Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/12/2017 00h59
O AVÔ DE DEUS

            Parece uma ideia paradoxal, profana. Como é que Deus, o Criador de tudo, pode ter um avô, um pai? No contexto da Natureza, claro que isso é impossível. Mas a imaginação pode construir cenários onde tudo é possível, com uma lógica muito particular.

            Imaginemos a existência de universos múltiplos, de várias dimensões de existência. Em cada universo criado estaria sempre presente a concepção de um Deus, como temos agora neste nosso universo. Mas em outros universos eu não tenho a certeza que o pensar é o mesmo que eu tenho aqui, que nesses outros universos toda a dinâmica e leis sejam diferentes das que funcionam aqui. Tudo pode ser fruto da imaginação, quando passamos para universos múltiplos. Por isso, posso muito bem imaginar que em cada universo existe algum tipo de compreensão de um Deus único e ao mesmo tempo a formação de inúmeros universos criados a partir de um original. Pensando assim, posso dizer que o Deus que cria um universo que se sobrepõe a este no qual vivo é o pai dele. Da mesma forma que na Biologia, um filho se forma através de um pai, assim teríamos a sequência dos universos assim formados, com a genealogia de deuses...

            Mas, vamos deixar esse pensamento complexo e forçado, pois mesmo sendo verdade a existência de muitos universos, até o infinito, mesmo assim o Pai, o Criador, Deus, sempre seria um só.

            Mas, vamos voltar e considerar que estamos dentro do nosso universo conhecido e conhecemos a toti-potencialidade de Deus. Assim sendo, para homenageá-lo e não parecendo ao mesmo tempo presunçoso, posso colocar o nome do meu filho de “Deus”, mesmo que seja em outra língua, “Theo”, por exemplo. Neste contexto é melhor compreendido como alguém pode ser o pai ou avô de Deus (Theo).

            Para quem tem uma formação espiritual, mesmo sabendo de todas as características das diversas formas de espiritualidade, manifesta nas diversas civilizações e agrupamentos humanos, fica sempre a pensar no peso dessa responsabilidade.

            Como posso ser o avô de Deus? Fica a interrogar o meu lado esquerdo do cérebro, acostumado com a operacionalização lógica. O lado direito que é mais abstrato, funciona melhor com as intuições do que com as racionalizações, procura dar justificativas que superem os conflitos lógicos e satisfaçam a consciência.

            Ora, Jesus o mestre divino, não disse que todos nós somos deuses?! Que a condição de agir conforme a Sua vontade seria uma condição “sine qua non”? Então, procurando seguir as lições de Jesus, posso me colocar no lugar de Deus, e, agindo com meus filhos, educando-os da mesma forma que eu compreendo, estarei formando deuses, dentro dessa expectativa. Se o meu filho se comporta dentro da ética, do bem e do Amor, então pode ser considerado Deus, assim como eu, seguindo as lições do Cristo.

            Dessa forma fica justificado, já que pretendemos criar e educar o recém-nascido dentro do mesmo contexto espiritual, que eu possa me considerar como o avô de Deus, sem nenhum conflito de consciência: sei quais são os parâmetros nos quais estou justificado!  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/12/2017 às 00h59
 
18/12/2017 00h59
DESARMAMENTO

            Nós, que seguimos as lições do Cristo, ficamos impactados quando sentimos necessidade de usar uma arma para defender nossas vidas. Parece que isso é um crime e também uma desobediência às lições do Cristo. Mas, observando com mais rigor e lógica, veremos que possuir uma arma para defesa é cumprir exatamente à lei do Cristo: “Amar ao próximo como a si mesmo”.  A referência do Amor ao próximo é amar a si mesmo. Se eu não procuro defender a minha vida de todos os meios possíveis, até mesmo matando o assassino que vem em minha direção, não estarei cumprindo a lição do Mestre.

            Também podemos verificar nas atitudes de alguns governos que as leis de desarmamento da população pode ter outras motivações menos nobre, como observamos neste texto que colhi do whatsapp:

            Um pouco de história para quem esqueceu ou nunca soube.

