Estou tendo muito cuidado com a caridade, acredito que estou evoluindo bem nesse aspecto. No entanto na área do trabalho tenho uma mesma preocupação semelhante essa da Caridade. Apesar de ter muito trabalho, de ninguém me considerar um preguiçoso, minha consciência acusa que devo ser mais trabalhador. Meus livros se acumulam sem organização, as diversas tarefas são procrastinadas, os compromissos são atendidos sem o devido cuidado, o que compromete minhas ações. Assumo um leque grande de atividades, isso é o fator que mostra uma intensa quantidade de trabalho, mas todos terminam sendo comprometidos, pois não há tempo hábil para conduzir todos os cuidados que merecem. Como já assumi as diversas tarefas, tenho agora que assumir o trabalho como uma prece, como mais uma atividade espiritual bem próximo da hierarquia da Caridade. Não posso começar amanhã, tenho que começar hoje, agora mesmo. Então comecei. No momento que digito este texto, na mesa se encontra distribuído diversos trabalhos que tenho que os conduzir durante a noite. Vamos ver se consigo atender as exigências da minha consciência.
Tenho sido admoestado de que a prática da Caridade que tento fazer possa ser inconveniente para aquilo que Deus espera de nós. A discrição, o cuidado de não trombetear a caridade que se faça. Isso se deve porque procuro dividir aqui com meus leitores as dificuldades que tenho em praticar a verdadeira caridade de acordo com minha consciência e com o que tenho aprendido. Claro que aprendi que a divulgação da caridade que fazemos não é conveniente. Mas acredito que não é isso que faço aqui, mesmo porque estou protegido pelo pseudônimo e poucas pessoas sabem a quem se refere Sióstio de Lapa. O que é colocado aqui é o processo de aprendizagem que acredito deve servir para todos nós, inclusive para mim mesmo quando recebo o feed-back desse teor, me advertindo dos possíveis erros
Acredito ser mais uma lição da Caridade este texto do Cardeal Carlo Maria Martini que caiu em minhas mãos:
“O nosso amor se deturpa quando é feito apenas de palavras, de excelentes propósitos, de arroubos da mente. É preciso mover os braços, tomar sobre si o peso das necessidades concretas de quem está ao nosso redor; não buscar muito longe gestos de solidariedade fora do comum, mas estar atentos às carências de quem está ao nosso lado, começando pelos próximos.”
Atentar para as pessoas que estão próximas e que merecem nossa atenção, caridade, é a lição do texto, ao invés de irmos com palavras bonitas em busca de alhures fazer o bem. A prática local é muito mais importante do que a busca utópica além.
O dia 28 de junho é dedicado à Renovação Espiritual. Nós que estamos no processo consciente de evolução espiritual, devemos avaliar o nível espiritual que nos encontramos, as dificuldades que identificamos e as perspectivas de avanço na Reforma Íntima. Deus está no comando e nossa intuição percebe Sua influência nos acontecimentos ao redor, alguns podemos decidir, outros não. Qualquer que seja a situação, desde que estejamos conscientes de tudo que está acontecendo nos dois planos, material e espiritual, o dia termina sendo de boa referência para fazermos as devidas reflexões nos diversos níveis de entorno ao nosso redor: primeiro é na relação conosco mesmo e com Deus, o que estamos fazendo, pensando e planejando; o segundo é na relação com o próximo, qualquer que seja ele e que no momento é o alvo de nossas ações; terceiro é com a família consanguínea, a família ampliada, a família espiritual, a família universal e os diversos grupos divididos em tantos setores, como pátria, esportes, religiões, partidos políticos, etc. A reflexão se estende até o nível cósmico onde podemos encontrar Jesus e voltamos encontrar com Deus.
