Conheci uma lenda escrita por Taylor Caldwell em seu livro “O grande amigo de Deus” que dizia o seguinte:
Quatro homens foram a um banquete para o qual tinham sido convidados. Um fora de má vontade, mas havia sido convidado pelo rei e não podia recusar. Tinha pouco apetite para os pratos ricos e temperados e para o vinho e teria ficado satisfeito com um pouco de pão, queijo e leite. Era um homem em quem os fluidos da vida não corriam fortes. O segundo comeu com bastante apetite, que, no entanto, era grosseiro; como não fosse muito inteligente, não usufrui a conversa erudita em torno dele. Ficou entediado. Pensou com saudades nas suas dançarinas ausentes. Assim, sentiu-se insatisfeito, ofendido, bocejando, nada encontrando de interesse à sua volta. O terceiro divertiu-se e esperou que o banquete continuasse até o amanhecer, pois os pratos eram deliciosos, o vinho inebriante e lamentou que aquilo finalmente acabasse, ficando triste em certos momentos ao pensamento da rápida passagem daquelas delícias.
E o quarto homem ficou satisfeito por ter sido convidado para o banquete e agradecido ao seu real anfitrião, pois tudo em volta dele era beleza, música, vistas majestosas, que comoviam sua alma. As carnes, as frutas, os pães, o vinho permaneciam agradavelmente em seu paladar. Suas reflexões excitaram-se com as trocas de ideias e sua mente ficou acesa, participando da conversa com estranho prazer. Não lamentou por aquilo ter de acabar. Sabia que teria, mas era suficiente sua permanência momentânea. E sua gratidão ao anfitrião aumentou muito com isso. Sentiu-se realmente acolhido pelo mais solícito dos amigos e seu coração transbordou.
Ora, o primeiro homem, que não tinha muita inclinação pela boa comida, nem mesmo a reconhecendo como tal, resolveu pedir licença para sair. O rei ficou triste, mas deu-lhe permissão. O segundo estava farto, pois tinha comido e bebido demais, bocejava de enfado, não ouvira a música nem ela lhe interessava e queria dormir. Também ele pediu permissão para partir e o rei, ficando mais triste, consentiu. O terceiro protelou, na esperança do banquete não terminar, olhado a espera de novos prazeres nos pratos e mãos dos criados, embora seu rosto começasse a demonstrar cansaço e suas mãos tremessem de fadiga. Ficou olhando entre as colunas, temendo ver a manhã. O rei, observando-o, suspirou e disse-lhe: ‘Meu hóspede, já é tarde. O senhor deve partir.’ O convidado tentou protestar, mas o rei, gentilmente, fez-lhe ver que precisava erguer-se e partir, o que ele fez, chorando, embora exausto.
Mas o quarto homem, foi subitamente atacado por uma sensação de pena e vazio, deixando de se interessar pela música e pelos sorrisos dos amigos, desejando apenas deitar-se em algum lugar escuro e silencioso, sem querer saber de mais nada. A comida e o vinho haviam se tornado repugnantes para ele. seu desejo desaparecera sem que ele soubesse por quê. Uma enorme solidão o envolveu, uma sensação de abandono e de nada mais desejar, não, nada mais no mundo inteiro, nenhum prazer, e ficou desolado. Sentiu uma dor no coração. Ao sentar-se no sofá, achou que ela estava acima de suas forças; perdeu a fala. ‘Estou empanturrado. Comi demais’, pensou. ‘O banquete tornou-se intolerável para mim.’ O vinho sabia-lhe a vinagre. As vozes dos amigos doíam em seus ouvidos. ‘Nada mais desejo’, pensou, imaginando se o rei iria achar descortês se ele pedisse para retirar-se. Tudo havia perdido cor, beleza e significado para ele.
Foi então que o rei olhou-o e disse: ‘Seus três amigos já foram. Deseja também retirar-se?’
Como podemos compreender essa lenda?
