Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
24/07/2022 00h01
RAÍZES CATÓLICAS DO BRASIL – (06) SÃO TOMÉ

            Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.



            Quando padre Manoel da Nóbrega chega aqui, nas chamadas Cartas do Brasil, que é um conjunto de cartas, ele conta que em algumas tribos aqui no Brasil, quando ele começou a catequizar, falando do Nosso Senhor, da Virgem Maria, dos apóstolos...



Essa era a ordem didática dos jesuítas, falar primeiro de Deus e depois da Trindade para mostrar o Deus trino. Usavam o recurso da flor do maracujá. É curioso, pois a imagem da Virgem Maria tem os cabelos enfeitados com a flor do maracujá.



A imagem da padroeira do Brasil tem Flor de Maracujá no cabelo. Os jesuítas usavam a flor do maracujá para dizer que era uma só flor e três pedúnculos, querendo explicar que existia um só Deus em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.   



            Havia uma comoção e um burburinho entre os índios quando se falava especialmente de um apóstolo, que era o mais venerado de todos, quando se falava de São Tomé. Os índios até pulavam e repetiam para os jesuítas: Sumé! Sumé!



            Nas línguas derivadas do Tupi, Zumé ou Sumé é o equivalente a Tomé em língua portuguesa.



            Os jesuítas ficaram curiosos com toda essa demonstração de familiaridade e com os índios relatando que ele esteve por aqui. A gente conhece esse, eles falavam, os outros não. E ele falou a mesma coisa que vocês falam.



Então os índios começavam a narrar para os jesuítas o que tinham ouvido. O que mais impressionou Manoel da Nóbrega no relato que ele ouviu na Bahia e pensava ser uma coisa localizada, uma confusão com alguma divindade deles. Mas ele ficou ainda mais surpreso, pois, no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e no Ceará, haviam os mesmos relatos da presença de Sumé, em tribos diferentes, de línguas diferentes.



            Uma dessas tribos que foi encontrada pelo Manoel da Nóbrega quando ele veio catequizá-los, foi a tribo que depois originou a vila de São Lourenço de Niterói, e eles também falavam que Sumé passou por aqui. Mais impressionado ficou ainda quando chega em Cabo Frio e os índios levam os jesuítas até uma pedra que parecia estar afundada em cera mole, que dava impressão de alguém ter batido com um bordão e afundado.



Os índios relataram exatamente isso, que Sumé dissera que os índios não podiam casar com mais de uma mulher e nós não concordamos, nós queríamos mais de uma mulher. Então o apóstolo bateu com o bordão com tanta força que marcou a pedra. Isso impactou os índios que então resolveram viver com uma só mulher.



            Isso é narrado pelos jesuítas, pois dos 252 povos indígenas existentes no Brasil, na época do descobrimento, eram dois ou três que praticavam a poligamia. A grande maioria dos índios brasileiros eram monogâmicos e eles insistiam na questão da monogamia, de se dizer a verdade sempre, nunca mentir ou omitir, e diziam que Jesus tinha ensinado isso. Ele nos falou de Deus, então os índios do Rio de Janeiro, os Tupis e Guaianazes em São Paulo, chamavam o apóstolo Sumé como o Deus pequeno.



            Os jesuítas perguntaram porque ele era o Deus pequeno, e era respondido que ele veio para anunciar o Deus grande de quem ele era apóstolo. Então, Nosso Senhor era o Deus grande e Sumé era o Deus pequeno.



            Esse é um relato pré-histórico da presença cristã no Brasil. Os jesuítas começam a conjeturar, como Tomé pode ter vindo. Começam as teses, antíteses, discussões escolásticas, e um deles aventou que talvez São Tomé tenha sido mandado para cá ainda no tempo de vida dele, milagrosamente através de Nosso Senhor, inclusive como castigo por sua dúvida durante a ressurreição.



            Uma forte narrativa, pois coloca um apóstolo direto do Cristo em nosso país, catequisando os índios. Como se deu isso? Não tenho nenhuma conexão dessa missão de Tomé em nossa Terra, principalmente tendo a missão um caráter de castigo por ele ter duvidado da ressurreição de Nosso Senhor. Mas vou deixar a informação no aguardo de mais dados a favor ou contra que eu possa considerar ou desconsiderar o que está sendo dito aqui. Mas, existem os fatos...


Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/07/2022 às 00h01
 
23/07/2022 00h01
RAÍZES CATÓLICAS DO BRASIL – (05) HI BRASIL

            Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.



            Os jesuítas chegam aqui em 1549, junto com Tomé de Souza, governador Geral nomeado pelo rei de Portugal que vem entre os jesuítas aqui para o Brasil. Só que muito antes deles chegarem já havia aqui uma presença religiosa muito curiosa entre os indígenas. É aquilo que João Paulo II chama de Celina verb, sementes da verdade, e que podem estar presentes naqueles que vivem de boa vontade e de consciência reta.



            A ignorância pode eventualmente até salvar, dizem que é o oitavo sacramento, a Santa Ignorância, que acaba salvando, quando a ignorância é invencível. Quando é culposa é outra história.



