Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/08/2021 04h43
VINHA DE LUZ (38) – SERVICINHOS

            Paulo advertia em Efésios 4:32, que devíamos ser, uns para os outros, antes de tudo, benignos. Às vezes temos, antes de tudo, grandes projetos na cabeça, mas esquecemos de ser benignos com o próximo que está próximo, e de todos o mais próximo somos nós mesmos. 

            Eu tenho um projeto grandioso, chegando as raias da megalomania, de participar na construção do Reino de Deus, como se eu fosse um construtor já suficientemente habilitado. Um projeto que abrange o mundo todo. Mas será que estou sendo benéfico com quem está próximo, a partir de mim, como Paulo advertia? 

            Paulo dizia que grande massa dos aprendizes do Cristo se queixa da falta de oportunidade de operar grandes serviços no mundo. Eu sei que tenho essa oportunidade, só falta para mim os atributos internos de coragem, inteligência rápida e sabedoria, para tocar para frente no ritmo adequado esse projeto. Mas não posso esquecer da advertência do Paulo, de ser benéfico com quem está próximo. Fazendo esta auto avaliação, reconheço que estou cumprindo o que Paulo e o Cristo esperam de mim. Por outro lado, também não estou desgostoso por não ter obtido cargo de alta relevância, de não ter o meu nome na grande imprensa.

            Não menosprezo o valor das pequenas tarefas, pois sei que fazem parte do meu projeto grandioso. Procuro ter um gesto de boas maneiras, um sorriso fraterno e consolador. Procuro melhorar a minha assistência na sede e fome de quem precisa, sem julgamentos a priori, de ficar calado ante o mal que é divulgado por inocência ou ignorância, que não comporta esclarecimentos imediatos, ofertar com amor um livro santificante, proferir uma sentença carinhosa, talvez o transporte de um fardo pequeno que esteja ao meu alcance. Faço a sugestão do bem, a tolerância em conversações fastidiosas, os favores gratuitos de alguns reais, a dádiva espontânea, mesmo que humilde, a gentileza natural, e tudo isso, acredito, cumpre as exigências do Mestre, mesmo que muitos não as levem em justiça e consideração.    

            Mas não importa a cegueira de quem recebe. Que pode significar a malevolência das criaturas ingratas, diante do impulso afetivo dos bons corações? Muito provavelmente em outros tempos, posso ter sido igualmente cego e perverso para com o próximo, talvez com o próprio Cristo, com esses que me podem ter dispensado todos os obséquios, pequenos e outros tão grandes como o Mestre fez? 

            Agora, não posso me mortificar porque não apareço nos cartazes enormes do mundo como um grande benfeitor da humanidade. Isso iria trazer angústia ao meu espírito e um desvio do caminho que me aproxima do Pai, tanto agora quanto no futuro.

            Tenho que ser benevolente com todos que me rodeiam e comigo mesmo. Não posso menosprezar os servicinhos úteis. Neles repousa o bem-estar do caminho diário para todos que se congregam nas tarefas da construção do Reino de Deus, mesmo que sejamos um simples peão nessa labuta.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/08/2021 às 04h43
 
02/08/2021 00h01
NOITE CHEIA DE ESTRELAS

            Interpretando a letra da canção “Noite cheia de estrelas” composta por Cândido das Neves e interpretada por diversos cantores, entre eles, Martinho da Vila.

 

NOITE CHEIA DE ESTRELAS

(Cândido da Neves / Martinho da Vila)

 

Noite alta, céu risonho

A quietude é quase um sonho

O luar vai sobre a mata, qual uma chuva de prata de raríssimo explendor

Só tu dormes, não escutas

O teu cantor

Revelando à lua airosa a história dolorosa deste amor

Lua...

Manda a tua luz prateada despertar a minha amada

Quero matar os meus desejos

Sufoca-la com meus beijos

Canto...

E a mulher que amo tanto, não me escuta, está dormindo

Canto e por fim

Nem a lua tem pena de mim

Pois ao ver que quem te chama sou eu

Entre a neblina se escondeu

-x-

Lá no alto a lua esquiva

Está no céu tão pensativa

As estrelas tão serenas, qual dilúvio de falenas andam tontas ao luar

Todo astral ficou silente

Para escutar

O teu nome entre as endechas e as dolorosas queixas ao luar

-x-

Canto...

