Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
26/10/2013 01h01
O TEMPO E O SENSO

            Como é interessante o efeito do tempo sobre os nossos pensamentos e sentimentos. O que antes causava forte emoção, tanto para a dor quanto para o prazer, agora são atenuados. Porém existe um detalhe, as lembranças conflituosas devem dar lugar a outras metas e que tenham forte apelo material e espiritual, senão as dores e ressentimentos se cronificam e a reconciliação das almas não se verifica.

            As pessoas terminam por assumir determinados postos hierárquicos no relacionamento, com determinado poder de um sobre o outro, desde que o inferiorizado aceite essa condição. Ás vezes o inferiorizado não tem como escapar dessa condição, principalmente quando existe a preponderância econômica e educacional de um sobre o outro.

            Trago essas considerações depois que percebi lágrimas de reconhecimento nos olhos de minha irmã por termos ido até a casa da avó do seu filho, com quem ela teve um relacionamento muito conflituoso no passado, inclusive com ameaças de nunca mais vê-los. Em função disso a minha irmã nunca mais se aproximou da avó do seu filho e até mesmo agora, que o seu filho foi convidado a morar com os avós, o medo dominava a sua alma, com medo de toda aquela agressão do passado. Ela deu poder a essa senhora de se comportar dessa forma, infelizmente ela não tinha outra alternativa, não tinha dinheiro nem conhecimentos para se contrapor na pressão. O tempo atenuou a raiva e o ressentimento que foi formado entre ambas, mas o medo das reações ainda era forte em minha irmã. Ela deixava perceber que poderia voltar a ser agredida e isso a deixava incapacitada para falar com ela, tinha dito antes de sair de casa que não queria esse encontro com ela. Mas eu sentia que o encontro delas duas podia ser positivo.

            Assim, apostei que o tempo traria consigo o bom senso. Fizemos o encontro, nos reunimos, conversamos, coloquei um pouco da epopéia da minha família, o motivo que ela tinha chegado tão distante, porque se encontraram as famílias.

            Foi esse o ponto gerador das lágrimas de reconhecimento de minha irmã. Ela sentiu que não estava abandonada por sua família, os irmãos estavam com ela nesse momento difícil, que o seu filho nem ela eram pessoas abandonadas.

            Eu não disse nada sobre as palavras de agradecimento dela. Deixei que as lágrimas terminassem de lavar o seu medo. Deixei ela perceber por si só que tem uma saída neste mundo de egoísmo que transforma a vida de cada um em um inferno. Deixei ela perceber que a sua mente é a saída de qualquer inferno que a própria mente tenha criado. Deixei ela perceber que o coração é o caminho para os Reinos Superiores de Amor e alegria, compaixão e beleza. 

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em 26/10/2013 às 01h01
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25/10/2013 01h01
SONHOS E REVELAÇÕES

            Tive dois sonhos relacionados com a sexualidade: um com uma adolescente que não desenvolveu relação afetiva comigo devido a diferença de idade e das expectativas de vida destoantes da minha; o outro envolvia dois homens que desenvolviam uma relação homossexual na minha frente e que me deixava um tanto encabulado pelo que eu via. Fiquei a refletir sobre o significado desses sonhos em plena Curitiba, envolvido com ações muito diferentes da minha rotina. Reflito que quando estou de volta ao hotel e digito esses textos para a publicação no diário, volta à minha mente todo o compromisso espiritual que eu devo cumprir. No entanto, quando estou com a turma e no meio da multidão, o sentimento espiritual fica distante, apesar de não praticar atos lesivos a terceiros, que sejam contrários à vontade do Pai. Mas não fico ligado com o que devo fazer, com os compromissos que já assumi frente à espiritualidade maior. Talvez os sonhos queiram transmitir alguma informação espiritual.

            Há um segredo para a compreensão dos sonhos, visões e revelações. As mensagens que elas passam contem uma linguagem figurativa, puramente abstrata. A verdade espiritual e a realidade invisível devem sempre ser comunicados aos seres humanos, daí porque todos têm algum tipo e profundidade de mediunidade. Tais mensagens apontam para o que é definitivamente indescritível e exprimem uma tentativa de tornar compreensível o fator espiritual utilizando elementos conhecidos do cotidiano.

