Hermes Trimegisto, o mensageiro dos deuses, viveu no antigo Egito quando a raça humana estava em sua infância. Contemporâneo de Abraão e de acordo com a lenda, o seu instrutor. Hermes é considerado o Grande Sol Central do Ocultismo, cujos raios têm iluminado todos os ensinamentos que foram publicados desde o seu tempo.
As leis herméticas (Lei do Mentalismo, da Correspondência, da Vibração, da Polaridade, do Ritmo, do Gênero, e de Causa/Efeito) desenvolvidas por ele, formam uma filosofia que ficou conhecida como Hermetismo. Essas sete leis herméticas estão incluídas no livro “Caibalion” que reúne os ensinamentos básicos da “Lei” que rege todas as coisas manifestadas.
Vou chamar a atenção das duas primeiras leis para justificar o pensamento que estou desenvolvendo hoje: a Lei do Mentalismo e a Lei da Correspondência.
A Lei do Mentalismo ensina que o universo funciona como um grande pensamento divino. É a mente de um Ser Superior (Deus) que “pensa” e assim é tudo que existe. É o todo. Toda a criação principiou como uma idéia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência. A matéria é como os neurônios de uma grande mente, um universo consciente e que pensa. Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente para o todo, já que estamos ligados à mente divina que contem todo o conhecimento.
A Lei da Correspondência ensina que “O que está em cima é como o que está em baixo. E o que está em baixo é como o que está em cima.” A perspectiva muda de acordo com o referencial. A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. Como o sol durante o dia que nos impede de ver as estrelas. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não percebemos o imenso macrocosmo à nossa volta. O que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa.
Essa lições vem reforçar na minha consciência o conceito que tenho de Deus e entender porque surgem tantas semelhanças nas ações que procuro fazer tentando reproduzir o que Jesus ensinou. A explicação é que, quando eu começo a agir assim, a mente divina de acordo com a Lei do Mentalismo passa a funcionar no sentido de reproduzir pela Lei da correspondência um referencial parecido com o que existia no passado. Com base nesses conhecimentos eu posso fazer alguma previsão do que vou encontrar no futuro, se persistir com o trabalho cristão que estou fazendo dentro da comunidade. Ontem eu citei uma série de fatos que considerei como coincidências com a época de Jesus. Hoje vou entender que não terei um número grande de pessoas envolvidas nesse trabalho, deverá ficar em torno de doze, como foram os apóstolos de Jesus. Posso também verificar pela Lei da Correspondência quais as características dessas dozes pessoas que irão se aproximar e desenvolver o trabalho necessário, basta verificar quais eram as características dos apóstolos do Cristo e fazer a devida correspondência. É isto que irei fazer agora e ficar atento para o que vai acontecer no trabalho comunitário.
André - era discípulo de João Batista. Quando João viu o Espírito Santo descer sobre Jesus e disse “Eis o Cordeiro de Deus”, André junto com um amigo, movidos pela curiosidade, passaram a seguir Jesus. André foi logo à procura do seu irmão, Simão e disse que tinha achado o Messias. André, que significa em grego “varonil”, era fisicamente forte e homem devoto e fiel. Ele e o irmão Simão eram pescadores, haviam herdados e seguidos o negócio do pai, Jonas. André foi um dos primeiros missionários estrangeiros da fé cristã. Um livreto intitulado “Atos de André” (260 dC) diz que ele pregou na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda que ele foi crucificado numa cruz em forma de “X”, símbolo religioso conhecido como Cruz de Santo André.
Bartolomeu (Natanael) – supõe-se que sejam a mesma pessoa e Jesus o chamou de “israelita em quem não há dolo.” Diz a tradição que ele serviu como missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo.
Tiago, filho de Alfeu – talvez tenha sido primo de Jesus, trazia uma estreita semelhança física com Ele, o que pode explicar porque Judas Iscariotes teve que identificar Jesus na noite em que foi traído. Diz as lendas que ele pregou na Pérsia e aí foi crucificado.
Tiago, filho de Zebedeu – depois que Jesus convidou Simão e seu irmão Pedro, Ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da Galiléia e convidou a Tiago e a João, seu irmão, que estavam no barco consertando redes. Tiago e seu irmão responderam imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o primeiro dos doze a sofrer a morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele fosse executado ao fio da espada, em 44 dC, quando ele seria aida bem moço. Os Evangelhos nunca mencionam Tiago sozinho, sempre falam de Tiago e João. Eles começaram a seguir Jesus no mesmo dia, e ambos estiveram presentes na transfiguração. Jesus chamou a ambos de “filhos do trovão”. A perseguição que tirou a vida de Tiago infundiu novo fervor entre os cristãos. Foi o primeiro missionário cristão na Espanha.