E a mulher que eu amo tanto, não me escuta, está dormindo

Canto e por fim

Nem a lua tem pena de mim

Pois ao ver que quem te chama sou eu

Entre a neblina se escondeu

-x-

Canto e por fim

Nem a lua tem pena de mim

 

            Bela canção, de romantismo suave, profundo e dolorido, como a alma querendo se queixar de Deus o seu padecimento.        

            O cantor chega próximo à janela da amada que dorme naquele momento. Ele tem consciência disso, mesmo assim, canta o que sente para a lua, requisitando o seu testemunho para o sentimento que invade seu coração.

            Além do testemunho ele pede para lua despertar a sua amada, pois só ela pode matar seus desejos, quer beijá-la intensamente... por isso canta, mas ela não escuta, está dormindo. 

            Mas a lua não tem pena dele, pois ao identifica-lo, ao invés de atende-lo, se esconde entre as nuvens, permanece no alto, pensativa, deixando as borboletas noturnas voando tontas sem luar... todo o cosmo, o astral fica emudecidos, apenas escutando as dolorosas queixas, como membros de um jurado especial, divino, que analisa o caso apresentado em versos melancólicos.

            O poeta não é atendido, a mulher que tanto ama continua dormindo, a lua continua escondida. Desiste do seu intento, não se queixa mais da amada que continua adormecida, ela não tem culpa, está dormindo, não sabe o que ele está sentindo. Ele se queixa agora da lua, a última instância que requisitou para escutar suas razões, para intervir em sua defesa, para acordar quem dormia e não podia perceber quem ele era na realidade. Nem o jurado divino se manifestou. Sua canção se perde no vazio da noite sem luar, na floresta escura, talvez regada pelas lágrimas das borboletas tontas que também se sentem órfãs do luar e da justiça divina. 

            Simboliza muito amor real que se encontra dentro do coração do amante, mas que a amada, mesmo acordada fisicamente, está dormindo romanticamente, espiritualmente, coberta por grossos mantos de preconceitos, hipocrisias culturais, falsas narrativas. A lua deixou de ser evocada, ela não assume a defesa de quem ama, não consegue dissipar as amarras dos preconceitos. Resta apelar para o jurado divino que pode se manifestar a favor da verdade, do amor, da justiça. O amante tem que provar, com o tempo, que é portador desses atributos. Que o seu amor não está contaminado pelo egoísmo, vaidade, injustiça, mentiras ou qualquer traço de iniquidade. Somente assim pode esperar o veredicto positivo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/08/2021 às 00h01
 
01/08/2021 02h26
ORAÇÃO AGOSTO 2021

            Pai, o mundo está passando por uma transformação que inclusive, está registrado na Bíblia, a previsão de que o Anticristo irá dominar a humanidade. Felizmente, também esta previsto que o Reino de Deus superará essas dificuldades, a Igreja católica que deverá capitanear essa renovação da fé e das aplicações que o Mestre nos trouxe. Estamos sofrendo os efeitos da maldade, da mentira que domina os meios de comunicação, as escolas, universidades, tribunais, etc. O anticristo está se materializando, a pandemia foi a arma biológica jogada para limitar nossas ações, nos afastar afetivamente uns dos outros, sermos obrigados a andar mascarados e injetados com vacinas na quais não temos confiança, mas é colocada como uma obrigação.

            Nesse contexto, tenho que me preparar e me capacitar para contribuir eficazmente e fazer emergir o pensamento e atitudes cristãs capazes de construir a família universal, a base social para o Reino de Deus e a reclassificação da Terra de planeta de Provas e Expiações para planeta de Regeneração. Seremos nós, os cristãos que procuram seguir os ensinamentos do Mestre com honestidade intelectual, os responsáveis materiais para a conclusão da profecia. Não podemos ficar na ociosidade, deixando passar as oportunidades necessárias para este acontecimento se realizar. Quem de nós ficar na ociosidade, outros assumirão nossos lugares e não quero ficar devedor perante o Senhor.

            Por isso, Pai, compreendo a importância do momento, do quanto sou agraciado com Suas atitudes em deixar ao meu alcance o material que preciso para resolver tão dura missão. O mais importante de todos, as cartas do Mestre, as quais retornaram para  mim no momento que mais preciso, quando começo a sofrer os efeitos da força do mal que já está nos asfixiando. Sigo a orientação colocada nos textos, de ir lendo uma página por dia para ter a oportunidade de reflexão. 