O rei convidou seus súditos para um banquete, divertindo-se em suas companhias. O primeiro em nada tinha na alma com que corresponder, ou teria atenuado sua reação com um comportamento modesto e a recusa de olhar a beleza da vida à sua volta, uma vez que tinha perdido a capacidade de vê-la. Por isso deixou o banquete cedo. O segundo tinha-se empanzinado cedo demais, comera vorazmente e assim quando não conseguiu comer mais, não ficou quieto e contemplou a graça em torno dele, pois todos os seus apetites tinham sido grosseiros na vida e acreditava que, uma vez empanzinado, só lhe restava partir com o prazer do corpo e não da mente e por isso não ouviu a conversa nem sabedoria. Assim, para que permanecer?
O terceiro homem temia o fim do prazer, pois saboreara a vida descuidadamente, usufruíra o banquete real e não podia ter-se agarrado bastante a existência nem vivido o suficiente, embora estivesse paralisado e precisasse de descanso. Temia a manhã porque esta significava o fim do banquete e porque nada tinha para ele. por isso chorou quando o rei se compadeceu e sugeriu-lhe que partisse para onde pudesse deitar e descansar, ele que odiava repouso e tranquilidade.
E o quarto homem, grato ao rei pelo convite para o banquete, tendo se divertido nele, e se encantado com o gosto, cheiro, tato, som e visão, a princípio pensou que o banquete era delicioso e sua gratidão aumentou, adorando o rei por sua extrema bondade. Mas uma nuvem e uma angústia o envolveram, escurecendo sua vista. Mas relutou em pedir ao rei que lhe permitisse partir, pois não desejava parecer ingrato, apesar de tudo ter-se tornado enevoado, penoso e cansativo para ele. Contudo, o rei apenas lhe perguntou: ‘Também deseja retirar-se? Sua companhia me agrada e quero que se demore; assim, fique comigo e não peça para ir embora. Sei que está cansadíssimo. Sei da tristeza em sua alma e sou o único que sabe. Mas o convidei e sei por que o fiz. Portanto, fique.’
O grande rei sabe porque convidou Seus filhos para o banquete e ficou triste quando o primeiro não gostou, por culpa exclusiva do convidado; sentiu que o segundo apenas pensou em comer e depois, com ingratidão, nada mais quis, nem mesmo Sua companhia. O terceiro, sem conter-se, demorou demais, pois tinha medo e vivera apenas para o prazer e para a satisfação do eu, mas seu prazer era somente o de um animal e não o de um homem. Assim, por pena, o rei liberou-o.
Quanto ao quarto homem, o Rei quis que ele permanecesse um pouco mais fazendo-lhe companhia. O Rei não obrigou. Apenas pediu: era demais concordar com o pedido até Ele ficar satisfeito e depois solicitar-lhe que partisse?
Por que o Rei por piedade não libertou o último homem? Talvez porque Ele seja piedoso. Ele é o Rei. Conhece Seu banquete. Tem Seus motivos.
Essa lenda coloca os motivos que aqueles filhos de Deus que se sentem desamparados, sozinhos no mundo, sem mais nenhum projeto ou motivação e que pensam na morte, no suicídio, possam fazer suas reflexões. Os três primeiros convidados podem cometer o suicídio, cada qual ao seu modo, porém o quarto, Deus quer que ele permaneça no banquete da vida terrena, pois ele sabe reconhecer todos os atributos da divindade no seio da Natureza da qual ele participa. Deus sabe que algum motivo interferiu em suas emoções e fez com que toda a beleza que ele tanto reconhece, perdesse o valor frente o cansaço que se instala. Este pedido de permanência que o Pai faz ao filho sofredor é no sentido de lhe oferecer uma chance de reconhecer o desvio por onde sua mente entrou e corrigir seu trajeto. Sabe o Pai que os seus filhos coerentes e conscientes desfrutam do banquete da vida com toda a disposição e agradecimento, e fazem à Sua vontade em qualquer momento de suas vidas, na infância ou na velhice, na alegria ou na dor. Quando Ele recebe um pedido para se retirar do banquete antecipadamente é porque sabe que algo interferiu com a sanidade da sua alma querida.
