Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/01/2014 01h01
COMO DESTRUIR O EGOÍSMO

            Essa é a lição mais importante que os Espíritos podem nos dar com relação a construção do Reino de Deus e cujo obstáculo maior é o egoísmo.

            Questão 917 – Qual é o meio de se destruir o egoísmo?

            - De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar-se é o egoísmo, porque ele se prende a influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode se libertar, e essa influência concorre para sustentá-lo: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material e, sobretudo, com a inteligência que o Espiritismo vos dá de vosso estado futuro real e não desnaturado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, os usos e as relações sociais. O egoísmo se funda sobre a importância da personalidade: ora, o Espiritismo bem compreendido, eu o repito, faz ver as coisas de tão alto, que o sentimento de personalidade desaparece, de alguma forma, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou tudo ou pelo menos fazendo vê-la como ela é, combate necessariamente o egoísmo.

            FÉNELON – É o choque que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna, frequentemente, egoísta, porque sente a necessidade de se colocar na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é conduzido a se ocupar de si mais do que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo a povo, e de homem a homem, e o homem pensará menos em sua pessoa quando verificar que os outros nele pensam. Ele sofrerá a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em presença desse transbordamento do egoísmo, é preciso uma verdadeira virtude para esquecer-se em benefício dos outros que, frequentemente, não são agradecidos. É, sobretudo, àqueles que possuem esta virtude que o reino dos céus está aberto; àqueles, sobretudo, está reservada a felicidade dos eleitos, porque eu vos digo em verdade, que no dia da justiça, quem não pensou senão em si mesmo, será colocado de lado e sofrerá no seu abandono.

            ALLAN KARDEC – Empregam-se, sem dúvida, louváveis esforços para fazer avançar a Humanidade; encorajam-se, estimulam-se, honram-se os bons sentimentos mais do que em nenhuma outra época e, todavia, o verme roedor do egoísmo é sempre a chaga social. É um mal que recai sobre todo o mundo e do qual cada um é, mais ou menos, vítima. É preciso, pois, combatê-lo como se combate uma doença epidêmica. Para isso, é preciso proceder à maneira dos médicos: ir à fonte. Que se procure, pois, em todas as partes do organismo social, desde a família até os povos, desde a cabana até o palácio, todas as causas, todas as influências patentes ou ocultas, que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo. Não se tratará senão de combatê-las, senão todas de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será extirpado. A cura poderá ser demorada, porque as causas são numerosas, mas não é impossível. A isso não se chegará, de resto, senão tomando o mal em sua raiz, quer dizer, pela educação; não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, como se endireitam as plantas jovens. Todavia, essa arte exige muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro crer que basta ter a ciência para exercê-la com proveito. Todo aquele que segue o filho do rico, assim como o do pobre, desde o instante do seu nascimento e observa todas as influências perniciosas que reagem sobre ele em conseqüência da fraqueza, da incúria e da ignorância daqueles que o dirigem, quando frequentemente, os meios que se empregam para moralizá-lo falham, não pode se espantar de encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça pelo moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que, se há naturezas refratárias, há, mais do que se crê, as que pedem apenas uma boa cultura para produzir bons.

            O homem quer ser feliz e esse sentimento está na Natureza. Por isso, ele trabalha sem cessar para melhorar sua posição sobre a Terra, e procura as causas dos seus males, a fim de os remediar. Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, a que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja,o ódio, o ciúme, que o magoam a cada instante, que leva a perturbação em todas as relações sociais, provoca dissensões, destrói a confiança, obriga a se colocar constantemente em defensiva contra seu vizinho, a que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade e mesmo com a sua própria segurança. Quanto mais ele o tenha sofrido, mais sentirá necessidade de combatê-lo, como combate a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. Ele o será solicitado pelo seu próprio interesse.

            O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver o outro, tal deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quer assegurar sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.

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em 09/01/2014 às 01h01
 
08/01/2014 01h01
EGOÍSMO E REINO DE DEUS

            Os Espíritos continuam a nos instruir nessas importantes lições:

            Questão 915 – O egoísmo, sendo inerente a espécie humana, não seria um obstáculo ao reinado do bem absoluto sobre a terra?

