Quando reconhecemos a paternidade universal de Deus e decidimos fazer Sua vontade, mesmo não O identificando materialmente como uma pessoa comum, nem tendo a percepção de Sua presença pelos cinco sentidos físicos tradicionais, algo em nós se amplia a tal ponto que um novo canal perceptivo surge, racional e coerente, mesmo que não seja identificável e provado materialmente. Esse novo canal está nos domínios da intuição, mas de forma muito mais ampliada, pois a intuição é fator psicológico que todos possuem, mas na maioria das vezes não é respeitado.
Pois bem, o trabalho que realizo na Praia do Meio, junto com diversos companheiros, considero que foi uma convocação de Deus, assim como considero que da mesma forma foi chamado cada companheiro que dele se aproximou e se engajou. Então formamos um grupo de trabalho comunitário, mas, principalmente servimos de instrumento para a realização da vontade do Pai, seguindo as lições do Mestre Jesus.
Existimos como grupo há mais de dois anos e já temos bons trabalhos realizados na comunidade, e temos como base a Escola Olda Marinho, na qual nos reunimos semanalmente às quintas feiras. Tudo ia bem, procurávamos nos desenvolver enquanto Associação, mas de forma acomodada de dentro da Escola, pedindo que as pessoas comparecessem às nossas reuniões. De repente, sem motivos significativos, chegou uma decisão de que os trabalhos comunitários não poderiam mais ser realizados dentro da escola. Fomos a administração central, à Secretaria de Educação, e obtivemos a autorização para o trabalho ser continuado. Isso poderia nos deixar satisfeitos e tudo voltar a ser como antes... mas alguma coisa ficou para refletirmos...
Por que Deus permitiu que esse transtorno acontecesse? Se o trabalho que realizamos é em Seu nome e quem o realiza não procura obter nenhuma vantagem, quer seja religiosa, política ou financeira? Pelo contrário, quem dele participa tira dinheiro do seu bolso para desenvolver o trabalho. Por que os professores da escola, pessoas esclarecidas pela força de suas profissões, que devem perceber a natureza desse trabalho de essência evangélica, deixou isso acontecer? Por que os moradores da comunidade que são beneficiários efetivos ou potenciais da Associação, que tem os seus filhos ou eles mesmos sob os nossos cuidados deixaram isso acontecer? Só tenho uma explicação, Deus quis chamar nossa atenção para algo. E como foi que Ele fez isso? Tenho uma ideia...
Deus viu que nosso trabalho estava de certa forma ocioso, dentro de uma escola quando devia estar na ruas. Jesus, o Seu filho mais evoluído, veio para a Terra e não só ensinava ao povo nas igrejas, dentro de escolas ou nas sinagogas. Ele falava com o povo nas ruas, reunia nos montes, ia aonde o povo estava, pessoas carentes e ignorantes, para falar do nosso Pai comum e como chegar a construir o Reino dos Céus. Então, imagino que Deus queira fazer entender essa Sua vontade. Como fazer isso, se nossa consciência estava acomodada naquela escola? Então Ele retirou Sua luz momentaneamente daquela escola e deixou que almas mais distantes do Amor ao próximo se incendiassem pela raiva, por qualquer motivo, o mais mínimo possível, e atingissem com dureza a associação expulsando de suas instalações todo o trabalho a que ali era realizado. Tivemos que fazer a reunião seguinte quase no meio da rua. Mas procuramos nos comportar dentro da compaixão cristã, sem julgar a ninguém, e procurando resolver os problemas sem agressão. Nesse ponto, escrevo aqui com orgulho do comportamento dos meus irmãos que foram diretamente atingidos por essa expulsão, mas conservaram a serenidade de não reagir com vingança e ter a coragem de voltar a outra face. Eu não estava presente a essa reunião na escola, Deus me preservou para que eu fizesse essa reflexão, longe do calor emocional, para que eu pudesse interpretar melhor a Sua vontade. Pois é isso que estou fazendo agora e divulgando para os companheiros e verdadeiros irmãos da nossa grande família espiritual, como Jesus falou: “Quem é meu pai e minha mãe? quem são meus irmãos? São todos aqueles que fazem a vontade do Pai”.