Minha reflexão é positiva. Sei que estou trilhando um caminho determinado por Deus, cumprindo a principal Lei que Jesus nos ensinou, “amar ao Pai acima de todas aos coisas e ao próximo como a nós mesmos”. É neste foco de AMOR que se resume a principal Lei que me esforço para a cumprir na íntegra, evitando qualquer tipo de preconceito que sirva para a mascarar. É a principal lição e a mais importante, todas dela deriva, todas dela depende! Sinto na carne muitas vezes os “chibatadas” do ódio que exige uma forma de amor condicionada a qualquer coisa e não aceita o que o Amor seja livre, que ele respire liberdade como forma de se manter puro e saudável. Muita gente acredita que deva reter esse Amor em qualquer tipo de gaiola e que somente a uma pessoa sirva e desconsidere os bilhões que povoam nosso planeta. Não! Sei que jamais poderei trocar os bilhões de irmãos por uma só pessoa, tenha essa pessoa o nome que tenha: pai, mãe, esposa(o), filho, patrão, amante, etc. Esta é a lição premente que aciona o meu raciocínio e ativa as cordas do meu coração para vibrar pelo planeta, mesmo que sinta na carne e nos afetos a importância de algumas pessoas que estão próximas, que comigo comungam, que se dispõem a caminhar comigo e até aquelas que podem não comungar nem caminhar comigo, mas que podemos trocar afeto na simpatia do Amor espiritual.
Recebi uma lição explicita da Caridade através de um texto que encontrei. Abordava questões práticas que as vezes eu procurava realizar e não sabia como começar. O texto falava do valor de um sorriso e devido a sua importância vou reproduzir na íntegra, como o encontrei, neste espaço:
“O sorriso não custa nada e rende muito. Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá. Dura somente um instante, mas seus efeitos perduram para sempre. Ninguém é tão rico que dele não precise. Ninguém é tão pobre que não o possa dar a todos. Leva a felicidade a todos e a toda parte. É o símbolo da amizade, da boa vontade. É o alento para os desanimados, repouso para os cansados, raio de sol para os tristes, consolo para os desesperados. Não se compra nem se empresta. Nenhuma moeda do mundo pode pagar seu valor. Não há ninguém que precise tanto de um sorriso como aqueles que não sabem mais sorrir. Aqueles que perderam a esperança. Os que vagueiam sem rumo. Os que não acreditam mais que a felicidade é algo possível.
“É tão fácil sorrir! Tudo fica mais agradável se em nossos lábios há um sorriso. Tudo fica mais fácil se houver nos lábios dos que convivem conosco um sorriso sincero. Alguns de nós pensamos que só devemos sorrir para as pessoas com as quais simpatizamos. São tantas as que cruzam nosso caminho diariamente. Algumas com o cenho carregado por levar no íntimo as amarguras da caminhada áspera. Poderemos colaborar com um sorriso aberto, no mínimo para que essa pessoa se detenha e perceba que alguém lhe sorri, já que o sorriso é um alento.
“Sorrir ao atender os pequeninos que acorrem nos semáforos à procura de moedas. É tão triste ter que mendigar e mais triste ainda é receber palavras e gestos agressivos como resposta. Se é verdade que essa situação nos incomoda, não é menos verdade que não gostaríamos de estar no lugar deles. Eles são tão pequeninos! Se tem a malícia dos adultos é porque os adultos os induzem a isso. Mas no íntimo são inocentes treinados para parecer espertos, em meio às situações mais adversas.
“O sorriso é uma arma poderosa, da qual nos podemos servir em todas as situações. Se, ao levantarmos pela manhã, cumprimentamos os familiares com um largo sorriso, nosso dia certamente será melhor, mais alegre. Se, ao entrarmos no elevador, saudarmos com um sorriso os que seguem conosco, ao invés de fecharmos o rosto e olharmos para cima ou para baixo, na tentativa de desviar os olhares, com certeza o nosso dia será mais feliz. Porque todos nos verão com simpatia e nos endereçarão energias salutares.
“O sorriso é sempre bom para quem sorri e melhor ainda para quem o recebe. O sorriso tem o poder de fazer mais amena a nossa caminhada. Dessa forma, se não temos o hábito de levar a vida sorrindo, comecemos a cultivá-lo, e veremos que sem que mude a situação à nossa volta, nós, intimamente, nos sentiremos mais felizes. O cenho carregado, ou seja, a cara amarrada, como se costuma dizer, traz ao corpo um desgaste maior que o promovido pelo sorriso.”
Esta lição veio na hora certa, um ensinamento precioso. Já sabemos da importância do sorriso, mas de forma vaga, não algo tão objetivo com esta lição. Tenho facilidade de sorrir, mas também facilidade de ficar de “cara amarrada”, principalmente nas situações em que a Caridade chega de diversas formas. Sabendo de forma tão clara esse valor, agora tenho que favorecer a cada momento o sorriso como forma de dar um brilho melhor ao exercício da Caridade.