Dá-me Pai, coragem, inteligência rápida para eu faça Sua vontade e não a minha. São pedidos que eu já havia determinado ficar por sua conta, mas devido a urgência do que é preciso fazer para a organização do que vem pela frente, necessito que minhas tarefas sejam colocadas em regime de urgência. Sei que tenho já as ferramentas essenciais que colocastes à minha disposição, tudo agora depende da minha ação. Tenho consciência de minhas responsabilidades frente ao que eu decidi fazer junto a Ti, Pai, e não quero perder a chance de realizar ainda nesta vivência.

Mas, eu sei, apesar de todo este meu apelo, não é a minha vontade que deve prevalecer e sim a Tua. Lembro do comportamento do nosso irmão e Mestre no alto da cruz e sei que tenho assim um bom exemplo.

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em 01/08/2021 às 02h26
 
31/07/2021 00h27
LUDWIG VON MISES – (05) FUMAÇA DE SATANÁS

            Interessante ver o que existe nas redes sociais sobre Ludwig von Mises, um artigo econômico, “O cálculo econômico sob o socialismo”, escrito em 1920, importante para entendermos e nos posicionarmos ideologicamente.

A esquerda ainda odeia o livro, e continua até hoje tentando dizer que ele exagerou nos números e nos relatos. E então veio o Livro Negro do Comunismo (1999), que coloca em 85 milhões a estimativa mínima de cidadãos executados pelos comunistas, deixando claro que cifras como 100 milhões ou mais são as mais prováveis.  

O livro foi escrito por esquerdistas franceses e publicado pela Harvard University Press, de modo que ele não pôde simplesmente ser repudiado como sendo apenas mais um panfleto direitista.

Segundo o livro, entre 1949 e 1987, o comunismo da China, liderado por Mao Tsé-Tung e seus sucessores, assassinou ou de alguma maneira foi o responsável pela morte de 76 milhões de chineses. Há historiadores que dizem que o número total pode ser de 100 milhões ou mais. Somente durante o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.

No Camboja, o Khmer Vermelho, comandado por Pol Pot, exterminou aproximadamente 3 milhões de cambojanos, em uma população de 8 milhões. Crianças eram assassinadas com baionetas.

No total, segundo Conquest, os regimes socialistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987. Destas, quase 55 milhões de pessoas morreram em vários surtos de inanição e epidemias provocadas pelas políticas de planejamento econômico — dentre estas, mais de 10 milhões foram intencionalmente esfaimadas até a morte, e o resto morreu como consequência não-premeditada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.

A esquerda até hoje tenta ignorar tudo isso.

Com efeito, a resposta da academia tem sido a de considerar todo o experimento soviético como algo que foi meramente mal orientado, algo que se desencaminhou, e não como algo inerentemente diabólico. O custo em termos de vidas humanas raramente é mencionado. Antes de 1991, era algo ainda mais raramente mencionado.  

Antes de Arquipélago Gulag (1973), de Solzhenitsyn, era considerado uma imperdoável falta de etiqueta um acadêmico fazer mais do que apenas mencionar muito discretamente e só de passagem toda a carnificina, devendo limitar qualquer crítica apenas aos expurgos do Partido Comunista comandados por Stalin no final da década de 1930, e praticamente quase nunca mencionar que a fome em massa havia sido adotada como uma política pública. "Ucrânia?  Nunca ouvi falar." "Kulaks? O que são kulaks?"

Há um livro sobre estas ingênuas e crédulas almas, que foram totalmente trapaceadas: Political Pilgrims: Travels of Western Intellectuals to the Soviet Union, China, and Cuba, 1928-1978 de Paul Hollander. Foi publicado pela Oxford University Press em 1981. Foi ignorado pela intelligentsia por uma década.

A falência intelectual e moral dos líderes intelectuais do Ocidente, algo que vinha sendo encoberto pela própria durabilidade do regime soviético, foi finalmente exposta em 1991, quando houve o reconhecimento mundial de que os regimes marxistas não apenas haviam falido economicamente, como também eram tiranias que o Ocidente havia aceitado como sendo uma alternativa válida para o capitalismo.

