Encontrei este texto na net, e procurando seguir o que orienta, reconhecendo ser importante, vou transcrever:
A primeira lei diz:
A pessoa que vem é a pessoa certa.
Ninguém entra em nossas vidas por acaso... todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, tem algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.
A segunda lei diz:
Aconteceu a única coisa que podia ter acontecido.
Nada, nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa...” ou “aconteceu que um outro...” Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.
A terceira lei diz:
Toda vez que você iniciar é o momento certo.
Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.
E a quarta e última afirma:
Quando algo termina, ele termina.
Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência.
Seguindo essas orientações, não é por acaso que eu deva considerar ter encontrado este texto agora na net. Se ele vem à minha vida hoje e eu divido com meus leitores é porque estamos preparados para entender, pois nenhum floco de neve cai no lugar errado.
Agora, devemos fazer uma observação. Não é que isto pareça tão fatalista como parece, que tudo está previsto milimetricamente, que não podemos escapar daquilo que nos chega. Não! A todo momento estamos tomando decisões de acordo com o nosso senso crítico e isso muda as rotas do nosso destino. Uma pessoa chega perto da gente e vamos decidir se aprofundamos o relacionamento ou não. A pessoa que chega é a pessoa certa para fazer valer a nossa capacidade de ver e entender o mundo. Se nos aproximamos ou nos afastamos conforme nosso livre arbítrio, eu irei ter tais ou quais consequências. São essas consequências que são importantes para a minha evolução, pois tanto serve com incentivo para eu continuar acertando em minhas escolhas ou castigo por eu ter escolhido errado. Em qualquer situação sempre é um aprendizado e foi necessário para a minha evolução. Aconteceu a única coisa que podia ter acontecido. E ficarei apto a dar início a outras decisões, e sempre que eu decida, mais uma vez ocorre o fenômeno, pode ser uma decisão no tempo certo, atrasada ou adiantada, mas qualquer que seja o momento, mais uma vez vem as consequências, e mais uma vez isso são lições no tempo certo de Deus. E se algo termina, só podemos aceitar como mais uma lição, mesmo que nos traga dores e sofrimentos.
Mesmo que essas leis não tenham a origem cristã, podemos observar que existe sintonia com as lições do Mestre nazareno; as aplicações dessas leis não entra em conflito com o Evangelho.
Como o pensamento de Orígenes dentro da Igreja Católica teve a base principal na filosofia platônica, é importante que tenhamos conhecimento dessa filosofia, e procurar ver onde os conceitos de Reencarnação podem ter sido ventilados a partir desses estudos. Para isso irei usar os textos de Felipe Pimenta que tenta fazer um resumo do pensamento platônico. Irei fazer meus comentário entre parêntesis e em negrito dentro do próprio texto, quando assim achar conveniente.
Platão foi o maior filósofo de todos os tempos. Seus escritos em forma de diálogo são de uma beleza incomparável em relação a qualquer outro filósofo que já tenha existido. Vou analisar a filosofia platônica em seus principais aspectos, como o mundo das ideias, a psicologia, a existência de Deus, o domínio da opinião, a moral e a política.
A Ideia
No começo podemos definir a teoria das Ideias dizendo que o mundo sensível é apenas uma cópia do mundo ideal, e que o objeto da ciência é o mundo real das Ideias. O mundo inteligível é estudado na dialética, e o mundo sensível é o domínio da opinião (Doxa – Sistema ou conjunto de juízos que uma sociedade elabora em um determinado momento histórico supondo tratar-se de uma verdade obvia ou evidência natural, mas que para a filosofia não passa de uma crença ingênua, a ser superada para a obtenção do verdadeiro conhecimento). A existência do mundo Ideal é baseada em duas provas, segundo Thonnard: uma de ordem lógica, e outra de ordem ontológica.
A prova lógica: Platão em nenhum momento põe em dúvida a existência da ciência, que para ele é um fato indiscutível; então, é necessário um objeto estável e permanente, que possa permanecer no espírito. Ora, para Platão, esse objeto não se encontra no mundo sensível, pois ele acredita, como Heráclito, que o mundo é “um infinito e perpétuo tecido de movimentos”, onde “tudo passa como as águas das torrentes”, sendo que nada permanece estável. Surge, então, a necessidade da ciência encontrar seu objeto: o mundo inteligível das Ideias.
