Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
UNIVERSIDADE DA VIRGÍNIA, CHARLOTTESVILLE, VIRGÍNIA
Divisão de Estudos Perceptivos – Universidade da Virgínia.
- Logo antes de morrer, eu estava de pé. Sei que falam sobre flutuar e estar acima do corpo. Eu não tive isso. É como se eu estivesse nos dois lugares ao mesmo tempo. Parte estava no corpo e parte estava fora, no espaço.
A maioria das pessoas compartilha as experiências conosco porque tem dificuldade de entende-las. Não fazem sentido em termos de ciência ou de orientação religiosa, e elas buscam uma forma de compreensão.
- Eu só gostaria de saber um pouco mais sobre a mecânica e saber se há algum padrão em pessoas que tiveram essas experiências.
- Algumas coisas que você me disse são muito comuns, e outras não. Francamente, as premonições que vieram antes não são comuns. É mais comum ter essas premonições depois da experiência.
O mais interessante no relato de Stephanie foram as premonições, meses antes, de que ela ia morrer. E não era imaginação. Eram coisas que ela não podia negar. Há muitas coisas acontecendo ao nosso redor que nós bloqueamos. O cérebro filtra as coisa que não nos ajudam a viver neste mundo. E quando uma experiência de quase-morte acontece, isso abre o filtro. A porta foi aberta pra você. E, quando abre, é difícil fechar.
- minhas visões e premonições ficaram mais intensas desde a minha experiência de quase-morte. Acho que é uma bênção. Mas, espiritualmente, é um desafio, porque vejo coisas que as pessoas não veem. A maioria das visões que tenho é de estranhos. Pessoas que vejo por aí. Sinto que vou enfartar. Mas sei que não sou eu. Todos são capazes de pressentir as coisas, especialmente o perigo. Mas não levamos a sério. O que sugere aos que sentam nesta cadeira e relatam experiências de quase-morte? O que aconselha?
- Vou dizer o que aprendi com as milhares de pessoas que se sentaram aí e falaram comigo. E o que parece mais reconfortante para elas é saber que não estão sozinhas. Muitos tiveram essas experiências. E, já que não entendemos, podemos ao menos ter fé de que há um propósito. Não é preciso estar no controle, porque, de fato, não estamos. Outra coisa está.
- Obrigada.
Eu era mais descontraída antes de tudo isso acontecer. Eu ria mais. E não levava as coisas tão a sério. Acho que o Jonathan sente falta disso. Acho que vou fazer perguntas até o dia em que morrer. De novo.
As pessoas que passam por tais experiências de quase-morte ficam impactadas e procuram uma explicação para o que está acontecendo. O meu trabalho como professor universitário e coordenador de uma disciplina que aborda a questão, “Medicina, Saúde e Espiritualidade”, procura preparar antecipadamente os alunos de diversos cursos, interessados no tema, e que se matriculam optativamente. A aula que dou, a primeira aula teórica, tem o título de “Anatomia Multidimensional. Tem o objetivo de mostrar os sete corpos que possuímos, o primeiro, o material, bem estudado pela academia e sem problemas de compreensão de sua existência material para todos os alunos. Os outros seis são bem estudados pelas escolas Ioga e Rosacruz, estão dentro do mundo transcendental e formam a base conceitual para compreendermos como se dá esse deslocamento da consciência que ocupa o corpo que existe na dimensão material para a dimensão espiritual. Quando alguém chegar para eles com tais relatos de quase-morte, todos terão uma boa compreensão de como é essa mecânica que Stephanie tanto procura.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
CHICAGO
- Quando alguém sobrevive a algo tão catastrófico como a morte, surge um buraco na sua alma. Por dentro se sente desmoronando e se pergunta, qual o sentido disso? Quando as pessoas falam dessa experiência dizem que é algo agradável. Mas não foi o meu caso. Quando conheci o meu marido, Jonathan, nós queríamos ter filhos. Tivemos nossa primeira, Adina. Sem problemas nem complicações. Ela nasceu e voltei ao trabalho oito dias depois. O segundo foi após sete rodadas de fertilização in vitro. E tudo correu bem até o ultrassom de 20 semanas. Fizeram o exame e disseram: “Você está com placenta prévia.” Jonathan, meu marido, estava lá. Eu disse: “Não sei o que é isso, mas tenho um mau pressentimento.” E aí fui pesquisar no Google. Placenta prévia pode se tornar acreta, que é quando a placenta se adere ao útero. Isso pode levar a uma hemorragia, e se isso acontecer, você e o bebê podem morrer. Eu me sentei e disse: “Isso vai acontecer conosco. A diferença é que o bebê vai sobreviver. (Stephanie Arnold)
E o que você pensou?
