Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/05/2019 00h05
AÇÃO INTEMPESTIVA

            Quando procuramos seguir os caminhos que Deus coloca à nossa frente, pode ser que algumas pessoas incluídas neste caminho se sintam impactadas negativamente, quando o resultado que esperávamos seria o inverso. Vem a questão: fomos intempestivos? Ação parecida foi realizada pelo presbítero Corvino, na história que Emmanuel contou através de Chico Xavier, no livro “Ave Cristo”. Corvino queria fechar com “chave de ouro” a atenção que dera ao seu filho, Taciano, que não o reconhecia como pai e que imaginava que ele, seu pai, havia sido assassinado por escravos cristãos. Daí, desenvolveu verdadeiro ódio aos cristãos. Depois de ter lutado tanto tempo para o filho se recuperar de uma doença, teve a ideia de trazer as crianças que assistia em seu espaço, para se apresentarem como um coro infantil para Taciano. Depois da bela apresentação, Corvino pediu para criança fazer a prece final, e quando ela citou o nome de Jesus, desencadeou uma forte reação emocional de ódio e violência do homenageado, que liberou o cão de guarda e terminou com a morte da criança que orava. Corvino ficou muito impactado com essas ocorrências, abatido e desencantado perguntava a si mesmo se não fora precipitado nessa homenagem, sabendo da resistência do filho contra os cristãos.

            Entretanto, ele refletia: seria leviandade oferecer alguém o que possui de melhor, com pureza de sentimento? Guardava nos pequenos aprendizes do Evangelho a coroa do seu trabalho. Poderia ser acusado pela circunstância de tudo fazer por despertar um filho para a verdade? Como entender-se com Taciano, sem ranger-lhe as fibras mais íntimas? Restabelecido no equilíbrio físico, o jovem seria convocado à vida social intensa. Conhecer-lhe-ia o ministério. Seria constrangido a decidir-se. Não seria, pois, aconselhável informa-lo, indiretamente, quanto às suas atividades cristãs? E que melhor maneira de fazê-lo, além daquela de apresentar-lhe os seus princípios em uma demonstração prática de trabalho? Se o filho não conseguisse ouvir qualquer referência à Boa-Nova, pelos lábios de uma criança, em prece, como suportaria qualquer alusão a Jesus, em discussões estéreis? Não podia ele, Corvino, hesitar entre qualquer sentimento pessoal e o Evangelho. Seus deveres para com a humanidade superavam-lhe as ligações consanguíneas. Embora reconhecesse semelhante verdade, entendia lícito operar, de algum modo, em favor do filho querido. Taciano, porém, mostrara-se impermeável e rígido. Parecia muito distante de qualquer acesso à própria justiça. Petrificara-se-lhe na mente, no orgulho racial e na falsa cultura. Pela explosão de cólera a que se atirara, ao ouvir a simples enunciação do nome do Cristo, denunciava o antagonismo talvez irremediável que os separava...

            O dilema enfrentado por Corvino, também enfrentei. Fui acusado de intempestivo por ter colocado na mesma sala duas pessoas em conflito. Na sala iria ser apresentada a lição de Jesus sobre a Compreensão. Da mesma forma que Corvino entendia que a demonstração prática do trabalho cristão iria sensibilizar e atenuar o ódio que seu filho sentia pelos cristãos, também eu entendia, que as duas pessoas em conflito, por já saberem em profundidade as teorias cristãs, poderiam absorver as lições dadas pelo Cristo e atenuarem seus sentimentos negativos.

            Mas tal como aconteceu com Taciano nos arredores de Roma, aqui em Natal, a atitude da pessoa mais revoltada não foi nem um pouco atenuada, acredito que ela não conseguiu nem sequer ouvir as lições do Cristo que estavam sendo dadas. Só pensava que tinha sido desrespeitada por ter vindo aquela sala sem saber que a sua oponente estaria presente. Da mesma forma que Taciano ficou revoltado quando percebeu que todo aquele mimo que havia recebido de Corvino e suas crianças tinha uma origem cristã.  

