Tenho a compreensão de que fomos criados por Deus, tudo que existe. A alegoria que existe, do homem ser criado do barro e Deus ter colocado nele a Centelha Divina para lhe dar vida, entendo que essa criação reflete os passos da evolução nos seus milhões de ano. A Centelha Divina existe em cada existência criada e que pode se manifestar até este ente atingir um grau de complexidade que possa entender os valores morais e usar seu livre arbítrio para manter a harmonia da criação, como desejo do Criador.
Podemos dizer que a Centelha Divina instalada no ser humano se manifesta a partir da primeira decisão moral. Essa Centelha de origem divina é a vibração miniaturizada do Criador, um tipo de presente que nos distingue das demais criaturas. É o nosso grande sinal de identidade como ser humano.
Essa Centelha pode ser manifesta entre os cinco ou seis anos de idade. Alguns relatam que Jesus estimou em 2.134 dias que corresponde a 5,84 anos.
Essa vibração celestial está instalada na mente humana, não no coração. Quando ela emerge à consciência e o homem pratica a primeira decisão moral, o Criador, que era tão distante para a criatura humana, abandona o Paraíso e se torna sócio do mais humilde e do mais primitivo de Sua criação material. Não é que Ele abandone qualquer região paradisíaca e venha encarnar no homem que rasteja sobre a Terra. É como se o ato moral, misericordioso, atraísse a essência de Deus, um tipo de fogo que acende a chama da necessidade de cada vez mais se aproximar do Criador, de saber quem é, porque está na vida e o que se espera que aconteça depois da morte do corpo físico.
Entendo que o Deus que está em mim agora, desde que eu pratiquei o meu primeiro ato moral, vem se desenvolvendo a cada dia. Ele está dentro de mim não diluído. Está em estado puro, sem misturas... Deus mesmo, qual Ele é, como uma figura de holograma onde uma pequena parte representa o todo.
É o Espírito Divino que desce e que acaba se unindo à criação, como está escrito em Levítico 9,22: Aarão levantou então as mãos para o povo, e o abençoou. Desceu após ter oferecido o sacrifício pelo pecado, o holocausto e o sacrifício pacífico.
Ao se instalar dentro de mim, a presença do Pai, da Centelha, provoca o nascimento de uma Alma, criatura belíssima, que pouco a pouco, muito lentamente, vai despertando. Essa criatura é o molde sagrado no qual se formou a minha verdadeira personalidade. Meu Eu. Uma criatura imortal.
A Centelha não cuida dos problemas que surgem na minha existência. Ela os conhece e pode aconselhar-me sobre o particular, mas sua missão é outra: ajustar a minha mente humana ao que realmente interessa, à vida que me aguarda, à vida eterna. Ou seja, ela me prepara, me dirige e tenta me mostrar o meu destino final, a verdadeira vida que me espera. Ela é um tipo de piloto.
Deus fez as coisas tão bem que muito antes de eu entrar na eternidade já está me preparando para isso. Ele desce e eu subo. Deus desce para dentro de mim e capacita minha jovem alma para que ascenda, seguindo justamente o mesmo caminho que tomou o Pai em Sua descida do Paraíso.
Chegará o momento em que ambas, a centelha e eu seremos uma só criatura, o estágio onde o Cristo se encontra. Estarei fusionado à Deus com minha alma humana imortal. Uma só coisa. A divinização do mais baixo e o último.
Ela me molda e me dirige para o belo, para o sábio, para o misericordioso e para o serviço aos meus semelhantes. Ela consegue o grande prodígio, acaba apagando o medo de minha mente, e minha alma começa a conhecer a paz, a verdadeira paz espiritual.
É a centelha que me proporciona a tranquilidade e a segurança. Ela me mostra o caminho. Ela me faz a grande revelação: que sou filho de Deus.
Essa revelação não é feita através da voz da Centelha. Ela se confunde na minha mente... às vezes identifico como um eco distante, e sempre como uma participação em cada circunstância da minha vivência.
