Seguindo o raciocínio do texto anterior onde identifiquei duas vertentes comportamentais acopladas à vontade do Pai, as quais devo desenvolver neste meu atual período de vida, vou agora abordar com um pouco mais de profundidade a primeira vertente, sabendo que ainda será preciso mais investidas para deixar mais esclarecido tal forma de pensar e de agir.
A vertente interna diz respeito a minha relação mais íntima com pessoas, no meu caso com mulheres, que chegam a integração corporal, a diluição do corpo e da mente entre secreções, humores e afetos, chegando até o clímax do prazer na relação sexual.
Esta relação sexual, importante na vida material, mas desnecessária na vida espiritual, tem o importante objetivo de manter a vida biológica através dos instintos, um importante mecanismo desenvolvido pelo Criador e integrado às leis da Natureza.
Assim, somos naturalmente atraídos, homem-mulher, através dos instintos e hormônios, á conjunção carnal que visa a reprodução. A espécie humana, pertencente ao reino animal, divide com todas as espécies esse conjunto de instintos e motivações que levam à reprodução. Entre todos os animais não existe outra limitação que discipline esse comportamento que leva ao sucesso reprodutivo Impera a lei do mais forte associada a um egoísmo intrínseco e justificável pela perpetuação dos genes do animal mais apto.
Nós, humanos, que pertencemos ao reino animal, dividimos com eles toda maquinaria instintiva e motivacional associada a sucesso reprodutivo. Porém adquirimos com o progresso evolutivo condições de processar outra instância limitadora do comportamento, dessa vez não mais associada à evolução no mundo material, e sim a dimensão espiritual. É uma dimensão que só pode ser alcançada por um processamento psíquico superior que se projete além dos interesses imediatos. Um psiquismo que tenha condições de refletir sobre a nossa origem e destinação, que possa arquitetar um pensamento de humildade frente a condição de criatura de um poder que está muito além de nossa compreensão.
Com a compreensão das exigências do mundo espiritual e sabendo que o mundo material é apenas uma espécie de escola ou hospital para a nossa evolução enquanto espírito e não enquanto corpo, passo agora a dar prioridade aos valores espirituais.
Os instintos e motivações que fazem minha aproximação com as mulheres passam a sofrer limitações dos valores espirituais. A primeira conseqüência é assumir o Amor Incondicional como a lei prevalente do mundo espiritual e da qual nenhuma outra pode se sobrepor, sob pena de ficarmos parados na evolução do mundo principal. Então, a integração do homem com a mulher deve deixar de se orientar pelo egoísmo de considerar o outro como posse, de defender o exclusivismo da relação afetiva, de nutrir ciúmes, de formar um núcleo familiar refratário a outros afetos, muitas vezes que nem tem a conotação sexual.
Meu comportamento agora é formar relacionamentos abertos, inclusivos, com a perspectiva de uma família ampliada que sirva de protótipo da família universal característica do Reino de Deus.
Fui instado a fazer uma reflexão a respeito de minhas crenças, do trabalho que quero realizar no campo espiritual; será que estou tentando fazer mesmo a vontade de Deus? Será que não estou tentando criar uma nova religião?
Os projetos de extensão universitária que estou elaborando e desenvolvendo no momento estão todos envolvidos no campo espiritual. A minha formação acadêmica no campo da psicofarmacologia ficou em segundo plano. Todo foco de minha atenção está voltado para os princípios espirituais, da exigência evolutiva para o espírito e fazer a discriminação do que pertence à matéria, a carne, e o que pertence ao espírito, a alma.
Desenvolvi com profundidade a compreensão da filiação divina e o que Ele espera de mim enquanto Seu filho. Tendo encontrado essa resposta que passou a ser minha missão, procuro agora a desenvolver com toda intensidade e eficiência. Isso implica que tenho que me relacionar de forma ampla com o meu próximo, principalmente as mulheres que as circunstâncias trazidas pelo Pai me oferecem e trazem em si as condições afetivas suficientes para o aprofundamento na interação dos corpos, na forma de interação sexual.
Termino por compreender que existem duas fortes vertentes para direcionar as minhas ações práticas na aplicação do Amor Incondicional – que é a essência do meu plano de vida, dentro de todo relacionamento que eu tenha oportunidade de realizar.