João – trabalhava junto com seu irmão, Tiago, como empregados do seu pai. Parece que era um jovem impulsivo, talvez por isso chamado por Jesus de “filhos do trovão”. Foram a eles que Jesus ordenou que jogassem as redes no mar e trouxeram grande quantidade de peixes. Deixando tudo O seguiram e Simão foi com eles. Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus e disse que havia proibido, porque não seguia com eles. Jesus replicou: “Não proibais, pois quem não é contra nós, é por nós.” Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-se à esquerda e à direita de Jesus na Sua glória. Esta idéia os indispôs com os outros discípulos. João foi o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus entregou-lhe Sua mãe aos seus cuidados. Ao ouvirem os discípulos que o corpo de Jesus nao estava no túmulo, João correu na frente dos outros e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara de sepultamento. João escreveu o quarto Evangelho, as cartas de João e o Apocalipse; escreveu mais texto do Novo Testamento do que qualquer dos demais apóstolos. Cuidou da mãe de Jesus enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos. Viveu até idade avançada e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento.
Judas, não o Iscariotes – o historiador Euzébio diz que Jesus uma vez enviou esse discípulo ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim de orar pela sua cura. Segundo essa história, Judas foi a Abgar depois da ascenção de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia. Diz outra tradição que ele foi assassnado por mágicos na cidade de Suanir, na Pérsia, que o mataram a pauladas e pedradas.
Judas Iscariotes – todos os Evangelhos o colocam no fim da lista dos discípulos de Jesus, refletindo a má fama como traidor. Procedente da Judéia, cujos habitantes desprezavam o povo da Galiléia como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude pode ter alienado Judas Iscariotes dos demais discípulos. Judas funcionava como tesoureiro dos discípulos e manifestou uma atitude sovina com o trabalho quando uma mulher por nome Maria derramou unguento precioso sobre os pés de Jesus. Judas reclamou: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e nao se deu aos pobres?”. João comenta que Judas disse isso “não porque tivesse cuidado com os pobres, mas porque era ladrão.” Judas traiu Jesus sob influência maligna e tocado pelo remorso procurou devolver o dinheiro e em seguida enforcou-se.
Mateus – era coletor de impostos, inclusive dos pescadores, para os romanos. Era oficial de menor categoria, contratado pelos coletores licienciados e por isso chamado de publicano. Jesus simplesmente ordenou a Mateus “Segue-me” e ele deixou o trabalho para seguir o Mestre, apesar de ser um homem rico e que dera um banquete em sua própria casa. O Evangelho de Mateus é o que tem maior influência, o que tem mais citações e está no começo do cânon do Novo Testamento. Destaca Jesus como o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, que era o Messias prometido.
Filipe – encontrou Jesus pela primeira vez em Betânia, do outro lado do Jordão. Jesus o chamou individualmente, enquanto chamou os outros aos pares. Foi ele que perguntou a Jesus como alimentar a multidão que veio para lhe ouvir. Foi ele que pediu a Jesus na última ceia: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.” Jesus respondeu que nEle, eles já tinham visto o Pai.
Simão, o Pedro – era um homem de contrastes. Jesus perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Ele respondeu de imediato: “Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo.” Por esse motivo Jesus o sentiu inspirado pela mente divina e disse que a partir daquele momento ele seria Pedro, a rocha que daria consistência as suas lições. Era inconstante, recusou que o Cristo lavasse os seus pés, mas logo que foi advertido, pediu para ser lavado não só os pés, mas as mãos e a cabeça; era medroso, negou o Cristo por tres vezes, mas impetuoso chegou a cortar a orelha de um soldado que viera prender Jesus. Mas assumiu a responsabilidade de conduzir a igreja através do tempo.
Simão Zelote – é uma palavra grega para que significa zeloso e que pertencia à seita judaica conhecida como zelotes. Jesus o chamou ao mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas Iscariotes e Tadeu.
Tomé – também era chamado Dídimo. Era o mais crítico e que chegou a duvidar da ressurreição do Mestre, exigindo que só acreditaria se tocassse em Suas feridas. Jesus fez a sua vontade, mas explicou que ele ecreditava porque estava vendo e tocando, mas feliz eram aqueles que acreditavam sem necessitar dessas exigências.