            Já havia um relato dessas terras atlânticas na Idade Média. Se nós pegarmos as lendas de São Brandão, que era um monge irlandês que narrou algumas experiências místicas que ele teve que indica a existência de terras atlânticas a oeste que chama de Hi Brasile, ou Brazil, ou Hi Brasil. Ele usa essas três expressões para falar dessa ilha e é a tradução no dialeto que era falado pelos bárbaros na Irlanda, que nessa época ainda existiam bárbaros não catequisados. A influencia dos dialetos era muito grande, e Brasil significa Terra Afortunada, Terra Abençoada.



            São Brandão fala que existia uma ilha atlântica e dá as coordenadas geográficas de onde ela ficaria. Essas coordenadas geográficas coincidem com a nossa Terra de Santa Cruz. Muitos tratam como lenda essa narrativa de São Brandão, mas seus biógrafos não tratam como lenda e sim como experiências místicas e que Nosso Senhor manda que São Brandão estenda a capa dele. É um hábito monástico, que ele estenda sobre o mar e que navegasse sobre a própria capa e que foi conduzido a lugar que ainda não conhecia o nome de Nosso Senhor e ele deveria vir até esse lugar. São Brandão disse que viaja até a ilha fortunata, a Terra Fortunata. Ele diz o que havia aqui, o que fazer e como viver.



            Esta narrativa é importante pois fortalece a natureza espiritual do Brasil desde o seu descobrimento, antes da data oficial de 1500. A tradução de Brasil por Terra Abençoada é pouco conhecida. Eu mesmo nunca ouvi falar disso nos meus diversos anos de escola formal. Foi passado como realidade uma invasão de pessoas interesseiras que vieram roubar nossas riquezas e escravizar nossos índios. Acredito que a busca e a ênfase nos aspectos positivos dos descobridores, do que se estava falando da nossa Terra na Europa, de toda ênfase espiritual que estava presente nos ideais dos descobridores, poderia que daria ao nosso imaginário atual uma melhor robustez histórica e orgulho de pertencimento a tudo que ocorreu no passado e que temos a obrigações de conduzir no presente em direção ao futuro, isto é, manter a missão que espiritual que se abriu desde o início para a nossa Terra. Por isso é bem compreensível quando chegam informações do mundo espiritual dizendo que o Brasil será a pátria do Evangelho e o coração do mundo.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/07/2022 às 00h01
 
22/07/2022 00h01
RAÍZES CATÓLICAS DO BRASIL – (04) PRÉ-HISTÓRIA

            Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.



            Fui fazendo esse percurso da pesquisa histórica e descobri que, literalmente, eu descobri o Brasil. Descobri que o Brasil verdadeiro tem raízes muito sólidas, muito profundas, raízes católicas que depende a identidade atual do Brasil. Essa confusão que nós vivemos no campo político, no campo espiritual, no campo moral, em tudo isso se deve ao desconhecimento das raízes, da fundação daquilo que inspirou o Brasil.



            Quando nós falamos da História, falamos da pré-história e falamos da história antiga, média, moderna, contemporânea, e aqui vou fazer um pouco da pré-história do Brasil. A presença católica na história do Brasil, existe antes da chegada do Evangelho aqui. Mas como isso é possível?



            Sim, nós temos uma pré-história religiosa do Brasil e isso não pode ser negado. Essa pré-história religiosa do Brasil, onde está? Ela está nas cartas do padre Manoel da Nóbrega aos superiores da companhia de Jesus em Portugal.



            As cartas do padre Manoel da Nóbrega são preciosíssimas porque elas narram algumas noções e alguns conceitos que os indígenas já possuíam.



            Agora o mais curioso são alguns relatos que o padre Manoel da Nóbrega vai recolher dos indígenas. E isso foi algo assim não tão imediato a chegada dos portugueses, um pouco antes de 1500.



            Duarte Coelho que era um navegador português, chegou aqui ainda na década de 1490. Chega aqui, mas não foi notificado porque Portugal não tinha condições ainda de ter uma colonização. Em 1494 quando foi celebrado o Tratado de Tordesilhas. Dois anos após a descoberta da América, já estava previsto que Portugal teria direito à parte do território. Isso já era previsto, tem documentos anteriores a 1500 que são reportados, mas não é ainda declarado.



            Os espanhóis chegam ao território brasileiro antes dos portugueses. O primeiro território brasileiro a ser pisado pelos europeus foi o Cabo de Santo Agostinho. Foi alcançado lá em Pernambuco pelos espanhóis e não se chamava Cabo de Santo Agostinho. Ele foi batizado de Cabo de Santa Maria de la Consolacion, Nossa Senhora da Consolação. Mas depois acabou prevalecendo Santo Agostinho.



