Behemot, o monstro, obra-prima de Deus que o criou dentro de nós, se transforma numa espécie de paradoxo. Enquanto Deus espera que cada um de nós cumpra Sua vontade, ao agir com fraternidade com todos, o Behemot tende a agir com egoísmo, querendo tudo do bom e do melhor para o indivíduo no qual reside, sem se importar se prejudica ou não a terceiros.
Todos, ficamos assim nessa encruzilhada. Devemos respeitar o Behemot como obra-prima de Deus e que Ele o fez dentro de nós com o objetivo dele ser o guardião de nossas vidas. É nele que surgem os diversos instintos que velam consciente e inconscientemente por nossa sobrevivência. Sem ele não tínhamos sobrevivido desde a mais tenra idade¸ ou melhor, sem ele não teríamos tido a motivação de procurar o sexo oposto para a relação sexual e reprodução, formação da família e construção da responsabilidade com a prole. Como ele está focado na sobrevivência do indivíduo no qual reside, podemos concluir que todos, sofrendo a ação desse monstro, e não podendo eliminá-lo, pois isso implicaria na nossa própria destruição, devemos partir para a sua domesticação.
A domesticação do Behemot implica que desde a infância, sejamos ensinados, primeiro pelos pais e depois pela escola, a respeitar os direitos do próximo, a sermos ensinados que cada pessoa possui um monstro dentro de si semelhante ao nosso, e que se o meu monstro for exigir algo em meu benefício, mas que atropele os interesses dos monstros de quem está ao meu redor, isso irá causar reações negativas de ressentimentos, rejeição, isolamento, raiva, e até de agressividade com possibilidade de desenlace fatal.
Essa domesticação do Behemot é uma ação fundamental que devemos fazer dentro de nós e promover essa domesticação com relação ao Behemot dos outros. É um perigo enorme para a comunidade formada pelos seres humanos, a existência do Behemot selvagem dentro de cada pessoa. Principalmente porque, esse monstro sendo mantido na forma selvagem, irá desenvolver a mentira e a maledicência, para obter as vantagens pessoais e destruir as pessoas que considera como seus desafetos.
Com essa compreensão, concluo que a ação mais importante que devo fazer é observar o nosso interior, reconhecer o monstro que reside dentro de mim, o que ele faz de positivo pra mim sem prejudicar a ninguém, e evitar aquilo que é bom pra mim, mas que é ruim para o próximo. Foi essa a orientação que Sócrates deu há muito tempo, “Conhece-te a ti mesmo”. Foi esse o objetivo de Jesus quando veio materializado na figura humana para fazer a vontade do Pai nos ensinando a domesticar o Behemot. Ensinou que devemos fazer isso a partir do nosso próprio comportamento usando a ferramenta indispensável do Amor Incondicional.
Creio que em outras vivências que já tive ao longo do tempo da minha existência, eu tenha obtido um bom sucesso na domesticação desse Behemot, considerando-o uma ação do Criador dentro de nós e portanto um aspecto importante da Natureza onde em tudo está a presença de Deus. Não o senti tão selvagem em nenhum momento da minha vida. Sim, senti a sua força em muitos momentos, mas sempre consegui conduzi-lo sem prejudicar a ninguém. Tem três aspectos de sua força que vivo sempre a conter: a primeira é a preguiça que impede que eu tenha o desempenho que meu espírito poderia ter; a segunda é a gula que extrapola o meu peso ideal e me aproxima de doenças que eu poderia evitar; e o terceiro é a sexualidade e devido a essa força sou obrigado a morar sozinho para não viver em conflito com nenhuma companheira que tenha convivência comigo, mesmo sabendo que mesmo fazendo assim, elas não deixam de sofrer pelo fato de eu não dar a elas o amor exclusivo que o Behemot de cada uma delas exige e eu vá atender ao meu Behemot que usa o Amor Incondicional para se relacionar com quantas pessoas que Deus coloca em seu caminho e que com o uso da verdade e do livre arbítrio aplico o amor inclusivo.