O Pai quer que façamos reuniões no seio da comunidade, na casa de pessoas sintonizadas com o bem, que respeitam a vontade do Pai, como aconteceu na última reunião. E por reforçar ainda mais esse pensamento, a reflexão que coube ser lida nessa reunião foi inspirada por João em 20:19 que reproduzo abaixo:
REUNIÕES CRISTÃS
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas da casa onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.” (João, 20:19)
Desde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a humanidade terrena foi considerada digna das relações com o mundo espiritual.
Jesus, provou que vencera a morte, vindo ao encontro dos discípulos saudosos.
Fechadas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários gratuitos não perturbassem o coração dos que desejavam o convívio divino, eis que surge o Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida eterna.
Desde essa hora inesquecível, estava instituído o movimento de troca, entre o mundo visível e o invisível, entre o Mestre e seus discípulos, entre Deus e seus filhos.
A família cristã, em suas várias denominações, jamais passaria sem o doce alimento de suas reuniões carinhosas e íntimas, aprendendo sempre como se comportar para ser um digno cidadão do Reino de Deus. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos cenáculos de Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos tempos modernos, a essência mais profunda dessas assembleias é sempre a mesma, seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes ou nos centros espíritas.
Agora, o objetivo do cristão é praticar as lições evangélicas no seio das comunidades onde a caridade for mais necessária, onde a ignorância é a grande sombra que envolve o futuro, onde o medo é o algoz inclemente que atinge a todos nas ruas. O discípulo do Cristo é a ferramenta que o Mestre usa para se fazer presente e atender a todos aqueles que clamam com os seus gritos ou os seus silêncios pelo socorro do Pai.
Adaptado de Emanuel, “Caminho, Verdade e Vida”
Para mim tudo ficou muito claro. Deus permitiu nossa expulsão para rua e ainda enviou um texto explicando como devíamos nos comportar. “Praticar as lições evangélicas no seio das comunidades, onde a caridade for mais necessária, onde a ignorância é a grande sombra que envolve o futuro, onde o medo é o algoz inclemente que atinge a todos nas ruas”. Não poderia ser mais explícito!
Vamos agora planejar nossas reuniões nas ruas. Vamos à procura das pessoas mais necessitadas da caridade divina, que vivem atormentadas pelo medo, e mergulhadas na ignorância sobre o Reino de Deus. Nós somos os instrumentos do Cristo para fazer a vontade do Pai. Somos como aquela enxada usada pelo agricultor, que não quer saber se vai afastar lama ou pedras, sabe que vai abrir covas para plantar sementes do amor. Aqui, o agricultor é Jesus, nós somos as enxadas, a comunidade da Praia do Meio é a seara, o Pai é o patrão que espera os frutos para o Seu Reino.
Agradecemos a todos que estiveram envolvidos nesta vontade de Deus, de forma direta ou indireta, de forma propositiva ou impositiva, de forma serena ou revoltada, de forma consciente ou inconsciente... e roguemos ao Pai que todos possamos caminhar irmanados em Sua direção, pois, afinal, todos somos irmãos!
Trocando mensagens com minha segunda ex-esposa, de forma amistosa e gratificante, percebemos, ambos, que minha memória anda ruim e a dela continua ótima. Falamos de livros e eu citei um que pensava que ela ainda não tinha lido. Ela respondeu que já lera e que tinha muitos outros ainda na mesma linha que eu havia lido e rabiscado, como sempre faço nas minhas leituras, mesmo sabendo que o livro era dela, uma má educação, reconheço, que eu prefiro assumir do que não colocar algum sublinhamento, destaque, ou pensamento meu dentro do pensamento do autor.
Fiz um comentário sobre isso, que esses livros que os meus rabiscos provam que eu já os havia lido, mas que eu não lembro mais dos seus conteúdos. É como se fossem livros novos para mim. Então comentei de forma jocosa que eu corria o risco de me apaixonar por ela uma segunda vez por não lembrar da primeira. E conclui que o que evitaria isso seria a memória dela que continuava ótima.
