Vejo que postar neste blog os temas de minha experiência cotidiana centrando na vida de pessoas santas, exige um tempo maior para complementar informações com procura em diversas fontes, o que muitas vezes não tenho devido os compromissos que tenho que respeitar. Assim voltarei a fazer como antes, as leituras que estarei fazendo no momento de postar o blog, quaisquer que sejam suas fontes, são as que irão orientar minhas reflexões.
Cada um de nós recebe de Deus uma missão para cumprir na vida de acordo com sua capacidade adquirida ao longo tempo de aprendizado nesta e principalmente, em outras encarnações. Quando voltamos aos bancos escolares da escola material, o espírito traz na sua memória mais profunda todas as conquistas das lições anteriores, da mesma forma que um aluno que retorna escola tradicional vai ser matriculado onde o seu grau de aquisição de conhecimentos o permite, dentro de uma escala hierárquica.
Assim foi com Francisco, o santo de Assis. Chegou ao lar de Bernardone e Pica, que como seus pais biológicos o educou e propiciaram recursos financeiros para uma vida fácil e libertina. Mas o Pai espiritual de Francisco tinha outros projetos para ele e lhe deu a missão totalmente inversa ao que seu pai biológico queria. Francisco tinha preparo para não atender nem ao seu pai biológico, nem aos senhores da terra, reis e papas, na condição de cavaleiro, empunhando uma espada. Francisco também tinha preparo para atender ao chamado espiritual do Pai, seguindo o exemplo de Jesus e elegendo a Senhora Pobreza como paradigma de vida.
Como todos tem sua missão, eu também reconheço a minha que traz muita semelhança em alguns aspectos com a missão de São Francisco. Na sua transformação lenta ao longo do tempo, na sua referência toda especial a Jesus Cristo como modelo a ser imitado, mas não quanto a pobreza que ele escolheu como paradigma de vida. O paradigma de vida que escolhi foi com o Senhor Amor Incondicional e suas diversas manifestações. A partir daí toda uma diferença surge na forma de seguirmos a vontade do Pai e cada um com a essência do Criador em nossos corações e nossos atos.
Este humilde e douto frade, filho do nobre castelão de Peñafort, na Catalunha, sempre se esforçava para evitar honrarias e prestígios, mas nem sempre conseguia. Quando o papa Gregório IX comunicou sua intenção de nomeá-lo arcebispo de Tarragona, ficou tão consternado a ponto de cair gravemente enfermo.
Aceitando o cargo de confessor do rei Tiago de Aragon, não titubeou em reprovar seu comportamento escandaloso numa expedição à ilha de Maiorca. Precisava voltar para Barcelona, mas devido a esse incidente o rei proibira a quem quer que fosse de transportá-lo em alguma embarcação. Raimundo respondeu: “O rei da terra pode impedir o uso dos recursos humanos, mas o rei do céu tem outros caminhos”.
Caminhou na direção do mar, estendeu sua capa sobre a água e amarrou uma ponta numa vara para servir de vela. Em seguida, fazendo o sinal da cruz, pisou resoluto na capa e lançou-se no mar.
Nesse novo tipo de embarcação navegou com tal rapidez que, em seis horas alcançou o porto de Barcelona, a sessenta léguas de Maiorca.
Os que o viram chegar assim, receberam-no com aclamações jubilosas. Mas ele, recolhendo sua capa, dirigiu-se para o mosteiro, como se nada de extraordinário tivesse acontecido.
Existe uma capela e uma torre no local onde se supõe tenha desembarcado, após viagem tão inédita quão incrível.
Percebo no comportamento de São Raimundo uma ligação forte com Deus que o faz se esquivar de responsabilidades e honras materiais, mas ao mesmo tempo mostra firmeza no trato com os poderosos, quando observa afronta aos bons costumes que a Lei de Deus permite e orienta. Parece muito com o comportamento de El Cid, um herói espanhol profundamente religioso que empreende ferrenha batalha com os mouros alicerçado numa fé radiante e respeito humilde ao seu monarca, mas que fez esse jurar sobre uma bíblia que era inocente de ter mando matar seu irmão.
É um exemplo a ser seguido.
É neste dia que as igrejas ocidentais celebram a Epifania, a manifestação de Cristo aos gentios. E é nesse dia que as igrejas ortodoxas orientais comemoram o Natal.
Apesar de não haver relato bíblico sobre os nomes conhecidos tradicionalmente como os três Reis Magos, e que não seriam reis nem necessariamente três, mas sim, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos.
Talvez fossem astrólogos ou astrônomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus, dito o Cristo. Assim os magos sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia. Perguntaram eles ao rei sobre a criança. Este disse nada saber. Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo. Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa da distância percorridas, assim a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de janeiro.
A estrela, conta o evangelho, os precedia e parou por sobre onde estava o menino Jesus. "E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande e intenso júbilo" (Mateus 2:10). "Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus: ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, ser um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações a respeito do significado das dádivas dadas por eles. O ouro pode representar a realeza (além de providência divina para sua futura fuga ao Egito, quando Herodes mandaria matar todos os meninos até dois anos de idade de Belém). O incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2). A mirra, resina antiséptica usada em embalsamamentos desde o Egito antigo, nos remete ao gênero da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19:39-40), sendo que estudos no Sudário de Turim encontraram estes produtos.