            Em 1929, a União Soviética desarmou a população ordeira. De 1929 a 1953, cerca de 20 milhões de dissidentes, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1911, a Turquia desarmou a população ordeira. De 1915 a 1917, um milhão e quinhentos mil armênios, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1938, a Alemanha desarmou a população ordeira. De 1939 a 1945, 12 milhões de judeus e outros “não arianos”, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1935, a China desarmou a população ordeira. De 1948 a 1952, 20 milhões de dissidentes políticos, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1964, a Guatemala desarmou a população ordeira. De 1964 a 1981, 100.000 índios maias, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1970, a Uganda desarmou a população ordeira. De 1971 a 1973, 300.000 cristãos, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.

            Em 1956, o Camboja desarmou a população ordeira. De 1975 a 1977 um milhão de pessoas “instruídas”, impossibilitadas de se defender, foram caçados e exterminados.

            Efeito do desarmamento efetuado nos países acima no século XX: 56 milhões de mortos.

            Com o recente desarmamento realizado na Inglaterra e no País de Gales, os crimes à mão armada cresceram 35% logo no primeiro ano após o desarmamento.

            Segundo o governo, houve 9.974 crimes com armas entre abril de 2001 e abril de 2002.

            No ano anterior havia sido 7.362 casos.

            Os assassinatos com armas de fogo registraram aumento de 32%.

            Segundo as Nações Unidas, Londres é considerada hoje a capital do crime na Europa.

            Tudo isso é óbvio, pois os marginais não obedecem as leis.

            Com o desarmamento, só gente honesta não poderá ter uma arma. Uma lei feita para desarmar as vítimas é cruel.

            Observamos com esses números a nocividade do desarmamento, que pode ser aprovado com um discurso positivo, de paz e harmonia, mas que na prática mostra requintes de crueldade, principalmente quando o gestor que o propões tenha essa intenção. Devemos lembrar que estamos num planeta caracterizado como de provas e expiações, onde o mal ainda prevalece, e portanto a natureza animal domina sobre a natureza humana que deseja se aproximar da angelitude.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/12/2017 às 00h59
 
17/12/2017 00h59
EXECUTOR DO AMOR

            Na vida material observamos quando alguém é condenado a morte e outro alguém tem o papel de executar aquela vida, matar aquele vivente. Agora, será que o mesmo pode acontecer com os sentimentos? Mesmo que ele seja tão forte quanto o Amor? Será que alguma coisa pode executar o Amor?

            Não, eu acho que isso é impossível. Quando alguém sente o verdadeiro Amor, este jamais morrerá, jamais poderá ser executado por força nenhuma neste universo, pois o Amor se confunde com o próprio Deus. O Amor entende as dificuldades que o outro tem de compreender o processo da vida, é ignorante dos verdadeiros caminhos da evolução, que todos temos um mesmo criador, por isso somos irmãos e os diversos tipos de relacionamentos que construímos em nossa trajetória biológica é quem forma os diversos tipos de parentescos (pai, mãe, irmãos, tios, sobrinhos, avós, etc.) sanguíneos com forte apelo emocional. O Amor Incondicional não sofre os efeitos dessa tendência, continua a respeitar

            Agora, o amor romântico, que muitos confundem com o amor verdadeiro, esse sim, fica logo associado com os sentimentos biológicos. Como os fatores biológicos tem um tempo de vida, os sentimentos que ficam associados a ele também morrem com facilidade, posso até dizer que coisas insignificantes podem o executar, depende muito de quem o sente.

            Muitos casais se aproximam motivados pelo desejo sexual, que pode assumir a forma da paixão e que dificilmente vem a se tornar Amor. Na melhor das hipóteses, ele pode se tornar um companheirismo na base da amizade. Mas se houver qualquer comportamento de um lado ou do outro, que não seja esperado, logo vem o sentimento de raiva e ressentimento que atrapalha o companheirismo e amizade, podendo levar à destruição de um ou de ambos os envolvidos.

