Encontrei na leitura do livro de Dan Brown, “Origem”, um trecho que me trouxe fortes reflexões:
- Robert, posso fazer uma pergunta pessoal?
- Claro!
Ela hesitou.
- Para você. Pessoalmente... as leis da física bastam?
Langdon a encarou como se tivesse esperado uma pergunta totalmente diferente.
- Bastam em que sentido?
- Espiritualmente. Basta viver num Universo cujas leis criam a vida espontaneamente? Ou você prefere... Deus?
Esta pergunta redirecionei para mim. Por isso o título deste texto está desta forma. A resposta... Deus, com uma interrogação, reflete o nível de dúvidas que eu tinha muito forte no passado e que ainda perdura com bem menos intensidade. Pois hoje a minha certeza da existência de Deus é muito forte, por isso as três exclamações.
A interrogação ainda tem espaço pra ela, pois a minha forte certeza da existência de Deus não anula a crítica e a consideração de argumentos contrários
Após emergir de tantas dúvidas sobre a existência de Deus, vivendo dentro de um mundo material, segui determinadas informações, preenchidas com a mais coerente lógica, impecável, que deve existir. Onde a explicação materialista para por falta de argumentos científicos que expliquem determinado problema, vejo de imediato a solução oferecida por Deus.
Tenho a conceituação de que Deus existe na forma de energia que permeia tudo, está em volta de tudo, é tudo. Esta energia, cheia de sabedoria e poder, como está em tudo que existe na Natureza, detectável ou não por meus sentidos ou instrumentos, também está em mim, faz parte de mim.
Acontece que tenho uma consciência que permite a expressão da inteligência e do livre arbítrio. Este livre arbítrio pode direcionar a minha inteligência para aceitar argumentos que considere mais poderosos na afirmação de uma convicção, mesmo que isso seja errada. Não é o meu caso, mas sei de muitas pessoas que agem assim, principalmente no meio político.
O comportamento de políticos corruptos, que mesmo dizendo ser cristãos e tementes a Deus, mostra na realidade que sua convicção da existência de Deus, se tal existir, está totalmente voltada para vantagens no mundo material, onde a mentira é o recurso mais constantemente usada para atingir os seus fins. Esta, é mais uma crença utilitária da existência de Deus, do que uma real aceitação da Sua presença e a procura por seguir a Sua vontade.
O homem, cujo espírito estava em enfrentamento com os impulsos instintivos da materialidade, foi para a conversa que havia combinado com a mãe e os dois filhos, inclinado para decidir pelo lado espiritual, fazer o empréstimo que eles estavam pretendendo. Porém, sem esquecer a advertência feita pelo Mestre, de ser “simples como as pombas e prudentes como as serpentes”.
Ele chegou pontualmente no horário combinado. Apenas a mãe estava pronta, na expectativa da conversa. Os filhos foram chamados, só veio um, atrasado. Esta foi uma primeira observação, o envolvimento dos principais interessados. Parecia que o benefício solicitado, seria recebido sem qualquer demonstração de empenho. Foi informado que o outro irmão havia desistido do negócio, mas que um primo iria participar e com mais importância, pois ele era quem tinha a carteira de motorista.
Esta nova condição que estava surgindo, desmontou no raciocínio do homem o mínimo grau de segurança que existia. O homem sentia que a força materialista agora subjugava as intenções espirituais. Colocou as suas argumentações e preocupações.
- Existem dois problemas nesse negócio que vocês querem fazer: o primeiro é a questão do crédito bancário para ser feito o empréstimo; o segundo é a capacidade financeira de honrar os pagamentos das parcelas durante os 4 anos vindouros. O primeiro pode ser resolvido com facilidade com o crédito que tenho do banco. O segundo é o mais difícil. Como honrar esse pagamento durante os quatro anos, se eu não posso fazer isso caso vocês não possam, por qualquer motivo? Tenho também os meus compromissos financeiros, posso conceder o crédito, mas não o pagamento dessas parcelas. Vocês contam com o trabalho no Uber para honrar os pagamentos. Isso será possível, se vocês estiverem trabalhando com harmonia e o carro não apresentar nenhum problema. A dependência do trabalho estará nas mãos de outra pessoa, já que você não tem a carteira de habilitação. Seu irmão desistiu do negócio. O carro pode apresentar um defeito qualquer e ter necessidade de parar na oficina, é custo a mais e dias parados. Sem falar que pode se envolver em acidente de trânsito com as mesmas consequências. Portanto é um investimento de altíssimo risco, sem nenhuma garantia desse pagamento.
