Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
28/12/2019 00h28
DOIS PAPAS (02-SACRAMENTOS)

            No filme da Netflix, baseado em fatos reais, são apresentados diálogos interessantes entre o papa Bento XVI e o cardeal Jorge Bergoglio, que é importante vermos e refletirmos. Vou ter a permissão de entrar na conversa, como uma ovelha disposta a aprender com meus pastores, podendo colocar minhas opiniões e dúvidas sobre o que se está tratando. Deixo a mesma permissão aos meus leitores, e principalmente nas críticas por minhas intervenções.

            O Cardeal Jorge Bergoglio, da Argentina, continua a conversar com o papa Bento XVI em sua residência de verão, caminhando ambos pelo jardim.

            -B – E sobre casamento para padres...

            -J – Fui mal interpretado. O que eu disse é que o celibato pode ser um dom, mas também pode ser uma maldição.

            -B – Sobre a homossexualidade?

            -J – Eu só disse...

            -B – Foi mal interpretado de novo?

            -J – Tirado do contexto.

            -B – Posso sugerir que diga aos jornais o oposto do que pensa, assim as suas chances de não ser mal interpretado melhoram. Acho que costuma dar o Sacramento a quem não deve comungar? Aos divorciados, por exemplo.

            -J – Eu acho que a comunhão não é uma recompensa para os virtuosos, mas alimento para os famintos.

            -B – Ah, então o que importa é no que você acredita, e não o que a Igreja ensina há centenas de anos?

            -J – Não, não... Marcos, capítulo dois, versículo 17: “Eu vim para chamar os pecadores”, como a Igreja ensina há milhares de anos.

            -B – Mas se não criarmos limites...

            -J – Ou muros para separar.

            -B – Você fala de muros como se fossem ruins. As casas são construídas com muros fortes.

            -J – E Jesus construiu muros? Sua face é a misericórdia. Quanto maior o pecador, maior a acolhida. O perdão é a misericórdia que explode os muros.

            Sobre o celibato, acredito que o Cardeal Jorge tenha razão; alguns têm a vocação, outros encaram como obrigação. Nestes sempre existirá uma brecha para a satisfação dos impulsos sexuais que estão associados ao casamento, união conjugal.

            Sobre a homossexualidade, acredito que o Papa Bento tenha a razão. Se a Igreja determinou uma conduta para o casamento entre heterossexuais, e não tenha colocado a possibilidade de fazer o mesmo com os homossexuais, por que isso não deva ser respeitado? A posição da igreja? Isso não quer dizer que os homossexuais sejam desrespeitados, mas a instituição “Igreja Católica” tem essa conduta muito forte. Quebra-la de forma abrupta significa um forte impacto no ideal cristão católico, que pode até acontecer, mas com o tempo suficiente para a absorção da ideia e sua ressignificação da instituição frente o livro básico – a Bíblia.

            Sobre dar o Sacramento a quem não deve comungar, mais uma vez fico ao lado do Papa Bento. Eu acho sim, que o Sacramento que a Igreja adota como dogma, quem dela participa deve se capacitar para o receber. Quem dela não participa nem segue seus dogmas, como eu por exemplo, para que danado irei atrás de um Sacramento que não está no meu ideal? Que é praticar o bem e seguir a Lei do Amor conforme Cristo ensinou e que tudo isso surge como Lei na minha consciência? Não tenho necessidade desse Sacramento, apesar de ter o maior respeito de quem dele necessita e faz todo o esforço para se tornar virtuoso segundo os critérios da Igreja, para o merecer e o receber. Por isso acho injusto, os iníquos os receberem somente por dizerem da boca para fora que precisam dele. E as virtudes que eles não estão praticando? Somente o arrependimento que professam e que pode até ser uma mentira, é suficiente?  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/12/2019 às 00h28
 
27/12/2019 00h25
DOIS PAPAS (01-SIMPLICIDADE)

            No filme da Netflix, baseado em fatos reais, são apresentados diálogos interessantes entre o papa Bento XVI e o cardeal Jorge Bergoglio, que é importante vermos e refletirmos. Vou ter a permissão de entrar na conversa, como uma ovelha disposta a aprender com meus pastores, podendo colocar minhas opiniões e dúvidas sobre o que se está tratando. Deixo a mesma permissão aos meus leitores, e principalmente nas críticas as minhas intervenções.

            O Cardeal Jorge Bergoglio, da Argentina, é convidado para visitar o papa Bento XVI em sua residência de verão.

            -B – Bom dia

            -J – Santidade.