Eu sou um dos Seus filhos, que O reconhece como Pai e que procuro fazer a Sua vontade, por mais estranho que o caminho me pareça e aos outros que junto comigo convivem. Ele permitiu que eu me capacitasse em técnico das emoções, em saber como funciona as suas percepções tanto à nível do corpo e da mente, como à nível da alma. Tenho portanto essa tarefa profissional de chegar junto dos meus irmãos e tentar corrigir seus pensamentos alterados que fazem sua retirada precoce da vida, seja qual for o perfil de convidado que essa pessoa tenha no banquete da vida. Posso usar os recursos da química com os diversos medicamentos chamados psicofármacos, assim como os diversos recursos da psicoterapia, e principalmente o incentivo à reforma íntima com base nas lições evangélicas.
São Próspero de Aquitânia, contemporâneo de Santo Agostinho, bispo de Hipona, fez o poema “De um esposo à esposa” pelo qual se julga que fosse, pois dirige-se a mulher nesses termos:
Se o orgulho me elevar, corrija-me. Seja a minha consolação nos sofrimentos. Demos ambos exemplos de uma vida santa e verdadeiramente cristã. Cumpra comigo os deveres que estou obrigado a cumprir com você. Levante-me, se porventura eu cair. Esforce-se por se levantar quando eu corrigi-la,,, não nos contentemos com um só corpo, sejamos também uma só alma.
Sei que a intenção do santo era reforçar a família nuclear e a fidelidade exclusiva do amor de um para o outro dentro do par, exclusivo. Mas, aplicando o Amor Incondicional posso fazer a transposição do poema para a família ampliada ou universal e ficar ainda mais consistente com o espírito das lições do Cristo. Os dois primeiros apelos com relação ao orgulho e consolação não tem problemas, pode ser aplicado tanto dentro da família nuclear quanto na ampliada/universal.
O terceiro apelo, dar um exemplo de uma vida santa e verdadeiramente cristã, serve de encruzilhada para a decisão do caminho a ser tomado: ou pela família nuclear e amor exclusivo, ou pela família ampliada e amor inclusivo. Seja qual for o caminho tomado, esse deve ser trilhado com fidelidade, tanto nos compromissos materiais, junto aos relacionamentos formados, quanto nos compromissos espirituais seguindo a Lei de Deus. Se decido seguir o caminho da família nuclear, devo estar consciente e fiel ao compromisso do amor exclusivo, amor dedicado exclusivamente ao companheiro. Isso implica que devo resistir às pressões emocionais do instinto reprodutivo que gera laços afetivos com pessoas próximas ou até distantes (internet). Esse laço afetivo desperta o desejo sexual que é justamente o “fruto proibido” desse caminho escolhido. A pessoa deve resistir ao máximo a tentação desse desejo, pois caso fracasse não pode esconder a sua falha, é alta traição. Perdeu-se a fidelidade. Este é o caso da sociedade atual. A maioria se dar o direito de comer do “fruto proibido”, mas oculta suas ações e ainda defende aquilo que ele corrompe: o amor exclusivo. Pecado da hipocrisia. Isto não é uma vida santa!
Mas se por outro lado, quero seguir o caminho da família ampliada e do amor inclusivo, obedecendo com mais profundidade a Lei do Amor Incondicional, devo de imediato quebrar os meus próprios preconceitos, como o machismo por exemplo. O direito que eu tenho de desenvolver laços afetivos com outras pessoas inclusive relações íntimas com todas suas implicações, o mesmo direito deve ter a minha companheira e que eu devo absorver com todas as suas consequências, de mesma forma. Este caminho mostra muitas vantagens, uma delas de fundamental importância é a extinção do ciúme, do sentimento de posse de uma pessoa por outra, o que transforma muitas vezes o incipiente sentimento que é chamado de amor em sentimento de ódio e vingança que leva ao assassinato como somos testemunhas de tantos... e ainda é colocado como defesa que se matou por amor!!???
Quando a sociedade perceber com clareza que possui esses dois caminhos a seguir, que cada um pode fazer sua opção com clareza, consciência e honestidade, certamente as famílias poderão se tornar santas, mesmo que cada uma tenha uma orientação diferente, mas que cada uma cumpra com rigor e justiça no particular o que costuma fazer no privado.
