexibilidade; que as tempestades da vida sirvam apenas de motivo para a sua aproximação com o Criador; que minhas orações sirvam de escada para a sua elevação e que nas suas lembranças prevaleça o amor que tanto lhe dediquei e que seja capaz de cobrir os pecados que eu cometi. Este é o café da manhã que minha alma oferece tua, e se um dia a paixão que tínhamos se perdeu no tempo, que o amor que ficou na forma de saudade sustente nossas existências, por mais distantes que nossos corpos estejam.”

            Ela respondeu com um a imagem de um simples polegar voltado para cima, que interpretei como positivo.

            Logo depois envia uma poesia de Cecília Meireles:

 

FUTURO

 

É preciso que exista, enfim, uma hora clara

Depois que os corpos se resignam sobre as pedras

Como máscaras metidas no chão

 

Por entre as raízes, talvez se veja, de olhos fechados,

Como nunca se pode ver, em pleno mundo

Cegos que andamos de iluminação

 

Perguntareis: “Mas era aquilo, o teu silêncio?”

Perguntareis: “Mas era assim teu coração?”

 

Ah, seremos apenas imagens inúteis, deitadas no barro

Do mesmo modo solitárias, silenciosas,

Com a cabeça encostada à sua própria recordação.

 

Cecília Meireles, em Mar Absoluto.

 

            Senti, minha querida, minha amada... pelos versos da poetiza a dor da sua solidão, do silêncio na presença e na recordação.

            Espero que nossos olhos voltados agora para nossas raízes possam realmente se iluminar com a verdade e reconhecer que apesar da tristeza o amor jamais esteve ausente. Quando não podias caminhar, o rastro que vias sozinho na areia, era eu te carregando nos braços...

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em 25/01/2015 às 00h59
 
24/01/2015 00h59
ORAÇÃO PELA FAMILIA

            Estava assistindo um seriado, “Mentes Criminosas” e o episódio tratava do pai de um dos investigadores, um rapaz superdotado intelectualmente, que estava suspeito de ser um assassinato, de ser um pedófilo. Como o seu pai havia se separado da mãe e saído de casa para nunca mais voltar, esse investigador não teve contato com o pai durante a sua formação, e por isso trazia muita mágoa dentro de si. Encontrou nessa suspeita sobre o pai onde os fatos apontavam a culpa dele, uma forma de se vingar, de atenuar os ressentimentos. Acontece que as entrevistas que ele fazia no processo de investigação, todos apontavam que o pai era um homem íntegro, responsável e justo. Mas como isso podia conciliar com a ausência dele do lar, das memórias opacas que mostravam ao investigador o pai em atitude suspeita, queimando roupas ensanguentadas? Finalmente ele encontra a resposta, pois a mãe que ele tanta amava e respeitava era a verdadeira culpada das acusações, e que a roupa ensanguentada que o pai queimou na verdade era roupa de sua mãe, que o pai assim fez na tentativa de protegê-la. Depois desse episódio não houve mais convivência entre eles e o pai sai de casa para nunca mais voltar, apesar de amar o filho e sempre acompanhar o seu progresso pelos jornais. O filho atônito com a verdade finalmente revelada, sentiu o peso da transformação no seu coração, do pai covarde e insensível que abandonou-o, para um herói que sofreu no anonimato a traição da mãe e a distância do filho, na tentativa de protegê-la do braço da lei e da desonra entre os homens.

            É dispensável colocar aqui o quanto essa história trouxe identificação ao que sinto e sofro. Também tive que abandonar a casa, o lar, mais de uma vez, e meus filhos se desenvolvem longe de minha influência, pois o comportamento das mães impede a minha convivência com elas em harmonia. Essa distância minha dos filhos pode levar a eles pensarem como pensava esse investigador. Mas também espero que a verdade um dia vai chegar até eles, como sinto que está chegando gradativamente, e a minha imagem verdadeira lentamente chega aos seus corações.

            Para completar essas reflexões, logo em seguida ouvi a canção do Padre Zezinho, “Oração pela Família”, que sempre gostei da letra e da melodia, mas imaginava que ela estava distante do meu modo de agir e ser fiel a Deus. Pensava que a letra pudesse ser aplicada apenas à família nuclear e não à família ampliada que eu defendo e tento praticar. Pois não é que toda a letra, influenciada pelas emoções que o filme me despertou, se encaixou perfeitamente no meu modo de pensar? Então é isso que quero fazer agora, dar a interpretação da família ampliada que esta música me evocou, analisando cada um dos versos.