            Teríamos sido, eu e Corvino, intempestivos? O trecho que sublinhei dá a resposta: não podíamos hesitar entre qualquer sentimento pessoal e o Evangelho. O nosso dever é transmitir as lições evangélicas e incentivar a sua prática, pois sem a prática qualquer teoria cai no vazio. A prática do Evangelho, trazendo como resultado a atitude de Corvino e de suas crianças, não foram suficientes para quebrar a resistência maldosa de Taciano; as lições de Jesus, apresentadas a pessoa que já conhece o Mestre suficientemente, não foi, no entanto, suficiente para faze-la refletir e procurar praticar a lição. O ressentimento maldoso continuou reverberando nas fímbrias do coração, sem qualquer indício de modificação.

            Porém, tanto Corvino lá, quanto eu cá, compreendemos que estamos comprometidos com a humanidade, com a construção da família universal, da viabilização do Reino de Deus. Não são ligações consanguíneas ou de qualquer afeto condicionado que irá nos tirar dessa trajetória.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/05/2019 às 00h05
 
07/05/2019 00h05
PUXÃO DE ORELHAS DO PAI

            É o puxão de orelhas, uma forma dolorida do nosso pai biológico nos repreender por algum mal cometido. Sofri isso quando criança e fui autor também quanto pai. Não quero afirmar que essa atitude que sofri e que também cometi tenha sido justa, quero acreditar que tanto num como noutro caso tenham sido.

            Acontece que temos um Pai espiritual, o Criador de todos nós, e que exerce a Sua ação educativa de forma a mais justa possível, mesmo que não tenhamos a devida compreensão dessa justiça.

            Assim, acredito que tenha acontecido em mim, um puxão de orelhas dado pelo Pai, devido o meu mau comportamento. Não é que eu tenha feito mal a ninguém, mas causei mal ao meu corpo, um equipamento delicado, que funciona com trilhões de vidas celulares sob a minha responsabilidade.

            Adquiri um certo contrato com o Pai, de administrar o meu corpo com certa liberdade, no que diz respeito aos prazeres da alimentação. Eu poderia comer tudo aquilo que me apetecesse sem adquirir doenças, contanto que nos dias da Quaresma eu fizesse um controle rigoroso na alimentação com o intuído de recuperar o peso ideal, saísse do sobrepeso ou mesmo da obesidade, se eu chegasse a esse nível.

            Neste ano, fiz como combinado e fui mais além, isso é pretendia ir. Incluir os três dias que antecedem a Semana Santa. Não fiz a inclusão desses três dias como já havia combinado com o Pai, e sai desse regime alimentar de forma abusiva, comi muito mais do que deveria, cerca de quatro quilos, entre sólidos e líquidos.

            De imediato senti a resposta do Pai através das leis da natureza que são imutáveis, e quem não as respeita sente as consequências. Tive uma diarreia constante, felizmente sem cólicas, agradeço a bondade do Pai em ter me evitados essas dores.

            Por isso considero esse fato como um puxão de orelhas dado por meu Pai e que foi aplicado pela própria natureza que Ele também criou. Isso me advertiu também para outro aspecto: não posso ficar exagerando na quantidade da alimentação, nem deixar de observar a qualidade. Entendo como se o Pai tivesse me orientando para que ajustar o meu comportamento, condizente com a idade e com o avanço espiritual que adquiri.

Confesso que estou disposto a fazer isso, mas peço ao Pai um pouco de tempo de readaptação, pois isso vai incluir até a alimentação animal que deverei restringir, evitar o consumo de carne de mamíferos, por serem animais bem próximos de nós biológica e racionalmente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/05/2019 às 00h05
 
06/05/2019 00h05
ONDE ESTÁ DEUS?

            Dentro do estudo da espiritualidade, Deus tem um papel central e que devemos compreender para melhor situar os nossos paradigmas de vida.

            A série intitulada “A História de Deus” transmitida pela Netflix e conduzida por Morgan Freeman, traz interessantes abordagens sobre essa questão e serve para que possamos refletir e nos conduzir melhor, de acordo com nossas intenções e boa vontade.

            Na Temporada 1, episódio 4, que tem o título “Quem é Deus” vamos observar um trecho interessante nos últimos 12 minutos, que irei reproduzir os diálogos neste trabalho, e oriento para quem se interessar pelo assunto, procurar assistir a série na íntegra.