Matias – nome que signinifica dom de Deus, foi o substituto de Judas, após a sua morte. Foi proposta de Pedro para que se escolhesse alguém para substituir o traidor. Ele esboçou certas qualificações para o novo apóstolo: tinha de conhecer a Jesus começando no batismo de João até o dia em que foi levado às alturas; e tinha de ser também testemunha de Sua ressurreição. Foram encontrados dois homens que satisfaziam as qualificações: José, o justo, e Matias. Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte recaiu sobre Matias.
Com essas características devo ficar atento a quem se aproximar do trabalho comunitário que estou realizando, pois de acordo com a Lei da Correspondência irei encontrar muita semelhança.
Tenho a impressão que existe uma coordenação para a vida e que foge à minha compreensão, mas que direciona ações para o projeto que imagino ser o correto, ser a vontade de Deus.
Eu pensava em desenvolver um trabalho comunitário com a essência cristã quando estivesse aposentado dos meus empregos públicos e tivesse bastante tempo para isso. De repente fiquei envolvido com o trabalho de forma antecipada, com um simples chamado lançado por uma colega de trabalho do Hospital João Machado. Interessante que ela provocou o trabalho que se tornaria comunitário e só compareceu uma só vez nas 20 reuniões que já fizemos. Parece que ela foi a primeira peça que Deus jogou para me atrair antecipadamente, conforme eu pensava, para o trabalho, assim como aconteceu com todos os demais companheiros que por um motivo ou outro sentem que devem colaborar com esse projeto. A partir daí ideias, livros e pessoas começaram a surgir para o trabalhar tomar corpo e forma, com a participação dos voluntários chamados pelo próprio Deus, à nível de consciência. Muitos serão chamados, mas poucos serão escolhidos. Quem chama é o próprio Deus no despertar da consciência para o trabalho que precisa ser feito. Quem faz a escolha é o próprio indivíduo na capacidade que ele vai demonstrar de se engajar no serviço e realizar o trabalho necessário com a eficiência dos seus dons.
Tudo parece que de repente se encadeia com as atividades e planos que realizamos com a intenção de seguir os passos de Jesus, na teoria e na prática. Parece que o passado daquela época em que Jesus vivia, de alguma forma traz semelhança com o presente.
As ações de Jesus foram realizadas dentro de um ambiente hostil, de forte agressividade e violência, onde o principal esporte e divertimento era o circo romano com o combate mortal dos gladiadores. Hoje nós temos a violência disseminada em todos os cenários da vida humana, tanto nas favelas quanto nas mansões da elite.
Até agora, nas 20 reuniões já realizadas, temos em média 12 pessoas, aproximadamente, que comparecem e tentam se envolver nos trabalhos. Numero de pessoas escolhidas por Jesus para realização do trabalho.
Estamos localizados na Praia do Meio, próximo ao mar, alimentado pelo rio Potengi. Jesus realizou seu trabalho próximo ao Mar da Galiléia, alimentado pelo rio Jordão.
As pessoas que estavam mais próximas dele eram pescadores, e o convite que Ele fez a alguns deles foi para deixarem de serem pescadores de peixes, e sim de homens. Por ironia ou por determinação superior, chegamos atualmente a um espaço dedicado a pesca, um clube de pescadores, o Pâmpano. Todos sentimos o acolhimento que esse local fazia sobre nós, e no desejo de continuar a nos reunir nesse local e nos irmanarmos com os pescadores que já são sócios desse local. Vem agora a intuição de que eu devo solicitar aos companheiros da Associação que viabilizem nossa participação numa reunião do clube onde possamos colocar nossas ideias quanto ao comunitarismo cristão que queremos realizar e convidar todos os sócios do clube para serem além de pescadores de peixes, pescadores de homens como Jesus nos ensinou.
Ontem, dia 10-07-14, realizamos a 20ª reunião do Projeto Foco de Luz e da Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio – AMA-PM. Compareceram as seguintes pessoas: Francisco, Edinólia, Cíntia, Davi, Adriana, Radha, Paulo, Douglas, Costa, Ana Paula, Barbara (xadrez), Derik (xadrez) e Damares. Foi distribuído o Boletim Informativo nº 1 da AMA-PM que saiu com uma tiragem de 50 impressos. Foi divulgado o nome dos associados que já estão atualizados e a súmula financeira, que conta com um saldo positivo de 287,00 reais. Foi informada a justificativa da falta de Oscar que havia se comprometido a apresentar o projeto do torneio de futebol para as crianças. Davi que havia se comprometido com o projeto de uma escola de futebol também teve que sair antes do término da reunião para fazer contato com a presidência do clube Pâmpano, ver se conseguimos fazer uma parceria para usar o clube todas as quintas feiras para a nossa reunião.
