Por que sinto e logo as lágrimas vêm?
Esse líquido virá do coração?
Gosto de sal, será da desilusão?
De ter perdido para sempre o meu bem?
Como não posso parar o coração
O sangue deter, parar de circular
E nela, a minha mente não pensar
Fico encharcado em plena solidão.
Que tosca engenharia essa no meu peito
Que torce minh’alma e faz verter o pranto
Tira da minha vida, o belo, o encanto
A lágrima quer tudo para si, de qualquer jeito
Mesmo que eu não tenha em nada apetite
E que definha em cada dia em modo triste
Ora! Que tola multidão a humanidade
Não reconhecem um rei ao seu lado
Reles plebeus que procuram ser amados
E quando perdem o amor sentem saudade
Quantos ficam pelos cantos reclamando
Murmurando suas dores para o mundo
Como se fosse um sofrimento tão profundo
Só porque não ficam mais amando
Pois saibam todos, vermes ignotos
Que eu nunca fui amado quanto amei
Nunca tive pra saudade um antídoto
Eu sou o rei da amargura, do afeto
Eu tenho cetro do mar que já chorei
Tenho a coroa do desejo mais secreto
Apesar de todas minhas falhas, fraquezas e vícios, o Pai continua a confiar em mim e a mandar mensagens e orientações por qualquer meio à disposição. Dessa vez através de um livro que ganhei de presente da minha ex-segunda-esposa, escrito por Chico Xavier e através de vários espíritos militares desencarnados.
O prefácio feito por Anna Nery, a primeira enfermeira do Brasil, logo entendi que era mensagem do Pai enviada para mim, apesar de tão defasada no tempo, 1944, época que eu ainda não havia nascido, o que aconteceu em 1952, data da última crônica do livro. Como se eu tivesse recebendo algum tipo de bastão espiritual numa prova de revezamento.
Vejamos o que o Pai quer dizer para mim através do pensamento de Anna Nery e da psicografia de Chico Xavier.
Que as bênçãos do Cristo, meu filho amado com o qual sou uno, te fortaleça, Francisco. Deves criar núcleos de oração e fontes de trabalho vivo para nutrir os infelizes da sorte, os famintos e quantos estão perdidos na note escura, com necessidade de luz. Reuni todos sob a bandeira santa da paz.
Não é preciso qualquer manifestação na imprensa, o importante é a oração fraterna, com foco, que mesmo em plena tempestade esteja direcionada para o posto divino. Em trabalhos rudes é necessário recorrer à calma do coração. Deves estar servindo, envolvido no amor que é a minha essência, o meu sangue, que não corre somente em raças ou grupos familiares, mas com toda a humanidade, com a construção da família universal. Você foi colocado num país que tem propósito de alargar as fronteiras do sentimento para a grande humanidade cristã do porvir, a pátria do Evangelho e o coração do mundo.
Você deve resgatar os missionários humanos para assistir as almas infelizes onde quer que elas estejam, esquecendo ódios e todas as desventuras, para cada um poder sentir a minha essência, a minha presença dentro de si.
Meu Filho precisa de discípulos fieis que estejam dispostos a penetrar no campo das amarguras dos infelizes, dos perdidos na noite escura e que me rogam constantemente por auxílio. É preciso que os filhos mais iluminados não tardem nessas regiões mais desventuradas.
Mas tenha cuidado, a inteligência desvirtuada tem alguma coisa de satânico, de infernal. As vozes da verdade escasseiam nos países mais civilizados. Caim continua no trono de sua dominação, trucidando todos os irmãos que se manifestam a favor da fraternidade universal.
Não te digo isso para te atemorizar diante da luta, e sim para que intensifiquem as tuas orações a cada dia, para que não entres como tanto sábios no vórtice da destruição.
Saibas que há muita diferença entre evolução intelectual e progresso cristão. Não podemos cultivar o raciocínio contra as leis que governam a vida, porque as leis se voltam contra quem as infringe, confundindo a razão pequenina e miserável.
Infelizes as nações que acenderam os fogos do morticínio! Sobre elas caem as maldições proferidas contra as coletividades pacíficas. Assestados contra si próprias permanecem os canhões consagrados à destruição dos povos amantes da liberdade! Criaram cadeias para os próprios pulsos, algemaram as mãos no longo e doloroso cativeiro projetado para quantos amam o trabalho por amor ao serviço da criação de Deus! Grandes horas, estes momentos do mundo inteiro! Marcam solenemente no relógio da eternidade os desvarios da Terra!
Como aqueles que acompanharam o Mestre divino, também lhe repito: orai sem parar! Convertei vossos esforços e vossos dias em orações vivas!
