Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quarto capítulo “Os missionários”.
OS MISSIONÁRIOS
D. Manuel I recebeu sem grande surpresa a notícia do descobrimento das terras novas. Seu espírito se achava voltado para os tesouros inesgotáveis das índias, que faziam da Lisboa daquele tempo uma das mais poderosas cidades marítimas da Europa.
Contudo, o êxito do capitão-mor provocou um largo movimento de curiosidade no círculo dos navegadores portugueses. Quase todas as expedições que se dirigiam aos régulos da Ásia tocavam nos portos vastos de Vera Cruz, cujo Nordeste já centralizava as atenções dos comerciantes franceses, que aí se abasteciam de vastas provisões de pau-brasil.
Geralmente, as caravelas lusitanas que demandavam Calicut traziam consigo grande número de exilados e de aventureiros. Muitos deles foram abandonados no extenso litoral do país inexplorado e desconhecido, ao influxo das inspirações do mundo invisível; essas criaturas vinham como batedores humildes, à frente dos trabalhadores que, mais tarde, chegariam às terras novas.
A situação oficial perdurava com a indiferença do monarca, distraído pelas suas conquistas no Oriente; mas, entre as autoridades administrativas do Reino, comentava-se a questão da nova colônia abandonada aos exploradores franceses e espanhóis. Compelido pela opinião do seu tempo, D. Manuel providencia as primeiras expedições oficiais, a fim de que se colocasse nas suas praias extensas o sinal das armas portuguesas. Preparasse a expedição de Gonçalo Coelho, que, além de alguns cosmógrafos notáveis, levava consigo Américo Vespúcio, famoso na história americana pelas suas cartas acerca do Novo Mundo, nas quais, infelizmente, reside grande percentagem de literatura e de pretensiosa imaginação. Chegando ao litoral baiano, Gonçalo Coelho organiza a Feitoria de Santa Cruz, primeiro núcleo da civilização ocidental nas plagas brasileiras. O nome do país é agora Terra de Santa Cruz, pelo qual se faz conhecido nos documentos da metrópole.
Depois de graves incidentes, nos quais Vespúcio se entrega a aventuras pelo interior da colônia, sedento de posição e de glória, o expedicionário português, pobre de possibilidades e com raros companheiros, lança marcos de Portugal ao longo de toda a costa brasileira. Uma das emoções mais gratas ao seu espírito é o quadro maravilhoso da Baía de Guanabara. Julgando-se no estuário de um rio esplêndido, denomina Rio de Janeiro o local, em virtude de se encontrar ali nos primeiros dias do primeiro mês do ano.
No sítio encantado, instala uma nova Feitoria — a da Carioca, da qual não ficaram largos vestígios, passando aí meses a fio, a retemperar suas energias em contato com a paisagem magnífica. Prossegue na sua tarefa de reconhecimento e volta depois à metrópole, sem conseguir interessar o monarca no que se referia à exploração da terra nova. Limitou-se o rei português a permitir o estabelecimento de feiras de pau-brasil, na colônia longínqua, o que facultou aos elementos estrangeiros o mais largo desenvolvimento de comércio com os indígenas da região litorânea.
O Rio Carioca é um rio localizado no município do Rio de Janeiro, no Brasil. Nasce na Floresta da Tijuca, percorre os bairros de Cosme Velho, Laranjeiras, Catete e Flamengo e deságua na Baía de Guanabara, na altura da Praia do Flamengo. A maior parte de seu curso é, atualmente, subterrâneo: em apenas três trechos, suas águas correm a céu aberto. O primeiro, na sua nascente, na Floresta da Tijuca; o segundo, junto ao Largo do Boticário, no Cosme Velho e o terceiro, na sua foz na Praia do Flamengo, junto à estação de tratamento de efluentes.
O rio Carioca está intimamente vinculado ao desenvolvimento urbano da cidade, tendo sido usado como fonte de água doce desde os inícios da época colonial. Em 1503, na sua foz, onde hoje é a Praia do Flamengo, foi construída, a mando de Gonçalo Coelho, uma casa que ficaria para sempre marcada na memória do Rio de Janeiro. Os índios tamoios que viviam na região passaram a chamá-la de akari oka, que significa "casa de cascudo". "Cascudo" seria o apelido dado pelos índios aos portugueses, por causa da semelhança entre as armaduras dos portugueses e as placas características do corpo desse peixe. Segundo alguns, o termo teria dado origem não só ao nome do rio mas também ao nome do natural da cidade do Rio de Janeiro.