            - Se acreditamos que Deus não só nos cerca, mas também tem o poder de se mover em nós, será que podemos descobrir o que é Deus olhando dentro de nossas mentes? Por milhares de anos, para muita gente, Deus é invisível, intangível, uma presença sentida, mas não vista ou tocada. Mas a ciência talvez possa mudar isso. Peguei um trem para a Filadélfia para ver um neurocientista que estuda o cérebro quando temos experiências religiosas. Eu vou ver se encontro a presença de Deus em meu cérebro.

            O Dr. Andy Newberg é pioneiro no que ele chama de neuroteologia,

            - Sei que fez muitas pesquisas sobre o cérebro, como ele reage à meditação espiritual. Pode elaborar isso?

            - Claro. Quando olhamos para o cérebro vemos diferenças quando as pessoas são religiosas, quando estão tentando orar, meditar sobre Deus. Podemos ver o que se passa quando pensamos em Deus, quando rezamos, o que quer que seja.

            - Então procura manifestações físicas de Deus?

            - Sim, procuramos.

            - Quero saber se há essa manifestação dentro de mim, no meu cérebro.

            - Certo, podemos ver isso.

            Primeiro vem uma injeção com tintura radioativa. Com o contraste na minha corrente sanguínea Andy pode medir quanto sangue passa pelo meu cérebro. Quanto mais eu usar uma parte do cérebro, mais o contraste vai se acumular. Eu já fiz uma imagem relaxado, de olhos fechados. Agora vou tentar meditar sobre o divino para ver o que muda.

            - Agora se concentre na sua respiração. Tente ficar do melhor modo possível. Tente se concentrar. Acho que vai dar certo.

- Pode começar.

            - Pode parar de meditar. Como foi?

            - Foi bom. Quanto durou?

            - Uns 11 ou 12 minutos.

            Antes que o contraste seja absorvido, vou para uma maca, deito de costa para fazer uma imagem 3D no aparelho de ressonância magnética, para ver se meu cérebro mudou porque pensei em Deus.

            - O que vê, se é que vê algo? (Observando as imagens com o médico).

            - Aqui estão as duas imagens. Aqui, em descanso. Aqui, meditando. Se olhar para os lobos frontais está quase tudo amarelo, só um pouco de vermelho. Durante a meditação, está bem vermelho. Então, se estiver concentrado, orando, focado em Deus, tentando se comunicar com Deus, você tende a aumentar a atividade aqui.

            - Como comparar, digamos, com uma freira rezando, com um monge budista meditando? Existe comparação?

            - Assim como as freiras concentradas em oração, budistas focados numa imagem, todos ativam o lobo frontal. Exatamente como você fez.

            - Se eu estivesse vendo a imagem de Deus, você saberia?

            - Já escaneamos um ateu, que medita muito bem. Pedimos para ele meditar sobre Deus e ele não conseguiu ativar muito os lobos frontais. Aliás, como pode ver, diminuiu um pouco. (São mostradas as imagens do ateu). Mesmo dizendo que estava se concentrando em Deus, ele não se saiu muito bem, porque não acredita de fato. Então, acho que, independente de qual seja sua prática, qual sua religião, a chave é se você acredita, se é importante para você.

            - Incrível alguém pensar numa injeção radioativa para olhar o cérebro do outro.

            - O cérebro é tão complexo que não é que tenha um lugar para Deus, uma parte do cérebro, mas parece que o cérebro todo se envolve. E isso muda o modo como você percebe o mundo.

            A cena sai do laboratório

            Aparentemente é possível ver manifestações físicas de Deus em nós. Seja cristão, budista, qualquer espiritualidade. Vivenciar o divino muda o cérebro, muda o modo de vermos o mundo. É fantástico.

            A prova de que vivenciar Deus nos muda por dentro, não será surpresa para os crentes. Inclusive os de Houston, da Igreja Lakewood. Eu vim ver como 10.000 cristãos podem ter uma experiência pessoal com seu Deus.

            Os pastores desta igreja, Joel e Victoria Osteen concordaram em me ver antes do culto começar, para me falar de sua filosofia. Quero deixar-lhes algo que eles possam usar hoje.

            - Não faço muita doutrinação, sou prático. Vou falar sobre o que Deus nos deu, assim eles dirão: “Olha, valeu a pena ir à igreja hoje.” Escute, podemos rezar? Temos um minuto.

            - Claro.