A primeira e mais íntima, é a formação de um núcleo familiar mais apropriado a construção do Reino de Deus. Uma família que não coloque limites para o Amor; que pratique a inclusividade e não a exclusividade; que desenvolva a fraternidade e não o ciúme... uma família aberta a entrada de novos parceiros afetivos, tanto para homens quanto para mulheres, uma família ampliada que busca formar a família universal. Para que isso aconteça é necessário que se pratique a lição oferecida pela Bíblia, da mulher se integrar com o homem e serem carne da mesma carne. É preciso que haja aqui a hierarquia dos projetos de vida, cabendo ao homem que é naturalmente o “cabeça” do casal a prioridade no projeto coletivo e que a mulher se harmonize com ele para se tornarem viáveis enquanto companheiros de profundidade sexual, capazes de gerar filhos.
A segunda vertente de ação é mais externa, diz respeito ao amor ao próximo, qualquer que seja ele, amá-lo como se tivéssemos amando a nós mesmos, sentir as suas necessidades e tentar aliviá-las de forma fraterna, desinteressada, sem colocar barreiras preconceituosas de qualquer natureza e que impeçam a expressão e aplicação do Amor Incondicional.
Cada uma dessas vertentes exige que seja feita um aprofundamento teórico que capacite o leitor a compreender melhor o projeto final que se deseja alcançar com a realização desse modo de vida. Procurarei desenvolvê-las nos próximos dias.
Cheguei em Campina Grande por volta do meio dia da segunda feira para participar mais uma vez do 23º Encontro da Nova Consciência, parcialmente, pois voltarei para Natal no dia seguinte.
Após a hospedagem, depois de ter percorrido alguns hotéis que se encontravam lotados, fiquei hospedado no Centro da Cidade, juntamente com meus companheiros de viagem no Central Hotel, pouco conforto, mas preços módicos.
Saímos em seguida para o almoço e para o evento no SESC – Centro. Participamos do final de uma mesa redonda que estava sendo realizada: “Ativismo e Mídia livre”, que contava com a participação de um ator da rede globo. Foi o bastante para que a adolescente que viajava conosco ficasse em polvorosa para tirar uma foto com ele e não sossegou até que conseguiu. Ficou bastante excitada com o seu troféu e não conseguia disfarçar a emoção de colocá-la logo mais no Face e fazer inveja as amigas.
A mesa redonda seguinte logo foi instalada, “Libertação cultural: Mídia e resistência artística” com muito atraso, pois iria começar a “Caminhada e ato pela paz” promovida pelo grupo Hare Krishna que iríamos participar. Saímos da sala e fomos para a entrada do prédio onde o grupo estava se concentrando e ornamentando o carro com a alegoria divina que iria fazer parte importante do cortejo. As músicas e os toques na forma de mantra logo contagiaram os presentes e saímos para a caminhada com a proteção dos batedores da polícia militar. Fizemos a volta no primeiro retorno da principal avenida e o festivo grupo retornou até a praça em frente ao SESC.
Ficamos dispostos em forma de círculo e assistimos a apresentação de três pontos de Umbanda, Xangô, Iansã e Oxalá; o cântico de Wicca; o cântico da seita do Santo Daime; e a participação dos budistas.
Saímos deste local e fomos visitar a área onde se realizava o encontro da Consciência Cristã, promovida pelos evangélicos. Era um evento portentoso com mais de 8000 pessoas interagindo com as pregações dos pastores e as canções dos grupos evangélicos. Fiquei a imaginar quantas pessoas já se encontram evangelizadas e no entanto não conseguimos reverter o processo de violência que nos ameaçam. Comprei 3 DVDs educativos na área da religião e interagi com alguns stands que estavam funcionando. Um deles que era apresentado por adolescentes e que me chamou a atenção foi a dos “Soldados do Cristo”. Anotei o site para tentar entrar em contato com os responsáveis para ver a possibilidade de sua instalação em nossa comunidade.
Deixamos o local e nos deslocamos para outro bairro para visitar o evento da religião católica. Infelizmente quando chegamos, por volta das 20h, as atividades já estavam sendo encerradas. Voltamos para o Centro da Cidade, comprei mais DVDs, jantamos e voltamos para o hotel.
Considero que foi mais um dia cheio e cumprindo o objetivo de estar sintonizado com a vontade do Senhor em todos os meus relacionamentos. O clima social da cidade também ajudou nesse processo, pois, apesar de ser carnaval, não encontramos dentro da cidade nenhuma manifestação ostensiva de foliões como tínhamos observado em Caicó. Realmente, a cidade estava tomada pela espiritualidade disseminada nos diversos grupos que compareceram ao evento.