- Que era uma história típica de gravidez. Embora eu não tenha dito isso. Eu me tornei piloto da Força Aérea, fiz doutorado em economia. Dados são essenciais para mim. Eu brinco que não complico as coisas com palavras e sentimentos, me atenho aos dados. E não tínhamos dados empíricos, então tive a típica reação do marido. Mas fingi que era ciência, então pareceu mais sofisticado. (Jonathan Arnold)
- Era muito difícil expressar meus sentimentos, sobre esse pressentimento sem ter algo palpável para mostrar. Eu disse ao Jonathan: “Não sei o que dizer além do fato de que tenho uma intensa sensação de que algo ruim vai acontecer.” Se alguém me visse no Starbucks e perguntasse da gravidez, eu literalmente dizia: “Vou morrer.” E as premonições continuaram. Eu estava andando no parque. Vi uma fonte seca. Imaginei que a água fluindo da fonte, de repente, virou sangue. E senti meu corpo sangrar. Disse ao Jonathan: “Vá ao pronto-socorro.” Ele estava desesperado. Os médicos me examinaram e disseram: “Não, você está bem.” O Jonathan disse: “Alarme falso.” Mas para mim era mais um aviso. (Stephanie Arnold)
- Eu já tive outras pacientes preocupadas, mas eu diria que Stephanie foi a primeira que disse: “Estou tendo visões nítidas que estão me assustando muito.” Eu tentei validar o medo dela, mas o meu papel é manter a calma. Então, eu estava preocupada, mas não estava em pânico. (Julie Levitt, MD, Obstetrics e Ginecology)
- No dia em que entrei em trabalho de parto, eu estava dando café da manhã para Adina. De repente, havia sangue por todo lado. Disse para a babá: “Vamos para o carro.” Ela foi para o banco do motorista. Eu disse: “Saia. Eu dirijo.” E ela: “Está louca? Está sangrando.” E eu: “Não previ morrer em um acidente de carro.” O Jonathan estava em Nova York a trabalho. (Stephanie Arnold).