            - Reze conosco, Morgan. “Obrigado por este dia. Senhor, todas as pessoas que vieram ou vão nos ouvir, pedimos que nos dê as palavras certas. Que cada um sinta sua presença, seu poder. Que tenha coragem, esperança e inspiração. Que todas saibam que estão na palma de sua mão. Eu lhe peço, Pai, em nome de Jesus. Amém. ”

            - Obrigado.

            - É uma honra tê-lo aqui.

            - Nos falamos depois.

            - Tem de assistir. Logo vai estar dançando.

            - Não preciso de muito para começar.

            Salão repleto de pessoas, cantando e dançando ao som de uma banda bem animada.

            - Victoria: É bom estar na casa do Senhor com vocês! Nós fomos feitos para ficarmos melhores quando nos ligamos a Deus. Vocês têm a força em vocês.

            - Joel: Não vivam sem paixão, sem intenção, sem foco. Agitem o que Deus lhes deu. Ousem dar os passos da fé.

- Morgan: Vou ser direto. Quem é Deus?

- Joel: Creio que Deus é nosso pai, o criador, aquele que nos dá propósito e destino. Às vezes é difícil dizer: “como acreditar em algo que não vejo?” Mas é o que você decide acreditar pela fé.

- Morgan: Você pode escolher acreditar pela fé.

- Joel: Quando Jesus disse: “Quero que venha a mim.” E eu digo: “Você pode falar com Deus como a um amigo. Pode agradecer a Deus em pensamento por este dia.” Deus estará na sua vida na medida em que você quiser. É o que tentamos ensinar, tirar Deus da obrigação de domingo.

- Morgan: Deus tem sido muitas coisas para muita gente e aqui vocês deixam Deus... pessoal.

- Joel: Sim.

- Morgan: Acessível. E prestativo.

- Joel: Exato.

Palco

- Victória: Deus vive e mora em nós. E é uma vida espiritual. É o poder espiritual dentro de nós. É isso que temos de infundir.

Foi um show e tanto. Milhares de pessoas venerando, celebrando, cada uma com uma experiência pessoal com Deus. Isto é fé em Deus, em você. Sua inspiração. Sua força.

Deus é tantas coisas para tantas pessoas. A luz quente do sol. O som doce de uma música. Uma voz interna que nos impulsiona. Um amigo.

Se você me perguntar quem é Deus, eu direi: há um toque do divino em todos nós. Deus está em você, está em mim. O Deus em mim é... quem eu realmente sou no meu âmago. O Deus em mim é minha melhor versão. O Deus em mim é quem eu tento ser. Quem estou destinado a ser.

Boa compreensão da ideia e vivência de Deus. Podemos entender o ganho que teremos sobre a resolução de dificuldades ao incluir a presença de Deus com toda a força que a fé permitir, pois as imagens cerebrais já mostram um implemento da atividade, o que deixa o cérebro mais capacitado.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 06/05/2019 às 00h05
 
05/05/2019 00h04
IRMÃO CORVINO

            As vozes do além, do mundo espiritual, chegam até nós para orientar a nossa caminhada, conforme nossa boa vontade em seguir as lições do Cristo. Assim é que Emmanuel nos traz através da mediunidade de Chico Xavier, no livro “Ave Cristo”, a fala do irmão Corvino, defendendo a causa dos enfermos abandonados e infelizes, que muito nos serve em nossas reflexões.

            - Se desprezamos o próximo – comentava ele, inflamado de confiança -, como atender ao nosso mandato de caridade? Cristianismo é viver o espírito do Cristo em nós. Vemos no estudo das narrativas apostólicas que as legiões do Céu se apossam da Terra, em companhia do Senhor, transformando os homens em instrumentos da infinita bondade. Desde o primeiro contato de Jesus com a humanidade, observamos a manifestação do mundo espiritual, que busca nas criaturas pontos vivos de apoio para a obra de regeneração. Zacarias é procurado pelo anjo Gabriel que lhe comunica a vinda de João Batista. Maria santíssima é visitada pelo mesmo anjo, que lhe anuncia a chegada do Salvador. Um enviado celeste procura José da Galileia, em sonhos, para tranquiliza-lo, quanto o nascimento do Redentor. E, erguendo-se o Mestre divino, entre os homens, não se limita a cumprir a Lei Antiga, repetindo-lhe os preceitos com os lábios. Sai de si mesmo e coloca-se ao encontro das angústias do povo. Limpa os leprosos da estrada. Estende mãos amigas aos paralíticos e levanta-os. Restitui a visão aos cegos. Reergue Lázaro do sepulcro. Restaura doentes. Reintegra as mulheres transviadas na dignidade pessoal. Infunde aos homens novos princípios de fraternidade e perdão. Ainda na cruz, conversa amorosamente com dois malfeitores, procurando encaminhar-lhes as almas para o Mais Alto. E, depois dele, os apóstolos abnegados continuam-lhe a gloriosa tarefa do reerguimento humano, prosseguindo no ministério do esclarecimento da alma e da cura do corpo, devotando-se ao Evangelho até o derradeiro sacrifício.

