Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/12/2019 00h22
QUANDO DORMES

Quando o sono da noite deixa o corpo

Embrulhado nos lençóis alvos da cama

Parece não ter vida, estar morto

Parece não ter alma, não ter chama.

 

Porém, agora, quando estás em pleno sono

Que tua vida é mais viva do que antes

E a verdade diz com certeza o que somos

Procurando no astral nossos amantes

 

Ah, quem me dera disso tudo me lembrar

Do teu perfume, teu afago, teu abraço

Do teu olhar sem ter medo de embaraço

 

Ah, quem me dera ter certeza ao acordar

Que irei sempre, sempre ter contigo

Pois quando dormes tu vens logo ter comigo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/12/2019 às 00h22
 
22/12/2019 03h02
O HERDEIRO LEGÍTIMO

            Encontrei um conto talmúdico que evoca a sabedoria. Confesso que não atinei onde esta tal sabedoria quando o problema foi colocado. Como atenuante da minha bobeira, quando o sábio começou a explicar ao herdeiro a sabedoria do pai que havia feito o testamento tão doloroso e sábio ao mesmo tempo, foi atinei para tal sabedoria. Vejamos o conto e que sirva de exercício também aos meus leitores.

O herdeiro legítimo

Um israelita rico, que vivia em sua bela propriedade muito longe de Jerusalém, tinha um filho único, que mandou para a Cidade Santa para se educar. Durante a ausência do jovem, o pai adoeceu repentinamente. Vendo a morte aproximar-se, fez seu testamento pelo qual instituiu universal herdeiro um escravo, com a cláusula que a seu filho seria permitido escolher da rica propriedade uma coisa que ele quisesse. Assim que o patrão morreu, o escravo, exaltando de alegria, correu a Jerusalém para informar o filho do que se tinha passado, e mostrar-lhe o testamento. O jovem israelita ficou possuído do maior desgosto. Ao ouvir essa notícia inesperada rasgou o fato, pôs cinzas na cabeça, e chorou a morte do pai, que amava ternamente, e cuja memória ainda respeitava. Quando os primeiros arrebatamentos de sua dor tinham passado e os dias de luto acabaram, o jovem

encarou seriamente a situação em que se encontrava. Nascido na opulência, e criado na expectativa de receber, pela morte do pai, as propriedades a que tinha tanto direito, viu ou imaginou ver as suas esperanças perdidas, e as suas perspectivas mundanas malogradas. Nesse estado de espírito, foi ter com seu professor, um homem afamado pela sua piedade e sabedoria, deu-lhe a conhecer a causa da sua aflição, e o fez ler o testamento; e na amargura do seu desgosto, atreveu-se a desabafar os seus pensamentos — que o pai, fazendo tal testamento, e dispondo tão singularmente dos seus bens, não tinha mostrado bom senso, nem amizade pelo seu filho único.

— Não digas nada contra teu pai, meu jovem amigo — declarou o piedoso instrutor. — Teu pai era ao mesmo tempo um homem dotado de grande sabedoria e a ti, especialmente, de uma dedicação sem limites. A prova mais evidente é esse admirável testamento.

— Esse testamento! — exclamou o jovem torcendo os lábios em expressão de amargura —, esse deplorável testamento! Convencido estou, ó rabi —, de que não aprecias o caso com discernimento de homem esclarecido. Praticou meu pai uma indignidade. Não vejo sabedoria em conferir os seus bens a um escravo, nem amizade em despojar o filho único dos seus direitos legítimos.

— Teu pai nada disso fez — rebateu com segurança o mestre —, mas como pai justo e afetuoso garantiu-te, nos termos desse testamento, a propriedade plena de tudo, se tiveres o bom senso de interpretar com acerto as cláusulas testamentais.

— Como? Como? — exclamou o jovem com o maior espanto. — Como é isso? Cabe-me a propriedade integral? Na verdade, não compreendo.

— Escuta, então — acudiu o rabi. — Escuta, meu filho, e terás motivo para admirar a prudência do teu pai. Quando viu teu bondoso pai a morte aproximar-se, e certo de que teria de seguir o caminho que todos seguem mais cedo ou mais tarde, pensou de si para consigo: Hei de morrer; o meu filho está longe demais para tomar posse imediata de minha propriedade; os meus escravos, assim que se certificarem de minha morte, saquearão a minha casa, e para evitar serem descobertos, hão de esconder a minha morte a meu querido filho, e assim privá-lo até do triste consolo de chorar por mim. Para evitar essa primeira coisa, deixou a propriedade a um escravo, que decerto teria o maior interesse em tomar conta dela. Para evitar a segunda, estabeleceu a condição que poderias escolher qualquer coisa dessa propriedade. O escravo, pensou ele, para assegurar o seu aparentemente legítimo direito, não deixaria de te informar, como de fato fez, do que acontecera.