Depois fiquei a refletir sobre isso, não é que eu queira voltar com nossa convivência conjugal, tanto eu como ela sabemos agora que somos incompatíveis nesse campo. Ela pensa de uma forma, tem os seus paradigmas, e eu tenho os meus, diametralmente opostos. E sabemos que ambos temos firmes convicções para não se deixar subornar ou influenciar pela vontade do outro. Mas a situação é deveras interessante para ser abordada de forma literária, fictícia. Então me propus a fazer um conto que coloco aqui, no seguimento deste diário.
AMOR RENOVADO
Não pensava jamais voltar a conviver com ela como marido ou mulher, ou mesmo como amigos. Não é que eu não gostasse da sua companhia, pelo contrário, das mulheres que eu conheci, ela era a mais inteligente, mais culta, mais filosófica, e escrevia maravilhosamente. Muito melhor do que eu, que sem falsa modesta, digo sempre que escrevo melhor do que falo. Mas ela tinha uma forma de ver o mundo muito diferente da minha visão, principalmente no que diz respeito aos relacionamentos afetivos. Eu desenvolvi o pensamento até certo ponto perigoso, na visão de muitas pessoas. Desenvolvi a convicção que recebi de Deus a missão de praticar o Amor Incondicional, sem barreiras ou preconceitos, como uma ordem direta dEle para mim. E isso implicava na forma de amar incluindo a qualquer pessoa, e que se houvesse simpatia mútua e circunstâncias favoráveis ao Amor Incondicional, o relacionamento podia se aprofundar sem qualquer barreira social ou preconceitos culturais, até o relacionamento sexual, com todas as consequências que isso podia trazer.
Ela nunca aceitou esse modo de viver que eu fazia questão de esclarecer para ela, nem ela aceitava para ela e também não aceitava, que eu como seu companheiro pensasse e me comportasse dessa maneira. E eu não aceitava mudar o meu modo de agir para seguir a vontade dela, sabia que isso iria me despersonalizar e passaria a viver em função do outro. O mesmo direito eu também dava a ela, nunca iria obrigar a ela pensar e se comportar como eu, se tal ela não aceitasse por vontade própria, por seu livre arbítrio, pois não queria que ela vivesse como robô ao meu lado.
Criou-se assim uma incompatibilidade entre nós difícil de resolver, e o tempo, ao invés de ajudar, somente piorou a situação. Chegou ao clímax da intolerância e a separação ocorreu até de forma traumática, com muita emoção negativa sendo purgada, principalmente da parte dela.
Passamos a viver separados, e agora o tempo se mostrou nosso aliado, quando no passado, na nossa convivência, mostrou-se adversário. Voltamos a conversar como bons amigos e trocar ideias sobre leituras, hábito muito valorizado por nós.
Mas algo novo começou a acontecer entre nós, algo que não imaginávamos que fosse acontecer e que começou sem percebermos. Tanto eu quanto ela indicávamos leituras um para o outro, e quando íamos conferir, pensando que ainda não havíamos lido aquela obra, víamos que estávamos enganados, principalmente eu, que gostava de rabiscar minhas leituras introduzindo meu pensamento junto ao pensamento do autor. Ríamos quando percebíamos que isso acontecia, encarava como uma brincadeira que a velhice estava nos trazendo. O tempo ia cada vez mais aprofundando essa “brincadeira” e nós até que gostávamos, pois líamos um livro pela segunda ou terceira vez como se fosse pela primeira vez.
Mas outro fenômeno se associou a esse e o prejuízo na memória não fez a gente perceber. As rusgas que no passado nos separava, também foram esquecidas. A simpatia que naturalmente sentíamos um pelo outro, e que fez nos apaixonar no passado com a força dos hormônios, voltou a se manifestar. Agora não tinha o apelo do desejo sexual, nos contentávamos em ficar um ao lado do outro jogando conversa fora, comentando determinado autor, ou apreciando algum aspecto da natureza. Quando eu ia embora, não havia a cobrança de quando eu voltaria, apenas a leve sensação de uma saudade que se instalava, mas que era atenuada pelo saber de que voltaríamos a nos encontrar. Cada novo encontro era retomado o prazer da convivência, não havia perguntas investigativas do que eu estava fazendo lá fora com A ou com B. O monstro que no passado fustigava as nossas vidas, o ciúme que dentro dela era incontrolável, não mais existia. Certamente o esquecimento do passado contribui decisivamente para isso acontecer.