Não há exemplo melhor deste auto-engano intelectual do que o de Paul Samuelson, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o primeiro americano a ganhar o Prêmio Nobel de economia (1970), ex-colunista da revista Newsweek, e autor daquele que é, de longe, o mais influente livro-texto de economia do mundo pós-guerra (1948 — presente): pelo menos 3 milhões de cópias vendidas em 31 idiomas distintos.  

Ele escreveu na edição de 1989 de seu livro-texto: "A economia soviética é a prova cabal de que, contrariamente àquilo em que muitos céticos haviam prematuramente acreditado, uma economia planificada socialista pode não apenas funcionar, como também prosperar."

Mises previu tudo.

Tudo o que ocorreu seis décadas após a publicação do ensaio de Mises comprovou a acurácia de sua tese. Regimes construídos sobre bases irracionais se degeneram em ações irracionais.

Em 1979, a China comunista abandonou o planejamento centralizado no setor agrícola. Deng Xiaoping removeu os controles estatais sobre a agricultura na China. Essa liberalização levou ao maior e mais longo período de crescimento econômico, na maior área terrestre do planeta, em toda a história da humanidade.

Em seguida, ao fim da década de 1980, a economia da União Soviética começou a implodir. No dia 25 de dezembro de 1991, Mikhail Gorbachev formalmente dissolveu a URSS. Sem nenhum derramamento de sangue, os líderes da URSS simplesmente abandonaram este esquema. A bandeira vermelha sobre o Kremlin foi abaixada pela última vez. O experimento genocida havia terminado.

Esses dois acontecimentos apenas comprovaram a teoria de Mises, de 1920. O socialismo é realmente irracional. Dado que o socialismo é inerentemente irracional, ele não tem como produzir crescimento econômico semelhante ao das economias de livre mercado. Este contraste pode ser visto em foto de satélite das duas Coreias. Desconheço uma imagem visual que melhor valide a teoria de Mises.

Para concluir.

As leis da economia têm de ser respeitadas. Mises entendeu isso. Seus críticos não. A análise de Mises feita em 1920, apenas três anos após a Revolução de Outubro, se comprovou acurada tanto para a China quanto para a URSS.

Em seu posfácio à edição de 1990 do ensaio de Mises, Joseph Salerno apresentou a seguinte avaliação: ‘A importância deste ensaio de Mises, de 1920, se estende para muito além de sua devastadora demonstração sobre a impossibilidade de uma economia e de uma sociedade socialista. O ensaio apresenta a mais completa justificativa da importância de se ter preços livres, livre concorrência, propriedade privada protegida contra todo e qualquer tipo de ataque, e uma moeda sólida. Sua tese continuará relevante enquanto economistas e políticos quiserem entender por que até mesmo pequenas intervenções estatais na economia consistentemente fracassam em seu intuito de alcançar resultados socialmente benéficos.” 

"O cálculo econômico sob o socialismo" certamente figura entre os mais importantes artigos econômicos escritos neste século. Eu acrescentaria isto: em qualquer século.

            Tanta miséria que existe no mundo, sob o olhar de tantos que se dizem cristãos, honestos e fraternos. Irmãos morrem ao redor do mundo sob regimes os mais autoritários e perversos, enquanto o próprio Papa fica calado, a voz que deveria ser a voz de Cristo. Parece que a profecia da Bíblia do reinado do Anticristo está para se realizar. A fumaça de Satanás parece que atingiu todo o mundo, incluindo as nações mais poderosas do Globo, como é o caso dos Estados Unidos, cujo presidente mais combativo dentro de comportamentos mais coerentes, é derrotado por tão flagrantes fraudes incapazes de serem contidas pela justiça. Aqui no Brasil corremos o mesmo risco, mas também temos a responsabilidade de sermos o coração do mundo e a pátria do Evangelho. Temos a responsabilidade de limpar o mundo dessa fumaça de Satanás. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 31/07/2021 às 00h27
 
30/07/2021 00h27
LUDWIG VON MISES – (04) DESONESTIDADE INTELECTUAL

            Interessante ver o que existe nas redes sociais sobre Ludwig von Mises, um artigo econômico, “O cálculo econômico sob o socialismo”, escrito em 1920, importante para entendermos e nos posicionarmos ideologicamente.