            - É certo que o egoísmo é vosso pior mal, mas ele se prende a inferioridade dos Espíritos encarnados sobre a Terra, e não sobre a Humanidade em si mesma. Ora, os Espíritos, em se depurando pelas encarnações sucessivas, perdem o egoísmo, como perdem outras impurezas. Não tendes sobre a Terra nenhum homem desprovido de egoísmo e praticando a caridade? Eles existem além do que acreditais, mas os conheceis pouco porque a virtude não procura se por em evidência. Se há um, porque não haveria dez; se há dez, porque não haveria mil, e assim sucessivamente?

            Algumas vezes eu escuto, quando advogo a aplicação do Amor Incondicional para a construção do Reino de Deus entre nós, que isso é uma tarefa impossível, que somente os santos são quem podem ter tal comportamento. Talvez essas pessoas pensem assim, pois imaginam aplicar esse Amor de forma completa, de imediato. Isso realmente parece impossível a quem nunca tinha nem ao menos considerado essa possibilidade. Mas os Espíritos ensinam que isso é um processo lento, que leva um tempo superior a uma simples existência sobre a Terra. Outra informação interessante é que já existem na Terra muitas pessoas desprovidas de egoísmo e praticando o bem, apesar do mal ainda prevalecer entre nós. Como a virtude não procura se colocar em evidência, é importante que nós, desde que conheçamos alguma virtude em alguém, a coloque em evidência, pois assim colaboraremos para melhor disseminar as virtudes entre nós. E um momento importantíssimo para isso seria no momento das instruções para o nubentes que se dispõem a formar famílias íntegras.

            Questão 916 – O egoísmo, longe de diminuir, aumenta com a civilização, que parece excitá-lo e entretê-lo; como a causa poderia destruir o efeito?

            - Quanto maior o mal, mais ele se torna hediondo. Era preciso que o egoísmo fizesse muito mal para compreender a necessidade de extirpá-lo. Quando os homens tiverem se despojado do egoísmo que os domina, eles viverão como irmãos, não se fazendo mal, entreajudando-se reciprocamente, pelo sentimento mútuo da solidariedade. Então, o forte será o apoio e não o opressor do fraco, e não se verá mais homens a quem falta o necessário, porque todos praticarão a lei de justiça. É o reino do bem que os Espíritos estão encarregados de preparar.

            Isso deve fazer parte do processo educativo para as futuras famílias. O mal que está tão enraizado na sociedade, só existe assim porque ele tem suas bases nas famílias. É importante que cada pessoa ao agir para formar uma família, tenha a consciência do egoísmo inerente que cada um possui e a partir daí envolver todo esforço para a sua extirpação, com pensamentos, palavras e ações, dentro da família e na comunidade. Este será o processo de formação do Reino de Deus, eu não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. A dúvida que eu tenho é que em algum momento desse processo eu possa me desviar um tanto dele devido aos meus desejos egoístas que podem vir nas forças do meu inconsciente disfarçado de qualquer tipo de outra motivação mais nobre. 

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em 08/01/2014 às 01h01
 
07/01/2014 01h01
EDUCAÇÃO, EGOÍSMO E VIRTUDE

            Até este ponto das minhas considerações sobre o matrimônio, casamento e desígnio de Deus, concordo plenamente com os documentos católicos quando dizem que é importante a educação para formar uma consciência crítica, atualizada e honesta entre os nubentes. Que não existam preconceitos de qualquer tipo para descartar a priori qualquer tipo de manifestação da Natureza. Vamos chegar inevitavelmente ao confronto: leis da Natureza x ética evangélica. As leis da Natureza mostram que o homem é formado de inúmeros instintos, todos enraizados na base do egoísmo e que são importantes para a sobrevivência corporal. A ética do Evangelho mostra que nossa vida neste mundo material é apenas um estágio de aprendizado na perfeição do amor e que isso deve levar ao completo domínio dos instintos, sem extirpá-los, o egoísmo sim! Isso é um processo lento e a forma de fazer isso é diminuir cada vez mais a força do egoísmo e promover o florescimento das virtudes. Para levar avante esse projeto, temos ótimas lições que podem ser encontradas em “O Livros dos Espíritos” a partir da questão 913:

            Questão 913 – Dentre os vícios, qual o que se pode considerar como radical?

            - Nós o dissemos muitas vezes: é o egoísmo: dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos está o egoísmo. Inutilmente os combatereis e não conseguireis extirpá-los enquanto não houverdes destruído a causa. Que todos os esforços, portanto, tendam para esse objetivo, porque aí está a verdadeira chaga da sociedade. Todo aquele que quer se aproximar, desde esta vida, da perfeição moral, deve extirpar de seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.