Foi notado que o filho não apresentou nenhuma contra argumentação capaz de viabilizar o negócio, de garantir que o pagamento seria feito, mesmo que o carro não estivesse produzindo. A mãe foi quem colocou o argumento de que a avó poderia fazer esse pagamento, caso o carro ficasse parado. Pediu para o filho entrar em casa e pedir a avó, que se encontrava deficiente física, se poderia fazer esse compromisso, de honrar esse pagamento. Ele entrou e voltou com uma resposta positiva. Achei muito fácil essa decisão, como se fosse feita no escuro, sem saber na realidade do que se tratava. Perguntei se não era a avó que com os seus recursos bancavam as necessidades da casa e se ela fosse tirar para fazer esse pagamento, como é que eles ficariam? O filho ficava calado com a força dos argumentos, mas a mãe procurava escapar com novas possibilidades, sem consistência.
O homem notou que havia uma necessidade enorme de atender os desejos do filho na compra desse carro para esse objetivo, sem considerar o risco que estaria colocando o seu amigo. Afinal, os recursos financeiros que cada pessoa que se inclui dentro do Reino de Deus possui, pertence ao próprio Deus, deve ter o cuidado de não os dispersar, pois ao seu lado pode surgir outras necessidades mais coerentes com a vontade do Pai.
Falou com firmeza sobre a obrigação que temos de ser realistas com as situações que nos envolvem, para não desperdiçar os poucos recursos ao nosso alcance e não deixar os nossos amigos em dificuldades intempestivas.
Finalmente, a decisão foi pela busca da paciência e prudência. O filho terminar o curso de bombeiros, fazer sua carteira de motorista para não depender de terceiros, a mãe procurar um emprego para que possa colaborar em qualquer necessidade financeira, e os amigos ficarem fora de riscos que podem ser contornados.
Acredito que mesmo a decisão espiritual não tendo sido tomada, a condução da conversa e as circunstâncias observadas, deixou satisfeito o espírito, pois sentiu que estava pronto para servir ao próximo, mas deixando os interesses do Pai em primeiro lugar. Daí ficou entendido a sabedoria das lições do Mestre: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”.
O mundo em que vivemos, caracterizado pela materialidade, nos induz a ter uma postura mundana, sintonizados com os valores materialistas. Nos apresentamos geralmente com as mãos vazias de feitos, mas com o coração cheios de mágoas; a visão acostumada com paisagens tristes, deixa os pensamentos vencidos pelas lamúrias; o lar, transformado em furna de sombras, agasalha adversários e agressões indébitas; ficamos obscurecidos pelas dúvidas e não conseguimos avançar em nosso projeto evolutivo.
As perspectivas evangélicas que conseguimos imaginar, começam a ficar truncadas... depois dos primeiros contatos com o Evangelho, o lado festivo, positivista, começa a apagar-se e voltamos aos antigos padrões mentais, mesmo que permaneçamos associados a qualquer igreja. Olhamos ao lado e constatamos que os participantes do mesmo Evangelho, também são pessoas comuns, espíritos tão doentes quanto nós, que têm problemas, sofrem, erram...
Nós desejávamos uma revelação enganosa, apoiada no mínimo esforço, que os espíritos superiores negligenciassem o merecimento e o esforço, e que poderíamos alcançar triunfos íntimos sem sacrifícios e provações. Passamos a sentir amargura, como se a seiva da confiança se tivesse tornado minadouro de fel a escorrer continuamente. Contemplamos os obstáculos, e estacionamos, com fome, mas também com asco, como se tivesse um delicioso prato à nossa frente, mas em decomposição, cheio de humores pestilentos.