O Pai é tão cuidadoso que caminha “na ponta dos pés” dentro de mim, dentro de qualquer pessoa, por isso ninguém percebe a sua existência.
Por isso Jesus disse que veio ao mundo, para ensinar que não estamos sozinhos nem abandonados e que Ele reside em nós e garante a imortalidade e a felicidade futuras.
Dizem a inveja é coisa triste
Mas, que infelizmente ainda existe
Eu, como um douto professor
Tenho inveja de quem vive com ardor
Lendo os versos tão profundos de Pessoa
Diz a mente o que na minha alma ecoa
Como pode alguém, um alcoolista
Ser da vida um divino artista?
Como prova de minha confissão
Faço aqui a minha arte rude
Aonde fui o máximo que pude
Por mais qu’eu sofra nesta constatação
Não vejo nela um pingo de beleza
De mal encanto me vem a tal tristeza
Tudo que acontece no mundo é realização do Pai. Tudo deve funcionar com harmonia. Se algo acontece em desarmonia é porque está fora da sintonia com o Pai. E quem pode agir assim? Quem possui inteligência e livre arbítrio para extrapolar as leis da Natureza (Pai, Criador, Deus) e agem em benefício próprio, além dos limites e das necessidades pessoais.
Quem atingiu esse nível de cognição fomos nós, a espécie humana. Conhecemos as leis morais que apontam os limites do nosso comportamento, para não prejudicar a terceiros e trazer a desarmonia para o seio da natureza. Nossa ignorância não percebe que, se agirmos assim teremos que pagar pelas consequências de nossos erros, centavo por centavo.
Foi para isto que Jesus foi enviado, para ensinar a nós a natureza dos nossos erros e a forma de corrigi-los. Para isso que Ele disse que era o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, quer dizer, caminha pelas trilhas coerentes, se não seguir as instruções dEle, Jesus.
Jesus voltou ao “Céu” de onde veio, mas disse que voltaria. Temos registros de sua volta mais uma vez, não como uma criança nascida numa manjedoura. Agora, Ele veio na forma de Espírito da Verdade.
Identificamos Ele por suas palavras, pelo Seu modo de pensar. Agora não é preciso que toquemos em suas feridas para acreditar, como Tomé. É preciso que tenhamos fé raciocinada e sejamos capazes de reconhecer os sinais. Não é preciso que haja milagres e sim coerência no que foi dito antes e no que é repetido agora.
Somos os pastores e talvez os Reis Magos, que fomos avisados ou intuídos, convidados ou verificadores, da nova presença do Mestre entre nós, daquele que é o filho mais evoluído do Pai, moralmente, que é o governador do nosso Planeta. É o irmão mais velho que está nos dando as mãos para caminharmos juntos.
Deus já está nos atendendo em nossas necessidades, nos deu em Jesus o espírito da sabedoria e da revelação para que O conheçamos, de verdade, e possamos agir como filhos prudentes e obedientes. Ele mostrou a Sua face através do filho obediente que é Jesus, o modelo que devemos seguir. E Jesus ensina que qualquer um pode alcançar essa graça do Pai, agindo com obediência frente aquilo que é esperado.
O corpo físico do Cristo não chega agora até nós como uma criança, que foi aceita também pela obediência de uma jovem virgem, a Maria, que se tornou mãe pela obra do Espírito Santo. Também devemos reconhecer o papel de José, que por obediência e fé se tornou o protetor do enviado e assumiu a condição de pai.
Agora, o corpo físico do Cristo está representado pelo corpo de todos nós, que aceitamos a Sua divindade na consciência. Assim, passamos a agir coletivamente, como se cada pessoa represente uma célula do Seu corpo, agindo como se fosse Ele, executando nossos talentos individuais, mas fazendo, todos, a vontade do Pai.
Este é o novo ressuscitar do Cristo através da coletividade humana que cobrirá toda a Terra, fazendo evoluir o planeta da categoria de “Provas e Expiações” para planeta de “Regeneração”. Isso influenciará todos os países a partir do Brasil, país do Cruzeiro do Sul para onde foi transplantada a Árvore do Evangelho, caracterizando a nova Jerusalém.