— Mas então — teimou o jovem um pouco impaciente —, que proveito tirarei de tudo isso? Qual é a vantagem que poderá resultar para mim? O escravo não me restituirá, com certeza, a propriedade de que injustamente fui despojado!

— Ah! — respondeu o bom velho —, vejo que a sabedoria pertence aos velhos. Sabes que tudo quanto um escravo possui pertence ao seu dono legítimo? E teu pai não te deu a faculdade de escolher dos seus bens qualquer coisa que quisesses? O que te impede de escolher aquele próprio escravo como a parte que te pertence? E possuindo-o, terás direito à propriedade toda. Sem dúvida era essa a intenção de teu pai.

O jovem israelita, admirando a prudência e a sabedoria do pai, tanto como a argúcia e a ciência de seu mestre, aprovou a ideia. Nos termos do testamento, escolheu o escravo como a sua parte, e tomou posse imediata de toda a herança. Depois disso, concedeu liberdade ao tal escravo, que foi, além disso, agraciado com rico presente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/12/2019 às 03h02
 
21/12/2019 00h20
ETHOS DIREITA X ESQUERDA

            O filósofo Olavo de Carvalho divulgou um vídeo no seu canal no youtube sobre a Direita e a Esquerda que o Paulo Eneas comentou (https://criticanacional.com.br/2019/12/15/guerra-politica-o-ethos-dos-comunistas-o-ethos-da-direita/) e reproduziremos aqui para a nossa reflexão e aprendizagem.

Em vídeo divulgado hoje em seu canal no youtube, o professor Olavo de Carvalho tocou em um ponto essencial para entender a natureza da guerra política travada hoje no Brasil. O professor afirmou que, ao contrário da Esquerda, a Direita padece da falta de um Ethos ou moralidade política comum que oriente sua conduta na guerra política, o que resulta numa Direita Anarquista, onde cada agente atua por conta própria, fazendo seus próprios juízos.

Em contraste, do lado da Esquerda, existe um Ethos revolucionário muito claro e bem definido, que orienta todo esquerdista a sempre defender seu companheiro, ainda que ele esteja errado. Por sua vez, a conduta da Direita consiste em sempre e quase que por princípio desconfiar de seus pares, como se fosse obrigação moral de cada direitista estar sempre pronto para combater e atacar outro direitista.

Essa mentalidade está presente, por exemplo, em clichês tolos como aquele que diz que “não tenho político de estimação”, como se tal aforismo fosse a expressão máxima de inteligência e da retidão política. Na verdade, o clichê nada mais é que uma boçalidade, fruto de uma afetação pseudomoralista pequeno-burguesa que enxerga na pose igualmente afetada, o equivalente do entendimento substantivo dos fatos e das coisas.

 

Na Era Bolsonaro, a conduta de muitos direitistas tem sido pautada pela preocupação em ser o primeiro a atacar seu companheiro de jornada, partindo-se sempre do pressuposto de que o outro está errado, independentemente de comprovação, e que não é digno de confiança a priori, pouco importando se esse ataque venha beneficiar tática ou estrategicamente os interesses do inimigo.

Foi o que fez Flavio Morgenstern em artigo sofrível no Senso Incomum, onde até mesmo a chacota desrespeitosa e fútil com o nome do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamado no título do artigo de Abraham Weintrouble, já indica a intenção de confronto. Fato é que se existem troubles, não são aquelas associadas a Weintraub, mas às troubles de direitistas como Flavio Morgenstern, em entender os capítulos diários da guerra política no mundo real.

Cabe questionar o que move e o que leva direitistas a terem essa conduta autofágica. Em nosso entender, essa postura é no fundo de natureza emocionalmente defensiva, chegando às vezes às raias da covardia, como se todo direitista estivesse sempre movido pela necessidade imperiosa de provar sua superioridade moral em relação aos comunistas.

E escolhe fazer essa prova mostrando-se disposto a combater outro direitista, talvez para demonstrar que “não tem político de estimação” ou que é “intelectualmente independente”. Esse comportamento, ao nosso ver, situa tais pessoas no campo da infância ou no máximo da adolescência política, independentemente de seu grau de erudição. Acontece que a política, por definição, é operada na esfera adulta.

