Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
17/03/2013 23h59
ENFRENTAMENTO COM O DIABO

            Eu já estava esperando por esse momento. Minha estada no deserto tinha que me levar necessariamente a isso. Quando estamos longe de tudo e de todos no mundo material, as forças transcendentais chegam perto de nós, tanto para o bem quanto para o mal. Eu já havia me deparado com as forças maléficas que dormitam dentro de mim e que ainda exercem grande força sobre o meu comportamento, sobre o controle do meu espírito, como é o caso da preguiça e da gula. Não falo mais da sexualidade, pois toda força que ela tem sobre mim ainda, eu a coloco a serviço do amor incondicional. Então o mal não tem esse canal dentro de mim para se expressar, pelo contrário, reforça o cumprimento da minha missão frente ao Pai. Também tive experiências maravilhosas da presença de Deus ao meu redor e dentro de mim, senti a erupção dos pensamentos divinos, histórias dignificantes, explosão de lágrimas e a sintonia do meu pensamento com os propósitos do Pai. Por mais que eu fique confuso com eles, que meus amigos e companheiros façam críticas severas, mas, na minha ignorância, não consigo perceber em nenhum momento reprovação do Pai. E o caso da moça que foi minha antiga paixão, que veio do interior necessitada de minha ajuda, foi a comprovação que o Pai queria ver das minhas intenções, convicções e ações. O Pai sabe que a energia do mal que produz a figura do Diabo, tem origem em nossos corações, na força do egoísmo que foi também criada por Deus para a sobrevivência do corpo material, mas que esquece o interesse do próximo, do interesse do Criador.

            Até o momento eu estava tendo um comportamento exemplar. Acolhi a moça necessitada com solidariedade e profundo amor no coração, amor de essência incondicional, cristalina como a água pura. Um amor que abrangia os seus entes mais queridos, suas filhas, mãe, irmãs e principalmente o seu companheiro que por força do trabalho tem que estar constantemente ausente. Depois dos primeiros movimentos no sentido da ajuda necessária, que tive de acionar os meus contatos afetivos mais próximos e mais convenientes para me auxiliar nesse processo, a moça ficou internada no hospital psiquiátrico e a filha ficou aos cuidados de minha irmã. Toda a situação era monitorada tanto por mim quanto por meus afetos mais próximos, e cada um disposto a ajudar nas emergências que surgissem. Percebi com clareza o objetivo do Pai, vi naquele momento o germinar de uma semente da Família Universal, do modelo do Reino de Deus! Não existia em ninguém exigência de condições para a  ajuda necessária, era o AMOR INCONDICIONAL em ação!

Então neste domingo o Pai permitiu que as circunstâncias se formassem para o embate entre mim e o Diabo, dessa vez não se manifestando dentro do meu comportamento, mas surgindo da pessoa próxima e amada, e que está sem a consciência do que está sofrendo, da real natureza do seu mal, mas exigindo de mim respostas coerentes com a vontade de Deus.

Eu a retirei pela manhã do Hospital para ela ir a festinha que organizamos de improviso para todos os nossos parentes que aniversariam neste mês, inclusive a sua filha que está sob a guarda da minha irmã. Percebi desde o início que a sua mente estava intoxicada por pensamentos negativos, de medo, raiva, ressentimentos, baixa-autoestima e que isso gerava comportamento constante de acusações e lamentações. Orientei ainda no caminho para que ela se esforçasse para substituir esses pensamentos negativos por outros mais positivos, não ligados aos problemas do passado, mas sim com as perspectivas do futuro, junto a todos que estavam ali dispostos a ajudar. Mas nada disso surtiu efeito, observei durante todo o dia, inclusive nos momentos mais significativos, do almoço coletivo, do corte do bolo onde sua filha era uma das que se incluía com toda a naturalidade, ela estava sempre ao redor de forma policialesca, reprovativa, crítica, ameaçadora... a energia do mal não se dissipava de sua mente, apesar de tanta expressão de alegria e solidariedade. Faltou uma coisa: o momento de reflexão espiritual, que agora estou vendo ter sido necessário, muito necessário!

O clímax do evento se deu no momento da volta. A moça não queria mais ir ao hospital e se agarrou com a filha pequena. Usava a inocência da garota para alimentar sua força negativa. Foi necessário o uso da força para a levar forçada ao hospital sob os seus protestos e choro da filha. Foi necessária essa ação drástica, para cortar o parasitismo das forças negativas sobre a inocência da filha e do potencial que existe em transformar o amor natural de mãe-filha em rejeição, como já acontece com a filha mais velha, que rejeita estar perto dela.

