Nos seis anos vindouros devo aceitar com contentamento dentro de mim tudo que Deus oferecer, pois mesmo sem entender deve ser necessário. Desde o nascer do sol, a abertura de minhas pálpebras para o contemplar com a visão que me proporciona ver as cores e suas diversas tonalidades... este é o início do divino, do absolutamente sagrado em minha vida, que se repetirá em cada minuto da existência, com o desfilar de todos os mistérios de sua criação em minha consciência: o perfume das flores, o bailar dos pássaros nos céus, o cântico dos ventos nos arvoredos, a plenitude do amor em meu coração... Saberei receber com aceitação no coração, também as dores e o sofrimento; as lágrimas e os constrangimentos. Pois sei que isso é a pressão das mãos de Deus a moldar minha vontade, minha personalidade. Aceitarei o prazer e o sofrimento vindo dos relacionamentos que o Pai me confiou e com o meu compromisso prévio de jamais abandonar ninguém, nem que seja por essa pessoa abandonado. E sem mágoas ou ressentimentos a cada momento um amor perdido pode voltar ao coração fraterno da mesma forma que o filho pródigo.
Reconhecerei Pai, que se está acontecendo as coisas desse jeito, é porque desse jeito a sua vontade, e que desse jeito precisa ser. És a inteligência suprema do Universo e sabes exatamente o que faz e porque faz.
Sei que quando quiseres harmonizar os conflitos existentes em vossa Criação, causados por nós devido a nossa ignorância, colocarás a mensagem em minha consciência, e compreendendo vosso desejo como uma ordem, assumo como missão no meu projeto de vida. Serei e acato ser um instrumento da Vossa vontade.
Da mesma forma que necessitamos de limpeza corporal, da higiene pessoal, a cada dia, mais de uma vez por dia, também precisamos da limpeza espiritual. Da mesma forma que o contato com sujeiras externas, como pó, fuligem ou contaminantes diversos, ou mesmo as sujeiras internas como os dejetos e excretos que devem sair do corpo, tais como suor, urina e fezes, exigem que façamos essa limpeza diária para mantermos a saúde, também assim acontece no campo espiritual. Existem as sujeiras externas que vindas de outras pessoas nos atingem, como as maledicências, falsos testemunhos, expressões de raiva, ódio, rancor... injustiças de toda espécie e por ai vai... Também existem as sujeiras internas vindas do nosso coração e para isso Jesus já advertia: “porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias. Mt 15,19.”
Assim, também o nosso Eu acumula muita impureza espiritual vinda dos outros e de nós mesmos, o que não somente nos torna sujos, mas nos contamina e destrói a nossa vida e nossos relacionamentos. Por fim, leva-nos à falência espiritual, a existência sem Deus. Essas coisas nos tornam impuros desde o nascimento, como já dizia o Rei Davi: “sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe.” Felizmente temos instruções de como nos lavar e purificar de tudo aquilo que nos contamina. O mestre Jesus veio nos ensinar a Lei do Amor que é o maior preventivo quanto ser contaminado pela sujeira do nosso próprio coração. Para que funcione é necessário que a fé raciocinada identifique essa força do Amor com a existência do próprio criador. Dessa forma passamos a entender que somos irmãos de todos os atos da criação e principalmente do nosso semelhante, e prioritariamente com nosso próximo.
Portanto, esta é outra característica minha: ao lado da limpeza material também faço a limpeza espiritual. Procuro rezar/meditar ao deitar e ao acordar sobre os meus atos, pensamentos e sentimentos do dia, pedir a Deus perdão pelas falhas cometidas e confiança no meu poder de resistência para não voltar a me contaminar. Também no cotidiano procuro sempre estar vigilante para não me contaminar com as sujeiras externas e principalmente com as sujeiras internas, aquelas que vem do meu próprio coração. Essa atividade de limpeza espiritual, reconheço, ainda é bastante precária no meu comportamento, comparado com a limpeza material. Mas essa fase de contagem regressiva é uma oportunidade de retomada do que é necessário fazer e assim implementar no dia determinado, 20 de outubro, só assim me considerarei estar a caminho do cumprimento da minha missão e sintonizado com todos os meus mentores, encarnados e desencarnados, e principalmente com Deus.