Não ocorre a estas pessoas que a defesa de valores judaico-cristãos e a disposição de combater um movimento político revolucionário que promove cerceamento da liberdade, ditaduras e genocídios em associação ao mundo do crime, já são por si mesmos os elementos que chancelam e conferem superioridade moral aos conservadores e à direita em relação ao comunistas-socialistas.

Um conservador e direitista não tem que pautar sua conduta pela preocupação em “provar” para os outros, e até mesmo para os comunistas, sua superioridade moral combatendo e atacando outros direitistas. A obrigação de um direitista hoje no Brasil é, em primeiro lugar, atingir a maturidade política, coisa que a maioria ainda não tem.

Em segundo lugar e atingida essa maturidade, cabe ao direitista hoje no Brasil entender que os verdadeiros inimigos são os comunistas, o crime organizado, os globalistas e o establishment político e midiático e acadêmico. E não um ministro endossado e respaldado pelo Presidente Bolsonaro. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews

            Avaliação perfeita de nossa condição política e ideológica. Também não entendo como tantas pessoas que eu reputo da mais elevada honestidade defendem com unhas e dentes os criminosos e seus projetos. Uma hipnose coletiva? Mas porquê só atinge certas pessoas?

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/12/2019 às 00h20
 
20/12/2019 15h08
ETHOS

Ethos é uma palavra com origem grega, que significa "caráter moral". É usada para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou nação. No âmbito da sociologia e antropologia, o Ethos são os costumes e os traços comportamentais que distinguem um povo. Também pode ser usada para se referir à influência da música nas emoções dos ouvintes, nos seus comportamentos e até mesmo na sua conduta. O Ethos também exprime o conjunto de valores característicos de um movimento cultural ou de uma obra de arte. Ethos pode ainda designar as características morais, sociais e afetivas que definem o comportamento de uma determinada pessoa ou cultura. O ethos se refere ao espírito motivador das ideias e costumes. Na retórica, o Ethos é um dos modos de persuasão ou componentes de um argumento, caracterizados por Aristóteles. O Ethos é a componente moral, o caráter ou autoridade do orador para influenciar o público. As outras componentes são o logos (uso do raciocínio, da razão) e o pathos (uso da emoção).

Podemos imaginar que o Ethos é um tipo de aura que pode cobrir uma nação, um ser coletivo, ou uma pessoa, um ser individual. O caráter moral que se expressa nos costumes, hábitos e traços comportamentais, tanto sobre uma coletividade ou sobre um indivíduo. O Logos (razão) e o Pathos (emoção) funcionam para operacionalizar o Ethos, que podemos resumir como a essência do Espírito.

Como o Ethos é um tipo de atmosfera, o indivíduo fica envolvido por ele, como estamos constantemente envolvidos pelo ar e algumas vezes pela água quando vamos para a praia ou à piscina. Porém, a água da piscina ou do mar tem uma fonte externa, enquanto o Ethos tem uma fonte interna.

Nosso Ethos está em constante contato com o Ethos de outras pessoas. É feito o contato pela superfície, no que existe na aparência, e a medida que o conhecimento vai se aprofundando, conhecemos melhor o Ethos de quem convivemos. Pode ser que haja conflitos na superfície do Ethos, mas se no fundo existe, sintonia, a tendência é que haja a convergência em direção a harmonia.

Pode acontecer o contrário, por interesse individual, uma e outra pessoa podem maquiar a superfície do Ethos para que haja uma sintonia inicial. Mas, com a continuidade do relacionamento, perceberemos a verdadeira essência, o verdadeiro Ethos da pessoa e há o afastamento inevitável.

Se uma pessoa cujo Ethos é benéfico, se envolve com outra pessoa que diz também defender e praticar o bem, se eles caminham juntos por algum momento, mas logo a pessoa percebe que o que foi dito sobre o bem não está sendo praticado, e sim coisas ruins, criminosas, encobertas pela mentira, palavras enfeitadas com flores, mas destilando ódio, a separação é inevitável.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/12/2019 às 15h08
 
19/12/2019 02h00
O ANO QUE NINGUEM VIU

            Vi um texto na net, assinado por J. R. Guzzo, com bastante ironia e bastante verdade, para quem procura ver o que acontece longe dos principais veículos da mídia. Vamos ver o texto e verificar se minha opinião corresponde a realidade, na ótica dos meus leitores.