Dessa forma eu vi o nosso amor florescer outra vez, mesmo que mutilado das lembranças do passado que nos encantou a juventude. Mesmo assim era um sentimento lindo, adaptado a lei do amor, integrado à Natureza. Nascia todo dia assim com nasce o sol, e repousava à noite sem exigir uma presença constante. Cada reencontro reacendia o mesmo prazer do dia anterior. E assim vivemos os últimos anos de nossas vidas, lendo velhos livros já tantas vezes lidos e esquecidos, e aproveitando um amor que o ciúme tanto machucou e sufocou, mas que o esquecimento apagou as lembranças que alimentava essa fera tão cruel.
Meus últimos dias foram cheios de beleza imediata que eu tinha que construir a cada momento. Mesmo que eu não lembrasse do ontem, sentia grande prazer com o presente, ao lado de uma pessoa amada, com coisas que gosto de fazer... e com a perspectiva de que amanhã tudo iria se repetir.
Quando a morte me transportou e eu cheguei aqui no mundo espiritual, reconheci toda a dinâmica do que acontecia na minha vida. Fiquei triste, pois não podia mais voltar à presença do meu amor, que com certeza estaria me esperando. Fui até a sua casa, e a vi serena, lendo um livro, sentada perto das plantas que tanto amava. Percebi que vez por outra ela olhava para o horizonte como se esperasse acontecer algo agradável, de chegar alguém que ela gostava... mas nada acontecia e ela voltava a leitura. Percebi que, apesar dela estar com algo vazio dentro de si, estava feliz! Eu, é que não sei... eu tinha retomado todas minhas lembranças e sai dali com as lágrimas lavando o chão, antes que meus sentimentos cheios de lembranças denunciassem a minha presença.
Trabalho em psiquiatria os diversos casos clínicos, mas principalmente a Dependência Química. É uma doença mental que se caracteriza pela negação que o doente apresenta no primeiro momento, de não reconhecer a doença quando diagnosticada. O primeiro trabalho técnico que devemos fazer enquanto terapeuta, é conscientizar o paciente dessa doença a qual ele pé portador, e leva-lo a compreensão da necessidade da abstinência da referida substância.
Mesmo quando consciente da doença e convicto da necessidade da abstinência para sempre da droga, o paciente não tem um resultado positivo muito fácil. É a partir daí, quando o paciente luta pela abstinência da droga e sempre está recaindo, que se observa a fragilidade da vontade frente o desejo. Muitos paciente não resistem a tamanho fracasso, percebem sua vida se deteriorar passo a passo, devido ao uso de uma substância que não querem mais fazer uso, que terminam por levar a cabo o suicídio.
É neste ponto que fico sempre a refletir: quais são os mecanismos cerebrais, neurofisiológicos que sustentam a força desse desejo? Eu não sou dependente de nenhuma substância química, portanto, posso me considerar um leigo frente a essa experiência de recaída que geralmente o dependente sofre. No entanto existe um comportamento que sempre estou realizando, que posso fazer um paralelo com a dependência química. É o ato da alimentação. Mesmo sabendo que o comportamento alimentar é muito distante de uma dependência a uma droga psicoativa, pois essa marcou de forma severa algum aspecto da neuroquímica, e a alimentação, caracterizada por sua diversidade, não tem como “marcar” o cérebro com a mesma intensidade. Mas quando chega um período como a Quaresma, onde eu me proponho a fazer jejum e controle alimentar nesses 40 dias, termino enfrentando a situação parecida com a dependência química.
Logo cedo ao acordar e me pesar, decido que não vou me alimentar durante o dia para recuperar a perda de peso que eu tenho como meta. Sei que sou capaz fisiologicamente de fazer isso, não é doloroso para mim passar um dia de jejum, sem comer qualquer coisa, apenas tomando água. Mas ao passar no restaurante e ficar de frente as diversas opções alimentares, algo na minha mente anula a determinação que eu havia feito pela manhã. Mesmo eu lembrando dessa determinação, pego no prato e começo a colocar o alimento, sem nenhum recurso mental impedir o ato.
