Sei que a caridade é uma das virtudes mais importantes e parece tão fácil de realizá-la. No entanto existem situações que representam focos de resistência onde uma série de dúvidas impede essa prática. A caridade em parada nos semáforos onde várias pessoas, menores, adultas e idosas, disputam uma moeda por todos os métodos: lavagem de vidros, venda de balas, e diversos outros ítens, até mesmo a esmola simples. Nesses momentos surge na consciência de que posso estar sendo ludibriado, essas pessoas podem estar ganhando no final do dia muito mais do que eu, sem contar que muitas delas já tem uma aposentadoria; que podem estar sendo exploradas por outras pessoas que as deixam em locais estratégicos... tudo isso me deixa na defensiva.
Por outro lado, o coração adverte que a minha ação caridosa não deve deixar que isso a atrapalhe. Não importa o que aconteça depois que minha ação caridosa seja realizada. Isso já é com "eles" e com Deus. Mas a minha razão leva essas outras alternativas perversas em consideração e sempre está vencendo a parada. A maior parte das vezes resisto ao ato de doar a tão perseguida moeda. Outras vezes, com menor frequência, eu faço a doação, mas com uma certa rigidez que sei não é a forma mais adequada. O coração permite o ato, mas a razão sempre atenta, fica a advertir que eu posso estar sendo cumplice de um crime, de uma exploração de um menor ou de um idoso.
Vou entrar o ano novo com esse conflito na minha consciência e nos semáforos eu sei que a razão vai continuar vensendo o embate. No entanto, a razão tem que ficar comprometida em se esforçar para corrigir essa distorção, esse crime que pode existir à luz do dia.
Ao assistir por acaso o final de um filme que passava na televisão no canal aberto, vi que os personagens se reuniram no que diziam ser o círculo da confiança e a partir daí cada um dizia livremente o que sentia de si e com relação aos outros, colocava o que desejava que acontecesse e estabelecia limites. Achei muito interessante e necessário a sua aplicação nas nossas relações humanas, principalmente as familiares. Sabemos que com o passar do tempo, vão surgindo problemas, conflitos e ressentimentos, que não são colocados à tona e terminam por deteriorar a qualidade das relações. Uma reunião desse tipo teria o mesmo efeito da confissão que fazemos ao padre ou o relato ao psicoterapeuta, só que dessa forma coletiva tem a vantagem de harmonizar o comportamento e sentimento de não uma só pessoa, mas de todos os envolvidos que também são alvo dos relatos de cada um.
Estou acompanhando a discussão sobre a não obrigatoriedade de placas que advertem aos motoristas sobre a existência de pardais na via. Em primeiro momento fiquei contra a medida, pois entendia que o motorista devia ser avisado e reduzir a velocidade nesses locais, serviria como uma lombada física. Com a discussão percebi que as pessoas que defendiam a medida tem uma razão mais forte. A medida de velocidade estabelecida para a via deve ser respeitada, tendo pardal ou não. Obedece a critérios técnicos que visam a prevenção de acidentes. Eu tinha por hábito a desenvolver a velocidade que as circunstâncias me permitissem, claro, com o cuidado de não causar acidentes, como até hoje não causei, após 40 anos dirigindo. Mas devo rever meu comportamento. Devo obedecer as placas, que existam ou não os pardais. É mais ou menos o que aconteceu com relação ao cinto de segurança. Eu fui um dos que me opus ferrenhamente a dirigir amarrado, mas depois de ceerto tempo na obrigatoriedade, agora minha consciência absorveu a importância da medida e a qualquer momento da estrada, mesmo que não tenha a mínima possibilidade de ter guarda.
Essas são situações que mostram a importância da educação, mesmo que seja forçada, como foi o meu caso com relação ao cinto de segurança e agora com relação aos pardais. Nesse último caso a resistência não vai ser mais tão ferrenha como foi com o cinto. Agora já reconheço de imediato, com a força das argumentações em contrário, que devo manter o limite da velocidade que está prevista nas placas.
Participei ontem pela primeira vez de uma reunião da Seicho-no-ie. Tenho um bom conhecimento espiritual e sinto-me bem em qualquer movimento que fale de Deus, que nos oriente o comportamento. Na essência são todos iguais, pelo menos os que conheci até agora. O que muda é a forma de relacionamento com Deus, as regras e rituais que são usados. A Seicho-no-ie apela para nossa inteligência, para que reconheçamos a ilusão da matéria e a imortalidade do espírito, da alma. Nisso muito se parece com a doutrina espírita e com as orientações do Baghavad gita. O mestre mais citado parece ser também Jesus Cristo, como acontece na doutrina Espírita na qual Ele é considerado como o modelo pelo qual devemos adequar o nosso comportamento. Tem também um forte apelo ao trabalho, ao crescimento da produtividade pessoal, do culto aos antepassados.
Como sou responsável pelo curso de Medicina, Saúde e Espiritualidade, é importante ver a disponibilidade dos dirigentes para apresentar a religião aos alunos e a importância e forma de tratar a saúde.
Os encontros são cheios de surpresas. Algumas agradáveis, outras não. Foi assim que encontrei a minha amiga num shopping, com a qual nos falamos quase que diariamente por telefone, mas que há cerca de um mes não nos encontramos. Ela considerou como um presente de Papai Noel, já que tinha defendido esse personagem mundial em reunião com sua família, e agora ele estava retribuindo a gentileza. Achei engraçada a justificativa para a coincidência. Fomos tomar um sorvete na praça da alimentação do mesmo shopping, já que não podíamos prolongar o encontro, eu devia entrar no trabalho dentro de uma hora. Foi nesse momento, enquanto ouvia minha amiga contar de como foi a noite de Natal junto à sua família, que aconteceu mais um encontro. Outra amiga que há mais de ano não nos encontrávamos ou mesmo falávamos, acho que tínhamos perdido os nossos contatos físicos, mas não foi perdida a essência de nosso afeto. Ela estava na companhia do filho e logo explodiu de alegria ao meu lado. Nos abraçamos e apresentei uma a outra de forma fraterna dentro do melhor estilo cristão. Voltei a reativar o contato com a troca de telefones e a promessa que iríamos nos encontrar até mesmo para atualizar o que eu deixei com ela e ela comigo, no ponto de vista material.
Assim é a vida, cheia de encontros, e quando nós cultivamos a amizade e o afeto das pessoas, sempre existe a possibilidade de encontros cheios de alegria pela vida afora.