A contagem regressiva continua e serve para estabelecer com clareza o perfil de meus pensamentos e comportamentos para que ninguém que se aproxime de mim se sinta iludida ou mal informada. Reconheço hoje, cada vez mais, a necessidade de assumir uma postura de independência, mas firme nos meus relacionamentos, investir mais em consolidar os pré-requisitos que exigem a minha missão e isso implica em maior tempo comigo mesmo. A questão básica de amar ao próximo exige como pré-requisito para mim, amar a mim mesmo. Caso eu não tenha essa base, jamais poderei dizer que sei amar ao próximo. Fazer sacrifícios rotineiros em função do próximo, podendo estar trabalhando na construção da minha missão, é um exemplo. Minha tendência de ajudar ao outro geralmente me leva a esse sacrifício pessoal, e muitas vezes podendo até pagar para outra pessoa fazer esse trabalho, contanto que eu fique com o tempo livre para mim mesmo. Acredito que os mentores espirituais do trabalho que preciso realizar tenha colocado de forma bem clara essa questão, dentro dos conflitos dos relacionamentos. Procuro me comportar com toda justiça, mas devido a atitudes egoístas do outro lado termino por ficar em situação de constrangimento e até sendo acusado. Assim procedendo, ficar mais tempo comigo mesmo, posso direcionar o comportamento para as áreas de maior necessidade de aprimoramento na construção de uma família universal e não manter um padrão exclusivo. Já percebi que tenho que evitar que qualquer pessoa fique demasiado tempo ao meu lado, pois isso sempre gera, em se tratando do sexo oposto, um forte desejo de querer minha presença por mais e mais tempo. Quando isso é frustrado surge o sentimento de desilusão, ressentimento, raiva, que pode até se transformar em ódio. Já dei espaço mais de uma vez para isso acontecer e sempre vejo a reação negativa surgir. Então tenho que controlar em mim, também, o desejo de ficar colado com outra pessoa em especial, pois na minha missão não está incluído o exclusivismo de afeto e convivência com outras pessoas. Tenho que ter esse máximo cuidado,que também passa por minhas deficiências, necessidades e carências. Tenho que assumir uma parcela de solidão em minha vida, solidão essa sofrida por todos os avatares da humanidade. Qualquer pessoa pode se sentir livre para frequentar a minha moradia, sem constrangimentos de estar invadindo espaço de quem quer que seja. Não tenho compromissos exclusivos com ninguém, ninguém tem o direito de exigir exclusividade de minha parte em nenhum aspecto da vida de relacionamentos. Essa condição faz parte do meu amor próprio, assumir que eu sou uma pessoa livre, que vivo sozinho, mas com diversas companheiras de ocasião as quais amo de forma incondicional e que nenhuma pode exigir exclusivismo das minhas ações, sentimentos ou convivência. Isso não implica que deixarei de amar a quem não queira assim comigo se relacionar, pelo contrário, o amor continua na presença ou na distância, pois acima de tudo, devemos construir a base da amizade.
Considero esta data, 20-10-2012, significativa no ponto de vista de meus estudos espirituais, da minha capacidade produtiva, do meu preparo acadêmico... de hoje há 10 dias estarei completando 60 anos. Procuro fazer uma imitação do Cristo, adaptando às exigências desta época e aos apelos do Criador dentro da minha consciência. O Cristo começou sua militância espiritual aos 30 anos e ficou em ação durante três anos. Estarei com o dobro de sua idade daqui a 10 dias e para compensar o tempo perdido, espero ficar em ação durante seis anos, o dobro do que Ele ficou.