J.R. GUZZO:

"Falta um mês para acabar o ano de 2019 e, pelo jeito, o governo do presidente Jair Bolsonaro vai conseguir completar o seu primeiro aniversário. Como assim? Já não deveria ter acabado? Desde o dia em que tomou posse, em 1º de janeiro, os mais sábios debates de ciência política levados ao público por um regimento inteiro de comunicadores cinco estrelas, “influenciadores”, politólogos, intelectuais, mestres de sociologia, filosofia e brasiologia, homens e mulheres de intelecto superior, etc, etc, asseguraram a todos: “O fim está próximo. Arrependam-se.”

De lá para cá, porém, parece que alguma coisa deu errado. O governo continua aí, dando expediente diário a partir das 7 horas da manhã. Seu falecimento foi adiado, pelo que mostram os fatos. Quem sabe ficou tudo para o ano que vem?

O fato é que o cidadão passou os últimos onze meses sendo informado da existência de acontecimentos que não estavam acontecendo. Escolha por onde você quer começar: para qualquer lado que olhe, o resultado vai ser o mesmo. Não saiu, até agora, o genocídio dos negros, gays, índios, mulheres, favelados e pobres em geral que tinha sido anunciado como uma certeza quase científica – era só o novo governo assumir, garantiam os especialistas mencionados acima, e o extermínio dessa gente toda ia começar.

Onde o projeto falhou? Continuam todos vivos – e não há sinais de que o governo vai fazer neste último mês de 2019 o que não conseguiu fazer durante o ano inteiro. Também não foi possível observar a liquidação do Congresso Nacional, a eliminação dos direitos e garantias constitucionais e o envio dos dois soldados e do cabo que iriam fechar o Supremo Tribunal Federal. A floresta amazônica não foi queimada para agradar o “agronegócio”; até ontem continuava lá, do mesmo tamanho que tinha em janeiro.

Onde foi parar, igualmente, a “morte política do governo”, que não tinha sabido negociar a distribuição de ministérios e outros cargos “top de linha” com os políticos – e, por isso, “não conseguirá governar”? Deve ter ficado para o ano que vem ou ainda mais adiante, pois o governo conseguiu aprovar, com velocidade recorde, a reforma da Previdência e o “Pacto Federativo”, que funcionará como um grande tratado de paz com os estados e municípios – além de uma penca de outras coisas.

O ministro do Exterior iria destruir praticamente todo o sistema de relações diplomáticas entre o Brasil e o resto do mundo. Não aconteceu. A ministra da Agricultura seria banida da cena internacional civilizada, por liberar “agrotóxicos”. Não aconteceu. O ministro do Meio Ambiente não aguentaria 15 minutos no cargo, por ser uma afronta à comunidade ambientalista, aos cientistas e ao Tratado de Paris. Não aconteceu.

E a China, então? Onze entre dez altíssimos especialistas em “comércio exterior” garantiram, com convicção definitiva, que as exportações do Brasil para “o nosso maior parceiro” seriam destruídas em poucas horas, pela postura do governo a favor do presidente Donald Trump. O mesmo, exatamente, iria acontecer com “o mundo árabe”, outro importador gigante de produtos brasileiros. Como o governo havia anunciado sua intenção de mudar a embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém, em Israel, nunca mais os árabes comprariam um único e miserável frango nacional.

Mais que tudo, talvez, há o mistério do ministro Sergio Moro. Foi provado nos mais sagrados santuários da mídia, da vida política e do universo intelectual, com a exatidão com que se calcula a área do triângulo, que ele “estava fora” do governo – liquidado pelas “gravações” de delinquentes digitais, pelo Coaf, pelos ciúmes de Bolsonaro, e 100 outras crises fatais. O homem continua lá, firme como o cacique Touro Sentado.

Com crises assim, vai ser preciso engolir esse governo não apenas por um ano – ou mudam as crises, ou eles ficam lá pelos próximos sete.

            Senti essa verdade. O que a mídia tradicional informou neste ano que se completa, foram sempre notícias tendenciosas contra o governo Bolsonaro. Quando eu percebia isso, ficava enojado com o que queriam fazer com minha consciência e recorria às redes sociais para ver o que estava acontecendo. Fazia questão de ver as notícias de um lado e do outro que também são veiculadas na net. Também aí tem incoerências, fake news, mas nada tão descarado quanto na grande mídia.

            Finalmente, se fosse depender somente desses grandes veículos da mídia, terminaria sem ver o ano que está passando.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/12/2019 às 02h00
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