            Os atos considerados pelo companheiro ou companheira como traição, agressividade, desrespeito, intolerância, logo criam ressentimentos que tendem a aumentar a frequência desses momentos negativos. Estas são as ervas daninhas que emergem ao lado do coração e sufoca e executa o amor, desaparece o companheirismo e a amizade.

            O Amor em sua natureza sublime deve um dia ser evocado por nossa consciência e aplicado em ações por nossos corações. Este será o dia da formação do Reino de Deus, da família universal, onde os derivados do amor romântico, como ciúme, intolerância, exclusividade, não mais existirão.

            Enquanto isso não acontece, devemos aprender a reconhecer o amor romântico com toda a carga de negativismo que ele traz, apesar da aparente felicidade que ele aparenta proporcionar. Reconhecer que é esse tipo de amor que está sendo constantemente criado e constantemente executado.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/12/2017 às 00h59
 
16/12/2017 00h59
NUNCA DIGAS POR QUEM CHORAS

            O coração não sabe falar, por isso não devo me preocupar, em dizer o nome da pessoa por quem choro... também ele não sabe pensar, só sabe sentir. A mente é quem se faz de intrometida, quer saber o nome da pessoa, por onde anda, o que faz, com quem está... se por acaso se lembra de mim...

            Não, aconselho, não deixa a boca dizer o que a mente pensa que o coração sente. Não são as lágrimas quentes que banham meu rosto, motivo suficiente para a mente, detetive, querer descobrir a culpada...

            Não existe culpadas... existem também pessoas que sofrem e talvez mais do que eu, por não ter sido pra elas o que elas esperavam de mim...

            Fui ferido pelas palavras de acusações? Pelas ameaças? Pelas decepções jogadas no meu rosto? Até mesmo por momentos de pura agressividade, de violência, de atacar o meu corpo com unhas, dentes e tapas?

            Não posso considerar meus carrascos como torturadores sem piedade, pois ao fazerem isso elas sofriam por dentro as mais intensas dores... dores no coração!

            Assim como Átila deixava um rastro de destruição por onde passava, que nenhum capim nascia nos rastros do seu cavalo, também deixo um rastro de corações destroçados por quem penetro nos sentimentos, que nenhuma esperança deixo nos corações que ficam sozinhos.

            E esta é minha natureza. Não posso deixar de agir assim enquanto sentir bater o coração, enquanto ele dirigir minhas motivações, enquanto ele perceber em cada pessoa que Deus envia o que existe de bondade e como cultivar os bons sentimentos, como um jardineiro responsável por diversos jardins, que não pode ficar exclusivamente para um somente.

            Sei que o Pai enviará outras pessoas para que eu cultive o coração com as flores do Amor, mesmo que mais adiante quando elas tiverem radiantes e mais exigentes de atenção, eu tenha que cuidar de outras e não tenha todo o tempo disponível.

            As dores de sofrer por minha ausência provoca também em mim as minhas lágrimas, mas como eu poderei dizer por quem seja? Quem no passado? Quem no futuro? Não posso individualizar...

            Não posso dizer por quem choro!

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em 16/12/2017 às 00h59
 
15/12/2017 00h59
PALAVRAS, INTENÇÕES E AÇÕES

            Jesus ensina numa parábola o devido valor das palavras, intenções e ações. Disse que um pai tinha dois filhos e os manda trabalhar na vinha. O primeiro diz que irá, mas não vai. O segundo diz que não quer ir, mas termina indo. Jesus conclui a parábola perguntando: “Qual dos dois filhos fez a vontade do Pai?”

            Com isso Ele demonstra que o importante não são as palavras, nem as intenções. O primeiro falou que ia, mas não foi. O segundo disse que não queria ir, não tinha intenção de ir, mas terminou indo. Então, prevaleceu a ação. O segundo filho fez a vontade do Pai.

            Também tem aquela parábola das 10 virgens onde 5 delas esperam o noivo à noite com sua lâmpadas abastecidas de óleo, enquanto as outras 5 não cuidaram desse abastecimento. Com o decorrer da noite faltou o óleo daquelas que não se precaveram, que não agiram para deixar também suas lâmpadas abastecidas. Em vão pediram as colegas o óleo necessário, pois elas não iriam ficar desabastecidas à espera de evento tão significativo. Elas tiveram que ir em busca do óleo e quando chegaram o noivo havia chegado e estava com suas colegas.

