Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
NOVA YORK
A experiência é muito difícil de processar. Morrer é muito difícil. Anos após a minha experiência, comecei a pintar. Eu nunca tinha pintado na vida. Primeiro, era um desejo de reproduzir o que eu vi quando estava em uma bola de cores. As cores se moviam, e eu me tornei a cor. Por isso faço arte. Um desejo de tentar criar essa sensação tridimensional com cores. Mas, quanto mais eu pintava, mais percebia que é muito mais profundo do que isso. Era terapêutico. Estava me curando. Morrer é traumático. E é difícil assimilar e superar isso. Esse mundo de arte e cor trouxe muita paz e calma à minha vida. E me fez sentir uma sensação de compreensão. Me perguntam se a experiência foi real. No fim das contas, eu não posso provar. Só posso compartilhar minha experiência com você.
JACKSON HOLE, WYOMING
Eu tinha mais motivação do que qualquer outra pessoa no planeta para refutar o meu relato. Porque durante a minha experiência de quase-morte, quando estava com esses seres, eles me contaram sobre a morte inesperada do meu filho mais velho, Willie, que tinha apenas nove anos na época do meu acidente. Eu sabia que, se pudesse dar qualquer outra explicação plausível, eu poderia desconsiderar o que eles me disseram. Não me deram detalhes sobre a data e a hora da morte dele, mas foi uma informação muito concreta que me fez pensar que ela não chegaria aos 18 anos. E perguntei por quê. Por que Willie? Meu filho? E me disseram que a beleza vem de tudo. Pode imaginar como foi difícil acordar todos os dias me perguntando se aquele seria o dia que meu filho morreria. Eu não contei isso a ninguém até pouco antes do aniversário de 18 anos do Willie. Tínhamos ido esquiar. Eu bati na porta do quarto do Willie às 4h da manhã e contei a ele. Ele achou que eu estivesse louca. Mas eu contei, e ele... encarou numa boa. Então, quando ele completou 18 anos, eu relaxei. Achei que o plano pra vida dele tivesse mudado. Uns dois anos depois, Willie estava num acampamento de esqui no Maine. Estava praticando roller skiing, que é uma forma de esqui de fundo, com uma amiga, quando um carro desviou e bateu nele e o matou instantaneamente. O mundo parou. Minha experiência não me protege do luto. Eu amo meu filho, amava e continuo amando. Mais do que possa imaginar. Mas minha experiência de quase-morte muda a forma como entendo a morte. A morte não é o ponto final e não é o fim. A morte é apenas a perda física. Sei que meu filho está em algum lugar. E sei que o verei de novo.
Se for verdade que a consciência não depende apenas do cérebro, surge a questão: o que acontece com a consciência após a morte? A consciência pode perdurar após a morte do corpo e se comunicar com as pessoas que ainda estão vivas?
Algo acontece com essas pessoas que passam pela experiência de quase-morte para sentirem e perceberem de forma diferente. É como se um potencial existente no cérebro de repente surgisse, fosse ativado. Em algumas pessoas esse potencial não precisa ser ativado, ele já chega naturalmente.
Isso mostra a existência de outra dimensão, além da dimensão material, que está presente no nosso cotidiano. Mesmo com todas essas evidências, a nossa consciência coletiva permanece cética, coloca outras justificativas muito mais estranhas e incoerentes para justificar o relato.
O mais estranho não é a aceitação da existência do mundo espiritual acoplado ao nosso mundo material. É mais estranho que esses seres conscientes que estão no mundo espiritual possa devassar o futuro e saberem o que vai ocorrer, e nos advertir de ocorrências.
Tenho uma experiência nesse nível. Um médium amigo me avisou que eu deveria advertir o meu filho para não ir ao mar. Meu filho gostava de ir ao mar e pegar ondas com sua prancha. Eu estava voltando do interior quando recebe esse aviso. Passei na casa dele, pois morava com a mãe, e pedi para ele não ir ao mar, que eu havia sido advertido pela espiritualidade. Meu filho que não é crente neste mundo espiritual, achou divertido esse aviso, mas me atendeu e não foi ao mar neste dia pegar ondas. Depois de alguns dias, ele me avisou que estava na escola onde era professor, e ao descer as escadas fez um movimento brusco com o braço e sofreu um deslocamento, coisa que ele não havia sofrido até esse dia. Logo relacionei o ocorrido com um acidente parecido que poderia ter ocorrido naquele dia quando ele fosse ao mar pegar ondas, e que poderia ser fatal. Não quero dizer que este meu raciocínio é totalmente verdadeiro, que eu fui avisado e que evitei um mal maior. Pode ser que tenha sido coincidência, mas eu me sinto até hoje agradecido ao mundo espiritual por tal aviso. Talvez o meu filho não faça a mesma relação que eu faço, mas isso é o que constitui as nossas diferenças.