Prova Ontológica: Thonnard diz que o mundo sensível prova a existência do mundo ideal como sombra da realidade. (Faz sintonia com a doutrina espírita onde o mundo material é a sombra da realidade que é o mundo espiritual, mundo das ideias). Sabemos disso pois os objetos desse mundo são mais ou menos perfeitos, e estas participações supõem a existência de uma fonte que possui a perfeição em estado pleno. Esse é o mundo inteligível, que é o objeto da ciência.
A pluralidade das Ideias pode ser provada de duas maneiras: uma prova direta e outra indireta.
A Prova Direta é o resultado da experiência racional, e o objetivo é libertar do mundo sensível as perfeições estáveis. O mundo sensível não pode apresentar um objeto real que possa ser fonte de um conhecimento científico, por isso é necessário pedir auxílio ao mundo das Ideias.
A Prova Indireta: Sabemos que negar a pluralidade das Ideias destruiria toda a ciência, pois ela é um sistema coordenado de juízos. Para a ciência existir são necessários objetos estáveis para um ser inteligível, e também uma pluralidade de Ideias para construir um conjunto de juízos. Sendo assim, Thonnard conclui que deve-se conceder a Heráclito que os objetos sensíveis estão em perpétua variação e misturados com seus contrários; que devemos rejeitar Parmênides, pois o Ser que tem estabilidade desejada, mas destrói todo o juízo pela sua absoluta unidade; por último, Sócrates liberta do sensível perfeições múltiplas, mas estáveis, que podem definir-se. O objeto da ciência não é o mundo sensível, mas os gêneros que Sócrates definiu, tanto os substanciais, como as qualidades, pois esse é o mundo das Ideias.
A natureza das Ideias
Platão definiu quatro propriedades:
A espiritualidade, que são de ordem inteligível, portanto, invisíveis aos olhos humanos e apreendidas pela inteligência.
A realidade, pois para Platão as Ideias não são conceitos abstratos do espírito, nem pensamentos do Espírito divino, mas são realidades subsistentes e individuais, sendo objeto da contemplação científica e fonte das realidades de terra. Da realidade derivam-se duas propriedades:
A imutabilidade, que exclui toda a mudança, pois são eternas;
A pureza, pois realiza a essência plenamente e sem mistura, e cada uma na sua ordem é perfeita.
Método de Platão
No filósofo grego, o método principal é o dialético, com um aspecto lógico, um psicológico e a doutrina metafísica da participação das Ideias.
O aspecto lógico é a continuação do método socrático, em que Platão insiste no papel da purificação; propõe que a razão incite à investigação das essências graças à Dialética do amor, e conduz o espírito por degraus sucessivos até a intuição do mundo ideal.
O método da purificação é aquele que procura liberar a alma intelectual do peso da matéria através do domínios do eu. (Processo da Reforma Íntima, da doutrina espírita). Controlando as paixões desordenadas, submetendo as tendências inferiores à razão, o homem está a caminho das realidades eternas, porque as coisas do mundo sensível não são mais do que a sombra. Libertando a alma do corpo, ela eleva-se até o mundo das Ideias, pois o objetivo do filósofo, segundo Platão, é aprender a morrer. (Aprender enquanto encarnado para o espírito não ter mais a necessidade da reencarnação neste planeta e partir para mundos superiores).
A existência de Deus
Platão recorre ao mito para provar a existência de Deus. Temos duas provas:
Prova baseada na existência do mundo: Deus é o Demiurgo. Platão verifica que para uma obra ter origem, é necessário que haja um artífice, e expõe o seu Demiurgo em linguagem mítica. Ele, depois de ter contemplado o mundo Ideal, decidiu fazer o universo à sua imagem.
Prova baseada no movimento: Deus é a alma real. Platão verifica que o mundo está sujeito a um movimento ordenado, como o movimento circular das esferas celestes, que é pela sua estabilidade, a própria imagem da inteligência. Para que exista o movimento, é necessário um motor. Platão sugere dois motores: um corpóreo e a alma. O corpo é inerte e é sempre movido por um outro antes de se mover, e a alma é o motor que tem em si o princípio do seu movimento, e pode comunica-lo sem receber antes. A alma domina o corpo que morre.