Dessa forma eu considero que o meu Behemot está com um bom nível de domesticação, apesar de sentir que ele ainda tem muita força selvagem e que meu espírito em algumas ocasiões sofre horrores para manter o meu comportamento dentro dos critérios desejados pelo Pai, parecido um pouco com aquilo que Jesus sofreu no Getsemani, ao sentir a proximidade da morte e o Seu Behemot estrebuchava dentro dEle fazendo-O até suar sangue.
O nosso pensar obtém os dados perceptivos da realidade, quer sejam objetivos ou intuitivos, e firma diagnósticos que geralmente não são iguais uns aos outros. Existe uma tendência do psiquismo se agregar com o ritmo de pensamento da maioria no sentido de evitar conflitos ou obter vantagens.
Estou sempre entrando em conflito com os grupos nos quais convivo, pois percebo o pensamento deles e procuro desenvolver o meu com base na compreensão que faço dos dados perceptivos. Isso se torna para mim uma constante e até com as pessoas que convivo mais intimamente termino criando incompatibilidades, pois o que considero correto, com toda argumentação que posso dispor, é isso que vou seguir, mesmo que esteja frontalmente contra a opinião do meu interlocutor, parceiro, companheiro ou do grupo.
Tenho um exemplo simples dessa forma de pensar que parece ir de encontro ao pensamento de todos e até da cultura. É o que diz respeito ao calendário. Todos aparentemente consideram o início do século em 2001, e fiz a esse respeito alguns textos contestando isso. Veio agora à minha memória esse fato porque ao escrever sobre Jean Paul Sartre tive que citar a década que ele se referiu e precisei do auxílio do google para verificar alguns dados. Pois então fui ver que as tabelas das décadas estão todas com este mesmo erro, de acordo com o meu raciocínio. As décadas, séculos e milênios estão sempre considerando o início no ano 1 e o término no ano 0. Fui em busca do primeiro século da nossa era e está colocado da mesma forma, iniciou no ano 1 e terminou no ano 100. Isso significa uma coisa, o primeiro dia do ano está sendo considerado do ano que ainda vai se formar. A minha forma de pensar era que o primeiro dia do ano, era de um ano que ainda não existia, o ano zero. Então eu deveria registrar assim: 01-01-00 e não 01-01-01.
Vendo agora dessa forma, as duas opções em confronto, eu me vejo forçado a conduzir meu raciocínio por outro caminho. Todos consideram que o registro correto do primeiro dia do calendário seja 01-01-01, então todos devem ter a consciência que estão falando de dias e meses de um ano que ainda não foi formado. O ano só terá sido formado quando chegar em 31-12-01. Então eu passarei a construir um novo ano no meu calendário, 01-01-02, o segundo ano que começa em primeiro de janeiro. Esta é a lógica do pensamento atual de todos, segundo a cultura.
Por que então eu pensava de forma diferente? A minha lógica também não está errada. Ao escrever 01-01-00 eu estou dizendo que é o primeiro dia de um ano que ainda não existe. Observo agora um outro aspecto que fala contra a minha forma de raciocinar. Eu teria que escrever 01-00-00, pois também o mês não existe, seguindo a minha forma de pensar. Eu somente poderia colocar o mês quando fosse cumprido os dias dedicados a ele, 28, 29, 30 ou 31, por exemplo, 31-01-00... e dessa forma quando eu cumprisse todos os dias do ano poderia datar assim: 31-12-01.
Vendo agora o meu raciocínio por este novo ângulo, vejo que é bem mais prático a forma que é empregada na atualidade. A minha maneira é mais complicada. Devo apenas ter a compreensão que estou falando de dias e meses de um ano que está citado, mas que não foi ainda concluído. Na minha compreensão o ano já estava concluindo e eu estava citando dias e meses do outro ano. Essa compreensão é fundamental para justificar uma nova forma de raciocínio sem perder a coerência, sem ser uma Maria-vai-com-as-outras, agindo sem ter as devidas justificativas racionais.