Fomos testemunhas do nascimento do Cristo há dois mil anos, de seus ensinamentos, sua missão, sua paixão e sua ascenção de retorno aos “Céus”. Atualmente podemos ser partícipes no seu retorno, com seus ensinamentos vindos não através de um útero, mas através de livros. Mas, da mesma forma que antes, vamos depender da fé, de quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Assim, estaremos todos cumprindo a realização do Pai.
Este é o final dos trechos do filme “Santo Inácio de Loyola” que estou estudando nos últimos dias. Este é o momento em que o padre Sanches faz a defesa de Inácio e em seguida a sentença pelo Tribunal Inquisidor, seguido dos encaminhamentos finais.
- Em Pamplona, o soldado Inácio moveu suas tropas contra circunstâncias impossíveis. As muralhas do castelo foram destruídas. O exército inimigo foi até eles e ele preferiu ir em frente até a brecha provocada pelos canhões nas muralhas. Era uma tentativa de impedir os invasores. Muitos diriam que foi um ato de loucura. Um homem sensato teria se rendido e aceitado o inevitável. Mas, este homem não é sensato. Ou melhor, ele aprecia o valor através dos primeiros princípios. Os seus métodos são sensatos, não convencionais, desconhecidos, novos, mas sensatos. São Francisco não ia contra o convencional? São Domingos não é uma novidade e até o próprio Cristo. Cristo não era radical e desconhecido para o Sinédrio? Meus senhores, as muralhas da Igreja foram derrubadas. Vivemos em tempo de refletir que quando as coisas são feitas na escuridão devem ser trazidas à luz e a única heresia deste homem é nos alertar que devemos ser melhores do que agora. Então, não podemos condená-lo. A Igreja sempre foi destruída, mas a Igreja está viva. E para permanecer viva devemos aprender a escutar pessoas como ele, pessoas que se propõe a enfrentar as linhas de frente para poder ligar a Igreja até onde ela tem medo de ir. Em Ezequiel, Deus disse: “Os povos da Terra oprimiram os pobres e necessitados. Eu busquei por entre eles alguém que erguesse um muro e que permanecesse na brecha diante de mim, para me convencer que eu não a destruísse, mas não encontrei. E o que esse homem faz? Permanece na brecha! E ele luta! (Defensor, padre Sanches)
- O réu pode ficar de pé. Inácio de Loyola, após ser examinado cuidadosamente por esse tribunal, assim consideramos sua sentença neste julgamento. Na acusação de heresia e blasfêmia, este tribunal buscou por graves erros nos Exercícios em que foram disseminados, mas não encontrou. Você é inocente. No entanto, na acusação de pregar sem ter autorização, o tribunal retira sua sentença, optando então por proibir você e seus companheiros de pregar para o povo, exceto para as crianças, pregando somente o básico e as verdades do Evangelho. Este tribunal está encerrado. (Presidente do Tribunal Inquisidor)
...
- Padre Sanches, parece que fomos poupados da fogueira. (Inácio)
- Mas o seu trabalho... tecnicamente a sentença de proibir pregar sobre qualquer coisa... (Padre Sanches)
- Eu ouvi e vou obedecer.
- Irmão Inácio (membro do Tribunal Inquisidor)
- Sim, excelência?
- Gostaria de lhe dar um conselho, caso me permita.
- Mas é claro.
- O julgamento deste tribunal vale somente para a jurisdição de Salamanca. Pode continuar seu trabalho em outros lugares. Mas peço que termine seus estudos para que nunca mais alguém questione os seus ensinamentos. Mas, custa dinheiro para continuar os estudos. Assim, creio que posso ser secretamente útil. Leve esta carta até o diretor do colégio Sant Barbie em Paris. Ele dirá quais serão os próximos passos. E não se preocupe, dará tudo certo.
- Eu agradeço excelência, mas creio que eu não mereça isso. Com certeza alguém mais capaz...