Paulo ficou responsável para levar uma proposta na próxima reunião de confecção de adesivos com finalidade de promoção da AMA-PM e de fortalecer o caixa da Associação, assim como iniciar a colocação de jovens dentro do trabalho comunitário com remuneração. As duas frases escolhidas para abrir o trabalho foram: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” e a outra “Ame ao próximo como a ti mesmo”, ambas de autoria de Jesus.
Radha ficou de convidar Stela para iniciarem o trabalho das visitas fraternas com foco nas ações de saúde. Deverá ser visto os serviços que são oferecidos pelo posto de saúde do bairro, onde funciona a Saúde da Família e o Consultório de Rua.
Ana Paula e Radha ficaram como responsáveis para irem as escolas sensibilizarem os professores e principalmente os alunos para participarem do curso de Xadrez que será conduzido pela psicóloga Letiene. Enquanto isso não ocorre Ana Paula já começa a inscrição dos jovens da comunidade interessados no projeto.
Cíntia ficou responsável para dar os primeiros passos no sentido de organizar a Oficina de Musica, com a participação das escolas também.
Clóvis e Paulo ficaram responsáveis para fazer o orçamento e a forma de ocupação de um quiosque que foi abandonado na frente dos shoppings de artesanato existentes na Avenida Café Filho.
Damares ficou responsável pelos serviços de secretaria no sentido de divulgar para todos os interessados o local e horário das diversas reuniões e ações que podemos implementar ao longo do tempo.
As 20:30h encerramos a reunião, horário previsto, fazendo todos a oração do Pai Nosso de mãos dadas e retiramos a foto para documentar o evento.
Na reunião de ontem na Casa de Caridade iniciei com um pensamento sobre as pessoas que trabalham conduzindo objetos pesados na cabeça, muito comum nas cidades do interior, como Macau, minha cidade adotiva: os cabeceiros.
Sei intuitivamente que esse pensamento pertence ao meu mentor espiritual, ao anjo da guarda que procura me proteger e orientar. Serviu como uma admoestação e ao mesmo tempo estímulo para que eu procure avançar no rumo das minhas intenções. Vou procurar reproduzir o que se passou no palco da minha mente naquela ocasião, narrado em terceira pessoa, do mentor para mim.
“Tu lembras Francisco, daquelas pessoas que trabalhavam em Macau descarregando carros ou barcos com os objetos pesados sobre a cabeça, para ganhar moedas materiais para o seu sustento e da sua família? Eram chamados os cabeceiros, pessoas rudes, sem instrução, que não podiam procurar outro tipo de trabalho, que procuravam diversos patrões de ocasião. Geralmente eram indivíduos sujos, barbudos, cabeludos, roupas precárias... ofereciam simplesmente os seus serviços braçais, a força física no deslocamento de produtos úteis para terceiros.
Pois é, Francisco, tu pareces um desses cabeceiros visto aqui do mundo espiritual. Não estamos considerando os bens materiais que voce já conquistou: carros, apartamentos, conta bancária, profissão definida, emprego seguro... Não é isso, estamos considerando o teu aspecto espiritual da forma que podemos ver aqui do alto. Da mesma forma que os cabeceiros fazem aí na Terra, no mundo material, tu também procuras fazer um trabalho com o objetivo de ganhar moedas espirituais do único patrão, o próprio Deus. Mas sua apresentação espiritual também é lastimável. Tu sabes tudo que deves fazer para a limpeza e uma boa apresentação espiritual. Tens livros diversos com todas as instruções necessárias, principalmente os livros sagrados que tu bem conheces. Mas não consegues aplicar em si esses conhecimentos. Agora mesmo, estás aqui nesta reunião e sabes que tua alimentação hoje devia ser frugal para que houvesse uma boa sintonia entre nós e vós. Mas o que aconteceu? Passasses na padaria e deixou que a gula te dominasse e enchesses o prato com carne vermelha, dos teus primos mamíferos, como o mestre Ramatis já te ensinou a evitar. Tanto trabalho a fazer nas comunidades e tu ficas no repouso exagerado ou no desvio para ações prazerosas, de jogos, de passeios... Sabes que deves desviar a força do instinto sexual para o Amor Incondicional, e ainda ficas intimidado a se aproximar das irmãs prostitutas, e de temer o hipnotismo do prazer do orgasmo. Esta, Francisco, é a tua aparência espiritual para nós que somos os gerenciadores do patrão definitivo; somos teu anjo da guarda e todos os mentores do bem que tu procuras em tuas orações, pensamentos e sentimentos. Apesar de tua aparência, recebemos o teu trabalho de bom grado, pois procuras levar o Amor de forma braçal, com desgaste físico, onde é necessário, onde é preciso segundo a vontade de Deus. Sabemos que estás inscrito nas forças do Bem que atuam na Terra sob o comando de Jesus para levar a luz no meio das trevas. Por tudo isso tu mereces as moedas espirituais que procuras amealhar. Mas te advertimos, jamais poderás compor a elite do mundo espiritual com essa aparência constrangedora com a qual te apresentas ainda. Tu és para nós uma espécie de cabeceiro espiritual aqui no mundo de Deus, mesmo que no mundo dos homens tu sejas doutor e andes na elegância.”