Esta sigla é importante e bastante conhecida. Foram as iniciais que Pôncio Pilatos mandou escrever numa tabuleta para colocar pregada na cruz acima da cabeça de Jesus. Significa em latim, a língua oficial do Império romano: “Iesvs Nazarenvs Rex Ivdaeorvm”. O inglês usa o “J” em vez do “I” latino e “U” em vez de “V”. Ficaria assim em inglês: “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum”. A tradução do inglês para o português ficaria então: “Jesus de Nazaré, o rei dos Judeus”.
Pois bem, fazendo minhas elucubrações sobre o encadeamento das situações sociais dentro de uma perspectiva mística, posso imaginar que o ato de Pilatos ao mandar escrever aquelas iniciais sobre a cabeça do Cristo crucificado serviria como uma previsão do que estaria a ocorrer 2000 anos depois. Um movimento ancorado nas lições do Cristo constituiria uma Igreja baseado nos seus ensinamentos com projeto da construção do Reino de Deus, como Ele disse que poderia acontecer a partir da modificação dos nossos corações, para construir novos relacionamentos. Essa nova igreja usaria as mesmas iniciais para significar: Igreja Neo-racional do Reino Infinito, ou, Igreja Neo-cristã Racional Infinita. Significaria que o Reino de Deus seria construído com uma nova forma racional, com a lógica pura do pensamento cristão, e assim, como possui características fraternas com a Lei do Amor Incondicional prevalecendo em qualquer tipo de relacionamento, não haveria mais decaimento dos padrões dessa sociedade e assim se tornaria infinita. Seria uma comunidade totalmente diferente dessa que hoje prevalece em todos os cantos do planeta. Talvez já existam pessoas que possuem essas características racionais de pensamento, que já consideram que as lições do Cristo devem ser colocadas em prática com toda a pureza e a coragem necessária. Isso porque, quem quer que seja que já possua essas características e as coloque em prática, ira se sentir deslocado, isolado dentro da comunidade, mesmo que no fundo seja amado por todos.
Por isso a criação de uma igreja INRI com o objetivo de aglutinar essas pessoas e ao mesmo tempo recrutar outras pessoas já sensibilizadas com as lições cristãs e dispostas a participarem desse processo de construção será de fundamental importância.
Será uma igreja com o objetivo de unificar as ações de todas as demais igrejas ou similares que sintonizam com Deus e que procuram obedecer também a Lei do Amor. A maior dificuldade que será encontrada é no que diz respeito o confronto entre o Amor Romântico que estrutura toda a base da família tradicional, com base no amor exclusivo recheado de intolerâncias e ciúmes, com o Amor Incondicional que deverá estruturar a base da família universal, com base no amor inclusivo, recheado de fraternidade e sentimento de empatia. Essa empatia significa a capacidade de se colocar no lugar do ser amado quando esse desenvolve simpatia, amizade, amor e até intimidade sexual com outra pessoa. Por se sentir no lugar da pessoa amada, o amante incondicional irá desenvolver de imediato amor também por essa outra pessoa que divide consigo o amor do seu amante. O amante incondicional sabe que fazendo assim o seu próprio amor será fortalecido, tanto intimamente quanto no coração do seu ser amado. Não existirá dessa forma nenhum tipo de ciúme, a tolerância pelas ausências será uma constante e jamais sentirá o medo da solidão, do desprezo, do abandono, pois sabe que o Amor é eterno e com tendência de se fortalecer com o tempo dentro desse clima de fraternidade e harmonia.
Sinto que já estou pensando, sentindo e agindo dessa forma. O problema é que até agora não encontrei ninguém que pense, sinta e aja dessa forma. Sinto-me solitário vivendo num mundo que ainda não existe. Um bandeirante do Éden caminhando pelo deserto do egoísmo, onde os pequenos oásis que encontro, terminam como miragens que o próprio tempo consegue apagar.