A psicologia
Para Platão, a alma está acidentalmente unida ao corpo, e é uma substância espiritual completa. Existem três teorias para estabelecer essa doutrina:
A preexistência da alma que é definida pela teoria da reminiscência, porque Platão desconhecia a criação ex nihilo (nada surge do nada) do judaísmo e cristianismo, de forma que explicar a existência de ideias presentes em nós desde o nascimento ficava impossível a não ser por uma vida anterior. Platão explica essa vida anterior por um mito em que as almas cometem certas faltas e são punidas com a união com o corpo humano. (Esta teoria se aplica a ideia da reencarnação, e se Orígenes não chegou a elaborar melhor, como está feita na doutrina espírita, então seus discípulos o fizeram).
A união acidental da alma com o corpo físico difere da teoria de Aristóteles, porque Platão acreditava que o corpo impedia a alma de alcançar a sabedoria por imposição de necessidades tirânicas, e que a alma prejudicava o corpo porque investigações filosóficas profundas levavam à exaustão corporal.
A imortalidade da alma que pode ser demonstrada pela participação no mundo ideal, na Ideia da vida e na necessidade moral.
A moral
Platão quer que a Ideia do bem seja derramada na natureza humana. A felicidade para ele não está identificada com o prazer, pois era isso que os sofistas pregavam. Falta ao prazer estabilidade e plenitude, pois novos desejos levam a novos sofrimentos em um movimento que parece não ter fim. Ele identifica a sabedoria com a felicidade, mas acredita na desigualdade das inclinações dos homens para a prática da virtude; uns se contentariam com a coragem, outros com a temperança; poucos, no entanto, buscariam a virtude perfeita. Esses possuiriam o germe divino da sabedoria.
A filosofia platônica foi adotada pela igreja católica até o século XIII, herdada pelos padres da igreja, especialmente Santo Agostinho. A partir de São Tomás de Aquino, e pelas influências de Aristóteles, a posição da igreja em relação à mulher, muda: a igreja que antes concedia grande liberdade para as mulheres no cristianismo, permitindo até o divórcio, torna-se hostil a essas liberdades, pregando a clausura para as freiras e impedindo algo completamente natural e humano que é o divórcio. A mesma filosofia aristotélica que criou dificuldades para São Tomás de Aquino em relação à escravidão, impediu a igreja católica de oferecer respostas ao gigantesco tráfico de seres humanos vindos da África para as Américas. Os protestantes ingleses, hostis a Aristóteles, e mais abertos a Platão, foram aqueles que iniciaram o movimento abolicionista mundial.
Observo, dessa forma, que as lições evangélicas sofrem um direcionamento prático de acordo com a visão filosófica que podemos escolher. É como se o Evangelho fosse a constituição e a filosofia o regulamento. Este, tem que estar o mais coerente possível com o Estatuto, o Evangelho, sob pena de se descaracterizar. A mim parece que a filosofia Platônica está mais coerente com o Evangelho, com todo o pensamento reencarnacionista, libertário e abolicionista, comparado ao pensamento Aristotélico.
Para tentar entender ainda mais sobre a aceitação da Reencarnação por alguns setores da Igreja Católica nos primeiros séculos, cuja autoria é colocada sobre os estudos de Orígenes, considerado o Pai da Teologia, fui encaminhado para um artigo escrito por D. Estêvão Bettencourt OSB, o qual transcrevo abaixo.
Orígenes (185 – 254) foi mestre da famosa Escola de Teologia em Alexandria (Egito) no séc. III. Nessa época, os pensadores cristãos tentavam penetrar no dados do Evangelho mediante o instrumento da filosofia ou da sabedoria humana (grega) anterior a Cristo. A teologia ainda estava em seus primórdios; as fórmulas oficiais da fé da Igreja eram muito concisas; em consequência, ficava margem assaz ampla para que o estudioso propusesse sentenças destinadas a elucidar, na medida do possível, os artigos da fé. Orígenes entregou-se a essa tarefa, servindo-se da filosofia do seu tempo e, em particular, da filosofia platônica. Ao realizar isso, Orígenes fazia questão de distinguir explicitamente entre proposições de fé, pertencentes ao patrimônio da Revelação Cristã, e proposições hipotéticas, que ele formulava em seu nome pessoal, à guisa de sugestões; além disto, professava submissão ao magistério da Igreja caso esta rejeitasse alguma das teses dele, Orígenes.
Ora, entre as suas proposições pessoais, Orígenes formulou algumas que de fato vieram a ser recusadas pelo magistério da Igreja.