Mas, tudo isso coloca em xeque de bem maior intensidade, a compreensão de como os seres do mundo espiritual podem prever o futuro. Não consigo elaborar nenhuma explicação coerente. É algo que tem existência, os relatos comprovam, mas que deveremos ter um maior nível de conhecimento se quisermos elaborar uma explicação plausível.
O destino que me rege
É o mesmo que eu faço
Tudo nele tem de meu
E é nele que me faço
No passado o que era eu
No presente é confirmado
No futuro que farei
Serei eu, o mesmo eu
Num berço fui embalado
Num seio, amamentado
Por muitas fui desejado
Na terra fui enterrado
Esta foi minha existência
Que um dia me foi dada
Mesmo sem ser consultado
Mas por tudo eu sou grato
E agora, junto à Deus revivo tudo
Do nascimento dramático, vir à luz
De tantos amores dramáticos, virem ao peito
Da saudade que parece um lamento
Dores, prantos, sofrimentos
Geraram mares de lágrimas em meu peito
Porém uma gota de amor pingado neles
Formou oásis para a minha eternidade.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
UNIVERSIDADE DA VIRGÍNIA, CHARLOTTESVILLE, VIRGÍNIA
Divisão de Estudos Perceptivos – Universidade da Virgínia.
- Logo antes de morrer, eu estava de pé. Sei que falam sobre flutuar e estar acima do corpo. Eu não tive isso. É como se eu estivesse nos dois lugares ao mesmo tempo. Parte estava no corpo e parte estava fora, no espaço.
A maioria das pessoas compartilha as experiências conosco porque tem dificuldade de entende-las. Não fazem sentido em termos de ciência ou de orientação religiosa, e elas buscam uma forma de compreensão.
- Eu só gostaria de saber um pouco mais sobre a mecânica e saber se há algum padrão em pessoas que tiveram essas experiências.
- Algumas coisas que você me disse são muito comuns, e outras não. Francamente, as premonições que vieram antes não são comuns. É mais comum ter essas premonições depois da experiência.
O mais interessante no relato de Stephanie foram as premonições, meses antes, de que ela ia morrer. E não era imaginação. Eram coisas que ela não podia negar. Há muitas coisas acontecendo ao nosso redor que nós bloqueamos. O cérebro filtra as coisa que não nos ajudam a viver neste mundo. E quando uma experiência de quase-morte acontece, isso abre o filtro. A porta foi aberta pra você. E, quando abre, é difícil fechar.
- minhas visões e premonições ficaram mais intensas desde a minha experiência de quase-morte. Acho que é uma bênção. Mas, espiritualmente, é um desafio, porque vejo coisas que as pessoas não veem. A maioria das visões que tenho é de estranhos. Pessoas que vejo por aí. Sinto que vou enfartar. Mas sei que não sou eu. Todos são capazes de pressentir as coisas, especialmente o perigo. Mas não levamos a sério. O que sugere aos que sentam nesta cadeira e relatam experiências de quase-morte? O que aconselha?
- Vou dizer o que aprendi com as milhares de pessoas que se sentaram aí e falaram comigo. E o que parece mais reconfortante para elas é saber que não estão sozinhas. Muitos tiveram essas experiências. E, já que não entendemos, podemos ao menos ter fé de que há um propósito. Não é preciso estar no controle, porque, de fato, não estamos. Outra coisa está.
- Obrigada.
Eu era mais descontraída antes de tudo isso acontecer. Eu ria mais. E não levava as coisas tão a sério. Acho que o Jonathan sente falta disso. Acho que vou fazer perguntas até o dia em que morrer. De novo.