O que ficou mais marcado para mim, foi a abordagem que sofri quando estava comprando os DVDs de um jovem de aparência drogada que se aproximou de mim pedindo ajuda. Resisti ao meu ímpeto natural de negar e passei a conversar com ele. Disse que tinha 8 filhos e queria alguma ajuda. Tirei uma nota da carteira e lhe entreguei, advertindo que não era para ser usado com drogas. Agora ao escrever este texto, fico a refletir que minha atitude foi positiva, mas poderia ter sido melhor. Eu poderia ter lhe oferecido algo para se alimentar, ter pago diretamente ao comerciante, teria certeza que ele teria se alimentado mesmo e poderia ter conversado um pouco mais para fazer a caridade mais importante: a sustentação moral de um irmão que se encontra em processo de degradação.
Pelo menos essa minha reflexão serve para apontar onde evolui e onde preciso ainda mais aprimorar o meu comportamento, se quero dizer ao fim do dia dizer que CUMPRI A VONTADE DO PAI!
Enfim foi realizado em Caicó-RN, no campus universitário da UFRN, o Seminário que abordou o tema NOVA ORDEM SOCIAL (Reino de Deus) conforme foi colocado no Projeto de Extensão Universitária que lhe deu sustentação acadêmica. Estavam presentes 21 pessoas que foram convidadas pelos organizadores, de última hora, e sensibilizados pela vontade de Deus.
De início foi registrado o nome de cada um dos presentes e a sua filiação religiosa, para efeito de emissão de certificado e de organização dos trabalhos. Convidei os quatro debatedores das orientações religiosas católica, evangélica, espírita e Seicho-No-Iê para sentarem ao meu lado na mesa.
Li dois trechos da Liturgia da Igreja católica como forma de criar o clima propício para o seguimento dos trabalhos. O primeiro trecho divulgado no dia 26-02-14 dizia que “...o cristão deve saber acolher, apoiar e estimular todos os homens que defendam uma causa nobre, ainda que não estejam inscritos em sua comunidade, nem pertençam ao seu credo confessional.” O outro, do mesmo dia da leitura, dia 01-03-14, dizia que “Todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará.”
Esses dois trechos de leitura tinham o maior significado para mim. O primeiro é que essa atividade por ser de interesse da divindade como o seu próprio nome diz, deverá ser acolhido e estimulado por cada pessoa que se diga cristão, independente da comunidade e da religião de origem. Isso me tirou um certo peso da consciência, como uma pessoa como eu, com domicilio em Natal-RN, distante 282 km poderia querer desenvolver um projeto com tais características.
O segundo era que da forma como estava sendo realizado o Seminário, com tudo feito em cima da hora, inclusive os convites, parecia coisa de criança e não de um doutor em ciências da UFRN. Então fiquei tranqüilo, pois a brincadeira de criança que parecia ser o evento era justamente o que Jesus queria que tivéssemos, uma mentalidade de criança capaz de assumir a dimensão de tal trabalho em tão pouco espaço de tempo, pois o Reino não está reservado aos “prometidos” que pretendem escalar os céus, senão para aqueles que - como crianças – confiam, abrem-se e se entregam por completo a vontade divina.
Esclareci que o objetivo da reunião seria o de criar condições e organizar um evento para ser realizado no próximo carnaval, com a duração de um dia total. Na parte da manhã teríamos esclarecimentos setorizados para a comunidade, como militares, estudantes, comerciantes, etc., que seriam desenvolvidos pelos diversos segmentos religiosos envolvidos com o trabalho, como os segmentos católicos, Seicho-No-Iê, etc. Na parte da tarde teríamos uma palestra conduzida por uma autoridade espiritual de renome nacional para catalisar a atenção de todos os participantes do turno da manhã e demais comunitários.
Finalmente, à noite, todas as igrejas participantes abordarão o tema do trabalho do dia junto aos seus fiéis. Na continuidade do projeto, a cada ano poderia ser adicionado mais um dia do Carnaval, até que todo o período seja tomado por atividades espirituais como acontece com a cidade de Campina Grande-PB.
Durante a discussão tanto a mesa como o público concordaram que o tempo de um ano para esse trabalho ter mais um seguimento era demais e que a urgência do colhimento dos frutos desses trabalhos implicava que devíamos realizar alguma atividade de imediato. Também foi colocada a necessidade de uma capacitação para todos que fossem trabalhar no projeto com vistas à unificação do discurso. Foi avaliado também que a essência deste trabalho seria a principal lição que Jesus veio nos ensinar, já que nossos trabalhos para a criação de uma Nova Ordem Social tem a inspiração no Amor Incondicional que disciplina a formação do Reino de Deus entre nós, seres biológicos, materializados.