            Considerando o abuso das leis da Natureza como uma forma de vício, vamos então entender que a raiz de todos os vícios está no egoísmo. É uma forma de energia, de sentimento, que procura alcançar tudo aquilo que considera importante para a sua formação biológica, para a sua manutenção e perpetuação. Não considera os direitos que os outros possam ter e que buscam os mesmos objetivos. Pelo contrário, muitas vezes subjuga o próximo e força que trabalhem em seus próprios benefícios. Isso é o que causa a chaga da sociedade citada pelos Espíritos. Chaga essa que tem a sua origem a partir da formação da família que permite o egoísmo dentro delas e com a inteligência dos seus membros formula leis para a manutenção dos seus mais diversos interesses, mesmo que a ignorância, fome, peste e guerra campeiem ao seu lado.

            Questão 914 – O egoísmo, estando fundado sobre o sentimento de interesse pessoal, parece ser bem difícil de ser inteiramente extirpado do coração do homem: isso se conseguirá?

            - A medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, ligam menos valor as coisas materiais. Aliás, é preciso reformar as instituições humanas que o entretêm e o excitam. Isso depende da educação.

            Perfeito! O esclarecimento das coisas materiais (instintos, desejos, egoísmo) e das coisas espirituais (Evangelho, ética, virtudes) deve ser feito com toda honestidade e profundidade, principalmente aos nubentes que irão formar a célula máter da sociedade: a família. De todas as instituições humanas é a família a mais importante, pois forma a base de onde surge a sociedade. Não podemos deixar de educar aos nubentes sobre essas questões cruciais, pois a omissão dessa tarefa nos deixará sempre dentro de uma sociedade cruel e hipócrita como a que vivemos.  

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em 07/01/2014 às 01h01
 
06/01/2014 01h01
MATRIMÔNIO E DESÍGNIO DIVINO

            O documento do Papa Francisco, seguindo a esteira dos documentos anteriores, o Humanae Vitae e o Familiaris Consortio, insiste na proposta do desígnio divino acerca da verdade originária do amor esponsal e familiar: “O lugar único que torna possível esta doação segundo a sua verdade total, é o matrimônio, ou seja o pacto de amor conjugal ou escolha consciente e livre, com a qual o homem e a mulher recebem a comunidade íntima de vida e de amor, querida pelo próprio Deus, que só a esta luz manifesta o seu verdadeiro significado. A instituição matrimonial não é uma ingerência indevida da sociedade ou da autoridade, nem a imposição extrínseca de uma forma, mas uma exigência interior do pacto de amor conjugal que publicamente se afirma como único e exclusivo, para que seja vivida assim a plena fidelidade ao desígnio de Deus Criador. Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade põe-na em segurança em relação ao subjetivismo e relativismo, tornando-a participante da Sabedoria criadora.”

            Insiste o documento na verdade total do matrimônio assim como ele é na formação do amor esponsal e familiar. Cita que é um pacto de amor conjugal consciente e livre. Como pode ser consciente e livre se não é acolhido a linguagem, pensamento e comportamento das ruas, do mundano, das forças instintivas do desejo na modulação da família? Se não acontece essa explicação para quem deseja contrair o matrimonio, quando as forças instintivas se manifestarem no psiquismo de um e no outro cônjuge, eles irão se digladiar em defesa dos compromissos e interesses que fazem parte do pacto realizado, os conflitos tenderão a se aprofundar cada vez mais e irão sentir sim, o casamento como uma ingerência sobre uma liberdade que ele descobriram ser necessária para a realização de desejos que não foram considerados antes. Como aceitar que essa limitação imposta pelo casamento e que não fora considerada antes seja um desígnio de Deus? Se Deus está representado na Natureza e essa mesma Natureza é quem mostra a existência desses desejos que clamam por sua realização?   

            Certamente que a satisfação dos desejos sem o conhecimento de uma ética por trás, irá beneficiar sempre o mais forte, o homem, o mais rico, o mais poderoso. A ética que o matrimônio traz para limitar os abusos que possam ser cometidos e construir um núcleo familiar é de grande importância para a sociedade. Também é desejo de Deus que não haja abusos na engenharia da Natureza que Ele deixou formada. Somente assim o processo evolutivo pode avançar na base da harmonia e fraternidade.