Outra interpretação, porém, remete o nome do rio a uma aldeia tupinambá que existia no sopé do outeiro da Glória, numa das duas fozes do rio (a outra era na Praia do Flamengo). Essa aldeia foi mencionada pelo francês Jean de Léry (1536-1613) em seu relato sobre a França Antártica. O nome da aldeia, Karîoka, Kariók ou Karióg, significava "casa de carijó".
As águas do rio foram canalizadas e desviadas já nos séculos XVII e XVIII, durante a construção do Aqueduto da Carioca. Terminado em 1750, o aqueduto alimentava várias fontes e chafarizes do Rio de Janeiro colonial. Uma das principais dessas fontes localizava-se num largo no centro da cidade, o que deu origem à denominação do Largo da Carioca. O rio foi, durante toda a época colonial, a principal fonte de água doce para a população. Na altura do atual Largo do Machado, formava a lagoa do Suruí (termo proveniente do tupi siri 'y , que significa "rio dos siris"), da Carioca ou de Sacopiranha.
Da lagoa da Carioca, uma parte das águas seguia até a foz do rio na Praia do Flamengo e outra parte se desviava para a esquerda, formando o rio Catete, que desaguava na Praia do Russell, que é atualmente a Rua do Russell, no bairro da Glória. Posteriormente, tanto a Lagoa da Carioca quanto o rio Catete foram aterrados. Desde 1905, após obras do prefeito Pereira Passos, o rio corre subterraneamente na maior parte de seu curso, visando a prevenir inundações. Em 2003, começou a entrar em operação uma estação de tratamento de efluentes na foz do rio, na Praia do Flamengo. O tratamento da água é necessário devido aos esgotos clandestinos jogados no rio ao longo de seu curso, através da rede pluvial. (Wikipedia, 26-09-2020).
Observamos a formação do atual contexto político e geográfico pela ação dos portugueses que tinham atrás de si, os desígnios espirituais. Importante seguir essas trilhas até os dias de hoje para programar o futuro sintonizado com a liderança espiritual do Cristo e seus missionários.
Depois da lição recebida diretamente de Deus, citado no texto do dia anterior, recebo esta de forma indireta, pelas reflexões de Emmanuel através de Chico Xavier. Tem o título de “Auxilio Eficiente” onde é resgatado uma fala de Mateus (5:2) sobre o Cristo: “E abrindo a sua boca os ensinava”.
O homem que se distancia da multidão raramente assume posição digna à frente dela. Em geral, quem recebe autoridade cogita de encastelar-se em zona superior. Quem alcança patrimônio financeiro elevado costuma esquecer os que lhe foram companheiros do princípio e traça linhas divisórias humilhantes para que os necessitados não o aborreçam.
Procuro evitar essa tendência que está presente em todos os seres humanos, ligados à animalidade. O afastamento das pessoas que precisam de uma ajuda daquelas que estão melhor posicionadas na vida é uma constante no meio social. As pessoas necessitadas tendem a se aproximar; as pessoas abastadas tendem a se afastar. A missão espiritual leva a corrigir essas tendências. A solidariedade é o instrumento para a vivência da fraternidade.
Quem aprimora a inteligência quase sempre abusa das paixões populares facilmente exploráveis. Usemos o conhecimento adquirido com a inteligência para compreender as paixões populares e dar um melhor direcionamento a elas.
E a massa, na maioria das regiões do mundo, prossegue relegada a si própria. Temos que criar missionários em todas as regiões do mundo com esse objetivo, de acolher as necessidades de tantos que não tem a quem estender a mão.
A política inferior converte-a em joguete de manobra comum. Procuremos usar a verdade em todos os rincões da Terra para denunciar e desautorizar esse comportamento político, ideológico, vampiresco com as massas ignorantes.