Eu sei dessa dificuldade, pois tento fazer isso o ano todo e não tenho muito sucesso. Convivo com um sobrepeso, sabendo que se eu tivesse o controle, se minha vontade fosse superior ao desejo, eu conseguiria esse objetivo.
O período da Quaresma é o momento mais propício para que minha vontade tenha sucesso. Eu associo a minha vontade à força do Espírito. Determino que nesse período o meu Espírito seja quem comande minhas ações corporais, elimine a força do Behemot que exige os prazeres do corpo, que ele deve ser contido.
Nestas duas semanas de Quaresma eu tive um sucesso na primeira semana, mas na segunda semana sofri uma recaída da qual ainda não me recuperei. Hoje eu pensava que iria recuperar o espaço perdido, mas mais uma vez recai frente à alimentação, comparado a uma recaída no uso de drogas.
Então passo a considerar tal “recaída” na alimentação muito parecida com a recaída no uso de drogas. O mesmo processo neural que os dependentes químicos sofrem, eu também devo estar sofrendo. Infelizmente, mesmo dentro do processo, eu não consigo explicar neurofisiologicamente, ou mesmo psicologicamente o que está acontecendo.
Mas continuarei a lutar e a observar...
Em 25-02-16, as 19h, foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz, com os primeiros 30 minutos de conversa livre entre os presentes. As 19h30min foi lido o preâmbulo espiritual com o título “Reuniões Cristãs”, a partir de um escrito de João, 20:19. Logo em seguida foi lida a ata da reunião que foi aprovada por todos na íntegra. Presentes a reunião: 01. Marise; 02. Manoel; 03. Washington; 04. Maria de Jesus; 05. Balaio; 06. Andreia; 07. Silvana; 08. Nivaldo; 09. Netinha; 10. Francisca; 11. Paulo; 12. Rosário 13. Edinólia; 14. Francisco; 15. João; 16. Davi; 17. Severino; 18. Medeiros; 19. Bezerra; 20. John Lennon; 21. Macedo; 22. Emídio; 23. Camila; e 24. Larissa. Paulo informa que foi feito os ofícios e encaminhados para a direção do HUOL, secretário de saúde do município e do estado, quanto aos focos de mosquito, escadaria, e muro do hospital. Informa que a árvore tombada foi resolvida e a praça Maria Cerzideira foi realizada a limpeza e encaminhada para o departamento de engenharia da SEMSUR o pedido de reestruturação física. Solicita que todos acompanhem a página da AMA-PM no Facebook e deixe sua opinião sobre o que está ocorrendo. Relatou em seguida a reunião que participou na escola Olda Marinho com o conselho da escola e que foi decidido pela não inclusão da escola nos trabalhos desenvolvidos e apoiados pela AMA-PM, alegando principalmente falta de porteiro. Mesmo a Associação tendo se colocado como responsável durante os eventos que fossem realizados com as crianças e com a comunidade, a opinião do conselho e da coordenadora, principalmente, foi no sentido de não aceitar. Essa informação provocou um sentimento de decepção dos presentes com a gestão da escola. Bezerra leu um documento oficial que determina que as escolas sejam integradas com a comunidade, no Projeto Escola Aberta. Mostra que a decisão tomada nessa reunião vai de encontro ao trabalho organizado dentro da comunidade e à política educacional vigente no país. A professora Rosário pediu paciência e compreensão aos presentes, pois a decisão pode ter sido equivocada e que a Associação deveria ir à Secretaria de Educação amanhã logo cedo para saber quais os caminhos a ser tomados com relação aos trabalhos que já estavam sendo realizados na escola. Balaio apresenta duas mães que assinaram o documento reivindicando a creche para seus filhos, e foram orientadas sobre os procedimentos junto ao Conselho Tutelar e Ministério Público. As 20h30min a reunião foi encerrada e Rosário, que ficou com a responsabilidade de ir para a Secretaria de Educação conduziu a oração do Pai Nosso, posamos para a foto oficial e degustamos o bolo dos aniversariantes do mês.