            O Evangelho ensinado por Jesus é a grande lição que recebemos para fazer essa família ser construída nessa base e ser construído assim o Reino de Deus, como ele disse que já estava em tempo.

            Então, possuímos assim duas principais cartilhas para nossa educação: a primeira é a lei de Deus escrita na Natureza, que devemos aprender e aplicar sem abusos; a outra é o Evangelho que serve como limite ético para evitar os abusos que nossos instintos animais possam cometer. Dessa forma podemos construir uma família baseada na verdade e mais próxima do Reino de Deus. 

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em 06/01/2014 às 01h01
 
05/01/2014 03h48
FAMILIARIS CONSORTIO

            O outro documento citado pelo Papa Francisco é a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio” de Sua Santidade João Paulo II ao episcopado, ao clero e aos fiéis de toda Igreja Católica sobre a função da família cristã no mundo de hoje.

            Logo na introdução o documento diz que “A família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar. Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais. Consciente de que o matrimônio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade, a Igreja quer fazer chegar a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do matrimônio e da família, procura vivê-lo fielmente; a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade; e a quem está impedido de viver livremente o próprio projeto familiar. Sustentando os primeiros, iluminando os segundos e ajudando os outros, a Igreja oferece o seu serviço a cada homem interessado nos caminhos do matrimônio e da família. Dirige-se particularmente aos jovens, que estão para encetar o seu caminho para o matrimônio e para a família, abrindo-lhes novos horizontes, ajudando-os a descobrir a beleza e a grandeza da vocação do amor e ao serviço da vida.”

            Noutro trecho em que fala das Luzes e sombras da família de hoje, o documento diz da “Necessidade de conhecer a situação. Uma vez que o desígnio de Deus sobre o matrimônio e sobre a família visa o homem e a mulher no concreto da sua existência quotidiana, em determinadas situações sociais e culturais, a Igreja, para cumprir sua missão, deve esforçar-se por conhecer as situações em que o matrimônio e a família se encontram hoje. Este conhecimento é, portanto, uma exigência imprescindível para a obra de evangelização. É na verdade, às famílias do nosso tempo que a Igreja deve levar o imutável e sempre novo Evangelho de Jesus Cristo, na forma em que as famílias se encontram envolvidas nas presentes condições do mundo, chamadas acolher e a viver o projeto de Deus que lhes diz respeito. Não só, mas os pedidos e os apelos do Espírito ressoam também nos acontecimentos da história, e, portanto, a igreja pode ser guiada para uma intelecção mais profunda do inexaurível mistério do matrimônio e da família a partir das situações, perguntas, ansiedades e esperanças dos jovens, dos esposos e dos pais de hoje. Deve ainda juntar-se a isto uma reflexão ulterior de particular importância no tempo presente. Não raramente ao homem e à mulher de hoje, em sincera e profunda procura de uma resposta aos graves e diários problemas da sua vida matrimonial e familiar, são oferecidas visões e propostas mesmo sedutoras, mas que comprometem em medida diversa a verdade e a dignidade da pessoa humana. É uma oferta frequentemente sustentada pela potente e capilar organização dos meios de comunicação social, que põem sutilmente em perigo a liberdade e a capacidade de julgar com objetividade. Muitos, já cientes deste perigo em que se encontra a pessoa humana, empenham-se pela verdade. A Igreja, com seu discernimento evangélico, une-se a esses, oferecendo-lhes o seu serviço em prol da verdade, da liberdade e da dignidade de cada homem e mulher.”

            O ponto central nessas considerações do documento, que merece ser detalhadamente analisado, ponto por ponto em outra ocasião, é a necessidade de CONHECIMENTO. Conhecimento da Natureza trazido pela ciência e das repercussões causadas no meio social, nos relacionamentos. Por exemplo, existe uma crônica escrita por Fabrício Carpinejar, em seu livro “Ai meu Deus, ai meu Jesus” editado pela Bertrand Brasil em 2013 que diz assim logo no início com o título – SEXO e sexo:

            “Sexo é tudo para o homem, na primeira colocação do ranking, seguido de futebol e carro. O quarto e o quinto lugares ainda estão vagos.

            “Sexo não é tudo para a mulher, situado no quinto lugar da lista, depoois de casamento, amor, romance e paixão.