            -B – A última vez que nos encontramos falamos em latim.

            -J – Foi um encontro muito breve. Nunca fui tão estudioso quanto o senhor. Por favor, latim não.

            -B – O latim é sempre útil, especialmente quando preciso dar más notícias aos cardeais. Somente 20% ficam bravos, porque só 20% entendem o que digo. Me desculpe pela espera, sei que é muito pontual. Paolo, meu último assistente, me faria chegar na hora. Ele era perfeito.

            -J – Mas agora está preso.

            -B – É.

            -J – Prefere andar?

            -B – Sim, mas não seria inteligente. Seu cadarço está desamarrado. Me escreveu pedindo para se aposentar.

            -J – Isso. Tenho os papéis aqui.

            -B – Cardeais só se aposentam depois dos 75 anos. Está doente?

            -J – Tenho problema nos pulmões.

            -B – Sei, mas você já nasceu assim, e isso nunca foi um problema. Está em sua ficha.

            -J – Ficha?

            -B – Aqui temos fichas de todos, não precisa se sentir lisonjeado.

            -J – Não, eu... não estou doente.

            -B – Na verdade, você é bem ativo. Você anda por toda parte, às vezes de bicicleta.

            -J – E faço tango uma vez por semana.

            -B – A dança?

            -J – Eu sou argentino. Tango e futebol são obrigatórios.

            -B – É claro. E você dança com alguém?

            -J – Pareceria tolo dançar sozinho, então, pela dignidade do meu cargo, eu danço com alguém.

            -B – Claro, que bom... então... você é um dos meus maiores críticos, e há muita competição por esse título.

            -J – Jamais falei contra o senhor.

            -B – Não diretamente, mas se recusou a morar no palácio oficial dos cardeais arcebispos.

            -J – É grande demais.

            -B – Bem, por ser tão puro e simples, isso faz parecer que não somos suficientemente simples.

            -J – Alguém conseguiria viver de forma suficientemente simples?

                        Essa é uma questão complicada do ponto de vista prático, pois mistura a cultura humana cheia de necessidades egoístas, a pompa, poder e luxo, com o ideal espiritual da espiritualidade, a simplicidade. Seria possível a simplicidade dos primeiros discípulos do Cristo terem levado o Evangelho a todas as partes do mundo, sem um aparato de pompa e poder? Também acho estranho tanto luxo e riqueza nas igrejas católicas e as ovelhas com tantas necessidades. Eu acredito que não teria oportunidade de conhecer o Evangelho com tanta facilidade, se não fosse o poder da Igreja em colocar na pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte essa oportunidade, inclusive com uma escola administrada pela igreja, cujos alunos tinham que pagar mensalidade.

            O que pode ser observado é que esse poder é da Igreja e não das pessoas que a administram. Pode usar até alguns paramentos para lembrar a responsabilidade e a dignidade do cargo que exerce, mas nunca incorporar esses valores como bens pessoais.

            Fazendo assim, a pompa da Igreja serve para sua disseminação pelo mundo e seus gestores não se tornariam contaminado pelo poder, pelo contrário, o usariam para dar força à disseminação do Evangelho.

            A queixa do papa Bento sobre o comportamento do Cardeal Jorge é compreensível. Ele fica na berlinda como uma pessoa ostensiva enquanto outro se mostra tão simples e popular. Lembra Francisco de Assis, na sua simplicidade e pobreza e missão de levantar moralmente a Igreja do Cristo. Será que Francisco de Assis teria condições de liderar a Igreja da forma que se encontra hoje? Lembrar que a sua própria ordem não seguiu as orientações de pobreza que ele pregava e apenas pessoas bem vocacionadas conseguem ir pelo mesmo caminho. E, apesar de tudo, a ordem franciscana não acabou até hoje com a pompa da Igreja, e até com pecados mais severos.

            O atual papa Francisco, com toda seu esforço e boas intenções de seguir a simplicidade, não consegue deixar de lado a pompa, de vestir os paramentos da fé e usar os recursos modernos de locomoção e segurança, que envolvem milhares de reais que poderiam ser muito úteis a causa da pobreza.

            Mas tudo isso é entendido e o próprio Jesus já advertia, quando repreendeu Judas por ele querer que a mulher pecadora vendesse o óleo caríssimo com o qual ungia o Mestre, para entregar aos pobres. O Mestre disse que a mulher estava correta, pois ela só o teria uma vez, enquanto os pobres sempre existirão.