No dia 27-06-15 foi realizado no 1º Arraial da Praia do Meio, ao lado do Hotel Reis Magos. Logo pela manhã a rua foi fechada e a ornamentação foi colocada. Os membros da diretoria que se destacaram nessa atividade foram: 1. Paulo Henrique 2. Luzimar 3. Ezequiel 4. Edinólia 5. Damares 6. Radha 7. Davi 8. Nivaldo e 9. Sued. Foi mais um grande desafio para o Projeto Foco de Luz e para a AMA-PM: como fazer uma festa mundana aplicada aos princípios espirituais que motivam nossos comportamentos. Como decidir sobre a questão da venda de bebidas alcoólicas? Devemos proibir ou liberar? Decidimos pela venda apenas de cerveja, por ter o menor teor alcoólico e por ser a bebida mais procurada nesses eventos, e sabendo também que Jesus não era contra o uso de bebidas alcoólicas em festas, pois Ele mesmo participou da Festa de Casamento em Canaã, bebeu vinho e fez o primeiro milagre transformando a água em vinho, a pedido de sua mãe, para que os convidados continuassem a brincar, dançar e se divertir com os efeitos do álcool. Mesmo nós sabendo que o álcool é um poderoso adversário à saúde física e mental do ser humano, sabemos também que ele está inserido fortemente dentro da nossa cultura, como estava nos tempos de Jesus. O importante é saber que tudo que se passar dentro da festa, inclusive o prazer dos divertimentos e uso de bebidas alcoólicas, devem ser considerados como secundários frente à vontade do Pai em querer que construamos uma comunidade de características cristãs. Outra questão que ainda não está bem definida é com relação ao lucro. Nós, diretores e membros mais próximos da Associação doamos além do nosso trabalho até recursos, na forma de mensalidade e da compra de objetos para a implementação das ações. Por outro lado nós contratamos serviços e guardamos o lucro. Para onde vai esse lucro? Devemos ser solidários e dar ajuda à comunidade carente, até mesmo na forma de assistencialismo, mas esse não deve ser o foco. O foco deve ser na educação de crianças e adulto, profissionalização, garantir a dignidade humana, e em primeiríssimo lugar, a evangelização inclusiva, isso é, ensinar as lições do Cristo e de imediato praticar, sendo que aqueles beneficiários devem se tornar agentes de benefícios a outros, e jamais se colocar como eternos beneficiários da caridade dos irmãos. Esse é um fator importante de dignidade. Os nossos recursos devem servir tanto para comprar o material necessário ao processo de educação de crianças e adultos, como também de dar suporte financeiro em caso de emergência doméstica, tendo o cuidado de não acumular um empréstimo sobre outro não quitado e assim prejudicar a quem necessita de um ou não poder comprar itens importantes para o trabalho associativo. É muito digna a compra de máquinas ou utensílios necessários para os comunitários exercerem o seu ofício de forma independente.
Além dessas elucubrações tivemos lições dadas dentro da própria festa. Muitas crianças jogando fogos, bombas, traques, tanto dentro do Arraial como nos arredores, causando risco à saúde dos participantes e passantes, inclusive turistas, um dos quais veio nos reclamar que sua filha havia sido atingida. A demora na apresentação das quadrilhas, motivando a gente criar a nossa e manter a formação de quadrilhas improvisadas, o que foi iniciado e bastante aceito pelos presentes. A lembrança do motivo da festa, da comemoração do nascimento de São João Bastita, o precursor, aquele que veio anunciar a vinda de Jesus. Inclusive podemos dar esse toque fundamental no ensaios da nossa quadrilha, levantando a memória do história de São João dentro das danças típicas de quadrilhas. Observar as pessoas que mostram algum tipo de dificuldade social e viabilizar uma visita fraterna às suas residências. Organizar as vítimas de violência para que possamos dar uma ajuda mais significativa e apoiar nas suas dificuldades financeiras e emocionais. Organizar as nossas barracas de forma a cada segmento da Associação se responsabilizar pela sua e permitir que os moradores da comunidade tenham participação com seus serviços. Organizar os patrocinadores para que sejam devidamente divulgados dentro do evento. Organizar o local da apresentação das quadrilhas para que não haja dificuldade disso acontecer.
Enfim, podemos considerar que os eventos podem ser um importante momento para divulgar e aplicar as lições do Mestre Jesus, e motivar a muitos que se sintam tocados por Deus a fazer parte do nosso esforço na criação de uma comunidade parecida com o Reino de Deus.