Pai, agradeço por tudo que é feito para mim por Teu intermédio, a partir da minha criação, de ter a Tua centelha divina que faz a minha sintonia conTigo. Quero pedir perdão, desculpas por minhas falhas tão fortes, tão frequentes, que impedem a realização do que posso fazer, do que devo fazer para cumprir a Tua vontade e não a minha como sempre estou colocando nas minhas falas conTigo. Mas, como Paulo já disse, o que eu quero fazer, não consigo, mas faço aquilo que não quero. Faço a minha vontade, aos prazeres mundanos que estão associados ao corpo que me destes como veículo para minha aprendizagem. Por ele sou frequentemente derrotado por suas forças instintivas de sobrevivência de todas as células que terminam afetando o meu psiquismo, detona a vontade do meu espírito que se torna impotente de realizar a minha própria vontade, o meu livre arbítrio para fazer a Tua vontade... Tuas tarefas são postergadas ad infinitum... porque prevalece de imediato os desejos da carne, quer seja de descanso exagerado, de ociosidade, quer seja a busca de prazer ligada a alguma área como alimentação, sexo, jogos...
Mas continuo Pai, com as minhas intenções de procurar fazer aquilo que tanto insisto em dizer a Ti, construir uma maquete do Teu Reino, usando todo o material instrutivo que me destes ao longo da minha vida, construir através do marketing de relacionamentos essa maquete universal, chegar perto de todos aqueles que sofrem para ajuda-los de alguma forma colocando em prática os alicerces de uma forma de igreja tipo escola, que tenha o foco no trabalho e no amor.
Tudo está bem preparado, esquematizado, falta apenas a prática, e aí está a minha grande falha: quebrar a inércia e colocar tudo isso para funcionar de forma organizada. Mas o corpo não quer passar por algum tipo de constrangimento, de renúncia, para que a Tua vontade seja realizada. Essa é a minha grande queda de braço, do meu espírito com os instintos do corpo que me destes, através da figura mitológica do Behemoth.
Pai, eu sei que tenho que conquistar aquilo que ainda não possuo. Não posso receber de Ti por um simples pedido, a realização de minhas tarefas. Sou eu que tenho que fazer, sou eu o Teu representante aqui no mundo material. Mas, será que não podes me dar um pouquinho de coragem, sabedoria e inteligência rápida para que eu possa vencer essa queda de braço entre eu e o Behemoth. Será que isso é antiético? Eu não posso pedir as coisas externas, mesmo sendo ao meu Pai, para vencer o mundo que dentro de mim existe, criado pelo Senhor mesmo, para proteger o meu corpo e reproduzi-lo.
Não tenho muita certeza nessas questões. Sei que estou perdendo tempo em poder realizar o que já está pronto e não consigo operar.
São tantos motivos que surgem na minha mente, mas todos são defesas do Behemoth para que eu não vá à luta construindo a vontade divina e deixe ele escanteado.
Esta é uma arena de luta que, apesar das minhas orações, de pedir o que é necessário para a minha existência, eu peço, mas sempre com um pé na retaguarda se estou realmente correto agindo dessa maneira.
Obrigado Pai, pela minha existência, pela saúde que tenho no corpo e na mente, e por tudo que me destes e continuas ofertando. Sei, que o que devo fazer, é o que devo fazer. Não posso esperar de ninguém a confecção de um trabalho que é meu dever realizar. E se não conseguir realizar, porque de alguma forma ainda não estou pronto, certamente outro surgirá, pois, a Tua vontade deve ser respeitada e cumprida ao longo das eras.
Obrigado, Pai, por me ouvir.
Na Bíblia, livro de Jó, tem uma informação interessante. Que Deus que nos criou, fez junto algo parecido com um boi, chamado de Behemoth, que tem a força nos seus lombos e poder nos músculos do ventre. Que a sua calda se move como um cedro e os nervos das suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são fortes como tubo de bronze e os seus membros como barras de ferro. Ele á a obra prima dos caminhos de Deus, que o fez e proveu de sua espada. (Jó: 40, 15-19)
Fiquemos a refletir: por que Deus fez conosco, no momento da criação, algo tão imponente? Tão poderoso? E que é a obra prima dos Seus caminhos? E ainda, está provido da Sua espada?
Sabemos que os livros que compõem a Bíblia foram escritos por intuição divina, mesmo que em muitos existam exageros que não está coerente com a essência de Deus. Será que este Behemoth é um desses exageros? Não existe esse ser dentro de nós? Pois fazemos dissecação do nosso organismo e só encontramos células. Células que formam tecidos; tecidos que formam órgãos; órgãos que formam sistemas; e que todos juntos formam o organismo.