Foi levada dessa forma, forçada e sob protestos, para o hospital. Ela procurava levantar argumentos para me injuriar e minar minha autoridade de médico, naquele momento dramático, mas não conseguia encontrar nada consistente. Observei então o quanto foi importante eu me comportar com a dignidade do amor incondicional com ela mesmo nos momentos da paixão. Jamais ela foi usada, ou o marido foi traído, para os meus próprios desejos, pelo contrário, mesmo naquele momento, minhas ações eram para beneficiar os dois, pois sabia que a vontade dela era estar com um companheiro como aquele outro que ela escolhera. Entreguei a moça à enfermeira da noite com orientação de ser medicada. Espero que o remédio acalme a intensidade desses pensamentos maléficos e destrutivos que habitam em sua mente. Sei que não é o remédio que vai fazer eles se dissiparem, vai ser preciso muito amor e muita fé dosada com a firmeza necessária para não alimentar o mal de nenhuma forma.

Agora presto contas a Deus de meus atos e recebo dEle a aceitação, apenas com algumas advertências: “Por que você não reuniu todos os convidados para falar de mim? Por que você sentiu vergonha de se portar como um sacerdote frente as brincadeiras irônicas e cheias de sensualidade profana? Não sabes da tua responsabilidade frente a mim e principalmente frente aos teus irmãos que não tem chance de se encontrarem com pessoa como você? Temes se tornar um chato e um fanático por sempre falar de mim?”

Enquanto eu ouvia as palavras de advertência no fundo do meu coração e que eu sabia que era a pura verdade, as lágrimas caiam sem intervalos... percebia que este relato, que na minha mente iria provar a minha força frente ao demônio, terminou por demonstrar mais uma derrota minha, por um outro inimigo que ainda não percebia a sua força mas que está também dentro de mim: a covardia!   

Peço ao Pai mais uma vez perdão por minhas fraquezas... e mais uma chance! Chance para não errar, chance para reconhecer meus adversários melhor do que eu reconheço os adversários que estão dentro do próximo...

Pai, dá-me a sabedoria necessária para conhecer e reconhecer! Dá-me coragem e energia para o enfrentamento com o Diabo que reside nas minhas fraquezas e medos! Dá-me, Pai, o que achas necessário para o que desejo ser, instrumento de Vossa vontade, já que minha ignorância pode me impedir de pedir aquilo que na verdade é necessário!

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em 17/03/2013 às 23h59
 
16/03/2013 23h59
AMOR ATRAI ÓDIO?

            Este é o aspecto mais contraditório que eu encontro nos livros sagrados, principalmente a Bíblia. No Velho Testamento tem o exemplo de José que tinha um lugar de destaque no coração de seu pai e nos planos de Deus estava destinado a posição de supremacia. Mas teve que enfrentar a ira de seus irmãos, sem outro motivo a não ser o amor que ele sabia expressar sem participar de injustiças. No Novo Testamento tem o exemplo de Jesus a quem Deus destinou o lugar de planetário e que chegou na terra na condição de embaixador do amor. É o mesmo homem que iria ser odiado por suas criaturas, que iria sofrer tremendo ódio. Por que o coração humano odiou tanto a Cristo? Será que havia algo de errado com Ele? Certamente que não, pois em Cristo não havia qualquer traço de crueldade, violência, ironia, orgulho, arrogância, ou outra coisa que provocasse o ódio das pessoas. Em Cristo só havia amor. Enquanto outros faziam o mal, Ele só fazia o bem. Enquanto outros amaldiçoavam e escarneciam, de Sua boca só saíam palavras graciosas. Apesar de todos os atos de amor, das palavras de graça, das curas e milagres, o povo o recompensou com mal e ódio. De fato Ele podia exclamar: “Odiaram-me sem causa” (João 15:25).

            Próximo de nossa contemporaneidade, temos dois exemplos marcantes: Gandhi e Luther King. O primeiro na Índia e o segundo nos Estados Unidos, ambos só falavam do amor e da não-violência, mas ambos foram assassinados pela expressão do ódio.

            Tenho também comigo esse receio dramático e já passo por essas experiências a nível doméstico, de sofrer a força do ódio sobre mim, mesmo eu levando apenas o amor por onde vou. Chega ao ponto do amor que pessoas desenvolviam por mim se transformarem em ódio. Que poderoso feitiço é esse que nem o Mestre conseguiu evitar? Tenho somente uma explicação para esse fato. O amor que as pessoas desenvolvem não é o amor incondicional, a característica de Deus. Desenvolve um amor condicionado a qualquer aspecto da vida material, dos instintos. É o amor que a mãe tem por seu filho e condiciona a fazer a vontade dela e qualquer outra perspectiva diferente é capaz de desencadear o ódio; é o amor que uma pessoa tem por outra e que se transforma em característica romântica, que quer a exclusividade do relacionamento e qualquer outra emoção afetiva desenvolvida por outra pessoa é visto como sinal de traição e dispara de imediato os mecanismos do ódio. Sempre vamos encontrar nessa geração do ódio, a interferência do amor nos interesses materiais, individualistas, qualquer que seja a forma.  