            Assim também é a Igreja. Se fossemos distribuir sua riqueza com os pobres e acabar com sua pompa e poder, a Igreja não mais existiria como a vemos hoje, com o seu poder de evangelização, e os pobres continuariam a existir.  

            Teremos que ter muita sensibilidade, para que uma ação que seja correta, como a simplicidade, não coloque em dificuldades outras pessoas que procuram seguir as lições do Cristo por outras vertentes.  

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em 27/12/2019 às 00h25
 
26/12/2019 00h24
COINCIDÊNCIAS X DEUS

            Coincidências não existem, todos estamos nas mãos de Deus. Para aqueles que têm fé, esta é uma verdade. Tudo que acontece, a todo momento, em qualquer lugar, tem a mão de Deus como fonte original.

            Do ponto de vista materialista, rigoroso, Deus não existe e coincidências sim. A matéria tem um propósito evolutivo inerente, que não depende de ação divina e sim das leis que regem as diversas manifestações da energia, que pode ser tão condensada que gera a matéria e suas transformações. Portanto, se estudamos essas leis, vamos descobrir paulatinamente a verdade que a ciência nos traz, independente da graça de um Deus.

            Absorver um ou outro paradigma, vai depender muito da educação, das tendências inatas, biológicas ou espirituais, de cada um.

            Durante a primeira fase da minha vida, vivi dentro de um contexto religioso, espiritual. Aceitava com naturalidade e existência de Deus e dos santos, sem fazer qualquer questionamento. Porém, dentro da escola, a transmissão dos conhecimentos científicos chegava sempre divorciados da presença de Deus, esse Elemento não era necessário para a formulação das equações sofisticadas de explicação dos fenômenos.

            Com minha dedicação aos estudos e a constatação que a verdade sobre a natureza vinha através deles, passei a desenvolver ojeriza à pregação de pastores quando confrontava os dogmas religiosos com as descobertas e avanços da ciência e tecnologia.  Cheguei a sair da igreja, evangélica nesse momento, e fiquei ainda mais aliado da ciência, dentro do materialismo. Duvidava da existência de Deus.

            Passei algum tempo com essa mudança de paradigma, mas insatisfeito com minhas dúvidas, não cheguei a aceitar a posição dos materialistas radicais da inexistência de Deus. Eu sentia que existia algo mais que a ciência não conseguia me explicar e eu descobri também que a ciência cometeu muitos erros no passado e nada garantia que eu não estivesse dentro de alguns deles.

            Quando descobri a doutrina espírita, uma filosofia coerente com minhas dúvidas, que explicava muito do que antes eu não compreendia, voltei a colocar Deus dentro dos meus paradigmas de vida. O Livro dos Espíritos seguido das outras obras do quinteto kardequiano, trouxeram solidez ao meu pensamento, eliminando as dúvidas que eu possuía, principalmente quanto a existência de Deus.

            Hoje encontro em tudo a participação de Deus em minha vida, não quer dizer que Ele esteja me conduzindo como uma marionete. Não é assim, simplesmente eu vejo em tudo a mão dEle me oferecendo opções dentro das minhas convicções e que depende de mim, do meu livre arbítrio, segui-las ou não. Para mim as coincidências não existem, se algo acontece e que necessito para reforçar minha compreensão ou ações, não é o acaso que me trouxe, e sim o Pai que está sempre vigilante nos meus débeis passos no caminho evolutivo que tenho que percorrer para chegar mais próximo dEle.

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em 26/12/2019 às 00h24
 
25/12/2019 00h24
UM SIGNIFICADO PARA O NATAL

            Podemos ter vários significados para o Natal, de acordo com a religião, profissão e o paradigma de vida. O meu significado aborda a religião, mais o significado que tenho construído ao longo da minha experiência em vários tipos de estudos. Não significa que este ponto de vista que defendo seja algo definitivo, incapaz de ser alterado. A qualquer momento posso reformar meu pensamento e fazer outra narrativa. Neste momento esta é a narrativa que tenho quanto o Natal.

            Deus construiu tudo que existe no mundo. Nos construiu com a capacidade de raciocinar e evoluir de forma lenta dentro dos princípios morais. Acontece que os animais, onde estamos classificados, têm um forte egoísmo que direciona seu comportamento para tudo que o beneficia ou os seus parentes e amigos mais próximos, seguindo esta ordem hierárquica. Essa forma de relacionamento termina por privilegiar a lei do mais forte, o mal passa a prevalecer na sociedade. Até a vida, o bem mais precioso que possuímos não era considerada com o devido respeito. Os romanos, sociedade mais civilizada e poderosa do seu tempo, organizava os espetáculos circenses onde os gladiadores eram invariavelmente mortos sob a aclamação da plateia.