- Nós já temos muitos sábios e poetas. Talvez o que a Igreja precisa é a mente de um soldado. Nós somos chamados de Igreja Militante, afinal.
Este é um bom exemplo para os dias de hoje. A Igreja Católica está sendo atacada em seus princípios. Pessoas cooptadas por ideologias diferentes, com altos cargos na hierarquia eclesiástica, hoje conduzem a Igreja por caminhos diferentes daqueles ensinados pelo Cristo, mesmo que na aparência haja coerência. O exército do Cristo está sendo encolhido, enganado e disperso cada vez mais. É necessário que surjam pessoas como o Santo Inácio de Loyola, disposto a se colocar na brecha das muralhas atingidas pelos canhões das falsas narrativas do inimigo. Mesmo porque, o Anticristo vencendo esta batalha como está previsto, a vitória final sempre será do Cristo. E para isso é preciso recompor o Seu exército, desmascarar as mentiras e reconstruir os muros com os valentes que se apresentarem para essa tarefa, mesmo que não estejam dentro do tradicionalismo defendido pela Igreja Católica Apostólica Romana, mas que cumprem fielmente os mesmos princípios defendidos e ensinados pelo Cristo.
Esta é a continuação dos trechos do filme que estou estudando nos últimos dias. Este é o momento em que o presidente do Tribunal Inquisidor vai visitar Inácio de Loyola na prisão, depois de avaliar todos os escritos do acusado de blasfêmia e heresia.
- A sua história é convincente Loyola, mas seu método é estranho demais para ser permitido na investigação. Acho que devo condená-lo. Por que não deveria ser queimado? (Padre inquisidor, falando com Inácio na prisão)
- Uma vez eu sonhei com esses lobos e essa caldeira (Inácio mostrando o brasão de sua família que coloca dois lobos, um na frente do outro e no meio uma caldeira). Era uma época de inverno. O velho e o jovem lobo estavam famintos quando apareceram no castelo. Uma panela de comida foi baixada pelas muralhas e tentaram, um por um, pegar a comida da panela. Mas é claro, balançava de um lado para o outro. Foi só então, quando os lobos trabalharam juntos, um em frente ao outro, que finalmente conseguiram comer. Somos uma igreja de opostos. Sempre de ação e contemplação, paixão e humildade, fogo e água. Nós não somos inimigos, padre. Nós somos o equilíbrio que glorifica a Deus.
O lado místico da Religião geralmente se torna intolerante com ideias diferentes na atuação, mesmo que não firam os princípios originais. E quando a Religião assume poderes de Estado, como aconteceu nos países da Europa na Idade Média, a situação se torna perigosa. Felizmente o caso de Inácio de Loyola terminou favorável e ele conseguiu sair com vida do processo inquisitorial e continuar os seus estudos e ser de grande valia para os planos do Cristo, inclusive com membros da Instituição criada por ele, os jesuítas da Companhia de Jesus, terem vindo até o Brasil introduzir o Cristianismo.
Também chama a atenção na argumentação de Inácio, que a existência de polos diferentes dentro de uma mesma ideologia não significa necessariamente um fato negativo. O exemplo que ele dá com o brasão da sua família, dos dois lobos se colocarem em posições opostas para conseguirem se alimentar com a comida dentro do caldeirão balançante é bem apropriado ao que ele está vivenciando. Sua nova forma de praticar a vida espiritual com os seus Exercícios, vem complementar o ensino tradicional católico, e não ser contrário a ele.
Porém, essa mesma situação de trabalho em polos opostos dentro de uma mesma ideologia, pode ser negativa. Vejamos o exemplo do que acontece aqui no Brasil com o chamado “Teatro das Tesouras”. Grupos políticos de mesma ideologia socialista se colocam como opositores para enganar a população e se manterem no poder. Chega a tal ponto que pessoas que num passado recente eram tão vigorosos opositores, hoje se apresentam como aliados numa chapa de presidente e vice, quando na realidade surge realmente um opositor de ideologia contrária.