            ‘Como conseguiremos, porém, ajudar a humanidade, simplesmente orando? – Ajuntou Corvino, seguro de si -. Temos companheiros admiráveis estacionados no deserto. Organizam pousos solitários, desfiguram-se, atormentam-se e creem auxiliar, por esse modo, a obra de redenção humana. Se devêssemos, porém, procurar a tranquilidade própria, a fim de servir ao Criador, por que motivo teria Jesus vindo até nós, partilhando conosco o pão da vida? Em que luta condecorar-se-á o soldado que desiste do combate? Em que país haverá colheita valiosa para o lavrador que nada mais faz que contemplar a terra, a pretexto de amá-la? Como semear o trigo, sem contato com o solo? Como plantar o bem, entre as criaturas, sem suportar o assédio da miséria e da ignorância? Não podemos admitir a salvação sem a intimidade daquele que salva com aquele que se encontra desviado ou perdido.

            ‘Veneráveis irmãos, admito não nos caiba o direito de interferir na resolução do que buscam a solidão, contudo, creio não devamos incentivar o movimento que podemos classificar por deserção. Estamos numa guerra de ideias. O primeiro legionário que tombou, em holocausto à libertação do espírito humano, foi o próprio Mestre, nosso Comandante divino. Desde a cruz do Calvário, nossos companheiros, em vasta frente de valorosos testemunhos, sofrem o martirológio da fé viva. Há quase 200 anos somos pasto das feras e objeto desprezível nos divertimentos públicos. Homens e mulheres, velhos e crianças, têm sido levados a arenas e cárceres, postes e fogueiras, revelando o heroísmo da nossa confiança em um mundo melhor. Não seria lícito trair-lhes a memória. Os adversários de nossa causa têm-nos como amargurados portadores da indiferença pela vida, mas é que ignoram a lição do Benfeitor celeste que nos indicou no serviço da fraternidade a fonte do verdadeiro bem e da perfeita alegria. Urge, assim, não nos afastemos do trabalho e da luta. Há construções no plano do espírito, como existem no campo da matéria. A vitória do Cristianismo, com a livre manifestação do nosso pensamento, é obra que nos compete concretizar.

            ‘Sim, temos o direito de esmolar. Esse, contudo, é também o direito do mendigo. Não nos cabe, segundo nos parece, olvidar a produção de benefícios para o mundo. Temos terra disponível, sob a responsabilidade de vários irmãos. O arado não mente. Os grãos respondem com fidelidade ao nosso esforço. Podemos trabalhar. Não devemos recorrer ao concurso alheio, senão em circunstâncias especiais. Não seria aconselhável manter a comunidade improdutiva. Cabeça vaga é furna de tentações. Creio em nossa possibilidade de auxiliar a todos, por meio do esforço bem dirigido. O serviço de cada dia é o recurso de que dispomos para testemunhar o desempenho dos nossos deveres, diante dos que nos acompanham de perto, e o trabalho espontâneo no bem é o meio que o Senhor colocou ao nosso alcance, a fim de que sirvamos à humanidade, com ela crescendo para a Glória divina.

            Boa lembrança para que deixemos o serviço de ajuda ao próximo sempre em primeiro plano, que o trabalho seja a base sólida da nossa caminhada evolutiva, amparado por todos amigos do plano espiritual que vibram na mesma sintonia do amor incondicional.

            Os trechos sublinhados são aqueles que dou maior importância, como tentar viver o espírito do Cristo na prática, de se aproximar daquele que sofre, sem medo de tombar pela ignorância que ainda cobre a maioria dos nossos irmãos.