Foi isso que aconteceu no palco da minha mente nessa reunião. Eu pensava que iria expressar esse pensamento no momento da reunião, mas por algum motivo, pela primeira vez eu não conseguia falar e lembrava como num sonho, daquela figura de porte médio e cor trigueira, com roupas de estilo aproximado ao indiano que terminava sua fala a observar as estrelas. Meus companheiros na ocasião dizem que ouviram um barulho e que partira de mim, mas que eu não lembro. Assim como murmúrios ao meu redor, chamados, choros... não sei, não percebi esses sons, não lembro de tê-los produzido.
Enfim, agora eu sei com mais precisão a minha posição na vida, tanto no aspecto material quanto no espiritual. Sei que devo me esforçar ainda mais com esse objetivo, de promover a melhora da Reforma Íntima, principalmente agindo sobre os aspectos que mais me atrapalham a evolução: gula, preguiça e sexo. Sei os caminhos para fazer isso acontecer, basta ter coragem, sabedoria e determinação. São esses três atributos que peço ao Pai, pois sei que deles ainda sou deficitário.
Jesus percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade. Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. Disse então aos Seus discípulos: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe.”
Ao ler esse trecho do Evangelho de Mateus (9:32-38), faço uma comparação com o trabalho que começamos a fazer, inspirados na vontade de Deus, na comunidade da Praia do Meio. Olhamos o quanto temos que fazer, quanto trabalho existe, e poucas pessoas para realizá-lo.
Mas, como discípulos aplicados de Jesus que queremos ser, devemos seguir as pegadas do Mestre. Primeiro fazer a orientação que Ele nos deu, de pedir ao Pai que envie operários para o Seu trabalho. É importante termos essa consciência. O trabalho não é nosso, não estamos com este trabalho procurando nos promover dentro de nenhuma religião ou partido político. Queremos simplesmente fazer a vontade do Pai, conforme Ele colocou intuitivamente na nossa consciência.
Fazendo um paralelo com a estratégia de Jesus, devemos percorrer (andar a pé mesmo!) todas as ruas, becos e vielas da comunidade. Devemos ir a cada casa e inspirados pelo Espírito Santo curar todo o mal e toda enfermidade. Não devemos ser tímidos, sabemos que Jesus orientou aos seus discípulos no passado que fizessem assim, pois que eles tinham autoridade dada por Ele e confirmada pelo Pai para enfrentar o mal e levar a luz do Evangelho, do bem, onde existissem as trevas da ignorância.
Uma ação desenvolvida dessa maneira merece ser conhecida como uma forma de gerência da coletividade como acontece com a democracia, o comunismo, o socialismo, etc. Podemos chamar de comunitarismo cristão, pois é um trabalho realizado dentro da comunidade fomentando relacionamentos fraternos dentro da amizade que é gerada em cada contato.
Ainda existe outro fator negativo que dificulta o trabalho na messe. Os operários, mesmo poucos e com boa vontade, não são pessoas perfeitas, cada um tem suas dificuldades. Isso além de retardar o trabalho que precisa ser feito, ainda exige de cada um boa dose de tolerância.
Sei de todo o trabalho que deve ser realizado, sei das pessoas que devo contatar, das providências a serem tomadas, porém termino por deixar outras ações que se mostram mais prazerosas em primeiro plano, como por exemplo, assistir um jogo de futebol reunido com os parentes e não fazer a visita na comunidade tomando as providências de organização.
Da mesma forma que eu identifico essas falhas no meu modo de agir, mesmo sabendo do retardamento da minha missão e da responsabilidade que tenho frente ao Pai, devo também identificar essas dificuldades nos meus companheiros e a necessidade de nos tolerarmos mutuamente. Somente assim podemos conquistar algum grau de fraternidade e solidariedade dentro do grupo e de sermos capazes de entrar no trabalho comunitário com este mesmo espírito.
Devo pedir ao Pai, que Ele nos envie mais operários na comunidade, mais companheiros na minha vida, e mais força para vencer os meus defeitos e vícios.