Cientistas, modernistas, maçons, políticos, e agora, até boa parte do clero imaginam que possam construir uma sociedade semelhante ao Reino de Deus que Jesus anunciava e ensinava como construir.
Chegamos realmente a construir a Cristandade, os alicerces para o Reino de Deus, mas a constante arrogância e prepotência humana não permitiam a humildade suficiente para o convívio social sob a direção de um Pai espiritual. Tinham que encontrar uma forma revolucionária para tirar da humanidade a compreensão de ser filho de um Pai universal, e que todos deviam se amar uns aos outros como se fossem a si mesmos. A figura desse Pai universal, Deus, deveria ser trocada pela figura física de um presidente, rei ou ditador.
Essa pessoa, temente ao Deus consciencial, gerando a fé racional no Criador universal, um Pai pronto a corrigir seus erros (pecados), conforme o ensinamento que o Cristo deu e o transformou, agora deveria desenvolver outro tipo de consciência. Essa pessoa deveria reconhecer que é um ser inteligente, capaz de construir sua própria realidade sem depender de uma força espiritual que ela não pode identificar pelos sentidos físicos naturais.
Então, verificamos que uma pessoa que pensa assim desenvolve um raciocínio diferente daquele raciocínio de Cristo, dependente de um Pai espiritual. É uma pessoa no plano material, semelhante à Lúcifer no plano espiritual. Ela pode criar um grupo raiz com um mínimo de pessoas com essa forma de pensar, alimentadas pelos instintos animais, egóicos, prepotentes, vaidosos e orgulhosos. Essas pessoas devem ensinar à população que ela é explorada na forma de plebe, proletários, trabalhadores e qualquer tipo de classe que possa ser jogada contra a outra. Essas pessoas devem usar a inteligência para identificar os seus adversários e criar a força necessária para sair dessa condição de escravos, mesmo que para isso tenham que pegar em armas.
Sangrar o corpo ou mesmo decapitar aquelas cabeças cristianizadas pode ser o meio de criar a sociedade ideal à luz da razão humana, autônoma, livre, igual para todos que pensam do mesmo jeito e sejam fraternos com essas pessoas. Devem criar uma bandeira com suas cores e com seus lemas: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Essas palavras que também são usadas dentro da razão cristã, não tem o mesmo significado dentro da razão humana autônoma.
Dentro da razão cristã essas palavras têm por trás a ordem do Pai divino que considera as pessoas como criaturas, filhas do Seu ato de criação e portanto, a consciência dessa condição, de reconhecer a autoridade do Pai e do dever de obedece-Lo como filho, amando ao irmão próximo como se fosse a si mesmo. A desobediência dessa ordem, proveniente da ignorância ou prepotência de não reconhecer um Ser superior a sua inteligência humana, deixa a pessoa fora dessa família universal, mas, reconhece o próprio Pai que ela tem o direito divino ao seu livre arbítrio.
Dentro da razão humana, autônoma, independente da vontade do Pai, vamos encontrar as motivações de natureza animal, instintivas, egóicas, sem quaisquer freios espirituais. Por mais que as boas intenções de alguns construam meios burocráticos de limites éticos, isso sempre estão sendo administrados por essas pessoas animalizadas sem freios espirituais e as formas de iniquidades, corrupções e demais delitos éticos e morais proliferam sem controle.
Esses companheiros levam de forma agressiva e tendenciosa esses simpáticos temas enviesados pelas más inclinações. Assim, com mentiras e falsas narrativas, instigam na população a sede de vingança por quaisquer acusações ou mostram as chances de conquistarem com essa técnica revolucionária cargos ou posições de poder sobre a massa ignota.
Isto foi o que aconteceu, e até hoje a história desses vitoriosos revolucionários não é mostrada como deve ser. O banho de sangue pelo qual a revolução lavou a administração francesa que usava a razão cristã em sua burocracia. O banho de sangue iniciou pela realeza, nobreza, burgueses, religiosos, entrando na população em geral e alcançado os próprios revolucionários. Este demoníaco resultado que gerou a criação de uma República administrada pelos egos humanos, que mudou o foco da religião do Pai universal para a deusa razão, vem sendo ensinado até hoje como um evento essencial para a vitória da dignidade humana e que merece ser espalhado esse furor revolucionário por todas as nações, em todas administrações do comportamento humano.
Deus criou a humanidade assim como tudo que existe, de acordo com suas leis as quais não sabemos o suficiente, mas intuitivamente reconhecemos a existência de um Criador, qualquer que seja o nome que resolvamos dar a Ele: Deus, Jeová, Krishna, Alá, Tupã, Acaso, Ignorância...