            Observando Deus, que os homens não iriam sair dessa situação sem uma ajuda externa, convocou Jesus, a sua criatura mais evoluída, para assumir a missão de vir à Terra ensinar o amor. Em 25 de dezembro ele veio à luz, e chegou a mudar o calendário, contando os homens os anos para antes ou depois de sua vinda.

            Tudo isso foi possível, todo esse reconhecimento, pela tamanha consideração devido o trabalho feito por Jesus. Com toda a dificuldade de pessoa pobre, tendo que trabalhar para manter a subsistência e ajuda na economia doméstica, somente ao atingir os 30 anos ele entrou em posse da sua missão, desenvolvendo-a durante 3 anos, preparando a fundo 12 pessoas para seguirem no estudo quando ele não estivesse mais entre nós.

            Foi o trabalho dessas 12 pessoas, acrescido do trabalho de Paulo de Tarso, que extrapolou os muros da Judéia e se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil e dando a conhecer as lições do Mestre.

            Como seu ensinamento foi baseado no Amor Incondicional, construiu um forte antagonismo sobre o egoísmo que campeava em todas as áreas. Mesmo sendo conduzido por pessoas imperfeitas, que distorciam as lições e provocavam até o contrário do que era ensinado, mesmo assim a essência do amor terminava por surgir aqui e ali e os abusos terminavam sendo coibidos, de alguma forma, mesmo que não na totalidade.

            Estamos há 2.000 anos de suas lições do amor, mesmo assim o mal ainda prevalece na nossa sociedade, em todas as latitudes, nas suas diversas formas. Apesar disso tudo, uma consciência cada vez maior nos leva a maior racionalização, de que Jesus é o governador da Terra dentro de uma guerra espiritual e que podemos nos engajar nessa missão..

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em 25/12/2019 às 00h24
 
24/12/2019 00h22
O DRAGÃO E OS CÃES – PARÁBOLA MODERNA

            Certo fazendeiro convivia pacificamente com seus cães na administração da fazenda. Com o tempo, contaminado pelo egoísmo, deixou de ser bondoso e justo com seus animais. Explorava em demasia a ordenha das vacas, o trabalho dos cavalos, a carne das aves... Mantinha a fazenda sob a proteção dos cães que tinham sido adestrados para proteger a área de qualquer ameaça externa. Acontece que alguns animais mais insatisfeitos começaram a importunar o fazendeiro com protestos e quebra na produção. Ouviram falar que existia um dragão do outro lado do mundo que proporcionava à força os bens que todos sonhavam possuir, e passaram a evocar o espírito desse dragão, que viesse destruir o fazendeiro e assumir a administração da fazenda. Outros animais mais ponderados, racionais e espiritualizados, que constituíam a maioria na fazenda, sentiram o perigo que havia nessa evocação, que o fazendeiro já estava sendo possuído pela alma do dragão, e foram em romaria pelas veredas da fazenda pedir as cães que protegessem a harmonia que existia, que não deixassem o dragão monopolizar tudo, e que o fazendeiro já estava possuído.

            Os cães entraram em conflito. Foram adestrados para obedecerem ao fazendeiro. Por outro lado, também foram adestrados para defender a fazenda, representada por todos os animais. Sentiram, enfim, que a fazenda corria risco, pois onde o dragão passava a administrar ocorria muita morte e perda da liberdade. Os cães resolveram afastar o fazendeiro obcecado e garantiu com a força do adestramento a manutenção da lei e da ordem como foram ensinados. Os animais revoltosos continuaram a lutar na clandestinidade e com violência pela vinda do dragão.

            Enquanto os cães garantiram a segurança da fazenda, o dragão não se aproximou. Foi um período de prosperidade para a fazenda, mesmo com os animais agitados fazendo o maior barulho e más insinuações com tudo o que acontecia. Foi destruindo sistematicamente com violência e falsas narrativas toda a moral dos cães, ingênuos em suas boas intenções. Chegou a um ponto que na fazenda só se ouvia o grito de protestos dos exaltados evocadores do dragão, e com isso cooptavam estudantes, professores, juristas e até eclesiásticos menos esclarecidos na verdade.

            Os cães resolveram entregar a gerência da fazenda aos novos fazendeiros que se digladiavam para assumir o poder central, com a bandeira do dragão, e assumindo o mando sobre os cães.

            Será que isso dará certo?

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/12/2019 às 00h22
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