            Que nenhuma família comece em qualquer de repente

            Que nenhuma família termine por falta de amor

            Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente

            E que nada no mundo separe um casal sonhador

            Significa que o início de uma família não pode acontecer sem uma boa motivação. Uma motivação que deve ser sempre baseada no afeto, na simpatia, na harmonia, no Amor Incondicional. Que depois dessa família formada com base no Amor Incondicional, o amor jamais será exclusivo e jamais será destruído, mesmo porque se é amor, jamais morre, jamais desaparecerá. O casal deve ser construído e formar uma só carne, como indica a Bíblia, mas dentro de uma família ampliada, PIS o Amor praticado não é exclusivo. O homem como cabeça da família tem a obrigação de interpretar isso como a vontade de Deus e procurar cumpri-la de acordo com sua consciência. Essa ideia deve ser partilhada integralmente com sua companheira, caracterizando o que deve ser um para o outro de corpo e de mente. Ao seguir essa vontade Deus implantada na consciência, podemos nos considerar dentro de um sonho. Então, nada neste mundo terá força para nos separar, enquanto casal assim formado, que sonhamos juntos, e que neste sonho estejam incluídos a formação de vários casais, todos integrados em direção à família universal, como consta da natureza do sonho.  

            Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte

            Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois

            Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte

            Que eles vivam do ontem, do hoje em função do depois

            Defendo que toda a família tenha a sua dignidade, que possa viver com todos os recursos necessários as suas necessidades. Defendo que ninguém interfira na forma como qualquer casal organize o seu lar e que tenham uma vida como desejam, com respeito mútuo, com uma meta a realizar, a de que seja construída dia a dia, no ontem, no hoje e com representação no futuro, o Reino de Deus.

            Que a família comece e termine sabendo aonde vai

            E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai

            Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor

            E que os filhos conheçam a força que brota do amor!

            Procuro fazer assim, cada pessoa – no meu caso mulher – que se aproxima de mim simpatizando com o meu afeto e com a pretensão de ser uma das minhas companheiras, deve ficar ciente de tudo desde o começo e até onde vou com a construção do Reino de Deus como meta final. Sei que carrego em meus ombros a graça de ter reconhecido a vontade de Deus em minha consciência e na condição de pai devo conduzir a minha casa e todos que dentro dela formam meu lar. Não é possível eu deixar o meu ideal, o meu compromisso com Deus para seguir a vontade ou os preconceitos de qualquer pessoa. Sonho que um dia eu encontre essa mulher que seja um céu de ternura, aconchego e calor, sem querer por causa disso cobrar um preço que ofenda aos meus ideais; que deixe os nossos filhos conhecer a força que brota do meu amor, sem colocar no meio os seus instintos que exigem a doação do meu amor de forma exclusiva.

            Abençoa, Senhor, as famílias! Amém!

            Abençoa, Senhor, a minha também.

            Este é um apelo que faço e que incluo em minhas orações, a bênção de Deus para a minha família ampliada, mesmo sabendo da grande dificuldade que tem minhas companheiras no convívio com harmonia, sem hipocrisia, mas sim com sinceridade, solidariedade e justiça com qualquer uma, em qualquer situação.

            Que marido e mulher tenham força de amar sem medida

            Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão

            Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida

            Que a família celebre a partilha do abraço e do pão!

            Este é o ideal de quem participa da minha família ampliada, que cada mulher junto comigo ou com outro companheiro que elas permitam, sejamos capazes de amar sem medida, sem preconceitos, sem exclusivismo; que tenhamos coragem de pedir ou dar o perdão a qualquer momento que sintamos que ferimos ou fomos feridos pelo próximo. As crianças sob nossa responsabilidade devem aprender desde o colo o sentido amplo da vida que vivemos e para onde estamos caminhando na construção da família universal. Em nenhum momento nossas vidas, mesmo dentro da família ampliada, devem ficar circunscritas a determinado número de pessoas, e sim, sempre procurar partilhar o pão e o afeto que está à nossa disposição, sem preconceitos ou exigências de contrapartidas.

            Que marido e mulher não se traiam, nem traiam seus filhos

            Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois

            Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho

            Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois

            Quando eu e/ou qualquer mulher que aceite a convivência dentro desta família ampliada sofrerem os efeitos egoístas dos instintos, devemos ter a força moral de não trair nossos princípios, acusar ou falar mal de quem quer que seja, na presença ou principalmente na ausência. Essa traição atingirá a todos, inclusive os filhos que já estavam sendo educados dentro de uma perspectiva do Amor Incondicional, da família ampliada e da realização do Reino de Deus. Se cada pessoa introjetar em sua alma os valores completos desta família ampliada, jamais sofrerá ciúme de qualquer natureza, pois sua vida está completamente sintonizada com o Reino de Deus e está vivenciando tudo isso aqui na Terra e mesmo depois quando passar para o mundo espiritual.

            Pronto! Deixo assim comprovado que o hino que o padre Zezinho compôs certamente pensando na família nuclear, tem perfeita adaptação para a família ampliada, e acredito que, dentro desta família ampliada, exista mais condição de ser aplicada do que dentro daquela outra família, a nuclear. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/01/2015 às 00h59
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