- Minha esposa disse que estava indo ao hospital e que eu tinha que correr para Chicago. (Jonathan Arnold)
- Eu sabia que era o dia em que eu ia morrer. A última mensagem que mandei para o Jonathan foi: “Você me fez a mulher mais feliz do mundo. Por favor, cuide do bebê.” Me levaram para a sala onde eu daria a vida ao Jacob e perderia a minha. Puseram uma cortina no meu rosto e me prepararam para a cesariana. Jacob nasceu. Ele estava saudável, feliz. Segundos depois, eu morri. Tudo virou um filme 3D, e eu conseguia ver de fora do meu corpo. Meu ponto de vista estava acima e ao lado do meu corpo, e eu via toda a sala de cirurgia. Vi o anestesista perto dos meus pés. Vi qual enfermeira tentou me reanimar. Nesta outra dimensão, as relações espaciais se alteram. Não tem teto. Não tem paredes. Tudo fica se movendo em várias direções. Vi minha filha em outra parte do hospital com a nossa babá. Vi o que o meu marido vestia quando saiu do avião. E vi espíritos por toda parte. Minha avó, que faleceu quando eu tinha dez anos. O irmão da minha mãe também apareceu. A última coisa que ouvi foi Julie, Dra. Levitt, dizendo: “Isso não pode estar acontecendo.” (Stephanie Arnold)
- A situação era muito grave. Stephanie teve uma embolia por líquido amniótico. Muitos pacientes morrem deste distúrbio porque sofrem hemorragia. E eu, com as mãos sobre o peito, de luvas, olhei ara cima e disse, quase sussurrando: “Isso não pode estar acontecendo.” Ela tinha avisado. Ela sabia que isso ia acontecer. (Dra. Julie Levitt)
- Depois que ouvi a Dra. Levitt, senti um puxão no meu estômago e voltei para o corpo. Fiquei morta por 37 segundos. Passei sete dias em coma induzido. Tive insuficiência renal. Tive que reaprender a andar. E reaprender a falar. Levei muito tempo para me recuperar fisicamente. Quando estava morta, eu sabia que algo extraordinário tinha acontecido. Mas recorri às pessoas presentes naquele dia para me certificar. (Stephanie Arnold)
- A Stephanie e eu nos encontramos para conversar naquele dia. Eu quase não conseguia respirar. Não tinha como ela saber quem estava do lado esquerdo, quem estava à direita, o que eu e os outros disseram na sala de cirurgia. Isso me fez acreditar em mais do que aquilo que conhecemos como arte e ciência. Minha mente médica agora concebe um lugar mais espiritual, algo que não acontecia no passado. Foi uma lição muito real naquele dia. (Dra. Julie Levitt)
- Todos os médicos falaram: “Não tenho uma explicação médica para experiências de quase-morte ou para premonições.” Mas eu as considero um conhecimento que veio de algum lugar. (Stephanie Arnold)
- Não sou dos que acreditam piamente. Mas sei que algo está acontecendo aqui, uma dimensão extra de conhecimento ou cognição que minha esposa tem. Então eu acredito que ela sabia. (Jonathan Arnold)
- Teria sido tão mais fácil passar os três meses anteriores àquele dia se ele tivesse dito isso. Quem eu mais esperava que acreditasse em mim, não acreditou. A pessoa mais importante. Todos podiam me chamar de louca, estressada e tudo mais, menos a pessoa que eu precisava que me protegesse. E foi difícil. (Stephanie Arnold)
- Todos nós, que somos pesquisadores ou cientistas, professores, acadêmicos etc, pesquisamos porque não sabemos tudo. E isso me mostra que existe Deus, ou espíritos, ou algum sentido que temos que ainda não foi identificado. Há algo assim que operou aqui. (Jonathan Arnold).
Este é um relato bem esclarecedor para essas três pessoas: a paciente, o marido e a médica. Todos os três eram céticos com relação a existência de uma dimensão transcendental onde a consciência pode se transportar após a morte do corpo físico. A primeira pessoa que percebeu a situação foi a própria paciente, inicialmente com os sintomas premonitórios, o que não é muito comum. Mas, se aceitamos uma dimensão espiritual onde pode haver ações inteligentes, então é possível o fenômeno da premonição associado a outros que ainda desconhecemos. A segunda pessoa foi a médica que acompanhou o processo, teve conhecimento das premonições e não conseguia entender o relato da paciente, do que aconteceu na sala de cirurgia quando ela estava clinicamente morta. Foi esse impasse que fez a médica rever seus paradigmas e agora aceitar a existência de uma dimensão que antes não existia para ela. O mesmo aconteceu comigo, não foi com uma paciente, mas com livros de autores sérios, de perfil científico, que me mostraram sem duvidas, toda a lógica do que estava acontecendo. Também mudei meus paradigmas e hoje aceito o mundo transcendental, não como fé, mas como parte da natureza. A última pessoa que transformou o modo de pensar foi o marido. Era ele que precisava dar apoio à esposa nos momentos de gravidez com todos aqueles sintomas de premonição. Felizmente ele mudou o modo de pensar e com certeza, se outro momento igual a esse acontecer com qualquer pessoa, ele estará pronto para entender e melhor ajudar.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
Houve várias explicações médicas que foram propostas para explicar o que causa experiências de quase-morte.