Assistindo ao documentário “Cosmos: A Spacetime Odyssey” na Netflix, vi no episódio 7, “Sala Limpa”, argumentos interessantes sobre a pesquisa quanto a idade da Terra que achei importante reproduzir para depois refletir.
As pessoas têm questionado sobre a idade da Terra desde a antiguidade. Em 1650, o arcebispo James Ussher da Irlanda, fez um cálculo que pareceu resolver a questão. Como quase todo mundo de sua época e de seu mundo, ele aceitou a conta bíblica da criação como algo certo. Mas a Bíblia não informa anos exatos, então Ussher procurou um evento no Velho Testamento que correspondesse a uma data histórica conhecida. E encontrou no segundo Livro de Reis a morte do monarca babilônico Nabucodonosor em 562 aC. Ussher somou as gerações de profetas e os patriarcas, as 139 linhas genealógicas do Velho Testamento entre Adão e o tempo de Nabucodonosor. E descobriu que o mundo começou no dia 22 de outubro do 4004 antes de Cristo, às seis da tarde. E era um sábado.
A cronologia do arcebispo Ussher foi recebida como palavra sagrada no mundo ocidental, até consultarmos outro livro para descobrirmos a idade da Terra, aquela que foi escrita nas próprias rochas.
A maioria das camadas de rocha nas encostas do Grand Canyon é feita de sedimentos, depositados como grãos finos em uma época em que havia um mar nesse lugar. durante as eras, os sedimentos foram comprimidos em rocha sob o peso das camadas sucessivas, com as mais antigas no fundo. Podemos escolher uma camada desse local, qualquer uma. Houve uma época em que deveria ter água rasa ali. No período pré-cambriano, há cerca de um bilhão de anos, havia apenas um tipo de vida. Umas bactérias verde-azuladas, ocupadas aproveitando a luz solar e fabricando o oxigênio. Para elas era apenas um resíduo, mas para os animais que evoluíram posteriormente, inclusive nós, foi um sopro de vida.
Vamos escolher outra camada. Uma camada conhecida como Xisto “Bright Angel”. Foi formada há cerca de 530 milhões de anos. Possui pegadas que foram deixadas há 260 milhões de anos. Quer saber a idade da Terra? Descubra quanto tempo levou para depositar cada camada e aí, em vez de contar as “linhas genealógicas”, basta contar todas as camadas. Fácil, certo?
Só tem um problema. Sabemos por observar esse processo, porque ele ainda acontece hoje nos oceanos e lagos do mundo, que os sedimentos podem ser depositados a taxas muito diferentes. Geralmente acontece muito devagar, digamos a 30 cm de sedimento a cada mil anos. Mas quando há uma rara inundação catastrófica pode acontecer bem mais rápido, até 30 cm em apenas alguns dias.
Muitos geólogos tentaram esse método para calcular a idade da Terra. Usaram o Grand Canyon e outras sequencias sedimentares pelo planeta. Contudo suas respostas diferiram muito para serem úteis, ficaram entre três milhões e quinze bilhões de anos.
E houve outros problemas com esse método, nem mesmo as camadas mais profundas de rocha são os materiais mais antigos na Terra. Por que? Nem mesmo as rochas sobreviveram à infância violenta da Terra. No espaço, a história é outra.
Há alguma recordação de quando a Terra nasceu, objetos que podem nos dizer sua verdadeira idade? Existe um lugar onde podem ser encontrados os tijolos que sobraram da criação do nosso Sistema Solar. E esse lugar fica entre as órbitas de Júpiter e Marte. Aí está o material da Terra recém-nascida, à deriva em um depósito frio, inalterado desde aquela época.
Há cerca de um milhão de anos um grande asteroide causou o desvio de outro bem menor, colocando-o em uma nova trajetória, uma rota de colisão que terminou numa noite há cinquenta mil anos. Deve ter destruído a paz no Grand Canyon quando passou pelo céu até explodir numa cratera no estado que um dia seria conhecido como Arizona.