O comércio desleal nela procura o filão de lucros exorbitantes. O capitalismo não pode se tornar tão selvagem a ponto de ver a pessoa como simples meio para canalizar seus lucros. Não é que o sistema capitalista seja selvagem, e sim as pessoas que o utilizam que se tornam selvagens.
O intelectualismo vaidoso envolve-a nas expansões do pedantismo que lhe é peculiar. O potencial de aprendizado fica associado ao materialismo e individualismo causando um afastamento daqueles que são considerados ignorantes, que não tiveram as oportunidades que o intelectual vaidoso obteve.
De época em época, a multidão é sempre objeto de escárnio ou desprezo pelas necessidades espirituais que lhe caracterizam os movimentos e atitudes. Também as necessidades materiais são dirigidas sem o sentimento da solidariedade e fraternidade universal e promovem revoluções ao redor do mundo, cheios de ânsia de dominação, produzindo regimes ditatoriais e genocidas.
Raríssimos são os homens que a ajudam a escalar o monte iluminativo. Pouquíssimos mobilizam recursos no amparo social.
Jesus, porém, traçou o programa desejável, instituindo o auxílio eficiente. Observando que os filhos do povo se aproximavam dEle, começou a ensinar-lhes o caminho reto, dando-nos a perceber que a obra educativa da multidão desafia os religiosos e cientistas de todos os tempos.
Quem se honra, pois, de servir a Jesus, imite-lhe o exemplo. Ajude o irmão mais próximo a dignificar a vida, a edificar-se pelo trabalho sadio e a sentir-se melhor.
Eis a importância da Escola Igreja Trabalho e Amor (EITA), pois leva a pessoa ter essa compreensão de engajamento nas lições do Cristo, trazendo para perto de si todos os necessitados carentes de instrução e de apoio fraterno.
Entendi que o Pai deseja de mim que eu construa uma maquete do Seu reino, formando a família universal ao meu redor com base no amor incondicional. Estou com o projeto montado na minha cabeça, procurando colocar em prática, agora com o conhecimento da técnica do Marketing Multinível aplicada nos negócios, mas que se aplica com perfeição nos valores espirituais.
Dentro dessa missão, o valor inerente mais importante é a fraternidade, de todos se considerarem irmãos, filhos do mesmo Pai. Para isso devemos vencer as forças do egoísmo associadas ao materialismo.
Procuro desenvolver a fraternidade, considero uma prática que já faço com certa constância. Mas acredito que o Pai quis que eu me aprofundasse na questão, que eu não fosse sempre aquele pronto a ser fraterno, a ajudar as pessoas. Que eu passasse também por ser alvo da fraternidade do meu próximo. De ser ajudado por outras pessoas, até distantes no relacionamento, no espaço e no tempo. Foi o que aconteceu no caso da cirurgia de Eric, meu filho.
Telefonei para o pessoal de Caicó onde eu iria trabalhar e falei em cima da hora sobre o acontecido, citado no texto do dia anterior. Senti a solidariedade de todos e a preocupação com o bem-estar. Uma das falas das pessoas que contatei, uma funcionária que pouco tenho contato com ela, respondeu da seguinte forma: “Estamos aqui para servir um ao outro, temos que ter espírito fraterno”.
Foi como Deus tivesse falando para mim... “Veja, os meus filhos já possuem espírito fraterno, cabe a você dar um direcionamento coletivo, ajuda-los a defender esse núcleo fraterno para que os impulsos egóicos não o contamine, que a verdade não seja manipulada em causa própria ou por más influências. O que vejo acontecer cotidianamente dentro da humanidade é o avanço das iniquidades sem nenhuma preocupação com a verdade, a justiça, a solidariedade. Dessa forma a fraternidade fica soterrada por emoções negativas de raiva, ódio e ressentimentos. O seu papel, Francisco, após todo o tempo de capacitação que você já teve, é mostrar de forma fraterna essa situação. Veja como as pessoas têm dentro de si o germe da fraternidade, que faz parte da luz que coloquei em cada ser quando eu os criei. Sinto que a comunidade que estás formando em torno de si traz essas particularidades de verdade, justiça e solidariedade. Falta a forma de ampliação, isso que você procura fazer com a técnica do marketing multinível e do Evento Reino de Deus – uma construção possível? Este sentimento que quis agora incutir em você, é para atenuar a arrogância de conduzir essa missão do meu interesse como a pessoa acima de todas as outras, com mais dons espirituais, despertando no seu interior a vaidade, orgulho e arrogância. Saiba que você está nivelado com seus irmãos, o que você tem de melhor que os outros, os outros têm muito mais coisas e sentimentos melhores que os seus, no contexto coletivo. A humildade em todos os meus filhos que despertaram sobre a importância de cumprir a minha vontade, funciona como um cimento a unir com solidez minhas virtudes que no conjunto, quanto mais harmonioso, mais próximo de mim se tornam”.