Assim, inspirando-se no platonismo, derivava a palavra grega psyché (alma) de psychos (frio), e admitia que as almas humanas unidas à matéria, tais como elas atualmente se acham, são o produto de um resfriamento do fervor de espíritos que Deus criou todos iguais e destinados a viver fora do corpo; a encarnação das almas, portanto, e a criação do mundo material dever-se-iam a um abuso de liberdade ou um pecado dos espíritos primordiais, que Deus terá punido, ligando tais espíritos à matéria. Banidos do céu e encarcerados no corpo, estes sofrem aqui a justa sanção e se vão purificando a fim de voltar a Deus; após a vida presente, alguns ainda precisarão de ser purificados pelo fogo em sua existência póstuma, mas na etapa final da história todos serão salvos e recuperarão o seu lugar junto de Deus; o mundo visível terá então preenchido o seu papel e será aniquilado.
Note-se bem: Orígenes propunha essas ideias como hipóteses, e hipóteses sobre as quais a Igreja não se tinha pronunciado (justamente porque pronunciamentos sobre tais assuntos ainda não haviam sido necessários). Não havia, pois, da parte de Orígenes a intenção de se afastar do ensinamento comum da Igreja a fim de constituir uma escola teológica própria ou uma heresia (obstinação consciente contra o magistério da Igreja).
A desgraça de Orígenes, porém, foi ter tido muitos discípulos e admiradores... Estes atribuíram valor dogmático às proposições do mestre, mesmo depois que o magistério da Igreja as declarou contrárias aos ensinamentos da fé.
É preciso observar ainda o seguinte: Orígenes admitiu também como possível a preexistência das almas humanas. Ora, esta doutrina não significa necessariamente reencarnação; apenas quer dizer que, antes de se unir ao corpo, a alma humana viveu algum tempo fora da matéria; encarnou-se depois...; daí não se segue que se deva encarnar mais de uma vez (o que seria reencarnação propriamente dita).
Aliás, Orígenes se pronunciou diretamente contrário à doutrina da reencarnação... Com efeito, em certa passagem de suas obras considera a teoria do filósofo Basílides, o qual queria basear a reencarnação nas palavras de São Paulo: “Vivi outrora sem lei...” (Rm 7,9). Observa então Orígenes: Basílides não percebeu que a palavra “outrora” não se refere a uma vida anterior de S. Paulo, mas apenas a um período anterior da existência terrestre que o Apóstolo estava vivendo; assim, concluía Orígenes: “Basílides rebaixou a doutrina do Apóstolo ao plano das fábulas ineptas e ímpias” (cf In Rom VIII).
Contudo, os discípulos de Orígenes professaram como verdade de fé não somente a preexistência das almas (delicadamente insinuada por Orígenes), mas também a reencarnação (que o mestre não chegou de modo algum a propor, nem como hipótese). Os principais defensores destas ideias, os chamados “origenistas”, foram monges que viveram no Egito, na Palestina e na Síria nos séc. IV/VI. Esses monges, como se compreende, levando vida muito retirada, entregue ao trabalho manual e à oração, eram pouco versados no estudo e na teologia; admiravam Orígenes principalmente por causa dos seus escritos de ascética e mística, disciplinas em que o mestre mostrou realmente ter autoridade. Não tendo, porém, cabedal para distinguir entre proposições categóricas e meras hipóteses do mestre, os origenistas professavam cegamente como dogma tudo que liam nos escritos de Orígenes; pode-se mesmo dizer que eram tanto mais fanáticos e buliçosos quanto mais simples e ignorantes.
A tese da reencarnação, desde que começou a ser sustentada pelos origenistas, encontrou decididos oponentes entre os escritores cristãos mesmos, que a tinham como contrária à fé. Um dos testemunhos mais claros é o de Enéias de Gaza (? – 518), autor do “Diálogo sobre a imortalidade da alma e a ressurreição”, em que se lê o seguinte raciocínio: “Quando castigo o meu filho ou o meu servo, antes de lhe infligir a punição, repito-lhe várias vezes o motivo pelo qual o castigo, e recomendo-lhe que não o esqueça para que não recaia na mesma falta. Sendo assim, Deus, que estipula... os mesmos castigos, não haveria de esclarecer os culpados a respeito do motivo pelo qual Ele os castiga? Haveria de lhes subtrair a recordação de suas faltas, dando-lhes ao mesmo tempo a experimentar muito vivamente as suas penas? Para que serviria o castigo se não fosse acompanhado da recordação da culpa? Só contribuiria para irritar o réu e leva-lo à demência. Uma tal vítima não teria o direito de acusar o seu juiz por ser punida sem ter consciência de haver cometido uma falta?” (ed. Migne gr., t. LXXXV, 871).