- Sou a favor disso. Sou médico, quero entender a causa. Infelizmente, acho que nenhuma das explicações que temos nos ajuda muito a entender as coisas. Alguns disseram que drogas dadas as pessoas à beira da morte podem causar essas experiências. E descobrimos que, quando menos drogas administradas, maior a chance de haver uma experiência de quase-morte. As drogas tendem a inibir a experiência em vez de causa-la. As pessoas também sugerem a falta de oxigênio no cérebro. Isso é interessante porque, não importa como chegue perto da morte, a falta de oxigênio no cérebro é o fator comum. No entanto, sabemos através décadas de pesquisa, o que acontece quando há falta de oxigênio. As pessoas ficam assustadas, agressivas, apavoradas com o que está acontecendo. Muito diferente da calma, constância e quase alegria de uma experiência de quase-morte. (Bruce Greyson, MD, Prof. Emeritus, Psiquiatria e Cientista Neurocomportamental)
Sou confrontado frequentemente por pessoas que dizem: “Ele teve uma parada cardíaca. Uma parte do cérebro estava funcionando, mas vocês não perceberam.” Mas isso mostra que não entendem o que é a consciência. Não é possível manter a consciência a menos que tenha um cérebro altamente organizado. Acredite, quando o cérebro perde oxigênio, ele não se organiza sozinho. Quando o coração para, dentro de uns 20 segundos, o EEG fica plano, cessando a atividade cerebral. Mesmo assim, muitos têm experiências de quase-morte tendo EEG plano por mais tempo.
Um dos casos mais divulgados foi o de Pam Reynolds, que teve um aneurisma, que é uma dilatação de um vaso sanguíneo na base do cérebro. Era tão grande que, se ele se rompesse, a mataria na hora.
- O máximo que podiam fazer por mim era tentar um processo cirúrgico que envolvia a parada do coração, a redução da temperatura corporal e o esvaziamento do sangue do corpo para reduzir o aneurisma. (Pam Reynolds, 2005).
Ela ficou sem sangue no cérebro por cerca de uma hora. As ondas cerebrais no EEG ficaram totalmente planas. Significava que não havia atividade cerebral. Ou seja, não devia ter função cerebral durante esse tempo. Mas ela relatou uma alegre experiência de quase-morte na qual viu e ouviu coisas acontecendo na sala de cirurgia que não tinha como ouvir e ver.
- Era como se eu estivesse vendo do ombro do cirurgião. E eu estava livre para me mover à vontade. Embora soubesse o que estavam fazendo, que eu era aquela coisa deitada na mesa. (Pam Reynolds, 2005).
Os olhos dela ficaram fechados na cirurgia. E ela tinha abafadores nos ouvidos. Mas ela descreveu as ferramentas que foram usadas para cerrar o crânio dela. Algo que ela não viu antes ou depois.
- Eu vi nas mãos do Dr. Spetzler, um instrumento que me lembrou, de forma suspeita, de uma escova de dente elétrica. Tinha um estojo muito perto com umas brocas que parecia... o estojo onde meu pai guardava umas chaves soquete. (Pam Reynolds, 2005).
O neurocirurgião disse que não entende como isso aconteceu.
- Se alguém me pedisse para descrever como era a broca Midas Rex, eu diria que parecia uma escova de dente elétrica. E descrever como se fosse um conjunto de chaves soquete é muito apropriado. A habilidade dela de descrever o que aconteceu durante a cirurgia é inconcebível para mim, considerando o estado em que estava. Pam Reynolds estava morta. (Robert Spetzler, MD, 2005).