Ao me dirigir para o local da hidroginástica, caminhando pela beira da praia, encontrei um conhecido que me cumprimentou e vi que ele estava acompanhado de uma pessoa embriagada, que ia com andar vacilante, risos imotivados e olhar azougado, vagando por entre os obstáculos do caminho.
Vendo esse cenário com tal pessoa, e comparando com o meu comportamento dentro do mesmo cenário da praia, procurei dar logo uma interpretação espiritual.
Sei que nosso corpo é comandado pelo espírito e que Deus colocou dentro do nosso corpo um monstro chamado Behemot que tem a função de nos proteger. É um monstro sem consciência moral, que se motiva pelo prazer que o corpo pode oferecer, não importa quão pernicioso seja esse comportamento, desde que ofereça o prazer.
Por outro lado, o espírito que é o detentor da consciência, dos valores éticos e morais, deve ter a energia suficiente para controlar os desejos do corpo na expressão do Behemot.
Então, minha caminhada nessa hora da manhã, obrigando o meu corpo a sair do prazer de estar na cama, de enfrentar uma hora de exercícios, tem as características de um comportamento dirigido pelo espirito. Mas, aquele comportamento do ébrio, que talvez tenha passado a noite nos prazeres da orgia do álcool, tem as características de estar sendo dirigido pelo Behemot.
Visto assim, são dois corpos que se movimentam na praia, um dirigido pelo espírito, outro pelo Behemot; um tem a consciência do que está acontecendo, o outro não tem a menor compreensão do mundo espiritual.
Posso estender esse raciocínio para toda a humanidade. A grande maioria vive sob o domínio do Behemot, muitos lutam apenas pela sobrevivência, sem qualquer noção de um mundo espiritual. Esse tipo de ignorância permite a existência dos diversos tipos de misérias, desde aquelas clássicas, da indigência, da fome, até aquela suntuosa, da riqueza construída com o suor e o sangue de terceiros e que delas não participam.
O nosso papel enquanto educador e principalmente enquanto religioso, espiritualista, é informar sobre o mundo espiritual, da ilusão passageira do mundo material, da necessidade de evoluir no campo moral.
A rotina de cada um está muito envolvida com as necessidades materiais, afinal vivemos num mundo material. Os sentidos estão voltados para o trabalho, a família, o lazer e até o prazer. O compromisso espiritual que possamos adquirir não tem uma objetividade em cumprir o exigido pela Lei do Amor, pela vontade de Deus na consciência. Parece que tudo termina no cumprimento de dogmas e rituais para atender um Deus que está cheio de crimes contra a humanidade, como observamos no Deus do Antigo Testamento, no Deus dos Exércitos.
Procuro desenvolver um comportamento associado aos deveres espirituais, de fazer a vontade de Deus assim como Ele colocou em minha consciência, mas procuro fazer isso sem explicar a quem está próximo, pois sou muitas vezes levado ao ridículo e outras vezes repudiado quando o interesse de quem ouve não se adequa ao que ela espera de mim.
Cada vez mais eu compreendo o que Deus deseja que eu faça, de controlar suficientemente o Behemot, e assim entendendo não tenho pruridos em desviar do meu caminho para atender as necessidades de cunho egoísta de qualquer pessoa, mesmo tendo a maior proximidade biológica de mim, pois a espiritual até agora ninguém chegou tão perto que não se sinta melindrada com minhas ações.
Procuro controlar assim o meu Behemot e deixar cada vez mais o meu corpo capaz de realizar a vontade de Deus. Essa reflexão que faço a partir do momento vivido na praia mostra que estou sintonizado com a compreensão adquirida do mundo espiritual, mesmo sabendo que o Behemot dentro de mim ainda é muito forte e que está sempre levando o meu comportamento para onde não devo ir, como é o caso do jejum que pretendia fazer com rigor nesta quaresma e na segunda semana sofre grande derrota.
Mas continuarei a lutar...