As pessoas que passam por tais experiências de quase-morte ficam impactadas e procuram uma explicação para o que está acontecendo. O meu trabalho como professor universitário e coordenador de uma disciplina que aborda a questão, “Medicina, Saúde e Espiritualidade”, procura preparar antecipadamente os alunos de diversos cursos, interessados no tema, e que se matriculam optativamente. A aula que dou, a primeira aula teórica, tem o título de “Anatomia Multidimensional. Tem o objetivo de mostrar os sete corpos que possuímos, o primeiro, o material, bem estudado pela academia e sem problemas de compreensão de sua existência material para todos os alunos. Os outros seis são bem estudados pelas escolas Ioga e Rosacruz, estão dentro do mundo transcendental e formam a base conceitual para compreendermos como se dá esse deslocamento da consciência que ocupa o corpo que existe na dimensão material para a dimensão espiritual. Quando alguém chegar para eles com tais relatos de quase-morte, todos terão uma boa compreensão de como é essa mecânica que Stephanie tanto procura.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
CHICAGO
- Quando alguém sobrevive a algo tão catastrófico como a morte, surge um buraco na sua alma. Por dentro se sente desmoronando e se pergunta, qual o sentido disso? Quando as pessoas falam dessa experiência dizem que é algo agradável. Mas não foi o meu caso. Quando conheci o meu marido, Jonathan, nós queríamos ter filhos. Tivemos nossa primeira, Adina. Sem problemas nem complicações. Ela nasceu e voltei ao trabalho oito dias depois. O segundo foi após sete rodadas de fertilização in vitro. E tudo correu bem até o ultrassom de 20 semanas. Fizeram o exame e disseram: “Você está com placenta prévia.” Jonathan, meu marido, estava lá. Eu disse: “Não sei o que é isso, mas tenho um mau pressentimento.” E aí fui pesquisar no Google. Placenta prévia pode se tornar acreta, que é quando a placenta se adere ao útero. Isso pode levar a uma hemorragia, e se isso acontecer, você e o bebê podem morrer. Eu me sentei e disse: “Isso vai acontecer conosco. A diferença é que o bebê vai sobreviver. (Stephanie Arnold)
E o que você pensou?
- Que era uma história típica de gravidez. Embora eu não tenha dito isso. Eu me tornei piloto da Força Aérea, fiz doutorado em economia. Dados são essenciais para mim. Eu brinco que não complico as coisas com palavras e sentimentos, me atenho aos dados. E não tínhamos dados empíricos, então tive a típica reação do marido. Mas fingi que era ciência, então pareceu mais sofisticado. (Jonathan Arnold)
- Era muito difícil expressar meus sentimentos, sobre esse pressentimento sem ter algo palpável para mostrar. Eu disse ao Jonathan: “Não sei o que dizer além do fato de que tenho uma intensa sensação de que algo ruim vai acontecer.” Se alguém me visse no Starbucks e perguntasse da gravidez, eu literalmente dizia: “Vou morrer.” E as premonições continuaram. Eu estava andando no parque. Vi uma fonte seca. Imaginei que a água fluindo da fonte, de repente, virou sangue. E senti meu corpo sangrar. Disse ao Jonathan: “Vá ao pronto-socorro.” Ele estava desesperado. Os médicos me examinaram e disseram: “Não, você está bem.” O Jonathan disse: “Alarme falso.” Mas para mim era mais um aviso. (Stephanie Arnold)
- Eu já tive outras pacientes preocupadas, mas eu diria que Stephanie foi a primeira que disse: “Estou tendo visões nítidas que estão me assustando muito.” Eu tentei validar o medo dela, mas o meu papel é manter a calma. Então, eu estava preocupada, mas não estava em pânico. (Julie Levitt, MD, Obstetrics e Ginecology)
- No dia em que entrei em trabalho de parto, eu estava dando café da manhã para Adina. De repente, havia sangue por todo lado. Disse para a babá: “Vamos para o carro.” Ela foi para o banco do motorista. Eu disse: “Saia. Eu dirijo.” E ela: “Está louca? Está sangrando.” E eu: “Não previ morrer em um acidente de carro.” O Jonathan estava em Nova York a trabalho. (Stephanie Arnold).