Assim compreendemos que as narrativas relacionadas com Deus e sua criação são a cada dia aperfeiçoada pela Ciência que tem a missão de procurar no meio da ignorância a Verdade das coisas criadas.
A Ciência mostra que o homem não foi literalmente criado do barro e teve a existência na vida devido ao sopro do Criador. Esse simbolismo bíblico não deve ser considerado uma mentira, apenas uma forma de entender os fatos com os poucos dados científicos que possuíamos na época que foram escritos pela intuição.
O homem foi criado pelo barro, pela matéria, assim como todos os seres viventes na Terra. A Ciência mostra a árvore da vida, desde os seres unicelulares até os complexos seres racionais, cuja maior complexidade existe no homem, conforme as leis da evolução criadas por Deus que toda a criação obedece automaticamente, com a ajuda do tempo.
O sopro de Deus colocado para dar sentido a existência é explicado pela criação do Espírito, criado simples e ignorante, mas acoplado a matéria para obter aprendizado obedecendo as leis da evolução e dentro dos distintos reinos da natureza que vão se desenvolvendo.
Durante todo o processo evolutivo o homem está colocado no reino animal e como um animal desenvolve o seu desenvolvimento na luta com os demais animais, onde o instinto que recebeu do Criador, conforme a sua espécie, é quem lhe garante a sobrevivência no meio dos demais lutadores pela sobrevivência.
Chega um momento do processo evolutivo onde o ser humano alcança uma capacidade racional superior aos demais animais, pelo número de neurônios que desenvolve no cérebro. Essa capacidade racional possibilita ao animal humano reconhecer que deve existir um ser superior que Criou tudo que existe e que merece ser reverenciado, respeitado e obedecido. Essa intuição espiritual se mistura com as motivações instintivas da sobrevivência material. Mesmo que a espiritualidade alcance um nível bem elevado, como acreditar em Deus, único Criador, que deve ser obedecido até o nível de oferecer o próprio filho como sacrifício, mesmo assim a humanidade não consegue sair da barbárie animal, mesmo que seja sofisticado, com graus acadêmicos, jurídicos ou eclesiásticos.
O Criador percebeu que a obra-prima de sua criação, a humanidade, não conseguia encontrar o caminho evolutivo que a levasse para a intimidade de Sua essência divina. Era preciso que Ele mesmo viesse mostrar esse Caminho da Verdade que leva à Vida eterna. Resolveu assim se desdobrar e uma parte da sua formação holística veio para se materializar num corpo biológico operacionado pela força gerencial do Espírito, Santo por ser parte de Sua essência.
Assim foi feita a vontade de Deus, que procurou anunciar pelos próprios profetas e por um povo preparado como exemplo, até o momento em que Ele mesmo foi encarnado num corpo gerado com o nome de Jesus, pela força do Espírito Santo no ventre da virgem preparada para esse prodígio.
Este é Jesus, o ungido, o Cristo que é Deus, que veio nos mostrar com suas lições e exemplos, milagres e procedimentos, dores e padecimentos, o Caminho da Verdade que nos salva dos erros e sofrimentos eternos associados à animalidade, bruta e ignorante, que se não corrigidos seguem o fluxo da eternidade. Imagem do inferno eterno, precedido pelo purgatório onde as almas conscientes de seus erros estão tentando a reabilitação, com ajuda dos irmãos em mesmas condições.
Continuando e acompanhando o pensamento do Padre David Francisquini (Revista Catolicismo dez/2024) sobre a Igreja.
Depois de Santo Agostinho – o qual, em sua controvérsia com os donatistas, que existiam apenas num reduto geográfico, insistiu no caráter territorial do conceito de universalidade da Igreja – considera-se ordinariamente a “catolicidade” no sentido de difusão exterior. Mas o melhor é unir a explicação de Santo Agostinho à de São Cirilo e insistir a respeito da catolicidade qualitativa (comunhão de fé, de culto etc.) com primazia sobre a catolicidade quantitativa, ou seja, a universalidade territorial. Porque é nisso que a “catolicidade” e a “unidade” da Igreja aparecem como dois aspectos de uma mesma realidade.
Aqui o Padre Francisquini associa o aspecto da unicidade a catolicidade, e não deixa de ter razão. De que adianta a universalização da Igreja se não leva consigo os mesmos princípios tradicionais para onde for?