Robert Heilbroner, um economista socialista e multimilionário em decorrência dos royalties de sua popular obra sobre a história da teoria econômica, The Worldly Philosophers, a qual vendeu mais de quatro milhões de cópias, afirmou em um artigo à revista The New Yorker, de setembro de 1990, intitulado "Após o Comunismo", que ele havia crescido em um mundo acadêmico no qual ele e seus pares acreditavam que Lange havia refutado Mises. E então ele anunciou: "Mises estava certo".

No entanto, não há nenhuma referência a Mises na sétima edição da obra The Worldly Philosophers, publicada em 1999, um silêncio que ele manteve nas seis edições anteriores, que começaram em 1953.

O acobertamento dos intelectuais.

Todos os eventos ocorridos nos países que adotaram o socialismo demonstraram, de forma macabra, quão correta estava a constatação de Mises.

O fracasso universal do socialismo do século XX começou já nos primeiros meses após a tomada da Rússia por Lênin. A produção caiu acentuadamente. Ato contínuo, ele foi forçado a implementar uma reforma marginalmente capitalista em 1920, a Nova Política Econômica (NEP). Ela salvou o regime do colapso. A NEP foi abolida por Stalin.

Durante as décadas seguintes, Stalin se entregou ao corriqueiro hábito de assassinar pessoas. A estimativa mínima é de 20 milhões de mortos. O ponto de partida da chacina socialista foi a Ucrânia. Normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões. Mas de acordo com o historiador Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos "kulaks", o grande total é elevado para entorpecentes 14,5 milhões de mortes.

Tal prática era peremptoriamente negada por quase toda a intelligentsia do Ocidente. Foi somente em 1960 que o próprio Robert Conquest publicou seu monumental livro O Grande Terror — Os Expurgos de Stalin. 

Sua estimativa atual: algo em torno de 30 milhões. O livro foi escarnecido à época. O verbete da Wikipédia sobre o livro é bem acurado. Publicado durante a Guerra do Vietnã e durante um surto de marxismo revolucionário nas universidades ocidentais e nos círculos intelectuais, O Grande Terror foi agraciado com uma recepção extremamente hostil.

A hostilidade direcionada a Conquest por causa de seus relatos sobre os expurgos foi intensificada por mais dois fatores. O primeiro foi que ele se recusou a aceitar a versão apresentada pelo líder soviético Nikita Khrushchev, e apoiada por vários esquerdistas do Ocidente, de que Stalin e seus expurgos foram apenas uma "aberração", um desvio dos ideais da Revolução, e totalmente contrários aos princípios do leninismo. 

Conquest, por sua vez, argumentou que o stalinismo era uma "consequência natural" do sistema político totalitário criado por Lênin, embora reconhecesse que foram os traços característicos da personalidade de Stalin que haviam causado os horrores específicos do final da década de 1930.  

Sobre isso, Neal Ascherson observou: "Àquela altura, todos nós concordávamos que Stalin era um sujeito muito perverso e extremamente diabólico, mas ainda assim queríamos acreditar em Lênin; e Conquest disse que Lênin era tão mau quanto Stalin, e Stalin estava simplesmente levando adiante o programa de Lênin".

O segundo fator foi a ácida crítica de Conquest aos intelectuais ocidentais, os quais ele dizia sofrerem de cegueira ideológica quanto às realidades da União Soviética tanto durante a década de 1930 quanto, em alguns casos, até mesmo ainda durante a década de 1960. Personalidades da intelectualidade e da cultura da esquerda, como Sidney e Beatrice Webb, George Bernard Shaw, Jean-Paul Sartre, Walter Duranty, Sir Bernard Pares, Harold Laski, D.N. Pritt, Theodore Dreiser e Romain Rolland foram acusados de estúpidos a serviço de Stalin e apologistas de seu regime totalitário devido a vários comentários que fizeram negando, desculpando ou justificando vários aspectos dos expurgos.

            A desonestidade em aspectos materiais parece ser menos danosa do que a desonestidade intelectual. Esta pode afetar milhões de pessoas no mundo, deserdar, desertar, eliminar. Isto é o que acontece com ideologias que atraem por sua bondade e terminam se mostrando maléficas e quem contribuiu para elas serem possíveis, se tornam escravizados pelo mal que parecia ser um bem, e que não podem escapar. A alternativa de sair dessa situação de miséria humana, seria se houvesse a honestidade intelectual para observar os fatos e corrigir desvios de intenções. Mas parece que isso ainda não é o caso na nossa sociedade atual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/07/2021 às 00h27
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