            Esta é outra lição que demonstra a importância da ação, e que cada pessoa deve agir para se capacitar a receber a devida honraria espiritual. Ninguém que faz suas ações e se torna capacitado, pode transferir essa capacitação a quem não agiu.

            Julgamos as outras pessoas pelas obras, pelo o que fazem ou deixam de fazer, pelo que dizem ou deixam de dizer, mas nós mesmos, nos julgamos, só pelas intenções e quase sempre nos justificamos.

            O padre Rodrigo Hurtado, diz que Santo Inácio desenvolve este tema numa meditação chamada “três binários” (que nós diríamos hoje dos três caminhos). É uma meditação termômetro, para medir como está nosso amor para com Cristo, nossa decisão de segui-lo.

            A ideia é a seguinte: “se você quer seguir Jesus, tem que desempoeirar algo que recebeu lá no seu batizado faz muito tempo”. Ou seja, reavivar a sua capacidade de discernimento entre o bem e o mal e o amor por Deus, acima de qualquer outra coisa no mundo. Isso porque, com o passar do tempo, nosso coração encontra “outros amores” e nossa capacidade de discernimento vai se nublando.

            Santo Inácio apresenta nessa meditação três cenários, nos quais pode se encontrar nossa vontade.

            O primeiro cenário é aquele que ele chama de “covardes”. São aqueles que não se atrevem ainda a tomar uma decisão por Cristo. Até gostariam, mas esse “gostaria” não é ainda um “quero”. É um estado de desejo ambíguo. Quer querer, mas ainda não quer.

            O segundo cenário é aquele das pessoas que tomaram a decisão de lutar contra o vício ou de mudar alguma conduta de pecado, mas querem mudar de tal jeito que o pecado continue. Poderíamos dizer que eles querem o objetivo: se livrar do vício do álcool, por exemplo, mas não querem os meios para alcançar esse objetivo, ou seja, se encontrar com os amigos que sempre bebem com ele, frequentar os Alcoólicos Anônimos, evitar ficar perto de bebidas alcoólicas, etc. É a luta pelo desprendimento. Queremos deixar algo mas estamos apegado aquilo. Santo Inácio chama este grupo de “trapaceiros”. Querem fazer a vontade do Pai, mas também a vontade deles. E isso não é possível. Este é o grupo dos que tentam muitas vezes deixar o pecado e voltam continuamente a repeti-lo. Querem o objetivo, mas não os meios.

            Em terceiro lugar está o cenário dos “comprometidos”. São aqueles que querem desprender-se do pecado e estão dispostos a utilizar-se de todos os meios que sejam necessários para alcançar este objetivo. Esses têm um amor verdadeiro por Jesus. Esses são os que conseguem testemunhar com os fatos, com obras, suas boas intenções.

            Esta é uma boa classificação para enquadrarmos aqueles que já conhecem as lições do Mestre e pensam em segui-las. Do meu lado, fazendo uma auto avaliação, posso ver que tenho uma classificação no geral e outra  no particular, com cada um dos pecados que reconheço e que desejo enfrentar. Por exemplo, a gula e a preguiça. Já tomei a decisão de lutar contra eles, de mudar a conduta, mas continuo a agir de forma que eles continuam. Posso ser considerado como um trapaceiro. Por outro lado, o ciúme, que um dia eu exibia, hoje não existe nenhum vestígio. Aqui posso me considerar como comprometido.

            Então, fazendo um tipo de retrospecto de tudo que faço ou deixo de fazer no meu repertório comportamental dirigido às ações ensinadas pelo Cristo, me considero situado entre trapaceiro e comprometido, me esforçando a cada dia para deixar de ser trapaceiro e me tornar totalmente comprometido. O estágio de pureza espiritual. Sei que uma só encarnação não será possível atingir esse estágio, mas lutarei persistentemente em cada encarnação que o Pai me oferecer.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/12/2017 às 00h59
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