Isso contesta a ideia de que nossa consciência, nossa mente, é criada pelo cérebro, porque o dela não estava funcionando. E ela teve a experiência mais vívida da vida dela.
Como as pessoas podem ficar conscientes quando estão inconscientes? É um paradoxo. É ridículo. Mas na verdade, isso é o que os dados parecem provar cada vez mais. Bem, isso, é claro, terá alguma importância para nossas ideias sobre a morte. Quero dizer, será possível que haja consciência quando morremos?
A procura de uma explicação médica, materialista, do que acontece com a consciência na experiência quase-morte não é satisfatória ou não existe. Feita essa constatação de que o evento é melhor explicado do ponto de vista espiritual, é mais lógico que nos desdobremos nos estudos de como essa mecânica acontece e assim possamos interagir aqui e lá com mais ciência e menos preconceitos.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
- Minha experiência começou numa quarta à noite. No dia seguinte era o Dia de Ação de Graças. Estávamos instalando cabos elétricos nos postes com um caminhão com cesto aéreo. Pensamos que seria mais rápido se eu ficasse no cesto, e ele manobrasse o caminhão de poste em poste. Bati na lateral do cesto e quebrei as costelas do lado direito. Fui parar no Pronto-Socorro. Me deram um remédio para dor que tinha algum componente anti-inflamatório ao qual sou alérgico. Então, meus pulmões pararam de funcionar, parei de respirar e tive um infarto. Tinha um túnel, mas não da forma como normalmente é descrito. Eu meio que caí nele. Só vi cores ao meu redor, às quais me integrei completamente. Eu ouvia as cores falando comigo. Milhões de vozes. Conversando. Quando olhei para baixo eu vi o oceano. E aí notei um homem com água até os joelhos. De repente ele se virou e... maior surpresa da minha morte, da minha nova vida, foi que o homem era o meu pai. Eu e meu pai tivemos uma relação muito difícil. Não nos abraçávamos. Então, quando ele morreu, senti remorso e me arrependi do fato de nunca termos dito que nos amávamos. Eu olhei para ele naquele espaço e disse: “Meu Deus. É a minha oportunidade. A chance de fazer as pazes com meu pai.” Algo que não pude fazer em vida. Então, nos abraçamos. E dissemos que nos amávamos. Isso mudou a minha vida de muitas formas. Saber que ele se importava. Que ele me amava. Ele me abraçou, depois me soltou e olhou para mim. Ele disse: “José você precisa voltar.” Eu pensei: “Está brincando? Eu gosto daqui. É ótimo. Não quero voltar.” E ele me disse: “Não, você precisa voltar.” Embora eu não quisesse, chegamos a um tipo de acordo. Concordamos que na minha hora, ele viria me buscar, e eu disse: “Parece um bom negócio. Aceito.” E eu voltei. Senti que estava sendo puxado e voltei para meu corpo. Quando eu encontrei o meu pai do outro lado, eu percebi que as vezes não conseguimos dizer algo aqui, mas teremos essa oportunidade em outro lugar. Ter essa oportunidade realmente curou o meu espírito. Antes eu estava só passando pela vida. Não estava vivendo. Não estava vivo. Obrigado (aplausos).
São relatos de forte impacto como este que nos leva obrigatoriamente a refletirmos sobre a vida depois do corpo físico. Não é possível que todas as pessoas que dizem relatos parecidos estejam todos enganados ou mentindo. Mesmo porque isso parece fazer conexão com todos os eventos registrados na história, quando na nossa própria história do Brasil, seres da dimensão espiritual dão o toque necessário para que nossa caminhada não se perca em direção a meta divina, mesmo que exista no caminho tantos obstáculos, de pessoas ignorantes e que se guiam pelos instintos materiais em busca de poder e riqueza, tudo efêmero. É mais inteligente que nós façamos as devidas conecções racionais, aprendamos e entendamos sobre nossa história, sem preconceitos ou falsas narrativas, e aperfeiçoemos nossa caminhada em direção ao Criador.