Fragmentos do asteroide de ferro que causou a cratera sobreviveram intactos. Se soubéssemos há quanto tempo esse ferro foi forjado saberíamos a idade do Sistema Solar, incluindo a Terra. Mas como poderíamos saber isso? Vamos escolher uma rocha (pedra), qualquer uma encontrada no solo. Alguns átomos nessa rocha podem ser radioativos, o que significa que eles espontaneamente se desintegram e se tornam outros elementos. Um átomo de Urânio primeiro se torna um átomo de Tório. Em média isso leva alguns bilhões de anos. O Tório é muito mais instável. Em menos de um mês ele vira Protactínio. Um minuto depois o Protactínio se transforma em outro elemento. O átomo passa por mais dez transmutações nucleares até chegar a última parada na cadeia de decaimento. Um átomo estável de chumbo. E como chumbo continuará até a eternidade.
No século vinte houve um grande esforço que durou décadas para medir o tempo que leva para cada elemento radioativo se transmutar em outro elemento. Os físicos descobriram que os átomos de cada elemento instável decaem a uma taxa constante. O núcleo de um átomo é um tipo de santuário imune aos choques e reviravoltas de seu ambiente. Bata nele com um martelo. Ferva-o em óleo. Vaporize-o. O relógio nuclear continua funcionando mantendo um padrão absoluto de tempo que não depende do sol ou das estrelas. Quer melhor forma de entender a idade verdadeira da Terra do que com o átomo de Urânio?
Se soubermos qual a fração de Urânio em uma rocha que se transformou em chumbo, é possível calcular quanto tempo se passou desde que a rocha se formou. Mas há um problema. As rochas na Terra que estavam presentes quando ela se formou não mais existem. Todas foram trituradas, derretidas, refeitas.
Há uma forma de calcular a quantidade de chumbo que estava presente desde o começo. É um presente dos céus: os meteoritos. Podemos ter um fragmento daquele que causou a cratera gigante no Arizona. A quantidade de chumbo dentro desse meteorito é exatamente a mesma de quando a Terra se formou. Como já sabemos a taxa constante à qual o Urânio decai, teríamos como saber a idade do meteorito que foi criado na mesma época que a Terra. Bastaria medir a quantidade de chumbo em meteoritos. Fácil, né?
Um cientista chamado Harrison Brown da universidade de Chicago, entendeu o conceito em 1947. Ele escolheu um jovem aluno, Clair Patterson, para fazer o trabalho.
Patterson não podia imaginar como essa tarefa alteraria o curso de sua vida. E da nossa. O que parecia ser pura pesquisa científica acabou sendo muito mais.
Clair Patterson, filho de um carteiro de Iowa era rebelde por natureza e não era um bom aluno. Mas era um cientista nato. Esse geólogo, Brown, deu a Patterson o que pareceu ser uma tarefa científica sem segredos.
- Para começar, Pat... posso chamá-lo de Pat? Então, sei que não é geólogo, provavelmente não sabe diferenciar granito de feldspato, mas parece que sabe mexer num espectrômetro de massa. Casado?
- Sim. Com a Laurie. Ela é química também. Nós trabalhamos no projeto Manhattan juntos, em Oak Ridge.
- Ótimo. Bom, a primeira coisa que precisa saber, há uns cristaizinhos chamados de Zircônia. São pequenos como uma cabeça de alfinete, compactos e duros. Nada entra ou sai deles. E estou falando de bilhões de anos. Sabemos a idade desses grãos porque já datamos as rochas de onde eles vêm. Cada Zircônia dessas têm apenas algumas partes por milhão de Urânio dentro, e o Urânio está decaindo para quantidades ainda menores de Chumbo. Agora, se descobrirmos como medir esse chumbo saberemos como fazê-lo para um meteorito. Acha que consegue fazer isso, Pat?
- Sim, claro, e não vejo por que não conseguiria.
- Ótimo, porque quando o fizer será o primeiro homem a saber a idade da Terra. E será famoso. E vai ver que será fácil. Barbada!
Enquanto Pat tentava medir os resíduos de chumbo nos grãos de Zircônia, outro aluno, George Tilton, estava medindo a quantidade de Urânio nos mesmos grãos. Tudo que Patterson precisava fazer era medir a quantidade de chumbo com igual precisão.
