Pai, quero pedir a vós em favor de todas as pessoas que de alguma forma levei sofrimento. Mesmo que tenha sido necessário, mas a dor sempre é sofrida e as boas intenções do causador muitas vezes não são reconhecidas.
Levai, oh Pai, calma e serenidade aos corações amedrontados com os atos de amor que eu desenvolvo ao meu redor.
Dissipai, oh Pai, os efeitos da intolerância que geram ódio, raiva, rancor em corações que deviam se amar.
Protegei, oh Pai, a todas pessoas, passadas, presentes e futuras, que sofreram, sofrem e sofrerão pela minha forma de agir, que é o entendimento que tenho da Vossa vontade. Fortalecei o coração delas com o Vosso divino Amor Incondicional e assim entrar em sintonia com o Amor Incondicional que emerge cotidianamente do meu coração. Caso o Livre Arbítrio delas não permita isso, oh Pai, favorece a sorte de cada uma, que consigam encontrar um coração e uma mente que pensem como elas querem, que consigam encontrar a felicidade que tanto desejam.
Pai divino, de amor e compaixão. Tu que és a inteligência suprema do universo, que estás presente em cada minúscula partícula da Vossa criação, que conhece a tudo e a todos, que permite a tudo e a todos funcionarem dentro da Lei. Agradeço, Pai, pela minha criação enquanto espírito simples e ignorante. Sei, Pai, que me fizestes assim para que eu procure construir o meu próprio caminho. Sei que não querias construir um universo de robôs que expressassem apenas Sua vontade, sem opinião. Por isso me destes o dom mais precioso dos seres vivos: o Livre Arbítrio! Com ele posso acionar os dons da inteligência e procurar o conhecimento disponível ao meu redor, inicialmente de forma instintiva e depois racional.
Agradeço assim o ponto onde me encontro hoje. Conhecedor da minha herança filial tanto biológica, mas principalmente espiritual; conhecedor da Vossa Lei que disciplina o cosmo e que se aplicar o Amor Incondicional que nosso irmão mais evoluído, Jesus, nos ensinou, estaremos sempre evoluindo em vossa direção; conhecedor da lei das consequências, derivada da Lei maior, que se eu não a cumprir, sair do bem e provocar o mal, irei sofrer as consequências dos meus atos até compensar o mal praticado.
Agradeço, Pai, pelas almas que colocastes ao meu lado, que me ensinaram e ensinam com o amor delas a expandir ainda mais a minha capacidade de amar; que me ensinaram as letras, o verbo; a solidão e a companhia; a saudade e o desejo; o encontro e a partida; o afago de uma carícia, o brilho de um sorriso; a lágrima de compaixão, de solidariedade, de medo, de confiança, de reconhecimento, de alegria, de esperança... são tantas lágrimas que lavam o meu espírito e me apresentam sempre limpo na Vossa presença.
São tantas coisas para agradecer, oh Pai, que não tenho condições na memória de as evocar nem capacidade na inteligência de as reconhecer. Portanto, Pai, agradeço a Vossa paciência com minhas incapacidades, imperfeições e pelo imenso amor que colocas a cada dia à minha disposição e não pedes nada em troca, apenas que eu siga o meu caminho, que seja um filho querido que encontrou a felicidade!
Jesus falou que os Messias nada mais são do que instrumentos nas mãos de Deus. Ele mesmo desenvolveu o sentido messiânico ao longo da sua vida, quando percebia que em prece o seu espírito se exaltava e cada vez mais reconhecia o caráter de uma missão e até o seu desenlace final. Sabia dos obstáculos para sua realização, era amparado pelo Espírito Santo de Deus e sofria os efeitos dos desejos da carne como toda pessoa humana. Chegou a pensar em desistir da tarefa, chegou a suar gotas de sangue, tamanha a apreensão pelo que iria passar. Mas resistiu a todas as tentações, conseguiu ir até o fim de sua missão messiânica e hoje todos nós temos o benefício de suas lições e de seus exemplos.