            O administrador do nosso planeta, Jesus, o filho mais perfeito de Deus, veio trazer sua mensagem e deixou claro que era o Caminho, a Verdade e a Vida; que teríamos de pegar nossa cruz e segui-lo. Isso significa que ao seguir Sua mensagem nos envolvemos num “conflito” espiritual contínuo, chamado de “combate” pelo apóstolo Paulo. Um dos livros da Bíblia, o Apocalipse tem por objetivo possibilitar maior discernimento quanto a natureza dos inimigos íntimos do homem. São materializados como dragões (instintos, desejos), as bestas (representação da sociedade, do comércio e da cultura secular, ocidental, enganosa e sedutora, representada também como a prostituta da Babilônia) e os falsos profetas.

            Desde que eu me sinto engajado nas fileiras do Cristo, O reconheço como governador do planeta e que Ele trabalha incessantemente nesse governo. Dentro da administração divina do mundo, Jesus é o ponto máximo da representação de Deus para a Terra, auxiliando na vitória do bem e para o estabelecimento definitivo do reino do Amor no planeta.

            Fazendo agora uma retrospectiva dos sonhos e do ambiente no qual estou em Curitiba, concluo que a sexualidade está no centro do embate espiritual. Dentro do meu grupo tenho um irmão que mostra grande lascívia em todas as suas falas; fiquei hospedado ao lado de uma boate; as ruas são cheias de lojas eróticas, cines pornôs, restaurantes dançantes... Nada disso me influencia, o dragão do desejo sexual foi vencido, ele existe ainda em mim, mas de forma domesticada. Porém ao redor de mim prevalecem os seus efeitos que atingem a todos e a mim também. Foi isso, acredito, que os sonhos queiram comunicar: que o inimigo é forte e está em todos os campos, dentro de fora de nós. Mesmo que eu considere esse dragão vencido dentro de mim, não posso lhe menosprezar, subestimar. Devo incluir a sua força dentro das estratégias para construção do Reino de Deus entre nós.

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em 25/10/2013 às 01h01
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24/10/2013 01h01
INSTALAÇÃO EM CURITIBA

            Procurei o município de Pinhais, vizinho ao município de Curitiba, para nos instalar, uma vez que o Congresso que vou participar se realiza naquele local. Já chegamos à noite e não era tão fácil encontrar um hotel nas imediações. Acatamos a sugestão do garçom que nos atendeu no restaurante em que jantamos, e voltamos para procurar hospedagem no Centro de Curitiba. Colocamos o GPS para o endereço do Mercado Público que fica no Centro, e por algum tipo de erro fomos parar no prédio da prefeitura. Pedimos informação a um motorista de táxi que foi solícito ao nos informar como chegar ao nosso destino. Achei que não seria tão fácil seguir essas instruções, mesmo porque não estava assim tão perto. O contratei para nos levar até o local desejado e paramos em frente a um hotel, bem simples. Encontramos dois quartos que deu para abrigar o nosso grupo, apesar de não ter o conforto das duas hospedagens anteriores, em Foz do Iguaçu e em Campo Mourão. Mesmo assim, pelo horário e pelo grau de cansaço que estávamos, ficamos com esta primeira opção. Após guardarmos nossa bagagem, descemos para comprar água e aproveitamos para entrar nos hotéis para ver a possibilidade de hospedagem. Todos que verificamos estavam ocupados.