            Para evitar que o amor atraia o ódio, não é tarefa do amante incondicional... é tarefa do amante condicional, ver quais são as condicionais do seu amor, verificar a natureza egoísta que geralmente estar por trás e combater os instintos que são os que os representa nas diversas formas de relacionamento. Cada um deve fazer essa introspecção para dentro do seu coração e retirar de forma lenta e dolorosa esses elementos. A esse trabalho se dá o nome de Reforma Íntima e é o maior procedimento que cada pessoa deve fazer para se capacitar a ser um cidadão do reino de Deus.

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em 16/03/2013 às 23h59
 
15/03/2013 23h59
OS MOVIMENTOS DO AMOR

            Tentando fazer a imitação do Cristo, devo imitar os movimentos do amor que Ele realizava. Vou procurar centrar em dois aspectos da Sua vida e da Sua missão e tentar fazer uma correspondência com a minha vida, com a minha missão.

            Primeiro, a presença localizada. Jesus estava com os seus discípulos e isso era muito bom para eles, pois estavam ao lado da fonte do amor, desfrutavam dEle em comunhão ininterrupta. Acontece que se isso permanecesse assim, as lições de Jesus não tinham tido a capacidade de se espalhar pelo planeta e fertilizar o coração de quantos pudessem lhe escutar. Se Ele não tivesse partido para o mundo espiritual, todos os navios e aviões estariam lotados de peregrinos cristãos. Com muita dificuldade se chegaria até lá.

            O segundo aspecto é que, enquanto Jesus estava com os apóstolos, sua presença não era somente local como externa. Ele não podia entrar em suas personalidades e mudá-las de dentro para fora, alcançando a fonte de seus pensamentos, motivações e desejos. Com a Sua partida o Seu espírito pode se internalizar, em nossos corações e nos transformar à sua imagem.

            São esses os movimentos do coração do Cristo em função do cumprimento da sua missão, o ensinamento do amor. Os seus apóstolos eram as pessoas mais próximas e que deveriam dar continuidade de sua missão, que passaria a ser agora a deles. Então, Ele sai de perto deles, vai para o mundo espiritual para deixar de ser local, de só existir naquele lugar onde Ele estava materialmente. Agora, não! Na forma de espírito Ele pode muito bem estar onde dois ou três se reunirem em Seu nome. Enquanto Ele estava aqui, eram somente suas palavras que podiam estimular a quem o escutava. Do lado de lá, Ele pode penetrar no coração de quantas pessoas o evocarem e daí efetuar a mudança de cada um de dentro para fora.

            Como posso fazer a imitação de Cristo nesse aspecto? Eu que tenho como missão desenvolver o Amor Incondicional na prática das relações humanas em qualquer nível? Também como Ele, estou cercado de pessoas que convivem comigo com mais intimidade. Para todas pretendo passar os meus sentimentos, emoções e intenções. Confesso que sou filho obediente a Deus e que sigo as lições do Mestre Jesus na intenção de criar o Reino de Deus na terra, como diz o Pai Nosso: “assim na terra como no céu”. A minha missão agora é partir para efetuar na prática esse Reino. Então, não devo ficar localizado num só ponto, com uma só pessoa. Meu coração deve se dirigir em outra direção, e adiante criar novo relacionamento, sem abandonar os primeiros. Com a minha partida ou ausência momentânea da presença de uma pessoa sensibilizada pelo Amor Incondicional, esta pessoa poderá internalizar o meu sentimento, sem a minha presença e dessa forma passar a agir de forma incondicional no meio em que vive, de dentro para fora, sem necessitar ouvir minha voz, pois agora sente em seu coração a minha essência, que é a essência de Jesus, que é a vontade de Deus.

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em 15/03/2013 às 23h59
 
14/03/2013 23h57
MANHÃ COM DEUS

            Pretendia acordar hoje às 4 horas, mas esqueci de ajustar o despertador e acordei às 5 horas, dentro da minha rotina. Então resolvi fazer exercício dentro de casa, correr no mesmo lugar, principalmente. Como eu moro em apartamento à beira do mar, já pensei em descer uma vez na semana pelo menos e tomar banho de mar e de sol, como os essênios faziam, a comunidade do deserto onde Jesus possivelmente tenha vivido parte de Sua vida. Mas não seria hoje que eu começaria isso.