Esta será uma boa forma de indagar e verificar como está o raciocínio das pessoas quanto a lógica do que acreditam ou defendem.
Depois de ter considerado um pouco do trabalho do filósofo Jean Paul Sartre, vou considerar agora um trecho da biografia do santo de Assis, Francisco, sobre a oração e pregação, tema bastante distante um do outro.
Francisco, o servo verdadeiramente fiel e ministro de Cristo, para realizar tudo com fidelidade e perfeição, aplicava-se especialmente aos exercícios das virtudes que – estando o Espírito Santo a ditar-lhe – sabia que mais agradava ao seu Deus. A este respeito aconteceu que ele caiu em grande agonia por causa de uma dúvida que durante muitos dias, ao voltar da oração, propunha aos seus irmãos mais íntimos para resolver. Disse: “Irmãos, o que aconselhais, o que louvais? Se eu me dedicar a oração ou se percorrer as cidades a pregar? Na verdade, eu, pobrezinho, simples e imperito no falar, recebi maior dom de rezar do que de falar. Parece-me também que na oração há a conquista e acúmulo das graças, na pregação há uma certa distribuição dos dons recebidos do céu; na oração, também há a purificação dos afetos interiores e a união com o único e sumo bem com revigoramento da virtude; na pregação, os pés espirituais ficam empoeirados, há a distração para com muitas coisas e o relaxamento da disciplina. Finalmente, na oração, falamos e ouvimos a Deus e, levando vida quase angelical, convivemos com os anjos; na pregação, é preciso usar de muita condescendência para com os homens e, vivendo humanamente entre eles, pensar, ver, dizer e ouvir coisas humanas. Mas há uma coisa em contrário que parece preponderar a todas estas coisas diante de Deus, a saber, que o Unigênito filho de Deus, que é a suprema sabedoria, desceu do seio do Pai por causa da salvação das almas, para que, modelando o mundo com o seu exemplo, pudesse falar a palavra da salvação aos homens que remiu com o preço, purificou com a aspersão e sustentou com a bebida de seu sagrado sangue, não reservando para si absolutamente nada que não desse generosamente para a nossa salvação. E porque devemos fazer tudo segundo o modelo das coisas que vemos nEle como em um monte sublime, parece mais agradável a Deus que, interrompida a quietude, eu venha para fora ao trabalho. – E como por muitos dias ruminasse tais palavras com os irmãos, não conseguia perceber com toda a certeza qual destas duas coisas escolheria para si como mais aceita por Cristo. Embora conhecesse coisas admiráveis pelo Espírito de Profecia, não conseguia por si mesmo resolver esta questão, de modo que, provendo Deus melhor, por um oráculo do alto se lhe manifestava o mérito da pregação e se conservava a humildade do servo de Cristo.
Esse dilema para São Francisco tão forte, para mim assim não parece. Primeiro por não ter como ele a vocação e determinação de estar sempre em oração. Muitas vezes esqueço de fazer as orações básicas, ao dormir e ao despertar, como sempre oriento a quem considero com essa necessidade. Eu também tenho essa necessidade, sinto que muitas virtudes em mim seriam mais adubadas e arrefecido o poder dos vícios e defeitos. Por isso não tenho essa dificuldade em fazer outra coisa além da oração, e que também seja útil aos olhos de Deus.
Segundo, a pregação para mim se torna mais fácil, pois já tenho argumentos acadêmicos que posso usar em diferentes situações, e também conhecimentos espirituais de diversas fontes. O que preciso controlar são os aspectos emocionais que muitas vezes interferem com o meu ritmo de raciocínio e a coragem de atuar. Nesse aspecto a prece pode até ajudar a aperfeiçoar a outra ponte de ação, de acordo com a vontade do Pai.
Procurarei mais uma vez aperfeiçoar o habito da oração, é um caminho diferente do de São Francisco, pois esse tinha necessidade de aperfeiçoar o seu ato de pregação. Mas assim como ele foi ajudado por Deus em seus propósitos, com certeza Deus também irá me ajudar em meus propósitos, pois afinal, tudo concorre para fazer a Sua vontade.