            Resolvemos sair cedo no dia seguinte, logo após tomarmos o café da manhã, colocamos novamente a bagagem na Kombi e fomos em busca de nova hospedagem. Estacionamos no Centro Histórico e percorremos as ruas do Centro em busca de vagas. Todas ocupadas. Terminamos por aceitar dois quartos oferecidos por uma simpática atendente num pequeno hotel entre o Centro da Cidade e o Centro Cultural. Notamos que os quartos eram muito menores que os quartos anteriores. Ficamos assim mesmo. Já estávamos cansados de tanto andar à procura dessa hospedagem. Guardamos nossa bagagem nos quartos e voltamos a sair para procurar nos alimentar. Ao voltar para o hotel já estava tarde e todos cansados. Percebemos que o estabelecimento ao lado funcionava como boate, ficávamos a ouvir os seus fregueses a se divertirem com as mulheres, a falarem, a rirem. Lembrei que em Natal eu tinha descoberto que as prostitutas eram minhas irmãs mais próximas do que qualquer próximo. Será que com isso Deus quer dar algum recado para mim? Cujo livro que encontrei e que mais me chamou a atenção para adquiri-lo foi sobre a interpretação do Livro do Apocalipse e que parece sinalizar a mudança dos tempos, das relações humanas? Na cidade que tem uma boa fonte de espiritualidade e de espiritualistas? Cidade em que reside um autor espiritualista cujo livro eu fui um dos patrocinadores? Desisti de participar da abertura do Congresso, vou começar a ler esse livro, talvez seja nele que eu encontrarei o que Deus que falar para mim nesses primeiros movimentos em Curitiba. Procurarei sair amanha cedo para o Congresso e verei onde participarei efetivamente dentro do evento e dentro das minhas responsabilidades frente à vontade do Pai.

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em 24/10/2013 às 01h01
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23/10/2013 01h01
OS CAMINHOS DE DEUS

 

            Fico impressionado e ao mesmo tempo com o sentimento de total ignorância quanto aos caminhos de Deus, o que Ele deseja para cada filho, conforme os caminhos que coloca à nossa disposição, e conforme ver dentro de nossos corações, de nossas convicções.

            Nesta viagem que fiz a Campo Mourão, à casa dos avôs paternos do meu sobrinho, fiz esta reflexão. A avó dele tem descendência alemã, da Baviera. Um povo que primava pela pureza racial e que chegou até a provocar uma guerra mundial por esse motivo. Nós aqui do Brasil, temos uma descendência multivariada, geralmente associada a extremo grau de pobreza, principalmente no nordeste do país. Foi dado a oportunidade do encontro das duas famílias e daí foi gerado um filho, motivo do nosso encontro atual. Os conflitos que existiram no início foram apagados pelo tempo.

            Na leitura de conteúdo espiritual que fizemos, usamos um livro de forma improvisada que em tudo mostrava ter ali também o “dedo de Deus”. O texto era intitulado “Expulsos da terra”. Falava de pessoas que foram expulsos de onde moravam, suas casas foram queimadas pela ganância de outros, que as pessoas choravam sobre o abandono em que se encontravam. Logo abaixo vinha a interpretação dos textos divinos que condenam o egoísmo dos homens, quem não se vêem como irmãos, e que tendem a se explorar uns aos outros.

            Nós como sempre fazemos, depois da leitura do texto, fizemos a interpretação, dando a oportunidade de cada um se manifestar, a partir do menor de idade para o de maior idade. Na minha vez de falar, disse que a leitura do texto lembrava muito o que aconteceu com minha família. Saímos da cidade onde nasci para outra vizinha por questões familiares; minha mãe e meus irmãos deixaram o estado em que nasceram e foram para outro estado por questões econômicas. Para sobreviverem do trabalho honesto, sem qualificação, minha mãe e irmãs foram trabalhar como empregadas domésticas. Passavam a semana inteira fora do lar e os filhos menores sendo cuidados pelo filho menor de maior idade. Nessa condição ficavam expostos aos perigos que a natureza oferece.

            Não entrei nos detalhes do envolvimento afetivo que aconteceu entre o filho deles e a nossa irmã e que causou tanto conflito. Acredito que isso não era necessário, todos deviam saber das implicações do que estava em reflexão.

            Finalmente saímos de Campo Mourão com a sensação de que cumprimos a vontade de Deus, nas decisões que tomamos. Fizemos o que parecia bom ao nível do coração e alma.