Fico a pensar, no mundo conturbado em que vivemos, muita gente de posse dos ensinamentos de Jesus, procurando seguir com honestidade os seus passos pede em suas orações dirigidas ao Criador, para servir como instrumentos de Deus. Talvez façam isso até mesmo em ignorância do que está pedindo, como faço eu, confesso. Até hoje não tinha o conhecimento de que Messias é uma pessoa transformada por Deus em seu instrumento, que vai enfrentar tamanhos obstáculos que podem implicar o sacrifício, o martírio até do próprio corpo. Talvez o Pai tenha feito chegar em minhas mãos a leitura que levou à minha compreensão do que eu estava pedindo. Eu sei que Ele colocou em minha consciência a verdade das relações humanas, a incoerência da cultura quando defende o amor incondicional que Jesus nos ensinou e por lado aplica o amor condicional estruturado na família nuclear que tem como base o amor exclusivo. Ele colocou esse paradoxo com tanta clareza na minha cabeça que o meu senso de justiça não pode mais o omitir na minha prática na vida material e cultura. Sei que isso trouxe enormes benefícios à minha vida, sei que hoje estou muito sintonizado com Deus por saber que estou cumprindo sua Lei, mesmo que não obedeça a lei da minha cultura humana. Isto é bom, mas sinto que Deus quer que isso seja ampliado para a coletividade, que os benefícios que eu alcancei e que proporcionei ao meu redor, sejam ampliados ao máximo. Desenvolvi na consciência o conceito de Família Ampliada para materializar a relação interpessoal mais próxima do ideal divino e tenho ao meu lado diversas pessoas que sabem do meu comportamento, algumas entendem como funciona o meu pensamento e poucas tem conhecimento da missão que assumi. Pouquíssimas ainda, entende a missão com mais profundidade e aceitam participar dela como uma missão também de suas próprias vidas, sabendo que fazendo isso tem que matar a “pessoa velha” e deixar assumir apenas o interesse espiritual. Têm que assumir a batalha interna contra seus instintos animais, seus desejos carnais, seu egoísmo material... têm que vencer os monstros bestiais que residem dentro de cada um de nós, as fornalhas que alimentam o calor destrutivo do inferno.
Sei que construi tudo isso ao meu redor, a custa de muito sofrimento, sei bem, mas sempre sintonizado com os propósitos do Criador que está instalado na consciência. Então, é um sofrimento que conduz à elevação de todos os envolvidos, nosso acredito também, mesmo que em alguns momentos o calor das emoções derretam os laços afetivos, mas que o tempo com a ajuda decisiva da verdade, corrigira atitudes incoerentes de quem quer que seja, inclusive as minhas.
Sei agora do risco que sofro quando peço em orações para ser o instrumento do Pai para a transformação social, para ajudar aos meus irmãos saírem do campo da ignorância quanto ao conhecimento e aplicação da Lei Universal que disciplina o Amor Incondicional.
Sei agora que irei ser submetido à provação, serei humilhado, acusado, condenado; sei que poderei sofrer até dor física, martírios de toda espécie. Serei uma espécie de Messias que não foi enunciado, mas convocado a aceitar voluntariamente a expansão da missão que já está na consciência. Já tenho todos os recursos ao alcance de Deus para o cumprimento da minha missão. Basta agora a aceitação do Livre Arbítrio.
É a quem o espírito de Deus se apodera fazendo a realização de maravilhas e mostrando a todos sua autoridade divina. Implica também na espera de um libertador para o povo de algum flagelo que o atinge. Alguém que dotado da iluminação divina promove a inovação e mudanças, conseguem convencer a multidão a agir conforme a vontade do Senhor e caminha na frente dela. O mais conhecido Messias em nossa cultura é Jesus Cristo. Na condição de filho de Deus trouxe o ensinamento do amor como ferramenta básica na construção do Reino de Deus aqui na terra, no campo material. Depois que Ele foi morto, nenhum outro assumiu essa característica tão ampla, coerente e definitiva. Mas, hoje como ontem, a multidão continua imersa em valores materiais, apesar de ter construído regras que tenta minimizar a influência do animal sobre o homem espiritual. Fico a perguntar: será que nós não temos necessidade, também hoje como ontem de um novo Messias?
Para quem atingiu um nível de espiritualidade, esses dois sentimentos não são desconhecidos, pelo contrário, muito comuns. Quem é espiritualizada caminha sempre ao lado da verdade e isso muitas vezes machuca quem está ao redor, principalmente pessoas que amamos, e o sofrimento delas causa sofrimento em nós da mesma intensidade. Ainda tem outro agravante, é que na relação o lado menos espiritualizado tende a gerar raiva, ressentimento e sentimento de vingança, de retaliação e de potencial realização. O lado mais espiritualizado ver toda essa movimentação de sentimentos negativos e de hostilidade e desenvolve o sentimento da compaixão. Compaixão pelos seus carrascos, pois eles não têm a dimensão espiritual para tirar a venda de ignorância que lhes cobrem os olhos; fazem o mal sem saberem a dimensão que isso tem. Então o espiritualizado tem uma carga dobrada de sofrimento e somente a compaixão por todos os envolvidos, inclusive ele, faz a devida compensação: quanto maior o nível de sofrimento, maior o nível de espiritualização adquirido, mais perto de Deus nos colocamos.