Então, recusamos a prosseguir. Vem à ociosidade. Esquecemos que ser ocioso é gastar o tempo inutilmente, sem proveito, é desperdiça-lo inutilmente. Esquecemos que a pureza de espírito e a ociosidade são incompatíveis.
Dentro desse contexto, surge uma advertência imperiosa: produze tu! Constrói uma vida mais perfeita na ação do Bem. Examina antigo sítio feliz, hoje em abandono; mananciais cristalinos dominados pela lama; árvores produtivas vencidas por parasitas; solo fértil coberto por espinheiros e lixo; flores coloridas cobertas por arbustos perniciosos; umidade agasalhando repteis que se multiplicam...
Não esperemos pela renovação alheia para começar a luta. Não solicitemos a descida constante dos espíritos puros. Vamos operar nossa tarefa como servidor que não tem tempo ocioso. Desatrelemos o carros das facilidades e acionemos o dínamo dos nobres propósitos.
Reparemos que: os que se lamentam, apenas jogam queixas ao redor; os que censuram, apenas falam, não constroem; e os pessimistas vitalizam as deserções do trabalho contínuo.
Lembremos das lições do Mestre. Na lição do “donativo da viúva”, Ele considerou a humildade, a renúncia, e as exaltou como dádivas maiores; na lição das “virgens prudentes” Ele ressaltou o impositivo da vigilância e o imperativo da confiança; na lição do “feixe de varas” ficou clara a importância da união entre as pessoas; e finalmente, em toda a Boa Nova, as lições evangélicas sempre consola e esclarece, encoraja e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta.
A lição do Bom Samaritano mostra com toda a clareza a importância do trabalho em favor do próximo, que sempre é aquele que chega perto e proporciona a ajuda que se faz necessário. Foi o que Jesus mostrou ao fariseu que queria saber quem era o seu próximo... não é aquele que passa longe de forma indiferente, não importa que seja um doutor da lei, um sacerdote, um juiz... pode ser aquele simples samaritano que se aproxima e age com compaixão. Então, vai tu e faze o mesmo, Respondeu o Mestre,
Da mesma forma, com essas lições, produzamos nós e não reclamemos!
Acostumamos a fazer pedidos à divindade de acordo com nossos desejos, muitas vezes não convenientes, nem mesmos para nós.
Procuramos uma fé que possa preencher o vazio de nossa alma, e nos é concedido as respostas aos nossos problemas...
Procuramos um trabalho onde possa ser aplicado o Amor que possuímos, e nos é oferecido uma gleba, uma porção da humanidade sofredora...
Pedimos saúde para o nosso corpo e mente, e nos é concedido a oportunidade do estudo, do passe, da água fluidificada...
Pedimos companheiros para nos ajudar na Reforma Íntima, e nos é concedido irmãos que também buscam a mesma libertação dos jugos egoístas...
Pedimos conhecimentos para a capacitação com instrumentos cognitivos para o triunfo espiritual, e nos é concedido, pelo mundo espiritual, os depósitos da sabedoria universal...
Parece que somos atendidos em tudo o que pedimos, mas, para quem pede, é como se faltasse algo, pois se tem que fazer algum tipo de esforço em cada graça concedida.
É importante que não permitamos que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo nos iluda e que sejamos capazes de nos libertar de tudo aquilo que impede o nosso crescimento.
As vezes ficamos entusiasmados e prometemos construir um império de fraternidade. Não percebemos que ainda estamos no início da tarefa a realizar, solicitando e meditando, com atitudes de inquietação e dúvidas.
Frente a tudo isso, podemos fazer um balanço consciencial para ter uma noção do nosso nível evolutivo. Podemos perceber que a fé ainda não é bastante para harmonia interior, que o trabalho está cheio de incertezas, e que a saúde está sempre afetada.
Ainda mais: os companheiros do Evangelho não diferem muito dos outros, as preocupações acabam com a serenidade, e verificamos que a atualidade não comporta o Amor, devido a criminalidade, o egoísmo.