Sem nos demorar sobre este e outros testemunhos contrários à reencarnação no séc. VI, passamos imediatamente à fase culminante da controvérsia origenistas.
“Não” à reencarnação.
No início do séc. VI estava o origenismo muito em voga nos mosteiros da Palestina, tendo como principal centro de propagação o mosteiro da “Nova Laura” ao sul de Belém. Aí se falava, com estima, de preexistência das almas, reencarnação, restauração de todas as criaturas na ordem inicial ou na bem-aventurança celeste... em 531, o abade São Sabas, que, com seus 92 anos de idade, se opunha energicamente ao origenismo, foi a Constantinopla pedir a proteção do Imperador da Palestina devastada pelos samaritanos, assim como a expulsão dos monges origenistas. Contudo, alguns dos monges que o acompanhavam, sustentaram em Constantinopla opiniões origenistas; regressou à Palestina, para aí morrer aos 5 de dezembro de 532. Após a morte de São Sabas, a propaganda origenistas recrudesceu, invadindo até mesmo o mosteiro do falecido abade (a “Grande Laura”); em consequência, o novo abade, Gelásio, expulsou do mosteiro quarenta monges. Estes, unidos aos da “Nova Laura”, não hesitaram em tentar tomar de assalto a “Grande Laura”. Por essa época, os origenistas (pelo fato de combater uma famosa heresia cristológica, dita “monofisitismo”) gozavam de grande prestígio, mesmo em Constantinopla. Com o passar do tempo, a controvérsia entre os monges da Palestina foi-se tornando cada vez mais acesa, exigindo em breve a intervenção das autoridades. Foi o que se deu em 539. O Patriarca de Jerusalém mandou pedir ao Imperador Justiniano de Constantinopla o seu pronunciamento contra o origenismo (naquela época os temas teológicos interessavam ao Imperador tanto quanto as questões de administração pública). Justiniano, em resposta, escreveu um trato contra Orígenes, de tom extremamente violento, que se encerrava com uma série de dez anátemas contra Orígenes, dos quais merecem atenção os seguintes:
Justiniano em 543 enviou o seu tratado com os anátemas ao Patriarca Menas de Constantinopla, a fim de que este também condenasse Orígenes e obtivesse dos bispos vizinhos e dos abades de mosteiros próximos igual pronunciamento. Assim intimado, Menos reuniu logo o chamado “Sínodo Permanente” (Conselho Episcopal) de Constantinopla, o qual, por sua vez, redigiu e promulgou quinze anátemas contra Orígenes, dos quais os quatro primeiros nos interessam de perto:
O Papa Virgílio e os demais patriarcas deram a sua aprovação a esses artigos. Como se vê, tal condenação foi promulgada por um sínodo local de Constantinopla reunido em 543, e não pelo Concílio ecumênico de Constantinopla II, o qual só se realizou em 553. Neste Concílio ecumênico, a questão da pré-existência e da sorte póstuma das almas humanas não voltou à baila; verdade é que Orígenes aí foi condenado juntamente com outros escritores cristãos por causa de erros concernentes a Cristo.
Em conclusão, observamos o seguinte:
Podemos observar que o autor considerou a rusga existente entre os monges que seguiram os ensinamentos de Orígenes e chegaram a aplica-los com mais veemência que o autor. Nada foi dito sobre as motivações do Imperador Justiniano que promoveu o Concílio, nem da sua Imperatriz, Teodora, que dividia com ele o poder e tinha, aparentemente, bem mais influência no meio popular. Mas fica a compreensão que a Reencarnação foi um pensamento aceito, talvez não por todo o clero católico, mas por expressiva massa de agentes religiosos e que estavam perto do poder temporal.
Ao fazer um inventário moral do que temos aprendido das lições evangélicas, verificamos que suas narrativas nos trazem serenidade, esperança e doçura; os conceitos espíritas trazem sabedoria, coerência e alívio aos sentimentos; as experiências mediúnicas nos trazem fatos, lições e compreensão da evolução; e as explicações dos espíritos nos trazem meditações, indagações e fé raciocinada.