Jean Paul Sartre desenvolveu uma conceituação de ateísmo para justificar o seu pensamento. Inicialmente pensava numa forma de “ateísmo idealista”, um tipo de ausência de uma ideia, uma ideia de Deus. O ateísmo idealista é difícil de explicar. Quando se diz, “Deus não existe”, é como se tivesse tentando desfazer uma ideia que já está no mundo, e tivesse colocado em seu lugar um nada espiritual. Ele observava que a ideia de Deus era frustrada dentre todas as outras ideias. Era um tipo de ateísmo por omissão, simplesmente por não considerar a ideia de Deus, que certamente continuava a vir em sua mente.
Desenvolveu então, o “ateísmo materialista” que é a postura de ver o universo sem Deus. Parece ser mais uma consequência do “ateísmo idealista”, pois se eu recuso considerar a ideia de Deus que vem na minha mente, o próximo passo é tentar ver o universo sem Ele. Imagina que o ser humano é deixado nas coisas e que não é eliminado das coisas por uma consciência divina que as contemplaria e as faria existir. O filósofo força o raciocínio para não considerar Deus, usando tanto a omissão quanto a ação do pensamento.
Ele faz uma revisão histórica no seu pensamento. Diz que houve um tempo em que era normal (quer dizer, a norma, a maioria das pessoas) crer em Deus, e cita o exemplo do século XVII. Talvez por se desenvolver nesse século a Reforma Protestante num contraponto com a Revolução Científica.
Faz essa digressão para considerar a maneira do viver atual em sua época, o modo pelo qual se toma consciência da própria consciência e dessa forma Deus escapa, não há percepção nem intuição do divino. Dessa forma pensa que, no momento no qual ele vive, a noção de Deus se torna anacrônica, sem alinhamento, consonância com o tempo. Justifica isso por sentir algo de caduco, de ultrapassado nas pessoas que lhe falaram de Deus acreditando nisso. “Não tenho necessidade de Deus para amar o meu próximo”, defendia ele.
Posso usar o meu pensamento da mesma forma que Sartre usou o dele e chegar com as mesmas observações a conclusões diferentes. Considerando a linha do tempo e a perspectiva intelectual do filósofo, vejo no momento atual, século XXI, que a ideia de Deus no seio da natureza é uma constante que atinge a minha percepção e intuição. Quando escuto pessoas falarem que Deus não existe, essa energia criadora que perpassa a tudo com extrema sabedoria, poder e integração, sinto nisso uma forma de ignorância alicerçada em preconceitos mal concebidos. É aí que vejo o anacronismo dessa ideia de um mundo sem Deus. Se desde a nossa mais remota existência, desde os tempos das cavernas, nós tínhamos a intuição de um Deus que identificávamos das mais diversas formas, raios, chuvas, animais, ídolos, etc.; perder esse sentimento da existência de Deus por forçar um ateísmo idealista ou materialista, é o que parece ser mais anacrônico.
Quando ele diz “não tenho necessidade de Deus para amar o meu próximo”, fico a imaginar se isso não é um erro do filósofo, se essa tendência dele amar ao próximo acima dos interesses egoístas, não seria aí uma expressão da semente divina que perpassa a matéria? Será que, sem essa semente, o filósofo se livraria dessa força materialista que o fazia ter diversas amantes, fora do contexto da época, mas que usava com todas a verdade de suas intenções? Felizmente a ideia de Deus ainda é norma na humanidade, mesmo que ainda não exista a devida compreensão da Sua natureza.
Este é um campo que merece estudos mais aprofundados e que neste pequeno espaço de um diário não seria possível. Certamente voltarei a esse tema em outros momentos.
Este é o título de um livro interessante para o projeto de vida que desenvolvo, baseado na aplicação do Amor Incondicional dentro dos meus mais diversos relacionamentos, principalmente os afetivos. Trata da relação de Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, que são considerados o casal mais bem sucedido do universo intelectual. Os dois se conheceram ainda jovens e a afinidade intelectual aliada ao desejo sexual, companheirismo e cumplicidade, os tornaram parceiros da vida toda. Sartre morreu aos 75 anos, em 1980, e Simone, seis anos depois, aos 78 anos, talvez por saudade, por viver uma vida agora sem sentido, sem a presença do seu companheiro.