A visita dos “Reis Magos” e a dos pastores se complementam de forma extraordinária. Os dois grupos não poderiam ser mais distintos um do outro. Racialmente, os pastores eram judeus, enquanto os magos eram gentios. Intelectualmente, os pastores eram simples e iletrados, enquanto os magos eram estudiosos, homens sábios do oriente. Socialmente, os pastores pertenciam ao mundo dos desfavorecidos, já os magos eram ricos.
A despeito dessas barreiras raciais, intelectuais e sociais que geralmente separam as pessoas umas das outras, os magos estavam unidos aos pastores em sua adoração ao Senhor Jesus. Eles foram precursores de milhões de outros gentios que vieram a adorá-lo.
Existe outra versão de que existiu um quarto rei mago que atrasou na partida e atrasou mais ainda pelo caminho, porque parava dezenas de vezes para socorrer os necessitados.
Deu assistência a um doente abandonado em sua choupana, repartiu a merenda com os famintos, deu água do seu cantil para quem estava com sede, entregou o próprio manto real a um velho que tremia de frio, resgatou e libertou um bando de escravos, ajudou e confortou os condenados a morte, repartiu dinheiro com muita gente, deu a própria coroa.
Assim transcorreram mais de trinta anos. Afinal chegou trêmulo e envelhecido às portas de Jerusalém, numa sexta feira. Pesava o silencio e o luto na cidade. Haviam crucificado um homem que só fizera o bem. A cruz onde fora pregado ainda se via no alto do monte.
O velho rei chorou junto à cruz vazia, enquanto se lamentava: “Vim para ver o Messias, mas perdi minha viagem.” Avista um homem de branco que vem ao seu encontro. O velho, entre soluços, falou da sua missão e contou quantas vezes e porque parou pelo caminho. Então o homem de branco respondeu:
- Se foi por isso, você não perdeu a viagem, pois encontrou-se com o Messias tantas vezes quanto parou para socorrer os necessitados.
Depois, mostrando-lhe as mão chagadas, acrescentou:
- O que você fez a esses pequeninos, foi a mim que você fez. Vá em paz!
Vejo como a comprovação de uma profecia feita por diversos profetas no passado que diziam falar em nome de Deus, o nascimento de Jesus com todo esse aparato, inclusive mobilizando uma estrela para sinalizar um evento local. Como essa informação agride violentamente a Lei de Deus, de funcionamento harmônico do Universo, acredito que a citação de uma estrela tem o caráter simbólico e que pode ser justificado por outras possibilidades, como a existência de um disco voador que viria dar o arremate final, de sinalizar o nascimento na terra do ser mais evoluído que já foi encarnada, que iria dar uma melhor direção aos relacionamentos verificados na terra.
Jesus teve esse privilegio e a convicção de ser o filho de Deus e que em função de sua obediência, veio em paz na condição de um cordeiro pronto para ser imolado e deixar uma forte lição para ser seguida ao longo dos séculos.
Considero-me uma das suas ovelhas, que vivia perdida por esse mundo de ilusões, com a tendência de acumular tanto quanto fosse possível, de bens materiais. Foi devido a chance que tive de conhecer o Evangelho, que fez mudar os meus paradigmas e hoje a perseguição de bens espirituais estão em primeiro plano.
João Nepomuceno nasceu em 1811 em Prachatitz, cidade da República Checa, sul da Boêmia, com população atual de 11.789 pessoas. Dizia que seus pais eram ótimos cristãos e que o pai lhe deu castigo severo quando criança por faltar a verdade. Daí em diante não mais faltou a verdade, o castigo foi salutar. Tinha grande amor pelos livros a ponto da mãe reclamar dizendo que era maluco pelos livros. Não fazia apenas ler, refletia e procurava aprofundar o que havia lido. Nos passeios levava sempre um livro à mão, não queria se sentir ocioso. Compreendia que era necessário a mortificação dos sentidos para se progredir na virtude e aos 16 anos alimentava-se só uma vez por dia, pela manhã e pela tarde alimentava-se com um simples pedaço de pão seco. No segundo ano do estudo da Teologia desenvolveu uma forte vocação de ser missionário na América do Norte e a partir desse momento não pensava em outra coisa.
Suas memórias revelam a seriedade com que procurava chegar à perfeição cristã, é comovedor o tom de humildade na acusação de suas mais insignificantes faltas. Dizia que era um solitário, que todos fugiam de si, os maus porque não concordava com seus planos e os bons porque procuravam os perfeitos.
Enfim começou o sacerdócio na América com muita dedicação aos pobres e necessitados até com a custa de sua saúde, e chegou a ser o Bispo de Filadélfia onde desenvolveu muita atenção a criação de escolas. A condição de Bispo não lhe tirou a dedicação do sacerdote. Morreu relativamente jovem, 48 anos, pelo excesso do trabalho realizado, morreu caminhando, ia ao correio despachar uma encomenda para um padre: foi o seu último gesto de caridade.