Somos formados de uma combinação entre o Espírito, criação direta de Deus, com o corpo animal, criação indireta de Deus. O processo evolutivo ocorre para ambos. Para o corpo material, que se originou nos mares primitivos na forma de seres unicelulares, coacervados, adquirindo experiência e complexidade, até alcançar o nível humano, capaz de reconhecer a própria existência e as leis morais que vêm do Criador. Por outro lado, a evolução do Espírito, criado simples e ignorante, necessita da experiência da evolução material para adquirir os conhecimentos capazes de compreender as leis morais e agir com ética frente as diversas oportunidades que surgem no plano da vida.
Então, compreendo esse processo evolutivo em duas dimensões bem coordenado pelas principais escolas espirituais que defendem o amor como a essência do Criador. Meu Espírito estar gerenciando este corpo animal, cheio de fortes instintos em busca do prazer e melhora das estratégias de sobrevivência, tanto na acumulação de alimentos, drogas recreativas, dinheiro, poder e sexo. A vontade de Deus conforme ensinado por Jesus, é que construamos a família universal como pré-requisito para a construção do Reino de Deus aqui na Terra. Por ter assimilado esta lição, procurei praticar o amor incondicional, o mais próximo que existe da essência de Deus e passei a agir com o meu próximo com a bússola comportamental que o Mestre ensinou: “Fazer ao próximo aquilo que desejo ser feito comigo” ou o seu inverso, “Não fazer ao próximo aquilo que não desejo ser feito comigo”.
Com esta nova compreensão da lei de Deus, mudei meus paradigmas e construí uma nova narrativa, incompatível com o casamento tradicional que defende a exclusividade do amor. Passei a desenvolver uma relação de amor inclusivo que, verificando a ética de não ferir o amor incondicional, e podendo ser aplicado a bússola comportamental, nenhum preconceito poderia impedir o meu novo comportamento, que favorecia a família universal e o Reino de Deus. Para iniciar esta caminhada com este novo atributo cognitivo, me armei de coragem para enfrentar os diversos obstáculos que iria ter à minha frente, principalmente com as companheiras com as quais houvesse oportunidade sexual.
Em um só corpo e mente existe o instinto animal e o raciocínio espiritual. Sabendo da minha missão em construir a família universal / Reino de Deus, observo que não posso restringir o impulso sexual que é fundamental para a aproximação homem/mulher, geração de filhos e formação da família. Mas tudo isso sem perder a ética divina.
Dessa forma chego a agir com atitudes que ferem frontalmente os valores culturais que a sociedade ocidental defende. Não vou publicar que tenho tais atitudes, nem mesmo neste espaço. Tenho que colocar na caixa preta com a etiqueta de omissão, esperando que um dia a compreensão humana chegue ao ponto de considerar como ato normal dentro da vontade de Deus. É o mesmo procedimento que Jesus teve quando achou por bem omitir determinados ensinamentos, pois as ovelhas ainda não estavam preparadas para assimilá-los, e ele podia muito bem deixar a perder todos os demais ensinamentos que estavam sendo compreendidos.
Agora, quando tal comportamento é descoberto e vem a público, não posso usar a mentira ou falsas narrativas para negá-los. Eu me sentiria como o Pedro negando o Cristo, se eu negasse a Verdade. Devo assumir o ônus do que fiz explicando os motivos para quem tem ouvidos para ouvir. Mesmo que eu seja punido por tal comportamento, não terei comigo qualquer arrependimento, sentindo que estou sintonizado com o Pai no que estou fazendo, e que isso será mais um atributo a ser praticado na vigência do Reino de Deus que também procuro colaborar com sua construção na nossa realidade material.