No entanto, podemos tirar algumas conclusões como: oro, mas não tenho respostas aos apelos que faço; confio, mas é como se os bons espíritos não possam aliviar as aflições do meu caminho; tenho amor, mas apesar da caridade dos atos, tropeço com pessoas ingratas e vingativas; e faço psicoterapia, e mesmo ajudando a tanto não recebo compreensão.
Frente a essas conclusões, chegam os ensinos do alto: consulta, com olhos de ver; estuda com mente de entender; e escuta com ouvidos de ouvir. A função de todos os aprendizados é ajudar no crescimento espiritual, dando liberdade mental e largueza de vistas morais para que possamos servir melhor, ajudar mais, e amar com mais segurança.
Recebemos a orientação fraterna para não reduzir a prece em simples pedidos ou louvaminha barata, e também, não tentar reduzir os espíritos puros que nos instruem, em auxiliares comuns para as tarefas que nos cabe fazer.
A oficina para a melhoria do espírito em seu caminho para a perfeição, é a repetição quantas vezes for necessário, das dificuldades, doenças, aflições e luta. A conquista de perfeição é feita pelo trabalho constante. A pepita de ouro exige o trabalho nos rios e nas minas para a conquista do ouro, a árvore exige o trabalho do lenhador e do marceneiro para que as formas dos móveis luxuosos possam surgir. O granito em sua forma bruta, exige do artista o cinzel para surgir a imagem procurada, e o espírito, como elemento mais nobre, exige esforços constantes para a sua purificação e aproximação da essência de Deus.
Temos exemplos da necessidade de repetições de lições através da biografia de pessoas famosas como Einstein, que foi reprovado três vezes em matemática, antes de ser reconhecido como o cientista mais importante do planeta, e o músico Verdi, que foi reprovado três vezes em música antes de ser reconhecido como um grande artista.
O caminho que devemos seguir é começar o trabalho logo cedo, não desistir da tarefa de produzir ou acertar no bem, sem deixar que o desânimo que nos envolve, nos enfraqueça na busca dos nossos objetivos. Recomeçar com alegria nova, retemperar o ânimo, enxugar o suor, e sempre se refazer.
A evolução espiritual vai sempre exigir trabalho constante, desde o início como princípio espiritual, e, depois, com a individuação, vamos crescer na escala evolutiva hominal até atingir à angelitude.
Lembrar que Jesus, nosso Mestre, informou que “o nosso Pai até hoje trabalha, e eu também.” O trabalho é uma lei da Natureza, e Emmanuel dizia que o trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.
A busca da Verdade sempre está contaminada por mentiras ou falsas narrativas de quem deseja alcançar algum benefício com isso, que por ser distante da Verdade, tem sempre o caráter negativo frente a Justiça de Deus, quer sejam essas falsas narrativas feitas de mentiras conscientes ou inconscientes.
Até agora, quase todos os historiadores da igreja romana acreditam que a Doutrina da Reencarnação foi declarada herética durante o Concílio de Constantinopla em 553 d.C., atual Istambul, na Turquia. No entanto, a condenação da Doutrina se deve a uma ferrenha oposição pessoal do imperador Justiniano, que nunca esteve aos protocolos do Concílio.
Segundo Procópio, uma mulher de nome Teodora, filha de um guardador de ursos do anfiteatro de Bizâncio, era a ambiciosa esposa de Justiniano, e na realidade, era quem manejava o poder. Ela, como cortesã, iniciou sua rápida ascensão ao Império. Para se libertar de um passado que a envergonhava, ordenou, mais tarde, o expurgo de quinhentas antigas “colegas” e, para não sofrer as consequências dessa ordem em outra vida como preconiza a lei do Carma, empenhou-se em suprimir toda a magnífica Doutrina da Reencarnação. Estava confiante no sucesso dessa anulação, decretada por Justiniano, “em nome de Deus”!
Em 543 d.C., o déspota imperador Justiniano, sem levar em conta o ponto de vista clerical, declarou guerra frontal aos ensinamentos de Orígenes (exegeta e teólogo, 185-235 d.C.), condenando tais ensinamentos através de um sínodo especial.
Em suas obras: De Principiis e Contra Celsum, Orígenes tinha reconhecido, abertamente, a existência da alma antes do nascimento e sua dependência de ações passadas. Ele pensava que certas passagens do Novo testamento poderiam ser explicadas somente à luz da Reencarnação.