Ela escreveu “A cerimônia do adeus” para homenagear Sartre. O livro tem duas partes. Na primeira ela comenta os últimos dez anos de convívio com ele, de 1970 a 1980. Na segunda, publica de forma contínua uma série de entrevistas que fez com ele, entre o verão e o outono de 1974. A dedicatória desse livro de Simone é para aqueles “que amaram Sartre, que o amam, que o amarão”. O livro foi publicado em 1981, um ano após a morte do filósofo
O que interessa mais nesse livro são os momentos em que Sartre fala de Deus, de genialidade, de suas mil e uma amantes, seus amigos e inimigos, da liberdade, de livros, viagens, cidades, política. A entrevista com o filósofo é uma conversa interessante até hoje, instigada pela inteligência e a profunda entrega de Simone, que faz na sua descrição, Sartre desenhar seu mundo e a maneira como ele o via, com toda sua carga de leitura e de vivência da cultura.
“A cerimônia do adeus” vale pelo testemunho de uma mulher apaixonada, que via o amor como uma coisa burguesa e, por isso, teve de dominar e direcionar seus sentimentos de outro jeito. Mas era amor o que ela sentia. A recíproca talvez fosse verdadeira. Eles seguiam a máxima do existencialismo “se você me ama, não me ame”, com a pretensão de sempre deixar um ao outro livre.
O pensamento de Sartre chega bem próximo do meu, porém com diferenças marcantes. Primeiro, ele teve mais sorte do que eu tive até agora. Ele encontrou uma companheira que pensava de forma equilibrada com ele, que conseguiu dominar seus sentimentos para se ajustar aos pensamentos dele. Até hoje, nenhuma das minhas diversas companheiras conseguiu essa façanha, apesar de conhecerem os meus pensamentos e tentarem se ajustar a eles.
O segundo e o mais diferente é a forma de conceituar e praticar o amor. É como se fosse algo nocivo... “Se você me ama, não me ame”. O amor era encarado como uma coisa burguesa, uma algema que prende a liberdade. Nada mais distante do que a minha conceituação do amor, mesmo que se aproxime na qualidade da prática.
A minha conceituação do Amor Incondicional como o protótipo mais próximo do que devemos entender como amor, se afasta do sentimento que o filósofo tinha do amor, bem mais próximo do amor romântico, aquele que é cheio de grilhões, de correntes, de armadilhas, de exclusivismo.
Para Sartre, autor do existencialismo, sua máxima pode ser “se você me ama, não me ame”, como forma de garantir a sua liberdade, mas para mim, discípulo do Cristo e praticante do Amor Incondicional, como forma mais profunda de viver a minha existência compartilhada com o próximo, principalmente aquele próximo mais próximo, a minha máxima sempre será: “se você me ama, ame com a mesma intensidade todos aqueles que me amam”. Também assim não perco a minha liberdade.
Comparando as duas máximas, posso ver aquela defendida por Sartre como um tipo de paradoxo: “se você me ama, não me ame”. Uma premissa anula a outra, pois se eu cumpro a segunda a primeira deixa de existir. O amor deixa de existir. O existencialismo do filósofo se torna vazio de amor. E como ele justifica ter tantas amantes? Relações sem amor? Puro instinto sexual, animal? O filósofo não se degrada tanto se assim funcionar?
Enquanto, por outro lado, a minha premissa reforça o amor: “se você me ama, ame a quem me ama”. Se a segunda premissa se cumpre, o amor a mim dedicado se torna maior, potencializado por cada pessoa que entra nesse círculo do amor. A minha existência se torna repleta de amor, tanto dirigido a mim como dirigido a toda pessoa que por mim desenvolve amor. Não é uma forma mais rica de viver a existência?