Esta consideração da unicidade e catolicidade da Igreja é muito importante, porque, sob o pretexto da “sinolidade” – ou seja, de “caminhar juntos” à escuta de todos, especialmente dos “marginalizados” – está se promovendo um conceito de “universalidade” que põe em xeque a unidade da Igreja. A catolicidade da Igreja consistiria em Ela ser inclusiva, isto é, capaz de uma abrangência ilimitada, disposta a acolher e assimilar benignamente todas as opiniões, desde que sejam defendidas com sinceridade, por mais contraditórias que sejam entre si e com o seu ensino tradicional. É o que está nas entrelinhas da frase do Pe. Costa, segundo o qual “na diversidade é possível ser-se unido na fé”.
Assim, por exemplo, em matéria de reconhecimento de uniões homossexuais, poderia haver uma prática diferenciada entre as igrejas da África – supostamente influenciadas pelos condicionamentos da cultura local – e as igrejas da Alemanha e da Bélgica, liberadas dos preconceitos “rigoristas” do passado e abertas a abençoar e a integrar nas comunidades paroquiais os pseudo-casais do mesmo sexo.
Esse novo conceito de “catolicidade” é absolutamente estranho aos escritos dos Padres e aos ensinamentos dos catecismos e do magistério. Não se pode colher um termo consagrado por séculos de uso e atribuir-lhe um significativo totalmente novo, o que resulta extremamente enganoso.
Porém, já nos idos de 1970, Leonardo Boff o reivindicava no seu livro Igreja: carisma e poder, afirmando que “o catolicismo, como se mostrou historicamente até hoje, implica coragem para a encarnação, para assunção de elementos heterogêneos e sua refundição dentro dos critérios de seu ethos católico específico. A catolicidade como sinônimo de universalidade só é possível e realizável sob a condição de não fugir ao sincretismo, mas, antes, pelo contrário, de fazê-lo o processo da produção da própria catolicidade”.
Segundo o ex-frade franciscano a “lei de encarnação” faz aparecer o que ele chama de “sincretismo de refundição” como algo positivo e “como processo normal da constituição do catolicismo”. Uma religião como o cristianismo, afirma ele, “conserva e enriquece sua universalidade na medida em que é capaz de falar todas as línguas e de encarnar-se, refundindo-se, em todas as culturas humanas”.
Essa ideia investe na universalidade desconectada com a pureza material do que se deseja entregar, que são os ensinamentos do Cristo. Ele pretende enriquecer a universalidade refundindo-se com todas as culturas humanas. Sim, ele pode ter sucesso agindo dessa forma e é o que está acontecendo com a Santa Igreja Católica. Deixou de ser impermeável a atos e culturas que não sintoniza com a verdade do Cristo e agora o que resta não é mais o Cristianismo, e sim um amálgama de todas essas culturas.
Continuando o acompanhando o pensamento do Padre David Francisquini (Revista Catolicismo dez/2024) sobre a Igreja.
Para medir a gravidade das mudanças que querem implementar na Igreja, é preciso compreender todo o alcance da “catolicidade” da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como é sabido, a catolicidade é uma das quatro notas da Igreja, conforme rezamos no Credo: unam, Sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam. As quatro “notas” são propriedades intrínsecas da Igreja, que lhe foram concedidas por Nosso Senhor e que constituem a sua essência. Elas têm de característico que, além de serem propriedades internas (sem as quais Ela deixaria de ser a Igreja), elas são visíveis, tornando-A reconhecível por aqueles chamados a pertencer a Ela.
Se a unidade é a nota mais essencial e a santidade a mais preciosa das propriedades da Igreja, a catolicidade é a que mais A distingue das falsas igrejas heréticas e/ou cismáticas. Ela designa uma extensão temporal, cobrindo a universalidade das eras, mas sobretudo uma extensão territorial, porque, ao contrário do Povo Eleito do Antigo Testamento, a Igreja está chamada a estender-se ao mundo inteiro, conforme o derradeiro mandato de Jesus aos Apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Essa extensão territorial não precisa dar-se de fato (não existia nas primeiras comunidades cristãs, que eram uma gota d’água no globo), mas ela sempre existiu de direito, posto que a Igreja tinha a vocação e o direito de estender-se ao mundo inteiro (e esperamos que o fará no Reino de Maria).
Também não precisa ser uma universalidade física, bastando que seja moral, isto é, que Ela tenha uma tal extensão no mundo que a torne visível e que sua força, grandeza e capacidade de expansão sejam perceptíveis por boa parte da humanidade.