            Coloquei um CD com temática espiritual para ouvir enquanto corria. O CD falava da mãe de Jesus, das bem aventuranças, do Bom Pastor... e enquanto eu ouvia e corria, sentia a mensagem ir tomando conta do meu espírito. Eu continuava a correr e não sentia o cansaço. Passou a hora correspondente ao tempo do CD e eu continuava a correr e sem sentir o cansaço. Então resolvi colocar um CD do Padre Zezinho para terminar o exercício com canções. Mas foi aí que atingi maior profundidade espiritual. Cada canção que eu ouvia eu me aprofundava no meu passado, nas minhas experiências com Deus, do que já havia feito, das intenções e ações...

            Foi mais uma hora de duração do CD e eu continuava a correr nesse estado de êxtase. Os pés já doíam e eu não podia mais intercalar a corrida com os saltos como sempre faço. Mas lembrei de São Francisco andando descalço no deserto em busca da paz entre os cristãos e mulçumanos, e pensei que esse simples incomodo no pé não era motivo prá mim parar. As intuições que vinham a cabeça eu logo ia escrever pelo menos um título para que eu não esquecesse mais tarde. Fui em seguida fazer um artigo dando as boas vindas ao Papa, com o título: BEM VINDO, FRANCISCO! Enviei em seguida para o Jornal de Hoje que sai na parte da tarde. Quando cheguei agora a noite no apartamento que recebi o meu exemplar, fiquei muito satisfeito em ver que o Jornal havia publicado e ainda em lugar de destaque, no centro e acima de todos os outros artigos. Senti que perdi esta manhã para o mundo, mas para o lado espiritual foi totalmente aproveitado. Senti como nunca a presença de Deus perto de mim e que fiz uma boa comunicação com Ele. Hoje estou fechando esse relato com muita satisfação com Deus e tenho certeza, que Ele comigo também está satisfeito por minha atuação hoje. Tenho ainda na memória diversos textos que publicarei ao longo da semana.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/03/2013 às 23h57
 
13/03/2013 23h59
13-03-13

            Esta é uma data muito significativa para mim do ponto de vista espiritual. Continuo no deserto quaresmal há quatro semanas, 28 dias. É a minha primeira vez que fico nessa espécie de deserto quaresmal que é representado por minha solidão no apartamento onde moro e redução ao máximo dos relacionamentos afetivos externos.

            Hoje pela manhã foi dia da plenária do departamento onde trabalho, na academia, na Universidade, apresentei pela primeira vez o piloto de um projeto de pesquisa, a avaliação de um texto adaptado da Bíblia, o Salmo 65, que fala da existência de Deus. Falei aos colegas do objetivo do trabalho, que seria avaliar do ponto de vista cognitivo, racional, à luz da ciência, se os argumentos colocados pelos livros sagrados apresentam alguma distorção de coerência com a realidade e como podemos fazer nova interpretação, se for o caso. Orientei que todos não eram obrigados a participar, mas agradeceria bastante a opinião de quem se interessasse, pois isso seria de grande colaboração para a academia que usa de forma generalizada os conceitos e aplicações espirituais, inclusive com capelas e ministros religiosos em seu meio e no entanto no campo teórico existir tanta resistência e até descrença. Durante a reunião, o colega chefe do departamento e que se considera ateu informava em tom jocoso como andava a eleição do Papa que ocorria naquele momento no Vaticano. Senti que a proposta foi bem acolhida por todos e espero agora como vai ser o retorno.

            Logo mais a tarde tive a feliz notícia que o novo Papa havia sido eleito e que havia escolhido o nome de Francisco I, e que já indicava de início que o caminho para a humanidade seria o Amor. Isso me deixou muito alegre e até comprometido, pois o Papa é conterrâneo do meu continente, do pais vizinho, a Argentina, recebeu o nome do Santo que, segundo minha família deixou eu vir à luz do mundo, por isso me dedicaram a ele com o nome Francisco das Chagas. Até ressaltaram as chagas que o afligiram nos seus últimos dias de vida e que o aproximou tanto de Jesus, pois eram estigmas, chagas nas mãos e pés que lembravam as mesmas feridas que Jesus sofreu na cruz.

            E tudo isso aconteceu no dia que privilegia o número de minha predileção, o número 3: 13-03-13. Recebo tudo isso, neste momento do deserto, como o sinal que o Pai aceita a minha oferta de ser o Seu instrumento e sinaliza em todo o orbe, desde o Vaticano, passando pela história, a sua unção na minha consciência. Pode até parecer tamanha prepotência, Deus se ocupar e dar sinais tão grandiosos a uma simples ovelhinha cheia de vícios e pecados, mas como tenho comigo o dever da transparência, não poderia deixar de colocar essas intuições que chegam ao meu coração e que devem afetar o meu comportamento.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/03/2013 às 23h59
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