- É toda sua Pat, medi seis vezes. O mesmo resultado: 3,2 partes por milhão.
- Muito bem, George, obrigado.
Os resultados de Tilton foram sempre os mesmos. Mas os resultados de Patterson em relação ao conteúdo de chumbo dos grãos eram inconsistentes. Não faziam sentido. Será que o laboratório teria sido contaminado por experimentos anteriores com chumbo? Talvez fossem as quantidades altas de chumbo no ambiente que estavam alterando os resultados. Patterson fez tudo que podia para limpar qualquer resíduo de chumbo no laboratório. Meses se passaram. Ainda havia cem vezes mais chumbo do que deveria. Ele estava trabalhando nisso havia mais de dois anos.
- Barbada... sei...
Patterson percebeu que teria de ferver vasilhames e ferramentas em ácido e purificar todas as suas substâncias químicas para reduzir ainda mais o chumbo no laboratório.
Toda a limpeza e esterilização de Patterson ainda não havia resolvido o problema. Ele precisava projetar o seu próprio laboratório e construí-lo do zero.
A oportunidade surgiu quando Harrison Brown veio para o Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena e convidou Patterson para vir junto.
Fazia seis anos que Patterson estava monitorando e eliminando as muitas fontes de chumbo que estavam comprometendo seus instrumentos. Ele havia construído a primeira sala ultralimpa do mundo. Finalmente conseguiu medir quanto chumbo estava efetivamente na rocha, uma rocha cuja idade já havia sido estabelecida. Agora, finalmente, Patterson estava pronto para lidar com o meteorito de ferro para descobrir a verdadeira idade da Terra.
Ele levou sua amostra de meteorito de volta ao laboratório Nacional de Argonne onde o espectrômetro de massa mais preciso do mundo havia acabado de entrar em funcionamento.
Um espectrômetro de massa usa imãs para separar os elementos contidos em uma amostra para que cada elemento possa ser quantificado. Talvez aquela fosse a última peça do quebra-cabeça da verdadeira idade da Terra.
Depois de isolar a amostra de qualquer contaminação com chumbo externo, Patterson finalmente estava pronto para medir a quantidade de Chumbo e Urânio na amostra e calcular há quantos anos ele havia se formado. A idade real da Terra. Após aplicar diagrama geomorfológico, curva de crescimento... encontrou:
O mundo tem quatro bilhões e meio de anos.
Esse trecho do documentário levanta duas reflexões. Primeiro, o erro em querer usar a Bíblia como livro de referência para a constatação de fatos usando o método da ciência, da realidade das circunstâncias materiais. A Bíblia é um livro escrito dentro de um contexto espiritual, então outras fontes de informações são utilizadas com prioridade, sem necessidade de passar pelo crivo científico, como a intuição e a revelação, por exemplo. Esse campo de informações transcendentais é importante para a compreensão e responsabilidade da evolução moral do espírito e que deve ser coerente com a avaliação material e ética do corpo biológico e demais instâncias materiais.
Segundo, fazendo paralelo do corpo com o átomo, observo quer o átomo possui o núcleo em sua intimidade protegido por uma “atmosfera” de elétrons muito distante e que protege-o de choques ou influências externas diretas. Nenhuma força do ambiente consegue vencer a barreira de elétrons e afetar o núcleo. No entanto, ele sofre um processo de decaimento ao longo do tempo. O corpo também possui o seu espírito localizado bem distante em sua intimidade e nenhuma força externa consegue atingi-lo diretamente. Isso só pode acontecer, de forças externas atingir o espírito, através da intermediação do perispírito, uma entidade semimaterial, composta por substância do corpo e do espírito. De forma parecida com o núcleo do átomo, o espírito deve sofrer uma transformação, uma evolução moral, com os relacionamentos que desenvolve no meio ambiente através do corpo que influencia o perispírito.
É interessante essa compreensão, pois podemos fazer uma boa comparação do que acontece com a evolução espiritual com a evolução material, considerando o corpo e a nuvem de elétrons, respectivamente.