Sim, lição recebida. Ficarei mais atento.
Deus está sempre conosco, principalmente daqueles que procuram ficar mais sintonizados com Ele. Apesar de eu não ser um filho bom comunicador com Ele, não encontro as palavras nem os momentos para ficar mais perto dEle, confesso que estou sempre perto (que paradoxal, não é?... mas não vejo outra forma de expressar esse sentimento de ausência/presença), pois quando surge algo diferente vem logo à minha mente que Ele está agindo de alguma forma.
Assim aconteceu hoje (dia 18-09-2020) quando fui tirado de forma radical da minha rotina. Meu filho Eric tinha se submetido a uma cirurgia simples para corrigir uma fístula/abcesso em região não vital. Acompanhei ele no hospital, falei com a cirurgiã do caso, e deixei ele e a mãe em casa em condições de fazer os curativos. De repente surge uma hemorragia não controlável em casa e ele foi com a mãe de urgência para o pronto socorro. A cirurgiã foi avisada e foi até a urgência fazer a correção do vaso que extravasava o sangue. Eu havia cochilado num apartamento longe deles, antes da viagem que faria para Caicó as 2h30 do dia seguinte. Foi quando despertei percebi o recado deles, angustiados, e a mãe até desesperada, pedindo e exigindo a minha presença, que eu não deveria ir para Caicó, deixando o filho nessa condição. Por meu conhecimento técnico, sabia que nada disso poderia levar ao desenlace fatal, não havia nenhum órgão vital envolvido, a região não era de risco para a funcionalidade orgânica. Meus pacientes do interior, que se deslocam de uma cidade a outra para terem a consulta comigo, iriam se ressentir da minha ausência, um fato que nunca aconteceu durante os mais de 10 anos que trabalho nessa cidade e região, distante cerca de 240 km da capital, onde resido. Pelo meu raciocínio técnico, não justificaria a minha falta, mas entrou o raciocínio lógico que assume uma dimensão mais ampla, circunstancial, relacional... algo que eu acabara de criticar na cirurgiã que usando o raciocínio técnico não havia dado os dias de licença necessários para a mãe acompanhar o filho e servir de enfermeira nos curativos e demais ações, já que moram sozinhos. Eu não poderia fazer a mesma coisa que ela fez, agir somente pelo raciocínio técnico.
Nesse momento senti a presença de Deus sondando meu coração, mente e livre arbítrio. Foi quando tomei a decisão de ficar perto do meu filho e sua mãe e iria informar a todos o que estava acontecendo para atenuar os efeitos de minha falta. Senti a solidariedade de todos a quem comunicava e percebi que a dinâmica relacional dos envolvidos direta ou indiretamente, era de exercer a fraternidade com a pessoa em dificuldade, mesmo que isso trouxesse algum tipo de “prejuízo”. Era a semente de Deus plantada em cada criatura que iluminava a razão.
Conversei com o Pai, pedi o que geralmente estou pedindo, sabedoria, coragem e inteligência rápida para fazer a vontade dEle e não a minha. Pedi a proteção para Eric que é o alvo do que está acontecendo e para a sua mãe que é o pivô de todas as ações em busca do benefício do filho. O Pai não pediu, mas senti que deveria fazer um agrado, como fazemos com o pai biológico quando queremos alguma coisa dele. Disse ao Pai que queria a Sua proteção para Eric e a mãe, mesmo que nesse momento eles não tivessem merecimento pela lei de causa e efeito, mas que eu estava disposto a pagar algum preço em forma de intercessão. Ficaria sem colocar alimento nenhum no meu corpo durante três dias como forma de ficar mais próximo de Si e dos meus irmãos espirituais que também estão engajados na realização de Sua vontade.