Na contabilidade final o resultado é que o crédito está cheio de lamentações, queixas, azedumes, revoltas, decepções, exigências... O débito final é negativo!
Se formos olhar para trás e verificar porque isso aconteceu, concluiremos que foi devido as falsas perspectivas. Esperávamos, não um roteiro de santificação com o esforço pessoal exaustivo, para o justo resgate dos compromissos negativos do passado; pretendíamos uma lição de progresso sem esforço, uma concessão gratuita da divindade, que nos situássemos acima das dores comuns dos que lutam, choram, sofrem e servem.
Façamos uma reflexão corretiva ao olhar à Natureza: será que nos sentimos deserdados dos favores celestes? Será que sonhamos com o Céu enquanto desconsideramos a Terra? Será que pretendemos a evolução e nos recusamos a elevação? Será que procuramos o repouso sem o pagamento da moeda do trabalho?
Atentemos que o rio das horas corre, levando em suas vibrações –tempo as suas oportunidades perdidas. O tempo é como um rio...
Existe uma velha história, num eremitério humilde residia um santo homem que vivia com frugal e pobre alimentação e tragos de água de um córrego vizinho. Exaltava-se e queixava-se, e em suas preces dizia: “Sofro por ti e indago: haverá alguém mais pobre do que eu? Um pouco mais abaixo, no mesmo córrego, vivia outro monge que se alimentava exclusivamente das cascas de maça que boiavam no riacho.
Fica a lição: antes de nos lamuriar, olhemos para baixo e contemplemos os que estão na retaguarda. Limpemos as nossas lentes espirituais.
A fábula de Esopo, do feixe de varas, conclama a união para o bom resultado da força positiva. Nesta fábula, um pai cujos filhos viviam brigando entre si, tentou ensiná-los a evitar aquelas discussões, mas em vão. Um dia, chamou-os todos e mostrou-lhes um feixe de varas. Disse-lhes que dava um prêmio a quem conseguisse quebrar o feixe de varas. Cada um dos filhos experimentou, curvando o feixe nos joelhos, no pescoço, sem conseguir quebra-lo. Por fim, o pai desamarrou o feixe e partiu as varas, uma a uma. O pai lhes falou que, se eles se mantivessem unidos, ninguém ousaria lutar contra eles, mas se estivessem separados, estariam perdidos.
Esta singela fábula traz a moral de que “a união faz a força”.
Foi aplicada dentro de uma situação de família nuclear, mas podemos aplicar também dentro de uma situação coletiva mais ampla, na família ampliada, na associação, uma fábrica, comunidade, na igreja, etc.
Basta sentirmo-nos como uma vara e que fazemos parte de diversos feixe ao longo dos nossos relacionamentos. Em cada feixe podemos levantar essa consciência da unidade, e avançar num projeto maior, que é a união dos feixes.
Posso colocar em prática esse projeto. Posso elaborar um questionário onde em algum feixe que eu esteja incluído, as demais varas possam citar os diversos relacionamentos que os façam sentir como varas em outros feixes.
Procurarei no próximo semestre organizar um formulário para os alunos da disciplina Medicina, Saúde e Espiritualidade possam responder com base nas diversas atividades que cada um está envolvido. Neste formulário será investigado a religião de cada um e os diversos agrupamentos que pertença. Servirá para que o restante da turma tenha conhecimento das atividades do colega e vice-versa, abrindo a possibilidade de intercâmbios mais diversificados entre todos.
As atividades que desenvolvemos em grupo, de forma transparente, sempre tem um aspecto positivo. Por outro lado, verificamos que a sociedade está tomada por ações negativas, por criminalidade as mais diversas, como prova de que o mal ainda prevalece em nossa sociedade. Por estarmos envolvidos em tanta maldade, parece que o bem está sufocado e não consegue prevalecer, apesar de sabermos da existência de muitas pessoas de bom coração. Mas é como se fossem varas que caminham isoladas, que não oferecem resistência e podem ser quebradas a qualquer momento.
O levantamento de consciência sobre a importância de formarmos varas para se contrapor ao mal, se torna extremamente necessário nos dias atuais.