- Minha esposa disse que estava indo ao hospital e que eu tinha que correr para Chicago. (Jonathan Arnold)
- Eu sabia que era o dia em que eu ia morrer. A última mensagem que mandei para o Jonathan foi: “Você me fez a mulher mais feliz do mundo. Por favor, cuide do bebê.” Me levaram para a sala onde eu daria a vida ao Jacob e perderia a minha. Puseram uma cortina no meu rosto e me prepararam para a cesariana. Jacob nasceu. Ele estava saudável, feliz. Segundos depois, eu morri. Tudo virou um filme 3D, e eu conseguia ver de fora do meu corpo. Meu ponto de vista estava acima e ao lado do meu corpo, e eu via toda a sala de cirurgia. Vi o anestesista perto dos meus pés. Vi qual enfermeira tentou me reanimar. Nesta outra dimensão, as relações espaciais se alteram. Não tem teto. Não tem paredes. Tudo fica se movendo em várias direções. Vi minha filha em outra parte do hospital com a nossa babá. Vi o que o meu marido vestia quando saiu do avião. E vi espíritos por toda parte. Minha avó, que faleceu quando eu tinha dez anos. O irmão da minha mãe também apareceu. A última coisa que ouvi foi Julie, Dra. Levitt, dizendo: “Isso não pode estar acontecendo.” (Stephanie Arnold)
- A situação era muito grave. Stephanie teve uma embolia por líquido amniótico. Muitos pacientes morrem deste distúrbio porque sofrem hemorragia. E eu, com as mãos sobre o peito, de luvas, olhei ara cima e disse, quase sussurrando: “Isso não pode estar acontecendo.” Ela tinha avisado. Ela sabia que isso ia acontecer. (Dra. Julie Levitt)
- Depois que ouvi a Dra. Levitt, senti um puxão no meu estômago e voltei para o corpo. Fiquei morta por 37 segundos. Passei sete dias em coma induzido. Tive insuficiência renal. Tive que reaprender a andar. E reaprender a falar. Levei muito tempo para me recuperar fisicamente. Quando estava morta, eu sabia que algo extraordinário tinha acontecido. Mas recorri às pessoas presentes naquele dia para me certificar. (Stephanie Arnold)
- A Stephanie e eu nos encontramos para conversar naquele dia. Eu quase não conseguia respirar. Não tinha como ela saber quem estava do lado esquerdo, quem estava à direita, o que eu e os outros disseram na sala de cirurgia. Isso me fez acreditar em mais do que aquilo que conhecemos como arte e ciência. Minha mente médica agora concebe um lugar mais espiritual, algo que não acontecia no passado. Foi uma lição muito real naquele dia. (Dra. Julie Levitt)
- Todos os médicos falaram: “Não tenho uma explicação médica para experiências de quase-morte ou para premonições.” Mas eu as considero um conhecimento que veio de algum lugar. (Stephanie Arnold)
- Não sou dos que acreditam piamente. Mas sei que algo está acontecendo aqui, uma dimensão extra de conhecimento ou cognição que minha esposa tem. Então eu acredito que ela sabia. (Jonathan Arnold)
- Teria sido tão mais fácil passar os três meses anteriores àquele dia se ele tivesse dito isso. Quem eu mais esperava que acreditasse em mim, não acreditou. A pessoa mais importante. Todos podiam me chamar de louca, estressada e tudo mais, menos a pessoa que eu precisava que me protegesse. E foi difícil. (Stephanie Arnold)
- Todos nós, que somos pesquisadores ou cientistas, professores, acadêmicos etc, pesquisamos porque não sabemos tudo. E isso me mostra que existe Deus, ou espíritos, ou algum sentido que temos que ainda não foi identificado. Há algo assim que operou aqui. (Jonathan Arnold).
Este é um relato bem esclarecedor para essas três pessoas: a paciente, o marido e a médica. Todos os três eram céticos com relação a existência de uma dimensão transcendental onde a consciência pode se transportar após a morte do corpo físico. A primeira pessoa que percebeu a situação foi a própria paciente, inicialmente com os sintomas premonitórios, o que não é muito comum. Mas, se aceitamos uma dimensão espiritual onde pode haver ações inteligentes, então é possível o fenômeno da premonição associado a outros que ainda desconhecemos. A segunda pessoa foi a médica que acompanhou o processo, teve conhecimento das premonições e não conseguia entender o relato da paciente, do que aconteceu na sala de cirurgia quando ela estava clinicamente morta. Foi esse impasse que fez a médica rever seus paradigmas e agora aceitar a existência de uma dimensão que antes não existia para ela. O mesmo aconteceu comigo, não foi com uma paciente, mas com livros de autores sérios, de perfil científico, que me mostraram sem duvidas, toda a lógica do que estava acontecendo. Também mudei meus paradigmas e hoje aceito o mundo transcendental, não como fé, mas como parte da natureza. A última pessoa que transformou o modo de pensar foi o marido. Era ele que precisava dar apoio à esposa nos momentos de gravidez com todos aqueles sintomas de premonição. Felizmente ele mudou o modo de pensar e com certeza, se outro momento igual a esse acontecer com qualquer pessoa, ele estará pronto para entender e melhor ajudar.
Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
Houve várias explicações médicas que foram propostas para explicar o que causa experiências de quase-morte.
- Sou a favor disso. Sou médico, quero entender a causa. Infelizmente, acho que nenhuma das explicações que temos nos ajuda muito a entender as coisas. Alguns disseram que drogas dadas as pessoas à beira da morte podem causar essas experiências. E descobrimos que, quando menos drogas administradas, maior a chance de haver uma experiência de quase-morte. As drogas tendem a inibir a experiência em vez de causa-la. As pessoas também sugerem a falta de oxigênio no cérebro. Isso é interessante porque, não importa como chegue perto da morte, a falta de oxigênio no cérebro é o fator comum. No entanto, sabemos através décadas de pesquisa, o que acontece quando há falta de oxigênio. As pessoas ficam assustadas, agressivas, apavoradas com o que está acontecendo. Muito diferente da calma, constância e quase alegria de uma experiência de quase-morte. (Bruce Greyson, MD, Prof. Emeritus, Psiquiatria e Cientista Neurocomportamental)
Sou confrontado frequentemente por pessoas que dizem: “Ele teve uma parada cardíaca. Uma parte do cérebro estava funcionando, mas vocês não perceberam.” Mas isso mostra que não entendem o que é a consciência. Não é possível manter a consciência a menos que tenha um cérebro altamente organizado. Acredite, quando o cérebro perde oxigênio, ele não se organiza sozinho. Quando o coração para, dentro de uns 20 segundos, o EEG fica plano, cessando a atividade cerebral. Mesmo assim, muitos têm experiências de quase-morte tendo EEG plano por mais tempo.
Um dos casos mais divulgados foi o de Pam Reynolds, que teve um aneurisma, que é uma dilatação de um vaso sanguíneo na base do cérebro. Era tão grande que, se ele se rompesse, a mataria na hora.
- O máximo que podiam fazer por mim era tentar um processo cirúrgico que envolvia a parada do coração, a redução da temperatura corporal e o esvaziamento do sangue do corpo para reduzir o aneurisma. (Pam Reynolds, 2005).
Ela ficou sem sangue no cérebro por cerca de uma hora. As ondas cerebrais no EEG ficaram totalmente planas. Significava que não havia atividade cerebral. Ou seja, não devia ter função cerebral durante esse tempo. Mas ela relatou uma alegre experiência de quase-morte na qual viu e ouviu coisas acontecendo na sala de cirurgia que não tinha como ouvir e ver.
- Era como se eu estivesse vendo do ombro do cirurgião. E eu estava livre para me mover à vontade. Embora soubesse o que estavam fazendo, que eu era aquela coisa deitada na mesa. (Pam Reynolds, 2005).
Os olhos dela ficaram fechados na cirurgia. E ela tinha abafadores nos ouvidos. Mas ela descreveu as ferramentas que foram usadas para cerrar o crânio dela. Algo que ela não viu antes ou depois.
- Eu vi nas mãos do Dr. Spetzler, um instrumento que me lembrou, de forma suspeita, de uma escova de dente elétrica. Tinha um estojo muito perto com umas brocas que parecia... o estojo onde meu pai guardava umas chaves soquete. (Pam Reynolds, 2005).
O neurocirurgião disse que não entende como isso aconteceu.
- Se alguém me pedisse para descrever como era a broca Midas Rex, eu diria que parecia uma escova de dente elétrica. E descrever como se fosse um conjunto de chaves soquete é muito apropriado. A habilidade dela de descrever o que aconteceu durante a cirurgia é inconcebível para mim, considerando o estado em que estava. Pam Reynolds estava morta. (Robert Spetzler, MD, 2005).
Isso contesta a ideia de que nossa consciência, nossa mente, é criada pelo cérebro, porque o dela não estava funcionando. E ela teve a experiência mais vívida da vida dela.
Como as pessoas podem ficar conscientes quando estão inconscientes? É um paradoxo. É ridículo. Mas na verdade, isso é o que os dados parecem provar cada vez mais. Bem, isso, é claro, terá alguma importância para nossas ideias sobre a morte. Quero dizer, será possível que haja consciência quando morremos?
A procura de uma explicação médica, materialista, do que acontece com a consciência na experiência quase-morte não é satisfatória ou não existe. Feita essa constatação de que o evento é melhor explicado do ponto de vista espiritual, é mais lógico que nos desdobremos nos estudos de como essa mecânica acontece e assim possamos interagir aqui e lá com mais ciência e menos preconceitos.