Eis um caminho diferente que o Pai de repente coloca à minha frente. Até o momento estou me sentindo em sintonia com Ele, trazendo harmonia em todos os espaços e circunstâncias, materiais e relacionais, mesmo que isso tenha trazido algum atropelo para outras pessoas, mas todas com capacidade de usar o dom da solidariedade e da fraternidade, para se ajustarem sem ressentimentos.
Também é uma prova, o Pai está observando por onde estou dirigindo meu livre arbítrio, se isso é harmônico com sua vontade, se consigo controlar os impulsos egoístas de autopreservação, por isso ofereci a prova do jejum por três dias, pois esta é uma das maiores forças que dominam a minha mente, associada ao erro da gula e levando ao prejuízo da obesidade. Este vai ser o ponto focal da minha provação, mas sei que durante esses três dias de maior aproximação com o mundo espiritual, outros eventos irão ocorrer, daí eu necessitar da inteligência rápida para decidir, sabedoria para considerar todo o contexto envolvido e coragem para colocar em prática o que a consciência decide como o correto.
Encontrado, fortuitamente, um site que oportunizava a leitura do Evangelho ao acaso, cliquei para ver se nele estava alguma orientação do Pai para mim. Vejamos...
A beneficência (V)
Meus caros amigos, todos os dias ouço entre vós dizerem: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”, e todos os dias vejo que faltais com a indulgência aos vossos semelhantes. Nada lhes perdoais e vos arvorais em juízes muitas vezes severos, sem quererdes saber se ficaríeis satisfeitos que do mesmo modo procedessem convosco. Não é também caridade a indulgência? Vós, que apenas podeis fazer a caridade praticando a indulgência, fazei-a assim, mas fazei-a largamente. Pelo que toca à caridade material, vou contar-vos uma história do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Dissera Deus: Enquanto esses dois homens viverem, deitar-se-ão em sacos diferentes as boas ações de cada um deles, para que por ocasião de sua morte sejam pesadas. Quando ambos chegaram aos últimos momentos, mandou Deus que lhe trouxessem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava o metal que o enchia; o outro era pequenino e tão vazio que se podiam contar as moedas que continha. Este o meu, disse um, reconheço-o; fui rico e dei muito. Este o meu, disse o outro, sempre fui pobre, oh! quase nada tinha para repartir. Mas, oh! surpresa! postos na balança os dois sacos, o mais volumoso se revelou leve, mostrando-se pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o primeiro no prato da balança. Deus, então, disse ao rico: destes muito, é certo, mas destes por ostentação e para que o teu nome figurasse em todos os templos do orgulho e, ao demais, dando, de nada te privaste. Vai para a esquerda e fica satisfeito com o te serem as tuas esmolas, contadas por qualquer coisa. Depois, disse ao pobre: Tu deste pouco, meu amigo; mas, cada uma das moedas que estão nesta balança representa uma privação que te impuseste; não destes esmolas, entretanto, praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a caridade naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste indulgente; não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas ações lhe relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa. — Um Espírito protetor. (Lião, 1861.) - (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 15.)
Sim, serve de lição para mim. Há muito sei da importância da indulgência, de não me arvorar como juiz do próximo, mas sempre está acontecendo isso comigo, nos semáforos principalmente, onde mãos se estendem e sempre estou tentando ser justiceiro, de quem merece ou não aquela ajuda... minha mente racional diz que estou certo, eu devo ser prudente para não estar alimentando alguma maldade disfarçada naquela mão estendida. No entanto, vejo bem, aqui está uma mensagem do Pai que me diz o contrário. Não posso ser o juiz de ninguém, devo ser indulgente. Minha mente quer anular essa informação, mas minha lógica diz que se eu fizer assim devo anular todas as demais mensagens que recebo do Pai. Então, a lógica impede que a razão, da forma que surge na minha consciência, se materialize. Deve prevalecer a indulgência, a benevolência, mesmo que as minhas moedas assim distribuídas não tenham o peso daquele saco do pobre.
Mas pode ser o primeiro passo nessa minha dificuldade de tanto tempo e que talvez isso me afaste do Pai, como um filho desobediente.