            “Sexo é envolvimento para o homem. É capaz de morar com uma mulher que faz sexo maravilhoso. Ele se apaixona pelo corpo para se apaixonar pela alma. Não desgrudará daquela que transa na primeira noite, as demais madrugadas são para confirmar que a estréia não foi uma alucinação. Admira quem é liberta de preconceitos, safada, exigente de posições fora do convencional. A possibilidade de experimentar uma vida extraordinária na cama arrebata sua confiança. O macho partilha de três fantasias: converter uma lésbica, tirar uma prostituta da profissão e casar com uma ninfomaníaca.

            “Para a mulher, envolvimento depende de forte retranca: segurar a primeira noite. Pode ter sexo na primeira manhã ou na primeira tarde. Mas primeira noite, não. Não pode aparentar facilidade, senão ele dispensará o esforço da conquista e não lhe dará valor.

            “Sua metodologia é retardar o grande momento até que ele se renda ao compromisso sério. Três dias de encontros sem nada é o ideal. Caso completar uma semana, é matrimônio na certa. Talvez até o candidato ficar alucinado de tesão a ponto de não diferenciar o que é real do que é imaginário. Existe um momento em que o parceiro, embriagado pelo próprio desejo, diz sim para qualquer pergunta. A fêmea acalenta três sonhos eróticos: que ele não ronque, não durma no sofá e não palite os dentes. Caso a trinca de modos aconteça, ela abrirá mão da fantasia com o dentista, o psiquiatra e o pediatra do filho.

            “O homem nunca reclama do casamento ao transar sete vezes por semana. Chia diante de uma média menor. A mulher reclama do marido se ele pensa em sexo o tempo todo.

            “O homem é o único mamífero que conta há quantos dias está sem transar. Pode perguntar agora ao seu parceiro: não duvido que não mencione as horas e os minutos. Ficar sem sexo é como uma prisão perpétua masculina. Uma contagem de confinamento. Logo depois que ele trepa, inicia de novo seu cronômetro. É um Sísifo dos travesseiros.

            “Mulher apenas contabiliza os dias de abstinência quando completa três meses. O trimestre é um sinal preocupante, a ameaça da seca. Falta de sexo é como gestação para a ala feminina, demora para ser vista.”

            Esta é a linguagem e o pensamento que predomina dentro da comunidade. O matrimônio, o casamento como ensinado pela Igreja, é considerado pelas mulheres e principalmente pelos homens como posto num altar, como está a maioria dos santos. Todos devem ser referenciados, respeitados, mas dentro do templo. Ao sair na rua ou adentrar nos grupos ou na intimidade da alcova, tudo isso fica muito distante. Fazer a junção do comportamento da rua com a ética do Evangelho é uma tarefa que cada discípulo do Cristo, independente da Igreja que ele freqüente, ou que não freqüente nenhuma, mas que tenha a intenção de cumprir com fidedignidade as lições evangélicas, deve procurar fazer, e a partir do seu próprio comportamento.

            Nesse aspecto a Igreja católica tem dificuldade, pois quer ensinar uma coisa que não possui a experiência prática. Nenhum padre ou freira tem a experiência de um relacionamento íntimo homem-mulher com a perspectiva de formar uma família para entrar nessa discussão com bases próprias. É parecido com o que acontece com os Alcoólicos Anônimos. Pessoas que se reúnem para combater o alcoolismo que cada um reconhece ser portador. Esse tipo de atitude traz um grande recurso terapêutico, superior a qualquer outra forma de tratamento que seja empregada. O sucesso é entendido porque todos que ali se acham reunidos conhecem a mesma linguagem do que está sendo abordado: a dependência do álcool. Na Igreja é como se os técnicos, padres e freiras, quisessem ensinar algo do qual eles não tem experiência própria. Perdem grande parte de sua força educacional.   

            Portanto, é assim que entendo e que os próprios textos da Igreja confirmam: o ensino da verdade qualquer que seja ela, desde que seja pertinente a vida dos nubentes, que sejam de interesse para o projeto de vida de cada um, e que seguem os caminhos da Natureza, devem ser feito sem nenhum resquício de preconceito. Apenas com o intuito de esclarecer devidamente o que cada um irá experimentar no futuro e a fazer a devida avaliação se consegue ou não cumprir determinada exigência legal ou espiritual. Neste caso a honestidade de quem ensina e de quem aprende é fundamental.

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em 05/01/2014 às 03h48
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