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em 23/10/2013 às 01h01
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22/10/2013 01h01
CATARATAS DE ÁGUAS E LÁGRIMAS

            Fui visitar as cataratas do Iguaçú... Estava um pouquinho mais espiritualizado do que no dia que fui para as compras no Paraguai. Estava em frente a uma das grandes forças da natureza, a terceira maravilha natural do mundo, eleita numa campanha popular pela internet que durou até o fim do ano de 2011 quando foi atingido o número de 1 bilhão de votos. É formada por um conjunto de cerca de 275 quedas de água no Rio Iguaçu (na Bacia hidrográfica do Rio Paraná), localizada entre o Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, no Brasil (20%), e o Parque Nacional Iguazú, Misiones, na Argentina (80%), fronteira entre os dois países. A área total de ambos os parques nacionais, correspondem a 250 mil hectares de floresta subtropical e é considerada Patrimônio Natural da Humanidade.

            Seu nome vem das palavras Tupi ou Guarani: y (água) + ûasú wa’su (grande). Conta a lenda tupi-guarani onde tenta explicar o surgimento das Cataratas do Iguaçú, que há muitos anos o Rio Iguaçu corria livre, sem corredeiras e sem cataratas. Em suas margens habitavam os índios caingangues que acreditavam que o grande pajé M’Boy era o deus-serpente, filho de Tupã. Ignobi, cacique da tribo, tinha uma filha chamada Naipi, que iria ser consagrada ao culto do deus M’Boy, divindade em forma de grande serpente. Tarobá, jovem guerreiro da tribo se enamora de Naipi e no dia da consagração da jovem, fogem para o rio que os chama: “Tarobá, Naipi, vem comigo!” Ambos desceram o rio numa canoa. M’Boy, furioso com os fugitivos, na forma da grande serpente, penetrou na terra e retorceu-se, provocou desmoronamentos que foram caindo sobre o rio, formando o abismo das cataratas. No desespero da morte que chegava, os amantes fazem um último apelo ao Deus Tupã, que salve suas vidas, pois faziam tudo isso por amor. Tupã compadecido do trágico amor romântico dos jovens índios, num relâmpago do amor divino, fez o milagre no momento em que envolvidos pelas águas os amantes caíam de grande altura. Tarobá transformou-se numa palmeira à beira do abismo, e Naipi em uma pedra junto da grande cachoeira, constantemente açoitada pela força das águas. Vigiados por M’Boy, o deus-serpente, os amantes permanecem ali, Tarobá condenado a contemplar eternamente sua amada sem poder tocá-la, com suas lágrimas quentes a reduzir a dor do chicote das águas frias.

            Fiquei ao lado de Naipi, uma grande pedra escura açoitada constantemente pela força das águas. Fiquei admirado, pois a sabedoria popular diz que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, mas aquela pedra não mostra nem um sinal de que foi ou será furada pela força das águas. Ali existe o mistério dos deuses e humanos, o mistério do amor incondicional e o amor romântico. Não deixei de também soltar minhas lágrimas em solidariedade a Tarobá. Fiquei pensando... Eu também, Tarobá, como você, eu observo o sofrimento das minhas amadas, onde nunca podem estar todas ao meu lado, e a serpente do egoísmo usa o chicote da distância, do ciúme e do exclusivismo para açoitar sem piedade a alma de cada uma.

            Mas, apesar de tudo isso, vi através das cortinas de águas e de lágrimas, uma réstia de esperança. Junto de Naipi eu vi as corujas, mensageiras de Atenas, deusa da sabedoria, e permitidas por Zeus, o pai de todos os deuses da mitologia grega. As corujas enfrentavam com coragem a queda das cataratas e voavam da pedra (Naipi) para a palmeira (Tarobá). Levavam para os amantes conselhos de sabedoria, como se fossem intérpretes de um e de outro, já que eles não podiam se falar, devido a grande serpente (M’Boy) estar vigiando. Mas essa condição de aprendizado divino é permitida por Deus, levar sabedoria à dureza da pedra e à incapacidade da palmeira, para que ambos consigam superar a força do egoísmo, da serpente que os açoita e vigia até alcançar o amor incondicional que tudo entende, compreende e liberta!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/10/2013 às 01h01
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