Então foi encaminhado e decidido no encerramento dos trabalhos, que iríamos fazer um novo projeto de extensão universitária, dessa vez considerando todos os presentes a reunião como colaboradores. Reuniríamos a cada primeiro sábado de cada mês, adicionando em cada reunião novos amigos com o mesmo ideal e aplicação de algum trabalho prático de imediato. Na primeira reunião apresentaríamos uma dissertação do que é o Amor Incondicional como forma de capacitar nossa consciência e unificar nosso discurso.
Encerramos a reunião com todos de mãos dadas cantando um mantra espiritual seguido da oração do Pai Nosso. Abraçamos-nos como despedida na esperança de um novo encontro dentro de um mês.
Existia no famoso Templo de Jerusalém uma escola onde as virgens dotadas de dons convenientes poderiam desenvolver suas faculdades. Foi lá que Maria, mãe de Jesus, foi aceita quando menina.
Quando uma jovem se internava no Templo, oferecia a própria vida ao Senhor, esquecendo-se do mundo físico e vivendo, mesmo na Terra, as coisas e a vontade de Deus.
Eu reconheço que possuo um corpo dado pelo Criador e que ele representa o Seu Templo. O milagre de cerca de 100 trilhões de células organizadas no meu organismo vivo, biológico, meu corpo humano, está sob meu controle, inteligência e consciência. Então, eu o respeito como o Templo de Deus apesar de eu, enquanto espírito, não ter me mostrado um tão bom zelador como minhas intenções apregoam. Mesmo assim, com essas dificuldades, o reconhecimento de que meu corpo é o Templo de Deus mais sofisticado que posso freqüentar, abre para mim novas perspectivas de acordo com a evolução consciencial que os estudos me trazem.
Da mesma forma que as meninas prendadas espiritualmente podiam se internar na escola do Templo de Jerusalém, eu posso também adentrar o meu Templo Interno e ficar abrigado nele e dentro dele como numa escola que eu possa aprofundar os meus dons e também possa viver na Terra a vontade de Deus.
Sei que as mudanças são demoradas e se fazem à luz de muitas experiências. Muitas vezes o meu raciocínio ingênuo ainda pode tomar caminhos errados. Portanto, deverei ficar atento aos erros e corrigi-los assim que identificados. A minha sociedade encontra-se enfraquecida na política e na moral, portanto devo encontrar pela frente muitos caminhos errados que preciso identificar e evitar caminhar neles.
Ao entrar nessa internação interna, internação dentro do meu interior, do meu corpo, meus pensamentos, que forma o meu Templo de Deus, eu passo a sintonizar com Ele e a possível sabedoria que saia dos meus lábios, deixa de ser minha, passa a ser dEle. Os conceitos renovados que atualizam a evolução da humanidade podem ser encarados como a fala de um profeta, já que tudo resplandece o interesse de Deus e ninguém sabe que provem do próprio Deus. Pode parecer algo muito pretensioso, alguém ficar tão sintonizado com Deus que suas palavras sejam as do próprio Deus. mas não foi isso que aconteceu quando foram escritos os livros da Bíblia? Cada autor desses livros também estavam sintonizados, foram inspirados por Deus para escrever à Sua vontade. É tanto que todos aceitam hoje a Bíblia como um livro Sagrado onde se encontra a palavra de Deus. Ninguém se detém para imaginar que cada letra e palavra que estão ali foram formadas pela mão humana. Que aqueles homens decidiram, cada um em seu contexto, a fazer um aprofundamento íntimo em busca honesta desse poder divino para manifestá-lo através das palavras, ninguém procura pensar nisso na atualidade. É apenas considerado como o Livro Sagrado!
Agora, será que hoje as coisas mudaram tanto que o homem não consegue mais essa sintonia profunda com Deus e seja capaz de sentir ou falar as palavras da Sua vontade? Que não seja mais capaz desse mergulho na intimidade do seu Templo pessoal e procurar sintonizar a vontade dEle independente de toda ou qualquer outra força contrária. Acredito que não, acredito que o homem ainda possui esse potencial e hoje ainda mais do que ontem, pois agora nós temos as lições do Mestre Jesus a nos guiar, o que não existia antes.
Por todas essas considerações, estou disposto a fazer essa internação interna, lutar contra as forças do egoísmo que estão associadas a cada uma desses trilhões de células e procurar ouvir na intimidade do meu ser as palavras e a vontade do meu Criador. Nesse contexto ainda me considero uma criança espiritual, mas o Mestre já falava pra deixar chegar próximo dele as criancinhas, e cada criança como eu me considero, representa uma jóia de Deus no dedo do tempo.