Sua principal missão foi divulgar e exemplificar a Lei do Amor. Escolheu doze discípulos, todos homens, para o ajudar nessa empreitada e continuar o trabalho depois de sua morte. Não procurou estabelecer ou difundir nenhum relacionamento íntimo com nenhuma das mulheres da sua convivência. Era um aspecto delicado que poderia dificultar muito mais a compreensão de sua missão. Não era esse o momento.
Hoje a compreensão de sua missão por grande parte da humanidade já é um fato, quem entende a leitura de suas lições não pode negar a importância do Amor Incondicional como um pré-requisito importante para podermos construir uma nova realidade, uma comunidade harmônica e fraterna, o Reino de Deus. No entanto, de forma majoritária, coletiva, esses ensinos ficam restritos ao campo teórico. Entendemos que são importantes, éticos e morais, mas não conseguimos os colocar em prática.
A minha intenção, que considero a missão que Deus colocou em minha consciência, é trabalhar com todos os dons que recebi da providência e colocar em prática os fundamentos do amor incondicional em todos os níveis de relacionamentos, até o mais complexo e profundo, o amor erótico, sensual, sexual.
Hoje também tem mais três significados: é o primeiro dia do Congresso Brasileiro de Psiquiatria que se realiza em Natal pela primeira vez, dia da Saúde Mental e dia do Pastor.
“Se a mãe nutre e ama seu filho carnal, quanto mais diligentemente não deve cada um amar e nutrir o seu irmão espiritual?”
Esta frase escrita por São Francisco (Fontes Franciscanas e Clareanas, Regra Bulada – pg.162) faz a ligação de duas formas de amar: o amor materno e o fraterno. O primeiro é de natureza biológica (filho carnal) e o segundo de natureza transcendental (irmão espiritual). Claro, no campo material onde nos relacionamos na atual fase de nossa vida, o amor materno é uma das maiores manifestações de amor e expressa de forma ampla na comunidade dos seres vivos, biológicos, principalmente os mamíferos. É uma questão de instintividade onde a expressão desse amor tem por objetivo a garantia de vida do ser que acaba de nascer. A mãe pode inclusive agir no sentido de prejudicar outros seres vivos, outros recém-nascidos, para garantir a segurança e o bem estar do seu filho.
Já o amor fraterno espiritual considera todos os seres vivos como originados do mesmo Pai, de Deus, do qual o homem é imagem e semelhança. Aqui não existe a possibilidade de um prejudicar o outro, mesmo que um seja mãe e desenvolva o amor materno, mas os limites de suas ações deverão estar limitadas pelo amor fraterno espiritual. Assim, a compreensão de São Francisco é que o amor espiritual seja observado e comparado em força ao amor materno, mas em essência deve este ser subordinado aquele. O amor espiritual não visa prejudicar ninguém, mesmo qu seja no favorecimento do próprio filho.
Este é um salto fenomenal onde o amor carnal, biológico (fraterno, materno, paterno, etc.), apesar de toda força que tem, deve ser subalterno ao amor espiritual. Jesus também ensinou isso ao ser avisado que sua mãe e irmãos estavam chegando. Ele no meio da reunião disse que “meus irmãos são aqueles que cumprem a vontade do Pai”. Mostrava assim, não que desprezasse seus parentes biológicos, mas que a hierarquia maior estava no amor espiritual.
No meu cotidiano também tento observar essa hierarquia. Tenho relação com meus parentes e pessoas com laços afetivos profundos, até a intimidade sexual. Com todas essas pessoas sinto que meu afeto é forte e que existe o sentido de proteção, orientação e cuidados de toda espécie. Mas reconheço a prioridade do amor espiritual que se espalha por todos e se manifesta na realidade do próximo, quem quer que seja ele. Jamais farei qualquer mal ao próximo para beneficiar qualquer membro de minha família, dos meus afetos, ou de mim mesmo. Esta é a minha intenção.