            Destaquei também as mulheres transviadas em sua dignidade, por ser um trabalho que está em gestação no meu repertório de ações, e que encontrei argumentos interessantes que logo colocarei neste espaço, como forma de introduzir o que precisa ser feito.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/05/2019 às 00h04
 
04/05/2019 00h03
DUELO EGO X EU

            Tenho a compreensão e convicção do mundo espiritual, da dicotomia matéria e espírito, da evolução conjunta, mas com prioridade para o espiritual. Dentro desse contexto, vejo que o meu espírito exerce constante vigilância sobre os interesses carnais, os prazeres da biologia. Procuro ficar sempre energizado com os pensamentos edificantes que encontro em diversos livros espiritualistas.

            Tive ocasião de vivenciar um duelo dentro da minha consciência entre os interesses do Ego, associado ao corpo e seus instintos, e os interesses do Eu, associado ao espírito e sua necessidade de evolução moral, seguindo as lições do Mestre Jesus.

            Tudo aconteceu por ocasião de meu retorno à Natal, depois do trabalho que realizo quinzenalmente em Caicó. Como sempre faço, compro a passagem no ônibus expresso com antecedência e pegar uma das primeiras cadeiras, com o objetivo de ver o panorama da viagem.

            Acontecia tudo dentro do previsto. O ônibus chegou, entrei e me acomodei na cadeira da frente ao lado de uma senhora. Abri a cortina que cobria a visão da estrada e aguardei a partida. Quando o motorista chegou, foi logo fechando a cortina, sem pedir licença a nós. A senhora logo reclamou, que gostaria da cortina aberta, e tentou chamar a atenção do motorista para o seu pedido. Ele não ouviu ou fez que não. eu disse que também gostaria de viajar com a cortina aberta, e chamei mais alto o motorista para atender o nosso pedido. Mas aí ficou claro, ele ouviu, pois o meu chamado foi bastante alto, mas ele fingia que não ouvia, fazendo outra tarefa. Nesse momento o meu Ego se inflamou, fui até a cortina e abri do jeito que estava antes. O motorista percebendo aquilo, me chamou de mal-educado, pois ele acabara de fechar a cortina. Eu repliquei que mal-educado era ele, pois fechou a cortina que nós abrimos, eu e a senhora que também estava interessada na abertura da cortina. Ele disse que era autoridade no ônibus e eu disse que como passageiro e consumidor, ele estava ali para nos atender. Procurei falar com o funcionário para intermediar a questão e procurei saber se o gerente ou pessoa qualificada poderia vir para resolver a questão. Não apareceu ninguém e o motorista não voltou a fechar a cortina.

            Viajamos com a cortina aberta e o motorista não voltou a falar conosco. Mas durante a viagem o meu Eu chamou a atenção da minha consciência. Lembrou que as vezes o escândalo é necessário, mas ai daquele que provoca o escândalo. Que eu deveria ter exercido a tolerância e ter procurado colocar os argumentos de forma mais didática e serena. Ao invés disso, investi contra o problema causando mal-estar no outro frente a sua autoridade de motorista. A consciência, com esses argumentos, logo gerou uma possibilidade de pedir desculpas pelo ato impulsivo e intempestivo. Mas, frente a esta possibilidade, o Ego se manifestou, dizendo que eu não deveria fazer isso, pois o motorista iniciou todo o processo de má educação e que eu fui apenas em busca de meus direitos, mesmo porque eu tenho a posição social mais alta.

            Este foi duelo travado no meu campo mental entre o meu Ego, responsável pelo meu corpo e o meu Eu, representante do Espírito, o qual tem a responsabilidade de manter o Ego e seus instintos sob controle. Como tenho a convicção de seguir os princípios cristãos, meu Eu decidiu que eu iria pedir desculpas quando o ônibus parasse 10m em Currais Novos.

            Assim aconteceu. Pedi as desculpas por minha má educação, como ele havia frisado. Ele aceitou e disse que eu poderia viajar com as cortinas abertas. Ao chegar em meu destino em Natal, agradeci por seu trabalho e ele em resposta disse que eu poderia viajar sempre com ele com as cortinas abertas.

            Senti-me gratificado pelo meu comportamento, e em condições de falar com mais propriedade na palestra que estava preparando sobre Tolerância.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/05/2019 às 00h03
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