Tenho o mesmo gosto de Nepomuceno, posso ser considerado um devorador de livros, talvez mais do que ele, pela quantidade de livros que coloco em leitura, mesmo não tendo tanto tempo disponível para isso. Apesar de não ser adepto da mortificação dos sentidos para privilegiar o desenvolvimento das virtudes, também costumo fazer uma só refeição durante o dia, sem a ajuda dos pães que ele usava pela manha e a tarde. O que complica em mim é que quando tenho oportunidade como mais de três vezes ao dia e em grande quantidade. Tenho esse acordo com a gula, de deixá-la repremida algum tempo, mas logo que possível a deixar liberada. Isso não acontecia com Nepomuceno, era firme no controle da gula. Com relação ao distribuir da caridade e se oferecer até em sacrifício pessoal em função do próximo, não há comparação. O Bispo de Filadélfia tem muito mais estrutura caritativa, até mesmo em comparação com seus pares.
Sua memória é celebrada pela Ordem Franciscana da cidade de Foligno, uma comuna italiana da região da Umbria, província de Perúgia, com cerca de 56.036 habitantes. Quando jovem entregou-se as vaidades femininas, uma vida folgada e tranquila com marido e filhos. Não lhe faltaram também graves culpas morais culminadas numa série de comunhões e confissões sacrílegas. Aos 37 anos de idade mudou radicalmente seus costumes de vida. A morte do seu marido e filhos trouxe-lhe grandes dores e provações. Nessas trágicas circunstâncias mostrou uma força espiritual acima do comum. No ano de 1285 São Francisco lhe apareceu em sonho e exortou-a a percorrer com coragem o caminho da perfeição. Ângela entrou na Ordem Terceira de São Francisco e empreendeu uma peregrinação até Assis. Essa peregrinação deixou-lhe na alma um traço profundo. Foi durante essa viagem que Ângela teve experiências místicas desconcertantes. O beato Arnaldo de Foligno, seu confessor, pensando tratar-se de fenômenos diabólicos, obrigou-a a contar-lhe suas experiências interiores.
A necessidade de iluminar as profundezas desta alma invadida pela graça deu origem a um dos mais preciosos livros sobre as experiências místicas de uma alma favorecida por Deus de modo especial. A autobiografia que Ângela ditava em trinta passagens descreveu o que acontecia na sua alma, desde o momento de conversão até 1296, quando essas manifestações místicas tornaram-se menos frequentes e deram lugar a novas manifestações espirituais.
A pobreza, a humildade, a caridade e a paz eram seus grandes temas e ela dizia assim: “O supremo bem da alma é a paz verdadeira e perfeita... Quem quer, portanto, perfeito repouso trate de amar a Deus com todo o coração, pois Deus mora no coração. Ele é o único que dá e que pode dar a paz.”
O início de muitas almas alcançadas pela graça de Deus é de uma vida pecaminosa, para depois reconhecerem a dimensão de outra forma de pensar e de viver. Um exemplo marcante é o de Santo Agostinho, mas o de Ângela também faz lembrar esse percurso. É uma forma até natural de entender esse processo, já que assumimos um corpo biológico cheio de instintos e nossa alma sutil muitas vezes não tem força para se contrapor a eles, os instintos, principalmente na juventude quando os hormônios banham com fartura todos os meandros do corpo, da carne, dos desejos materiais de reprodução e manutenção da vida biológica.
Eu reconheço esse processo na minha trajetória de vida, reconheço que na juventude, apesar de viver dentro da igreja católica, eu tinha pouca preocupação com os valores espirituais. Minha mente estava sempre envolvida com os prazeres carnais, como era que eu podia obtê-los apesar de toda a vigilância da minha avó que me criava e educava. Entrei nos estudos acadêmicos com essa mesma distancia dos valores espirituais, estava envolvido profundamente com o estudo da matéria e com a forma de obter os desejos. Porem eu tinha dentro de mim um forte senso de justiça que fazia eu não abusar dos direitos do próximo.
Foi com a idade de Santa Ângela, acredito, que passei a voltar um olhar cada vez mais intenso para o mundo espiritual. Era a época de arrefecimento da força dos hormônios. Desenvolvi assim como Ângela um forte desejo de registrar minhas experiências, não com a intensidade mística que ela apresentava, mas com a facilidade tecnológica que hoje está ao meu alcance. Ela recebeu uma forte influência de São Francisco, a partir do sonho no qual ele lhe apareceu e orientou. A minha facilidade em ter contato com diversas fontes divinas, de outras culturas inclusive, fez eu centrar minha atenção no princípio criador de tudo, no próprio Deus e considerar de importância fundamental todos os ensinamentos dos diversos avatares que surgiram em diversas partes do globo, onde é reconhecido entre Eles, a prevalência moral e divina de Jesus de Nazaré. Partilho com Ângela a certeza de que Deus mora em nossos corações e que sua Lei está escrita em nossas consciências. Quando todos reconhecermos essa condição, então estamos prontos para construirmos o Reino de Deus prometido por Jesus.