            Existem muitas narrativas sobre a descoberta do Brasil, do que acontecera antes de 1500. Formo o meu raciocínio com todas essas narrativas, procurando descartar o que é incoerente do ponto de vista dos fatos registrados. Mesmo assim, tem muitas variáveis e por enquanto vou colecionando narrativas para chegar a uma construção mais sólida da realidade do passado aplicado aos dias atuais.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/07/2022 às 00h01
 
21/07/2022 00h01
PARAÍSO DECENTE - Soneto

            Construí na minha mente



            Usando a imaginação



            E de Deus a permissão



            Um paraíso decente



           



            Nele a vida é com amor



            Sem nenhuma exclusão



            Não há nele excomunhão



            Mesmo alguém sentindo dor



 



            Nele todos são irmãos



            Do berço à tumba fria



            Como sinceros cristãos



 



            Mas, que tristeza que sinto



            Pois tudo que eu mais queria



            Era provar que não minto.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/07/2022 às 00h01
 
20/07/2022 00h01
A PESSOA MAIS POBRE

            Antonino era uma pessoa caridosa, procurava seguir o caminho reto que sua consciência, cheia de valores, apontava como importante.



            Colocava muita ênfase na caridade, havia aprendido em lições que recebeu por algum tempo que passou em Centro Espírita, que fora da caridade não há salvação.



            Ele se considerava, portanto, uma pessoa que por boa índole, já fazia caridade até naturalmente, mas sempre colocava no ato, racionalizações se estava sendo correto ou cometendo algum erro.



            Por exemplo, quando ele dirigia e chegava crianças pedindo uma ajuda, apesar dele ter as moedas que eram pedidas, ele ficava a pensar que aquela moeda poderia ir parar nos bolsos de algum adulto mau intencionado que colocara aquela criança para explorar a caridade das pessoas, fazendo um bom saldo no final do dia, do qual pouco a criança recebia. Ou então aquele pedinte estava querendo fazer saldo necessário para a compra de alguma droga que mantivesse o seu grau de dependência, de escravização àquela situação. Em ambos os casos a sua racionalização impedia o ato de caridade. Isso o deixava sempre em conflito consigo mesmo, pois aquela pessoa poderia ser um verdadeiro necessitado e ele ter feito uma injustiça com os seus princípios.



            Um dia ele resolveu colocar o seu poder de racionalização à prova, frente os atos de caridade. Juntou todas as moedas que poderia dar naquele dia num saquinho e saiu disposto a entregar todas para a pessoa que a sua lógica considerasse como a pessoa mais pobre.



            Saiu a pé para ter a oportunidade de fazer um raciocínio mais profundo daqueles que pediam alguma coisa. Viu crianças conduzidas no colo por seu pai ou mãe, mostrando suas necessidades; viu aleijados mostrando suas mazelas; viu adolescentes limpando para-brisas de carros e estendo a mão ou fazendo sinal para boca de que estava com fome; viu adultos procurando vender pipocas ou agua mineral com suas caixas de isopor encardidas... em tudo e todos eles colocava o mais alto grau de considerações racionais que pudesse classificar entre todas qual a pessoa mais pobre.



            Não tinha chegado a uma conclusão quando ouviu à distância uma pessoa pedindo votos num carro luxuoso encimado com um potente autofalante. Ele se aproximou e conseguiu ver uma pessoa bem vestida, com o microfone na mão. Reconheceu que era o governador do seu Estado que estava cercado de pessoas distribuindo os seus santinhos, adesivos e programa de governo. O candidato pedia os votos e garantia que iria fazer escolas, hospitais, dar bolsas de estudo, bolsas família, bolsa gás, casa própria, emprego, carro... as promessas saiam de sua boca acompanhadas por gestos vigorosos e de honestidade e de acusações aos seus adversários de todos adjetivos negativos que pudesse aplicar.



            Antonino passou a considerar o que aquela pessoa tão bem vestida, culta, inteligente e poderosa, estava ali, naquela praça a pedir votos a tantas pessoas bem mais humildes que ele, e que muitas das promessas que ele fazia jamais podia cumprir. Interessante é que em todas as pessoas necessitadas que ele viu e considerou até aquele momento, todas eram humildes e pediam a pessoas que aparentavam teriam mais posses. Mas essa pessoa era o inverso, ele tinha mais poder e condições financeiras e pedia a quem tinha menor condições o direito de administrar o dinheiro que todos pagavam, quer sejam ricos ou miseráveis. A simples moeda que um pedinte daqueles que ele viu, recebia de alguém, e ele fosse à padaria comprar um pão, parte desse valor terminaria caindo nos cofres do Estado que iria ser administrado pelo Governador.



            Antonino sabia que este Governador já era considerado rico, fez sua fortuna depois que assumiu o cargo e todos sabiam dos inúmeros processos de corrupção que ele era acusado. Mesmo assim continuava no afã de permanecer no cargo. Os seus desejos de alcançar cada vez mais poder, mais dinheiro, mais bens, era incontrolável.



            Antonino não teve mais dúvidas, ali estava a sua pessoa, a mais necessitada pois seus desejos de possuir era bem maior de que todos aqueles que viu... chegou perto do carro, estendeu a mão e entregou o saquinho de moedas ao político. Um assessor recebeu, olhou para dentro, viu as moedas, olhou para Antonino que se afastava, e coçou a cabeça sem entender.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/07/2022 às 00h01
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