Não encontramos o Behemoth!
Mas, do ponto de vista especulativo, alguns achados científicos podem justificar tal monstro. A biologia mostra que a vida se desenvolve na Terra há milhões de anos. A nossa criação feita por Deus não foi feita de forma imediata, gastou todos esses anos para se completar a partir de um processo evolutivo que inclui todos os seres vivos.
A filogenia a relação evolutiva entre grupos de organismos, espécies, populações, que é descoberto por meio de sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos. Assim é formada a árvore da vida, mostrando a história evolutiva dos grupos, desde os seres unicelulares, protozoários, até os mamíferos, entres eles, nós, os humanos.
A embriogênese mostra que essa evolução que é observada pela filogenia nos corpos biológicos, existentes ou extintos, também é processada na formação dos nossos corpos individuais, como se houvesse um resgate histórico à nível da duplicação das células promovida pelo gerenciamento genético.
Mas, devemos focar nossa atenção no órgão responsável por nosso comportamento: o cérebro. Ele também sofre, como todo o organismo, os efeitos da filogenia e da embriologia. A anatomia e fisiologia mostram os locais bem específicos para cada ação comportamental e percepção ambiental. Em termos mais genéricos, temos a composição de três regiões funcionais, como defende a teoria de Paul McLean: Neocórtex, onde estão as funções intelectuais superiores; Sistema Límbico, mamífero, a camada intermediária, responsável pelo emocional; e o Cérebro Reptiliano, situado na base do cérebro, responsável pelas ações instintivas, ligadas à sobrevivência.
Com todos esses conhecimentos acumulados cientificamente, e com a observação do comportamento humano ter aspectos próximos a animalidade, podemos inferir que o monstro, o animal citado na Bíblia como o Behemoth, tem existência em nosso psiquismo, com suas energias, mesmo que não seja encontrado anatomicamente. E o local mais conveniente à sua localização é na base do cérebro, com afinidade ao passado reptiliano, com a força instintiva da sobrevivência. É esta força que pode ser identificada como a espada de Deus, garantindo a vida do organismo pela lei do mais forte.
No ambiente de relações, onde o cérebro sofisticado do homem consegue racionalizar a existência, de ser uma criatura de Deus assim como todo resto da criação, e portanto todos são irmãos, a energia do Behemoth deve ser contida para não prejudicar a terceiros e fazer a vontade do Criador, a evolução harmônica de todos os seres, no mundo material e no mundo espiritual, que é nossa referência de vida.
Assim, compreendemos a energia do Behemoth à nível da mente e que se depara com a consciência espiritual. Existem sete aspectos comportamentais que denunciam o excesso da influência do Behemoth em nosso espectro comportamental, que são identificados como os sete pecados capitais: soberba, gula, luxúria, ira, vaidade, avareza e inveja. São formas disfuncionais de comportamentos que são executados para suprir nossas necessidades de sobrevivência gerando o egoísmo, prejudicial ao próximo.
Como vivíamos mergulhados nessas diversas formas de egoísmo, o Pai sempre enviou no tempo e no espaço avatares, que é a descida de um ser divino à Terra na forma materializada para ajudar na domesticação do Behemoth. Foi o caso de Buda, Krisna e o maior de todos e mais próximo a Deus foi Jesus de Nazaré. Veio ensinar sobre a prática do Amor Incondicional e na construção do Reino de Deus através da reforma íntima. Isso implica na domesticação do Behemoth, pois não podemos destruí-lo, ele tem uma função importante dada por Deus. Ele pode se tornar um aliado na nossa missão espiritual.
Durante os três anos de sua missão, Jesus convocou 12 pessoas para ficarem perto dEle e observarem as ações de conteúdo moral e milagroso. Mesmo que não conseguissem entender toda a verdade que o Cristo trazia, e portanto muitos ensinamentos foram feitos na forma de parábolas, foi o suficiente para eles absorverem e escreverem os Evangelhos para disseminar a mensagem através do tempo e do espaço.
A convocação feita pelo Cristo há 2.000 anos continua sendo realizada pelas pessoas que incorporam e praticam os seus ensinamentos, na construção da família universal que leva a formação coletiva do Reino de Deus, a partir da reforma íntima, da domesticação do Behemoth de cada pessoa.
Mesmo que vivamos num meio tempestuoso, cheio de sombras da ignorância que deixa o Behemoth agindo com sofreguidão e que gera tanto mal, temos condições de portar a luz e por onde andarmos dissipar as trevas.