Do Concílio convocado por Justiniano só participaram bispos do oriente (ortodoxos). Nenhum de Roma. E o próprio Papa, que estava em Constantinopla nesta ocasião, deixou isso bem claro.
O Concílio de Constantinopla, o quinto dos Concílios, não passou de um encontro, mais ou menos em caráter privado, organizado por Justiniano, que, mancomunando com alguns vassalos, excomungou e maldisse a doutrina da preexistência da alma, com protestos do Papa Virgílio, e a publicação de seus anátemas.
Embora estivesse em Roma naquela época, o Papa Virgílio sequestrado e mantido prisioneiro de Justiniano por oito anos, recusou-se a participar deste Concílio, quando Justiniano não assegurou o mesmo quórum de bispos representantes do leste e do oeste.
Uma vez convocado, o Concílio só incluiu 165 bispos da Cristandade em sua reunião final, dos quais 159 eram da Igreja oriental. Tal fato garantiu a Justiniano todos os votos de que precisava.
A conclusão oficial que o Concílio chegou após uma discussão de quatro semanas teve que ser submetida ao Papa para ratificação. Na verdade, os documentos que lhes foram apresentados (os assim chamados “Três Capítulos”) versavam apenas sobre a disputa a respeito de três eruditos que Justiniano, há quatro anos, havia por edito (decreto) declarado heréticos. Os papas seguintes, Pelágio I (556 – 561), Pelágio II (579 – 590) e Gregório (590 – 604), quando se referiram ao quinto Concílio, nunca tocaram no nome de Orígenes.
A Igreja teve alguns concílios tumultuados, mas parece que o V Concílio de Constantinopla II (553) bateu o recorde em matéria de desordem e mesmo de desrespeito aos bispos e ao próprio Papa Virgílio, papa da época.
Muitos inconformados alegam que esse Concílio não tratou da Reencarnação, e por isso a Igreja nunca esteve envolvida com tal princípio. Porém a verdade é que, os seus Cânons (Regra geral de onde se inferem regras especiais) do Magistério relacionado a este evento, mais especificamente o seu Cânon 11, trata da condenação das teses de Orígenes e suas referências à preexistência da alma. Vejamos uma versão em espanhol dessa parte decisória do Supremo Pontificado:
Magistério del C.E II de Constantinopla
(Em parte idênticos com la Homologia del Emperador, del año 551)
Can. 11. Si alguno no anatemiza a Arrio, Eunomio, Macedonio, Apolinar, Nestorio, Eutiques y Orígenes, juntamente com seus ímpios escritos, y a todos los demás hereges, condenados por la santa Iglesia Católica y Apostólica y por los quatro antedichos santos Concílios, y a los que han pensado o piensan como los antedichos herejehereges permanecieron hasta el fin em su impiedade, ese tal sea anatema.
Aí está: o Cânon 11 (Regra geral de onde se inferem regras especiais) condenando Orígenes e suas teses da preexistência da alma. Ora, a preexistência do espírito com relação ao vivificado por ele, é a base fundamental para a Teoria da Reencarnação, pois que, ao admitirmos o reencarne de um espírito, automaticamente estamos admitindo que ele já encarnou antes, pelo menos uma vez que seja.
Justiniano presidiu esse Concílio. Era um teólogo que queria saber mais de Teologia do que o Papa. Sua mulher, a imperatriz Teodora, foi uma cortesã e se imiscuía nos assuntos do governo do seu marido, e até nos de Teologia. Houve, portanto, a condenação da Doutrina da Preexistência, o que, “ipso facto”, condenou também a reencarnação, pois não existe reencarnação sem a preexistência do Espírito.
Observamos assim como o interesse materialista e preconceituoso de uma pessoa, e que detém o poder no momento, pode direcionar o pensamento e práticas espirituais. Mas o que nos deixa mais perplexos é que, essa história também conhecida pelos Teólogos e doutores da Lei, não foi corrigida e até hoje deixa a cristandade acreditar e a se comportar como se a preexistência das almas fosse heresia, como desejava a imperatriz Teodora que influenciou o seu marido, imperador Justiniano.
Mas, por mais que a mentira seja “poderosa” e consiga cobrir o mundo, a Verdade sempre emergirá, e as almas livres e conscientes podem percebê-la e, quiçá, tenham coragem para justifica-la em público.