Santo Inácio de Antioquia foi o primeiro a dar à Igreja o título de “católica”, dizendo que “onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica”. Outros padres da Igreja lhe deram esse nome, mas o que o fez de maneira mais notável e excludente foi São Cirilo de Jerusalém: “Se algum dia peregrinares pelas cidades, não indagues simplesmente onde está a casa do Senhor, porque também as seitas dos ímpios e as heresias querem coonestar com o nome de ‘casa do Senhor’ as suas espeluncas; nem perguntes simplesmente onde está a igreja, mas onde está a Igreja Católica; este é o nome desta santa Mãe de todos nós, que é também a Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Instrução Catequética c. 18; nº 26).
O próprio São Cirilo explica as catecúmenos o sentido dessa expressão: “A Igreja é chamada ‘católica’ porque existe em toda a superfície da Terra, de um extremo ao outro; porque ensina integralmente e sem omissão todos os dogmas que devem ser levados ao conhecimento dos homens, tanto nas coisas visíveis quanto nas invisíveis, nas coisas celestes e nas coisas terrenas; porque leva ao mesmo culto todas as categorias de pessoas, governantes e súditos, instruídos e ignorantes; por fim, porque ela cuida e cura integralmente todos os tipos de pecados, tantos carnais quanto da alma; e mais, porque ela possui todos os tipos de virtudes, em atos, em palavras, em dons espirituais de toda sorte”.
Define uma potência da Igreja que só é explicada pela força moral que o Cristo passou para os apóstolos e seus convertidos.
Acompanhando o pensamento do Padre David Francisquini (Revista Catolicismo dez/2024) vou colocar a pergunta feita antes e tecer algumas considerações:
Acompanho o site português de notícias religiosas 7 Margens e fiquei chocado com o artigo “Acabou o sínodo, acabou a Igreja Universal... e o papel das mulheres permanece em aberto”, sobre a conferência de imprensa de apresentação do documento final do Sínodo sobre a sinolidade. Interrogado sobre a passagem a respeito do diaconato feminino, o Padre Giacomo Costa, um dos secretários especiais da assembleia sinodal, respondeu que uma grande “novidade deste documento” é que “não se fala mais de uma Igreja Universal” e não se encara a Igreja “como uma multinacional com suas filiais”. A Igreja é vista como “uma comunhão de igrejas que, juntas, caminham”, dando um testemunho de que “na diversidade é possível ser-se unido na fé e um único corpo em Cristo”. Pergunto se a Igreja deixasse de ser “universal”, poderia continuar a se chamar “católica”?
Minha primeira impressão sobre essa pergunta é que a proposta é interessante. Privilegia a diversidade do pensamento dentro das igrejas que se unem na fé em Cristo.
Não vejo como isso destrói o catolicismo da Igreja, parece até que fortalece, abrangendo mais igrejas com mais diversidades. A pergunta me parece sem sentido: “se a Igreja deixasse de ser universal, poderia continuar a se chamar católica?” Não me parece que a Igreja deixaria de ser universal apesar de um dos secretários da Assembleia Sinodal ter dito que “não se trata mais de uma Igreja Universal” uma “multinacional com suas filiais”, mas uma comunhão de igrejas que juntas caminham. Mas não é dentro do critério universalista?
Mas, o Padre Francisquini tem outra opinião.
A pergunta do missivista tem todo cabimento. Na verdade, o adjetivo “católico”, tradução do grego katholikós (por sua vez derivado de kathá – através, completamente – e holos – inteiro, tudo), quer dizer precisamente “geral”, “universal”. Logo, ao menos semanticamente, a nova Igreja não-universal do Pe. Costa não seria mais a Igreja Católica.
Esta resposta se aplica ao comentário do Pe. Costa de que a Igreja deixou de ser universal, e se a opinião do secretário da Assembleia Sinodal procede, então a Igreja deixaria de ser católica.
Mas vejamos o conteúdo mais profundo do pensamento do Pe. Francisquini.
A Santa Igreja tampouco seria “católica” do ponto de vista teológico, pois o que está implícito nas suas palavras é que diferentes igrejas particulares poderiam ter respostas diversas a respeito de muitas questões, por exemplo, na questão do diaconato das mulheres. A primazia da igreja de Roma – Sé de Pedro – ficaria, assim, reduzida a um primado de honra, já que as demais igrejas não são meras filiais dela e podem, portanto, dar soluções doutrinariamente diferenciadas em temas nos quais existem várias opiniões. Era, pelo menos, a autonomia das igrejas locais em matéria doutrinária que reclamavam, no imediato pós-Concílio, teólogos progressistas como Hans Küng, Leonardo Boff e um longo “etcétera”.
Essa resposta parece estar relacionada com a unicidade da Igreja, e não com a catolicidade, a universalidade.